segunda-feira, 3 de julho de 2017

obras em destaque

Os arranha-céus
Em 1927, foi apresentada a perspectiva do Edifício Moreira Garces o primeiro “arranha céo” de Curitiba. Inicialmente com cinco pavimentos – depois, acrescido de mais três foi concluído somente em 1936.1
Dá início ao processo de verticalização em Curitiba impulsionado pela ampliação do uso do concreto armado. Nos anos de 1935 e 1939, Eduardo Fernando Chaves responde como projetista, calculista, construtor e/ou fiscal por quatro edifícios localizados na região central. Com quatro a oito pisos e elevador apresentam lojas no térreo e nos demais pavimentos salas comerciais e/ou apartamentos, programa arquitetônico que se consolida na primeira zona de Curitiba durante a década de 1930.
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Edifício Sul América
Trata-se de modificação do “Projeto do Edifício da Sucursal da Sul América”, em Curitiba. A obra é executada pela Companhia Construtora Nacional que também edificou o Edifício Moreira Garcez e o Colégio Estadual do Paraná, assinando como construtor responsável Eduardo Fernando Chaves.
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No início de 1937, o Edifício da Sul América é apresentado na revista publicada pela seguradora. Atualmente, abriga a sede da Procuradoria da República.
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Revista Sul America – 1° trimestre de 1937. Na foto inferior à esquerda, a sucursal da seguradora em Curitiba. Construção com responsabilidade técnica de Eduardo Fernando Chaves. fonte: Revista Sul America. Anno 18, n. 69, jan.-fev.-mar. 1937.
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Antigo Edifício da Sucursal da Sul América, 2012.

Edifício Loureiro
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à esquerda: Fachada frontal do Edifício Loureiro. fonte: Alvará n.° 1.127, de 30/3/1935 – Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Antigo Edifício Loureiro, 2012.

Edifício Eulália Chaves
Projetado, calculado e construído por Eduardo Fernando Chaves no terreno de sua família – onde antes funcionava Casa Chaves – o Edifício Eulália Chaves, recebe o nome de sua mãe.
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à esquerda: Fachada frontal do Edifício Eulália Chaves. fonte: Alvará n.° 3.759, de 31/3/1939. Prefeitura Municipal de Curitiba.
Edifício Eulália Chaves, 2012.

Edifício José Carvalho de Oliveira
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à esquerda: Fachada frontal do Edifício José Carvalho de Oliveira. fonte: Alvará n.° 3.759, de 31/3/1939 – Prefeitura Municipal de Curitiba.
Antigo Edifício José Carvalho de Oliveira, hoje Carvalho Loureiro, 2012.

Igrejas e Educandários
Dentre as obras de Eduardo Fernando Chaves há um conjunto de seis projetos arquitetônicos de edifícios com funções religiosas, três para instituições de ensino e um para convento, elaborados entre 1927 a 1941.
1927, o primeiro projeto conhecido é o da Igreja do Rosário, cujo prédio existente é demolido dez anos depois, iniciando-se no mesmo espaço a construção do novo templo.
1936, projeta e constrói a primeira sede da Igreja do Cristo Rei no bairro do Cajuru.
1937, elabora o da Igreja Santa Terezinha, que, embora tenha alvará de aprovação, não foi executado de acordo com sua proposta. Em
1938, desenha a Capela do Instituto Santa Maria .
1941, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida, ambas construídas por João de Mio. A atuação do engenheiro estende-se também para a área do ensino.
1934 e 1941, planeja as contínuas ampliações realizadas no Instituto Santa Maria, na Rua XV de Novembro. Concomitantemente.
1935, idealiza e constrói a Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann.
1941, realiza a ampliação do Colégio Sagrado Coração de Jesus e o Convento Bom Retiro da Santa Cruz para as Irmãs da Divina Providência.

