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quinta-feira, 3 de agosto de 2023

O Curdistão iraquiano, conhecido localmente como Região do Curdistão (em curdo: Herêmî Kurdistanî; em árabe: إقليم كردستان, transl. Iqlīm Kurdistān) ou Curdistão do Sul (curdo: باشووری کوردستان, Başûrî Kurdistan)

 Curdistão iraquiano, conhecido localmente como Região do Curdistão (em curdoHerêmî Kurdistanî; em árabe: إقليم كردستان, transl. Iqlīm Kurdistān) ou Curdistão do Sul (curdo: باشووری کوردستان, Başûrî Kurdistan)



Região Autónoma do Curdistão
Curdistão
Bandeira do Curdistão iraquiano
Brasão do Curdistão iraquiano
BandeiraBrasão de armas
Hino nacionalEy Reqîb
Gentílico: curdo ou curdistanês

Localização de Curdistão iraquiano

Localização da região do Curdistão iraquiano
CapitalErbil
Cidade mais populosaErbil
(Pop. 2011: 1 500 000)
Língua oficialCurdo
GovernoRegião Autônoma
• Presidente do Governo RegionalNechirvan Idris Barzani[1]
• Primeiro MinistroMasrour Barzani[2]
• Presidente da Assembleia LegislativaQubad Talabani
História 
• Acordo de criação11 de março de 1970 (53 anos) 
• Autonomia de factooutubro de 1991 
• Estabelecimento4 de julho de 1992 (31 anos) 
População 
  • Estimativa para 20206,171,083 hab. 
IDH (2014)0,750  – alto[3]
MoedaDinar iraquiano (IQD)
Fuso horárioAST (UTC+3)
 • Verão (DST)ADT (UTC+4)
Cód. ISOKRD
Cód. Internet.krd
Cód. telef.+964
Website governamentalcabinet.gov.krd

Curdistão iraquiano, conhecido localmente como Região do Curdistão (em curdoHerêmî Kurdistanî; em árabe: إقليم كردستان, transl. Iqlīm Kurdistān) ou Curdistão do Sul (curdo: باشووری کوردستان, Başûrî Kurdistan) é uma região federal autônoma[4] do Iraque. Faz fronteira com o Irã a leste, a Turquia a norte, a Síria a oeste e com o resto do Iraque ao sul. Sua capital é a cidade de Arbil (em curdo: Hewlêr).

A região é administrada oficialmente pelo Governo Regional do Curdistão e sua população é estipulada em cerca de 6 milhões de pessoas.[5] Atualmente, em torno de 1 milhão de refugiados, em sua maioria iraquianos e sírios, também vivem na região,[6][7] considerada a mais segura do Iraque.

A fundação da Região do Curdistão data do acordo de paz feito em 1970 entre a oposição curda e o governo iraquiano, após anos de combates intensos. Mesmo após o acordo, no entanto, os conflitos entre o Curdistão e o Iraque até 1991 tiraram boa parte da autonomia dos curdos sobre o seu território. Após a invasão americana em 2003, o Curdistão obteve estabilidade política e grande crescimento econômico, ficando conhecido como "o outro Iraque".[8]

História

Ver artigo principal: História do Curdistão

O Curdistão iraquiano é parte de uma antiga região conhecida como Alta Mesopotâmia, possuindo sítios arqueológicos que datam do Neolítico. Na Antiguidade, o território fez parte da Assíria por um longo período de tempo, sendo posteriormente, conquistado pelos Medos.

Após isto, a região foi governada pelos AquêmenidasHelênicosRomanos e Partas, estando sempre ligada ao Reino de Adiabena. Em 428, os persas incorporaram-na ao Império Sassânida. Até que em 651, a região é invadida pelos árabes ortodoxos,[9] durante a conquista muçulmana da Pérsia.

Na segunda metade do século XVI, com a fragmentação do Ilcanato, a região divide-se em alguns principados, sendo os principais Soran e Baban, que passaram posteriormente ao controle do Império Otomano.[10]

Mandato Britânico (1918–1932)

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, o vilaiete otomano de Moçul, correspondente ao sul do Curdistão, caiu sob domínio britânico, responsável pela Campanha da Mesopotâmia.

