RELEMBRANDO A ANTIGA ESTAÇÃO RODOVIÁRIA DE CURITIBA
Enquanto aguardávamos o horário de partida do ônibus, ele levou-me até um box da estação onde serviam cafés e sanduíches e pediu dois cafezinhos para nós. Logo fomos servidos no balcão, então ele adoçou o meu cafezinho e serviu-me.
Era acostumado a tomar o café caseiro que era passado no coador e depois ficava no bule esperando os membros da família chegarem à mesa. Então, inexperiente com as tecnologias da capital, levei a xícara à boca e dei um bocado como aquele que fazia em casa. Instantaneamente senti o café queimar a boca; desesperado, pensei, não posso dar vexame, então, deixei o café pelar.
Até a pele do céu da boca, soltou-se! Depois, percebi que o café era feito numa máquina toda brilhante, que saía vapor, leite quente e café pelando, coisa estranha e desconhecida para um menino do interior, não sabia que aquele café era servido quase fervendo.
Mas, voltando para a Estação Rodoviária, naquela oportunidade pude conhecê-la rapidamente. Lembro-me que ela tinha varias boxes, onde eram vendidos produtos e alguns serviços prestados. Além do balcão de sanduíches e café queeeente, lembro-me das agências de passagens, banca de jornais e revistas, frutaria, barbearia, pequeno armazém, mercearia, farmácia, etc.
Pois bem, aquela importante edificação fica no local que já foi conhecido como Largo do Ventura e hoje chama-se Praça Senador Correia, tendo como principal cruzamento as ruas João Negrão e André de Barros.
A Estação Rodoviária foi projetada pelo célebre arquiteto Rubens Meyster, inaugurada em 1956, e cumpria sua maior finalidade recepcionando os ônibus que faziam as linhas municipais para as grandes cidades paranaenses e até algumas capitais do país.
À frente dos boxes, havia um amplo corredor e, mais à frente, havia uma pequena mureta que, por fora, abrigava uma fileira de bancos de concreto, desenhados anatomicamente, onde os usuários podiam aguardar seu ônibus.
Logo à frente dos bancos, os ônibus estacionavam enfileirados em diagonal ao meio-fio de alinhamento e, lado-a-lado, formavam os pontos de embarque/desembarque, os quais eram parcialmente abrigados por uma laje que projetava-se do centro da edificação.
À frente dessa linha, abria-se um amplo pátio calçado com paralelepípedos, que servia para circulação e manobra dos ônibus e que ia até a divisa da Igreja Nossa Senhora de Guadalupe, adjacente ao conjunto.
A Estação Rodoviária funcionou assim até 1972, quando foi construída a Estação Rodoferroviária de Curitiba, para onde migraram todas as linhas de ônibus estaduais e interestaduais.
Nos anos 1980, esse pátio foi replanejado e ao meio dele recebeu um novo eixo coberto, paralelo aos antigos pontos de embarque, cujo conjunto passou a receber os ônibus das linhas que seguem para as cidades da região metropolitana de Curitiba.
Assim, ela passou a ser chamada de Terminal Guadalupe, por onde, hoje, passam cerca de 270 mil pessoas.
Paulo Grani
Os ônibus estacionavam em diagonal, uma forma de otimização do aproveitamento da área de embarque/desembarque.
Vista mais ampla da Estação Rodoviária, em 1957.
A Estação Rodoviária já reconfigurada, anos 1990.
A Estação Rodoviária de Curitiba,em 1966.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo.
Histórica foto dos anos 1960, mostra a entrada da Estação Rodoviária, com ponto de embarque/desembarque de automóveis e uma passarela de acesso ao conjunto. Ilustrando os costumes da época, um funcionário da Prefeitura Municipal e seu "carrinho de lixo", com a configuração de a lixeira poder ser rotacionada sobre seu eixo, uma forma que facilitava a sua remoção.
Foto: Arquivo Público do Paraná.
Foto: Arquivo Público do Paraná.
Aqui, a nova configuração do conjunto, anos 2000, Já voltada ao embarque rápido de usuário para a região metropolitana de Curitiba.
Foto: curitiba.pr.gov.br
Foto: curitiba.pr.gov.br
A Estação Rodoviária em 1956, ainda em construção. Vista a partir da rua João Negrão.
A Estação Rodoviária com vista para a área de embarque/desembarque, inicio anos 1960.
Foto: Cartão Postal de Curitiba, acervo do Arquivo Público do Paraná.
Foto: Cartão Postal de Curitiba, acervo do Arquivo Público do Paraná.