Igreja do Rosário
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à esquerda fonte: Jornal Gazeta do Povo, 1° de outubro de 1927.
à direita: Perspectiva da Igreja do Rosário – projeto arquitetônico e desenho de Eduardo Fernando Chaves. acervo: Eduardo Fernando Chaves, sobrinho.
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fonte: Jornal Gazeta do Povo, 25 de agosto de 1928.
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à esquerda: Fachada frontal da Igreja do Rosário. fonte: Alvará n.° 1.828, de 19/03/1937. Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Igreja do Rosário, 2012.
1927, 1° de outubro, o Jornal Gazeta do Povo anuncia que o projeto da Igreja do Rosário está exposto na vitrine do “Louvre”, onde as novidades são mostradas à população.2 Elaborado por Eduardo Fernando Chaves, a proposta – considerada formosíssima – “reconstroe completamente e moderniza a velha Egreja, não lhe tira, porem, as actuaes linhas architectonicas”. A volumetria da antiga edificação é mantida e, segundo Monsenhor Celso, seu “estylo” também: “a minha vontade é que seja conservado o estylo do templo. Igrejas não se transformam, Igrejas se conservam. É um perigo mudar, hoje, aspectos de templos. A época é de bungalows”. A escolha do neocolonial – vinculado ao repertório formal das construções coloniais –, tem a intenção de “guardar” “as actuaes linhas architectonicas”, comprometendo-se simultaneamente com a tradição e a modernidade, uma vez que este movimento era considerado, naquele momento, “brilhante modelo do futuro esthetico”.3
Em 19 de março de 1937, o arcebispo D. Ático Rocha solicita a demolição da antiga Igreja do Rosário e a construção da nova, situada à praça Garibaldi, na esquina das ruas Duque de Caxias e Trajano Reis, tendo o engenheiro civil Eduardo Fernando Chaves como autor do projeto arquitetônico e responsável pela construção.4
Iniciada a reconstrução em 1938, as paredes levantaram-se vagarosamente até o falecimento de Eduardo Fernando Chaves, em 1944. Dois anos depois, formou-se uma nova comissão para construção e, em 1951, a Igreja iniciou suas atividades, sendo confiada aos Padres Jesuítas que a administram até o presente. O projeto arquitetônico foi modificado: a torre inicialmente locada à direita, foi construída no lado contrário.

Igreja do Cristo Rei
1936, 27 de dezembro, lançada a pedra fundamental da Igreja provisória do Cristo Rei no terreno situado na Rua Goethe esquina com a Rua Guarany, doado por Madre Leonie, Superiora Provincial das Irmãs de São José de Tarentaise Mouitiers Saboia. Coube ao padre Germano Mayer angariar fundos para a obra.
As plantas da Igreja foram feitas pelo ilustre arquiteto e engenheiro Eduardo Fernando Chaves, que também fiscalizou a construção até o seu final, nada cobrando pelo serviço. Tão logo entregou a obra, Deus o recompensou: ganhou Quinhentos Contos de Réis na loteria.
O projeto inicial previa uma área construída de 450,00 m² (15x30m), pois seria provisória. Porém após iniciada, a pedido do padre Germano ampliou-se para 600,00 m² (15x40m). (…)
Não havia água encanada. O barracão, que fora usado como depósito de material e o poço aberto para as necessidades da construção, continuou servindo como banheiro provisório dos padres até 1941.5

1937, 5 de dezembro, é concluída a Igreja, celebrada a primeira missa e criada a nova paróquia. No ano seguinte, é solicitada a construção de um galpão de madeira destinado à sala de festas da Igreja do Cristo Rei, novamente projetado por Eduardo Fernando Chaves.
1938, iniciada a obra de 180,00 m² (9x20m) e, nos primeiros anos da década de 1940, constrói-se o salão paroquial.
A Igreja provisória do Cristo Rei foi executada graças ao padre palotino Germano Mayer. O próprio bairro passou a denominar-se Cristo Rei, e a antiga Rua Goethe, rebatizada de Germano Mayer, revelando a importância da igreja e de seu pároco para a comunidade.
1975, o edifício projetado por Eduardo Fernando Chaves só foi demolido 38 anos após sua inauguração, dando lugar à atual igreja de linhas modernistas projetada por Kozo Kassai.
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à esquerda: Fachada frontal da Igreja do Cristo Rei. fonte: Alvará n.° 2.336, de 9/12/1936. Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Festa comemorativa ao dia de Cristo Rei. À direita, a Igreja do Cristo Rei – década de 1940. acervo: Nestor Gastão Poplade.