Durante a dissolução e a partilha do Império Otomano, os curdos no Iraque tentaram estabelecer, por mais de uma vez, um Estado independente. Em 1919, o xeique da ordem sufista Qadiriyyah, considerado a personalidade mais influente no sul do Curdistão,[11] se uniu com líderes tribais contra os britânicos e declarou um Curdistão independente em maio do mesmo ano. Entre suas tropas e apoiadores, estava o jovem Mustafa Barzani, futuro líder nacionalista curdo. Os britânicos responderam militarmente e Mamude foi derrotado em junho de 1919, sendo exilado na Índia.

Após o Tratado de Sevres, em que se estabeleceram alguns territórios para o Iraque, o sanjaco de Suleimânia ainda permanecia sob o controle direto do alto comissário britânico, responsável pelo Mandato Britânico da Mesopotâmia. Com a penetração do destacamento turco "Özdemir" na área, foi realizada uma tentativa pelos britânicos para combatê-lo, nomeando xeique Mamude, que retornara de seu exílio, governador em setembro de 1922. No entanto, o xeique se revoltou de novo, e em novembro declarou-se rei do nomeado Reino do Curdistão.

Barzanji foi derrotado pelos britânicos em julho de 1924, e em janeiro de 1926, a Liga das Nações encerrou a Questão de Mossul, dando o mandato sobre o território para o Iraque, com a disponibilização pelos direitos especiais para os curdos. Entre 1930-1931, o xeique Mamude Barzanji fez sua última tentativa de tomar o poder, sendo mal sucedido. Posteriormente, ele assinou um acordo de paz com o novo governo iraquiano, retornando ao independente Reino do Iraque em 1932.

Revolta de Barzani (1960–1979)

Ver artigo principal: Primeira Guerra Curdo-Iraquiana

Liderados por Mustafa Barzani, os curdos estiveram em luta contra os sucessivos regimes iraquianos a partir de 1960, em busca de sua autonomia. Um plano de paz foi anunciado em março de 1970, e previu uma autonomia curda mais ampla. O plano também deu aos curdos representação em órgãos de governo, a ser implementado em quatro anos.[12] Apesar disso, o governo iraquiano iniciou um programa de arabização nas regiões ricas em petróleo de Quircuque e Khanaqin no mesmo período.[13]

O acordo de paz de 1970 não durou muito, e em 1974, o governo iraquiano iniciou uma nova ofensiva contra os rebeldes curdos, empurrando-os perto da fronteira com o Irã. O Iraque informa a Teerã que estava disposto a satisfazer exigências iranianas em troca de um fim a seu auxílio para os curdos. Além disso, em março de 1975, Iraque e Irã assinaram o Acordo de Argel. Segundo o Irã, o acordo cortava suprimentos para os curdos iraquianos. Seguindo esta evolução, Barzani fugiu para o Irã com muitos dos seus apoiantes. Outros renderam-se em massa e a rebelião terminou dentro de um curto período de tempo. As vítimas da guerra são estimadas em cerca de 5.000 soldados e civis.

Como consequência, o governo iraquiano estendeu seu controle sobre a região norte e, a fim de garantir a sua influência, iniciou um programa de arabização transferindo árabes para as imediações de campos de petróleo no Curdistão, em particular aquelas em torno de Quircuque.[14] As medidas repressivas realizadas pelo governo contra os curdos após o acordo de Argel levaram a novos confrontos entre o exército do Iraque e os guerrilheiros curdos em 1977. Entre 1978 e 1979, 600 aldeias curdas foram queimadas e cerca de 200.000 curdos foram deportados para as outras partes do país.[15]

Guerra Irã-Iraque e Anfal (1980–1989)

No início de 1980, com a erupção da Guerra Irã-Iraqueoutra rebelião curda no norte do Iraque eclodiu, iniciada em grande parte com apoio iraniano.

