CONHECENDO A FAZENDA PINHEIRINHO
O bairro Pinheirinho teve sua origem relacionada à formação da Fazenda Pinheirinho, ainda no século 19
A origem do nome Pinheirinho deu-se em razão dos inúmeros pinheiros existentes na região, bem como pelos agrupamentos deles que existiam na entrada da Fazenda Pinheirinho, como também pelos pinheiros que foram plantados fazendo alinhamento nas divisas, demarcando os terrenos.
"Os viajantes e os tropeiros que vinham do Sul rumo a São Paulo, ao cruzarem a Fazenda Pinheirinho, ás margens da estrada do Umbará, encontravam um pequeno núcleo comercial, isolado em meio àqueles campos. Ali, paravam para reabastecer, negociar mercadorias, dar descanso aos animais, beber uns tragos e pernoitar na única estalagem encontrada numa extensão de vários quilômetros.
O núcleo surgiu em 1905, quando Antônio Claudino Ferreira, o "Nhozinho", construiu o primeiro estabelecimento comercial: o Armazém Cruzeiro, de secos e molhados, que se tornou ponto de referência e acabou dando nome à pequena povoação que surgiu ao seu redor.
A região onde situava-se o Armazém Cruzeiro é próxima do local onde, atualmente, encontra-se o Quartel do Pinheirinho.
Antônio Claudino herdou essa porção de terras de seu pai Francisco Claudino Ferreira que as adquirira num negócio realizado com o genro, Pedro Ferreira da Rocha. Pedro Ferreira da Rocha havia adquirido parte das terras que pertenciam à família Lourenço dos Santos, que posteriormente deram origem à Fazenda Pinheirinho.
No armazém e seu entorno, os viajantes e os moradores da região contavam com os serviços de ferreiro, seleiro, carpinteiro, costureira, botequim e mesmo uma escola. Em uma das extremidades da rua, um barracão abrigava a criação de carneiros da fazenda.
Com o aparecimento do armazém, os tropeiros, que antes pernoitavam nos portões da fazenda, passaram a ter acomodações na pensão instalada por Nhozinho, no próprio estabelecimento. A casa por ele construída era grande o suficiente para abrigar os familiares e o vaivém constante dos hóspedes que movimentavam o Armazem Cruzeiro, diariamente.
Na fachada do prédio, três portas davam acesso ao armazém; ao lado, também dando para a via, seguiam-se a porta e a janela da sala da frente da residência do proprietário. Aos fundos,um parreiral estendia-se até o riacho próximo. Da rua, as três entradas do armazém possibilitavam uma visão do balcão de madeira e dos grandes caixotes, abastecidos com açúcar, trigo, arroz, sal e café. Além dos produtos alimentícios, Nhozinho também comercializava tecidos, em pequenas quantidades.
O transito de carroções carregados com mercadorias para serem vendidas no armazém e nos demais estabelecimentos de Curitiba e região era costumeiro. Como o Armazém Cruzeiro era o único ponto de parada do percurso, normalmente esses viajantes aproveitavam a pausa para negociar com os comerciantes locais em animadas rodas de conversa no armazém de Antônio Claudino.
Enquanto as vendas eram acertadas, os animais, desatrelados das carroças, eram abrigados no chamado Potreiro, que era localizado ao lado do armazém, onde, mais tarde, foi construído o antigo Posto Pinheirinho, ăs margens da BR-116, hoje Linha Verde. O proprietário cobrava a pernoite dos animais entre duzentos a trezentos réis por cabeça.
Enfrentando problemas de saúde nos últimos anos de vida, Nhozinho Claudino passou o comando do armazém para o genro, Izaac Ferreira da Cruz, até o final da década de 1920, com o falecimento de Nhozinho, pouco tempo depois, a área foi vendida para o exército.
(Texto adaptado do livro Pinheirinho e de outro escrito por Alex Claudino Barbosa, bisneto de Antônio Claudino Ferreira, o "Nhozinho")
(Fotos: Acervo Alex Claudino Barbosa)