Projeto da Igreja Santa Terezinha
1975, 10 de abril, Eduardo Fernando Chaves elabora o projeto arquitetônico para a Igreja Santa Terezinha, na Rua Visconde de Guarapuava, Batel. Em outubro, é lançada a pedra fundamental do templo e dezenove dias depois, outro projeto é apresentado à Prefeitura, assinado por E. G. Classen.
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Fachada frontal da Igreja Sante Terezinha. fonte: Alvará n.° 2.779, de 10/04/1937. Prefeitura Municipal de Curitiba.

Igreja de Nossa Senhora Aparecida
1938, com o encerramento das Santas Missões na Capela do Seminário Diocesano, foi lançado pelo padre Victor Coelho de Almeida a ideia de construir uma igreja dedicada à Nossa Senhora Aparecida.
1939, os moradores do bairro Barigui-Seminário reuniram-se na Sociedade Beneficente Operária do Seminário e formaram uma comissão com tal objetivo. O terreno com área de 3.000 m² foi doado por Odia Nadolny e situa-se à 200 m da ponte do rio Barigui, na estrada que leva a Campo Largo. Durante quatro anos, muitas festas campestres foram realizadas a fim de arrecadar verbas para construção do templo.6
1941, Eduardo Fernando Chaves, elabora o projeto arquitetônico da Igreja de Nossa Senhora Aparecida. No mesmo ano foi aprovada sua construção na Prefeitura, e, em 8 de junho, realizou-se o lançamento da pedra fundamental.
1943, a obra, iniciada em seguida é realizada por João de Mio, e concluída em maio.
1953, 08 de janeiro. A Paróquia de Nossa Senhora Aparecida foi criada e entregue aos cuidados espirituais dos Missionários da Consolata que a administram até o presente.
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à esquerda: Fachada frontal da Igreja de Nossa Senhora Aparecida. fonte: Alvará n.° 5.360, de 7/5/1941. Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Igreja de Nossa Senhora Aparecida, 2012.

Capela do Convento Bom Retiro da Santa Cruz
1941, Eduardo Fernando Chaves projeta o Convento Bom Retiro da Santa Cruz para as Irmãs da Divina Providência, destinado ao retiro espiritual e casa de repouso para idosos. Construído em terreno situado na Avenida Anita Garibaldi, o edifício de dois pavimentos possui uma capela que atendeu a comunidade até a inauguração da Igreja de Nossa Senhora Medianeira de Todas as Graças, em 1955. A Capela, dedicada à Santa Inês, localiza-se à esquerda, em volume avançado.
1963, o convento fechou suas portas e a propriedade foi adquirida pelo episcopado de Santa Catarina, para criar o Instituto Paulinum que funcionou até 1973.
1974, foi adquirido pelo Governo do Estado, e abriga desde então o Centro Comunitário Diva Pereira Gomes / Escola de Formação e Aperfeiçoamento de Guardas Mirins do Paraná. A capela atende à instituição até o presente.7
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à esquerda: Fachada frontal do Convento Bom Retiro da Santa Cruz. fonte: Alvará n.° 5.699, de 14/11/1941. Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Antigo Convento Bom Retiro da Santa Cruz, 2005.

Instituto Santa Maria
1910 e 1918, o Colégio Nossa Senhora do Sion ocupa instalações na Rua XV de Novembro.8
1924, a Congregação Marista adquire a propriedade, com o objetivo de abrir um externato na cidade. Além da escola, o edifício abrigava a residência dos religiosos. No restante do terreno, havia “prédios construídos de madeira, muros e outras benfeitorias”.9
1930, década da expansão do número de alunos, e várias ampliações no edifício para contornar o problema da falta de espaço.
1932, o construtor João de Mio assina o projeto e constrói o terceiro piso da edificação existente na esquina das ruas XV de Novembro e Conselheiro Araújo É a primeira de muitas intervenções que ocorrerão naquele espaço.
1934, Eduardo Fernando Chaves elabora um alpendre para o recreio na Rua Conselheiro Laurindo e, até 1942, será o responsável pelo projeto de mais sete intervenções, executadas sempre por João de Mio.
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Ao longo de oito anos, Eduardo Fernando Chaves deu forma ao conjunto arquitetônico Instituto Santa Maria. Com um terreno ocupando toda a quadra, o educandário foi crescendo em volta do pátio interno, seguindo a tradição de edificações religiosas. Respeitando as construções iniciais, as ampliações mantiveram a escala e o tratamento formal, dando unidade às diversas intervenções.
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Fachadas do Instituto Santa Maria voltadas para as ruas XV de Novembro e Tibagi. fonte: Alvará n.° 4.279, de 27/12/1939. Prefeitura Municipal de Curitiba.
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Vista geral do conjunto arquitetônico do Instituto Santa Maria, onde se destaca a implantação em quadra. acervo: Colégio Marista Santa Maria.
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Cartão postal do Colégio Santa Maria, que mostra a evolução histórica das suas instalações. acervo: Colégio Marista Santa Maria.