O estágio mais violento do conflito foi a Campanha al-Anfal do exército iraquiano contra os curdos, que decorreu entre 1986-1989 e incluiu o ataque com gás venenoso em Halabja. Um número estimado de 182.000 curdos perderam a vida durante as séries de ataques[16] e centenas de milhares tornaram-se refugiados, fugindo principalmente para o vizinho Irã. Os ataques levaram também à destruição cerca de 4.000 aldeias curdas.

rebelião terminou em 1988 com um acordo de anistia entre as duas partes beligerantes: o governo iraquiano e os rebeldes curdos. O Iraque foi amplamente condenado pela comunidade internacional, mas nunca foi seriamente punido pelos meios violentos que utilizou, como o assassinato em massa de centenas de milhares de civis, a destruição generalizada de milhares de aldeias e a deportação de milhares de curdos para o sul e o centro do Iraque.

Autonomia de facto (1991–2010)

Crianças curdas em As-Sulaymaniyah, cidade da região autônoma do Curdistão, no Iraque

A área entrou em turbulência mais uma vez após a Guerra do Golfo. Durante as revoltas no Iraque de 1991 (em curdo: Raperîn), lideradas pela União Patriótica do Curdistão (UPC) e pelo Partido Democrático do Curdistão (PDC), tropas iraquianas recapturaram as regiões curdas e centenas de milhares de curdos fugiram para zonas fronteiriças no Irã e na Turquia.

Para proteger os curdos e as operações humanitárias, zonas de exclusão aérea no Iraque foram estabelecidas pelo Conselho de Segurança da ONU ainda em 1991, permitindo o retorno dos refugiados. Desta forma, o Curdistão obteve uma autonomia de facto[17] e a região ficou sendo controlada pelos dois partidos locais.

Em 1994, os dois partidos curdos entraram em confronto, ocasionando uma Guerra Civil no Curdistão Iraquiano, que durou até 1997 e terminou apenas com o apoio da Turquia e dos Estados Unidos.

Em 2003, os curdos apoiaram incondicionalmente a invasão do Iraque pelos americanos, cedendo seu território como base de operações. Com as mudanças após a queda de Saddam Hussein, a nova constituição iraquiana de 2005 determinou o Curdistão iraquiano como uma entidade federal, reconhecida pelo Iraque e pelas Nações Unidas. No início de 2006, as duas regiões curdas rivais foram unidas em uma região unificada, e um presidente regional, Massoud Barzani, foi eleito pelo parlamento.

A partir daí, houve grande estabilidade política, segurança e crescimento econômico para os curdos. No começo de 2011, pela primeira vez na história um líder da Turquia esteve na região, o então Primeiro-ministro Recep Erdogan, inaugurando o Aeroporto Internacional de Erbil e o consulado turco na capital.[18]

Guerra Civil Iraquiana (2011–2017)

Em junho de 2014, grupos fundamentalistas iniciaram uma grande ofensiva no Iraque, e o norte passou a sofrer com as ações do Estado Islâmico do Iraque e do Levante, que invadiu cidades com populações curdas, rumando para a capital Erbil, quando finalmente foi repelido pelas forças Peshmerga. A partir de então, o exército curdo iniciou uma bem-sucedida operação para libertar as áreas ocupadas pelo EIIL no norte do Iraque,[19] como partes das províncias de Quircuque e Ninawa, que foram incorporadas à administração do Governo Regional do Curdistão.

Aproveitando-se da fragilidade do governo central, em fevereiro de 2016, Massoud Barzani anunciou intenções de realizar um referendo visando a independência do Curdistão,[20] em meio a crise de segurança e a crise econômica, provocada pela queda nos preços do petróleo. No final de 2016 e início de 2017, os curdos participaram da Batalha de Mossul, apoiando o exército iraquiano no cerco à cidade, reduto dos fundamentalistas.[21]

Em abril de 2017, os dois maiores partidos curdos acordaram a criação de uma comissão conjunta para impulsionar o referendo de independência na região[22] e reativar o parlamento, sem atividades há mais de um ano.[23] No entanto, a reativação ocorreu apenas poucas semanas antes da votação do referendo, agendado para 25 de setembro. Na época, também foram programadas eleições parlamentares e presidenciais para novembro do mesmo ano.[24]