A Capela do Colégio Santa Maria
1938, projetada por Eduardo Fernando Chaves a Capela tem importância que extrapola as paredes do educandário, pois suas portas estavam abertas à comunidade. Insere-se no processo das contínuas ampliações do educandário, iniciadas em 1934 e que se estendem até 1942. (Requerimento de licença para execução de Obras da Classe A, nº 3.055, 29/02/1938).
1939, a capela localizada na esquina na Rua Conselheiro Laurindo foi construída por João de Mio,e concluída em janeiro.
Benção solene da Capela
O dia 15 de outubro de 1939 foi de alegria para os queridos Irmãos Maristas, assim como para os alunos do educandário por eles dirigidos, pois nesse dia a Capela se tornou um lugar reservado à celebração do sacrifício de Jesus Cristo, onde fiéis poderão levantar as suas preces a Deus.
A Capela apresenta no altar-mor uma linda imagem da Virgem, a doce mãe do Redentor, ladeada pelas imagens de Jesus Cristo e pela de São José. Em torno ostenta imagens de São Luiz Gonzaga, S. Miguel Arcanjo, Santa Ana, S. Francisco de Assis, Santa Teresinha, Santo Antonio de Pádua e o Anjo da Guarda.
Um friso colocado um pouco acima das imagens representa a Virgem Santissima em várias figuras como: Rosa Mística, Torre de Davi, Casa de Ouro, Arca da Aliança, Torre de Marfim, Porta do Céu, Estrela da Manhã, Saúde dos Enfermos, etc.
O forro é revestido de magníficos desenhos de cores otimamente escolhidas, dando um aspecto todo especial ao recinto.
O soalho é de parquete preto e branco, tudo muito artístico e admiravelmente trabalhado.
As janelas ogivaes são “vitraux” em várias côres, tendo ao centro, em verde, o emblema do crucificado.
Os bancos em número de oitenta são de imbuia e em estilo sóbrio, tomando a principal parte da Capela, cuja área é de 30 por 12 metros.
Há ainda a mesa eucarística, também de imbuia e que se achava na ocasião, recoberta por fina toalha branca.
Foi escolhido, para a cerimônia oficial, 15 de outubro o dia em que S. Excia. Revma. D. Atico Euzebio da Rocha, poderia honrar-nos com sua presença.
Às 7 e meia da manhã já os alunos, sós ou acompanhados de suas famílias, entraram para assistir à missa.
Entre a numerosa e ilustre assistência notavam-se: S. Excia. Revma D. Atico Eusebio da Rocha, o Interventor Manoel Ribas, Monsenhor Mauricio Dunan, Cel. Anápio Gomes, Tte Cel. Juarez Tavora, outros oficiais e pessoas gradas e numerosas famílias.
Antes de ser iniciada a missa, o nosso amado Arcebispo procedeu à benção da Capela.
A missa celebrada por Monsenhor Lamartine Miranda foi cantada a três vozes: pelos Irmãos Maristas, pelos alunos do Bigorrilho e pelos alunos do Instituto Santa Maria.
Com o final da cerimônia, uma profunda tristeza misturou-se à alegria de que todos os corações se achavam possuídos.
Tristeza porque a solenidade terminava, deixando-nos um como que indefinível sentimento, que hoje sabemos todos ser “saudades”, pois forçoso nos era o afastamento daquele recinto onde, pela oração, mais próximos estivéramos de Cristo, e, pelo ambiente, mais perto do céu.
E enquanto as horas passam e os dias vão para o infinito, sempre maior é a saudade, que renova na imaginação a cerimônia da benção da nova Capela do Instituto Santa Maria.10

1998, a construção foi inserida no programa de Recuperação dos Espaços Culturais e revitalização da região central de Curitiba. A restauração e adaptação, finalizadas em 2008, fizeram surgir uma sala de concertos, a Capela Santa Maria, destinada a musica erudita e sede da Camerata Antiqua da cidade.(Requerimento de licença para execução de Obras da Classe A, nº 3.055, 29/02/1938).
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à esquerda: Fachada da Capela do Santa Maria. fonte: Alvará n.° 3.055, de 29/02/1938. Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Capela do Santa Maria, 2011.

Escola Israelita Brasileira de Curitiba Salomão Guelmann
1921, foi criada pelo comitê escolar judaico a Escola Israelita no Paraná que durante um ano se responsabilizou pelo próprio ensino elementar israelita, reunindo as crianças na Biblioteca do Centro Israelita do Paraná.
1927, 15 de fevereiro é fundada a Escola Israelita Brasileira de Curitiba, funcionando em prédio alugado na Rua André de Barros n.° 63.11
1932, a escola, transfere-se para um prédio à Rua do Rosário nº 152. Com o crescente número de alunos e ampliação do currículo tornou-se necessário aumentar suas instalações.
1935, Salomão Guelmann constrói e doa um prédio especialmente para o funcionamento da escola. A nova sede – projetada por Eduardo Fernando Chaves, que também se responsabilizou pela fiscalização da obra –, localizada na Rua Lourenço Pinto.
1935, foi inaugurada em 29 de junho e homenageando seu benfeitor, a instituição passou a chamar-se Escola Israelita Brasileira de Curitiba Salomão Guelmann, ali permanecendo por 35 anos.
Segundo Sara Schulman, que frequentou a escola entre 1939 e 1947:
O edifício da escola ocupava todo o terreno da Rua Lourenço Pinto. No térreo localizava-se o salão e o palco, onde todo final de ano os alunos encenavam as peças de teatro, cujo ensaio iniciava no começo do semestre. As cadeiras para o público tinham no alto do espaldar entalhadas EIBSG. Em baixo do palco, saindo para o pequeno pátio estava a escada e a porta da casa do caseiro.
No primeiro andar, havia quatro salas de  aula, uma ao lado da outra, à esquerda do corredor; nos fundos, a sala do jardim de infância e, em seguida, a escada que levava ao palco lá em baixo. No mezanino, ao fundo, ficava a sala do professor; uma pequena biblioteca na lateral; e dois banheiros – de azulejos e louças brancos – com uma pia do lado de fora. Havia uma escada que levava para um salão no sótão, onde morava o diretor com a esposa, um filho e dois meninos da comunidade. As salas de aula tinham janelas grandes que davam para o lado externo do corredor. Eram poucos alunos. Havia em cada sala cerca de 12 carteiras individuais, em imbuía; e a terceira, a quarta e a quinta séries estudavam juntas.12

1960, segunda metade da década, o Centro Israelita ganhou outra instalação na Rua Mateus Leme para onde se transferiu.
1970, 26 de novembro, iniciou-se a construção da atual sede da Escola Israelita Brasileira de Curitiba Salomão Guelmann, na Rua Nilo Peçanha, n.º 664, simultaneamente à autorização do funcionamento do ginásio. O projeto foi elaborado pelos ex-alunos, Leo Grossmann e Jaime Lerner. Neste mesmo ano, o edifício da Lourenço Pinto foi vendido e demolido.
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à esquerda: Fachada da Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann. fonte: Alvará n.° 1.063, de 7/3/1935. Prefeitura Municipal de Curitiba.
à direita: Alunos e ex-alunos em frente à Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann na entrega do edifício e transferência da escola, 1975.acervo: Instituto Cultural Judaico Brasileiro Bernardo Schulman.