Apesar da forte oposição do governo do Iraque e de países vizinhos, o referendo de independência do Curdistão iraquiano em 2017 ocorreu de forma pacífica, sob olhares cautelosos da comunidade internacional.[25] Entretanto, ao final de outubro, após o implemento de diversas sanções de Bagdá à região, como retaliação ao referendo de independência, e quase nenhum diálogo entre os dois governos, o exército iraquiano entrou nas áreas em disputa ocupadas pelas forças Peshmerga desde 2014, reincorporando-as à administração federal,[26] entre elas a cidade de Quircuque. Após isto, o governo do Iraque anunciou novas condições para o diálogo com Erbil.[27]

A retomada de Quircuque representou o fim das possibilidades curdas de independência, já que a região era responsável por grande parte da então exportação de petróleo do Curdistão.[28] O governo local declarou que cerca de 100 mil pessoas fugiram de suas casas em Quircuque e em Tuz (distrito)[29] por conta da ação militar iraquiana. Após a perda de Quircuque para o governo do Iraque e a escalada do conflito curdo-iraquiano (2017), as eleições regionais curdas foram canceladas. Logo depois, o presidente Massoud Barzani renunciou ao cargo, deixando o governo da região vacante em plena crise.[30]

Em novembro de 2017, o governo curdo acatou a decisão da Suprema Corte do Iraque, que considerou o referendo de independência inconstitucional.[31] No entanto, as sanções do governo iraquiano à região continuaram, como a proibição de voos internacionais para a capital curda Erbil, que foi retirada apenas em março de 2018.[32]

Pós-referendo (2018–presente)

Após as eleições parlamentares gerais no Iraque em maio de 2018,[33] foram programadas novas eleições regionais curdas. Em 30 de setembro de 2018, as eleições parlamentares foram realizadas nas quatro províncias que compõem o Curdistão iraquiano,[34] e resultaram em um fortalecimento do partido governista, o PDK.[35] No mês seguinte, o líder do partido e ex-presidente Masoud Barzani anunciou a indicação do atual primeiro-ministro Nechirvan Barzani, seu sobrinho, para a presidência do governo.[36]

Ainda em dezembro de 2018, o comitê de finanças do parlamento iraquiano aprovou um possível aumento da fatia do orçamento federal para a região do Curdistão, que passaria para 14% no ano seguinte.[37] Em junho de 2019, o parlamento regional elegeu Masrour Barzani como o novo primeiro ministro do Curdistão.[2]

De outubro de 2019 a fevereiro de 2020, durante os intensos protestos que tomaram conta do Iraque, a região do Curdistão permaneceu alheia, não havendo manifestações populares em nenhuma de suas cidades.[38] No entanto, no final de 2020, protestos irromperam em algumas cidades curdas, devido ao longo atraso no pagamento do funcionalismo público. Em janeiro de 2021, foi revelado que o governo regional pagou apenas 8 meses de salários em 2020, e que Bagdá não repassou a ele a fatia completa do orçamento federal determinada por lei[39], que seria de 12,67% em troca de 250 mil barris de petróleo por dia[40].

Em 7 de março de 2021, a região curda recebeu a histórica visita do Papa Francisco, em sua primeira viagem ao Iraque, num estrito esquema de segurança física e sanitária, devido à Pandemia de COVID-19[41]. No mesmo mês, o país recebeu seu primeiro lote de vacinas contra o Coronavírus.[42]

Em janeiro de 2023, foi divulgado que as autoridades do Curdistão haviam, finalmente, chegado a um acordo com Bagdá para resolver o impasse sobre a quota dos curdos no orçamento federal e sua autonomia sobre os campos petrolíferos da região.[43]

Geografia

Em rosa: regiões em disputa

A Região do Curdistão é composta oficialmente por quatro províncias do norte do Iraque: DuhokArbilSuleimânia e Halabja, que abrangem um território de cerca de 40.000 quilômetros quadrados. Ainda existem disputas entre o governo regional curdo e o governo central iraquiano a respeito de territórios de maioria curda fora das fronteiras atuais do Curdistão iraquiano, principalmente na província de Quircuque,[44] também no norte do país, e outras províncias vizinhas.

O principal rio que corta a região é o Rio Tigre, tendo como principais afluentes os rios Grande ZabeDiala e Pequeno Zabe. A Cordilheira de Zagros também atravessa a região, que é em sua maior parte montanhosa. Devido a isso, o clima é ameno e mediterrânico, com áreas semiáridas ao sul.

Áreas em disputa

Disputas políticas sobre a fronteira da região do Curdistão com o restante do Iraque têm estado em pauta no país desde a invasão americana em 2003 e a posterior reorganização do governo. A constituição iraquiana de 2005 determinou que deveriam ser realizados referendos nas áreas reivindicadas pelos curdos, para determinar sua incorporação ou não à região autônoma, até o ano de 2007.[45] No entanto, mesmo após uma década não houve nenhuma ação por parte do governo iraquiano, que em 2017 enviou suas tropas para as áreas em disputa.

Governo e política

O Curdistão é uma democracia parlamentar, com uma Assembleia Nacional com 111 cadeiras.[46] O primeiro ministro é escolhido sempre após as eleições parlamentares, a cada quatro anos, assim como o presidente regional. O cargo de presidente, entre final de 2017 e meados de 2019, esteve vago, depois que Massoud Barzani anunciou sua renúncia em outubro de 2017. As eleições são realizadas, geralmente, junto com o restante do Iraque.

Eleições recentes

Massoud foi escolhido presidente após as eleições parlamentares de 2005, de forma indireta, e em 2009 venceu as primeiras eleições presidenciais da história do Curdistão. Em 2013, o parlamento estendeu o seu mandato por mais dois anos. Já em 2015, em plena guerra contra o EIIL, o parlamento decidiu novamente estender o seu mandato, devido à impossibilidade da realização de eleições naquele momento.[47] No entanto, pouco tempo depois, a Assembleia Nacional foi paralisada pelo partido governista (KDP).[23]

Em abril de 2016, os órgãos do governo passaram a adotar na internet o domínio ".krd", separado do Iraque.[48] Já em 2017, os maiores partidos da região costuraram um acordo para reativar o parlamento, visando o referendo de independência,[23] o que ocorreu apenas poucas semanas antes da votação, realizada em 25 de setembro. Também foram programadas eleições parlamentares e presidenciais para novembro do mesmo.[24] No entanto, após a realização do referendo e a perda de Quircuque dos curdos para o governo do Iraque, com a escalada do conflito curdo-iraquiano (2017), as eleições foram canceladas.

Apenas em 30 de setembro de 2018, as eleições parlamentares no Curdistão foram realizadas.[34] Após a escolha do novo primeiro ministro, o parlamento elegeu Nechirvan Barzani como presidente regional, sem a realização de eleições diretas, em junho de 2019.[49]

Forças armadas

O Curdistão iraquiano possui forças armadas desde a década de 1920, período em que o Iraque esteve sob domínio britânico. Estas são constituídas pelo Exército Peshmerga.

Historicamente, os peshmergas existiam apenas como guerrilhas, que lutavam contra o domínio do Império Otomano e Britânico na região. No entanto, durante o período da República de Mahabad (1946–1947), liderados por Mustafa Barzani tornaram-se oficialmente as forças armadas da região. Posteriormente, com a constituição iraquiana de 2005, sua legitimidade foi ratificada.

Hoje, o Curdistão é a região mais estável e segura do Iraque, e nenhum soldado americano estacionado ali foi morto, ferido ou sequestrado desde a invasão do país, em 2003.[50]

Relações internacionais

O território mantém suas próprias relações estrangeiras, e hospeda consulados e escritórios de representação de diversos países e organizações,[51] entre estes as Nações Unidas, a União Europeia, o Reino Unido, a AlemanhaFrançaRússiaChina e Turquia.

O Brasil possui um consul honorário na região, o Dr. Safeen Sindi. Em fevereiro de 2015, foi dispensada a exigência de visto iraquiano para brasileiros entrarem no Curdistão, embora esta permaneça para o restante do Iraque.[52]

Em 2017, a Armênia revelou intenções de abrir um consulado na região.[53] Já em 2018, os Estados Unidos iniciaram a construção do maior consulado americano do mundo, em Erbil.[54] Em 2019, o Catar revelou que também planeja abrir, em breve, um consulado na capital curda.[55]

Em fevereiro de 2021, o consulado armênio foi inaugurado em Erbil, em uma cerimônia presidida pela cônsul geral da República da Armênia.[56]

Economia

Como uma das principais forças econômicas do Iraque, o Curdistão tem as mais baixas taxas de pobreza e o mais alto padrão de vida do país.[57]

O ponto de inflexão econômica na região foi uma lei de atração de investimentos aprovada em 2006. A economia curda viveu um boom, com facilidades para o investimento estrangeiro, sendo inaugurados em Erbil um novo aeroporto internacional e o maior shopping do país. A capital curda é considerada uma das cidades mais seguras e modernas do Iraque.[58]

De acordo com estimativas do final de 2013, as reservas geológicas das jazidas de petróleo do Curdistão iraquiano ultrapassam 1 bilhão de toneladas de petróleo. Atualmente, um total de 26 empresas de vários países exploram o mineral nos territórios curdo, incluindo Noruega, Áustria, Inglaterra e Turquia.[59]

Infraestrutura e transporte

A região possui dois aeroportos internacionais, nas cidades de Erbil e Suleimânia. Atualmente, cerca de 23 companhias aéreas operam no Curdistão iraquiano, sendo 8 delas árabes. Há também companhias de outros países vizinhos, europeias e ocidentais.[60]

Por terra, inúmeras estradas interligam a região com o restante do Iraque, sendo as principais via Mossul e Bagdá. Há ainda diversos postos de fronteira com o Irã e a Turquia, e também um com a Síria.

Turismo

A região do Curdistão é o principal destino turístico internacional do Iraque, recebendo visitantes de países do Oriente Médio e de outras partes do mundo. No ano de 2018, cerca de 3 milhões de turistas estiveram em suas cidades,[61] consideradas as mais seguras do país. Já em 2022, esse número saltou para 6 milhões de pessoas.[62]

Belas montanhas, cachoeiras e rica gastronomia atraem os visitantes, assim como a facilidade do visto para turismo,[63] e voos diretos de diversas cidades da Ásia e Europa.

Cultura

A principal festividade do Curdistão é o Noruz (Newroz), conhecido no Ocidente como o "Ano Novo Persa", celebrado anualmente em 21 de março.[64] A festa é tradicional também no Irã e em outros países da região.

Língua

língua curda é o idioma oficial do território, em sua variação no dialeto sorâni, também chamado de curdo central. O idioma é escrito em uma variante do alfabeto persa e árabe, embora sinalizações em alfabeto latino também sejam comuns nas cidades. Já o dialeto curmânji, ou curdo sententrional, é falado na província de Dohuk, onde também é chamado de Badînî.

Religião

Os curdos são em sua maioria muçulmanos sunitas, mas com uma interpretação menos conservadora da fé.[65] A região curda é marcada pela tolerância e liberdade religiosa, havendo também muitos cristãos, judeus e iazidis.[66]

Televisão

O Curdistão possui diversos canais regionais, com programação inteiramente em língua curda. Dentre os principais canais estão o jornalístico Rudaw e o Kurdsat, que em 2017 estreou uma versão local da franquia Idols, intitulada Kurd Idol.[67]

Esportes

O principal esporte na região é o futebol. Embora os times curdos disputem os campeonatos nacionais iraquianos, eles possuem também sua própria liga e copa regionais, que são bastante populares entre os torcedores locais.[68] A Premier League do Curdistão é realizada anualmente pela Associação de Futebol do Curdistão Iraquiano e conta com a participação de 14 clubes.[69]

O principal estádio da região é o Estádio Franso Hariri, em Erbil, que já foi usado pela seleção iraquiana de futebol. Em 2012, a Copa do Mundo VIVA foi realizada no Curdistão, sendo vencida pela equipe da casa. Em abril de 2019, a seleção do Curdistão Iraquiano realizou seu primeiro amistoso contra a seleção do Iraque. A partida terminou empatada em 2 a 2, marcando o estreitamento dos laços entre as duas equipes.[70]

Educação

As duas principais formas da língua curda, o sorâni e o curmânji, são ensinadas nas escolas e universidades da região,[71] junto com o árabe. Antes do estabelecimento do governo regional, em 1992, apenas o árabe era ensinado.

Em 2006, foi aberto o primeiro colégio internacional no Curdistão, o International School of Choueifat, que possui unidades em vários países do Médio Oriente. Outras redes internacionais também se estabeleceram, posteriormente.

A região possui também 11 universidades públicas e diversas universidades particulares, a maioria aberta após 2003. Abaixo, há uma lista delas:

InstitutoWebsiteEstabelecimentoEstudantes
Universidade Knowledge (KNU)https://www.knu.edu.iq20092700
Universidade de Suleimânia (UOS)univsul.edu.iq196825.900 (2013)
Universidade Saladino (SU)www.su.edu.krd197020.000 (2013)
Universidade de Dohukwww.uod.ac199214.000 (2014)
Universidade de Zakhowww.uoz.edu.krd20102.600 (2011)[72]
Universidade de Koya (KU)www.koyauniversity.org20034.260 (2014)
Universidade do Curdistão - Erbil (UKH)www.ukh.edu.krd2006400 (2006)
Universidade Americana do Iraque – Suleimânia (AUIS)www.auis.edu.krd20071.100 (2014)
Universidade Americana do Curdistão - Duhok (AUDK)www.audk.edu.krd2014(?)
Universidade Médica de Erbil (HMU)www.hmu.edu.krd20053800 (2020)
Universidade de Administração e Negócios (BMU)www.lfu.edu.krd/index.php2007(?)
Universidade SABISwww.sabisuniversity.edu.iq2009(?)
Universidade Cihanwww.cihanuniversity.org2007(?)
Universidade de Ciência e Tecnologia Komar (KUST)www.komar.edu.iq2012(?)
Universidade Privada de Ciência e Tecnologia de Erbil (HPUST)hpust.com?(?)
Universidade Ishik (IU)www.ishik.edu.krd20081.700 (2012)
Universidade Soranwww.soran.edu.iq20092.200 (2011)
Universidade Newrozwww.nawrozuniversity.com2004(?)
Universidade de Desenvolvimento Humano (UHD)www.uhd.edu.iq2008(?)
Universidade Politécnica de Suleimânia (SPU)www.sulypun.org/sulypun199613.000 (2013)
Universidade Católica de Erbil (CUE)www.cue.edu.krd2015(?)

Ver também

Referências

  1.  Netchirvan Barzani eleito Presidente do Curdistão iraquiano Diário de Notícias. Pesquisa em 18/06/19
  2. ↑ Ir para:a b Parliament names Masrour Barzani as new Prime Minister (em inglês) Kurdistan 24. Pesquisa em 13/06/19
  3.  «Iraq Human Development 2014» (PDF) (em inglês). Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas
  4.  Viviano, Frank (2006). «The Kurds in Control»Washington, D.C. National Geographic Magazine. Consultado em 5 de junho de 2008
  5.  Demographic Survey: Kurdistan Region of Iraq (em inglês) Reliefweb. Pesquisa em 21/02/19
  6.  Kurdistan still home to 1 million displaced (em inglês) K24. Pesquisa em 21/01/20
  7.  Kurdistan still home to 1.5 million displaced (em inglês) K24. Pesquisa em 21/02/19
  8.  Curdistão virou polo de estabilidade no Iraque BBC Brasil. Pesquisa em 19/07/17
  9.  O Império Islâmico Revista Klepsidra. Pesquisa em 10/04/17
  10.  Curdos Arquivado em 23 de maio de 2016, no Wayback Machine. Guia do Estudante. Pesquisa em 12/04/16
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