Colégio Sagrado Coração de Jesus
1918, é Inaugurado, o Colégio Sagrado Coração de Jesus na esquina das ruas Desembargador Motta e Iguaçu. Destinava-se ao curso primário – com internato, semi-internato e externato – oferecendo também aulas de música, bordado, trabalhos manuais e outros destinados a formação de meninas. O edifício de orientação eclética foi implantado na esquina, apresentando recuos em relação aos limites frontais do terreno.
1938 e 1946, a escola passa a ofertar os cursos Ginasial, Colegial, Normal, Científico, Clássico, Secretariado e Análises Clínicas, e amplia o espaço construído. Um novo bloco de quatro pavimentos é edificado contíguo ao prédio inicial, voltado para a Rua Desembargador Motta.
1941, a instituição atendia 100 alunas, oferecendo, aulas, refeições e dormitórios para 35 vagas do internato, 30 para o noviciado e mais as vagas para o seminternato.13
1941, Eduardo Fernando Chaves projeta o novo piso no prédio inicial e a construção de outros dois edifícios, uma Capela e um Salão Nobre. Trata-se de blocos independentes e interligados, com implantação em forma de “U”, definindo um pátio interno de função integradora.14
1941, 8 de dezembro , lançamento da pedra fundamental da capela.
1946, as novas instalações foram concluídas e apresentadas no folder da escola.
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Folder do Colégio Sagrado Coração de Jesus – década de 1950. acervo: Colégio Sagrado Coração de Jesus.
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Fachada da Capela do Colégio Sagrado Coração de Jesus. fonte: Alvará n.° 5.658, de 10/10/1941. Prefeitura Municipal de Curitiba.
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Fachada do Salão Nobre do Colégio Sagrado Coração de Jesus. fonte: Alvará n.° 5.658, de 10/10/1941. Prefeitura Municipal de Curitiba.
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Em primeiro plano, o edifício que recebeu o quarto piso, e a esquerda a Capela – ambos projetados por Eduardo Fernando Chaves – 1952. acervo: Colégio Sagrado Coração de Jesus.

1O arranha-céo. Revista Illustração Paranaense. Curityba, Anno 1, n.1, jan. 1927.
2Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 1 de outubro de 1927.
3A IGREJA DO ROSÁRIO precisa ser logo restaurada. Jornal Gazeta do Povo. Curityba, 24 de agosto de 1928.
4FEDALTO, Pedro. A arquidiocese de Curitiba na sua história. Curitiba, 1958. p .181.
5POPLADE, Nestor G. Paróquia Cristo Rei. Curitiba: Edição do autor, 2009. p. 52-63.
6ARIOLI. Claudia. Acervo fotográfico, Paróquia Nossa Senhora Aparecida. Projeto aprovado pela Lei de Incentivo da Fundação Cultural de Curitiba, 2006. p.63.
7Capela do Convento Bom Retiro da Santa Cruz. Acervo: Provincialado da Santíssima Trindade da Divina Providência.s.n.t.
8COLÉGIO MARISTA SANTA MARIA. História do Colégio Marista Santa Maria. Disponível: http://www.stamaria.marista.org.br. Acesso em 25 de novembro de 2005.
9CASTRO, Elizabeth A de; IMAGUIRE, Marialba. Ensaios sobre a arquitetura em Curitiba 2 – Colégios e Educandários. Curitiba: Edição das autoras, 2006.
10VIANA, Eugênio (aluno da 3ª série). Benção solene da Capela. In: Jornal O Instituto. Órgão dos alunos do Instituto Santa Maria. Ano 1, n° 1. Curitiba, 15 de novembro de 1939. p. 5-6.
11O MACABEN. Edição comemorativa dos 60 anos da Escola Israelita. n.º 112. Curitiba: Copygraf, 1995.
12SCHULMAN, Sara S. Entrevista gravada realizada por Zulmara C. S. Posse e Elizabeth A. de Castro. Curitiba, 16 de setembro de 2011. 42 minutos.
13ASSOCIAÇÃO DE PAIS E MESTRES do Colégio Sagrado Coração de Jesus. Colégio em foco. Revista Comemorativa. 1968. Acervo: Colégio Sagrado Coração de Jesus.
14CASTRO, Elizabeth Amorim de; IMAGUIRE, Marialba. Ensaios sobre a arquitetura em Curitiba 2 – Colégios e Educandários. Curitiba: Edição das autoras, 2006.

A estação de Serrinha

E. F. Paraná (1891-1946?)
SERRINHA 
Município de Balsa Nova, PR
linha Curitiba-Ponta Grossa - km 181,646 (1935) PR-4696
Altitude: 883,460 m Inauguração: 18.11.1891
Uso atual: demolida sem trilhos
Data de abertura do prédio atual: 1946
 
 
HISTORICO DA LINHA: A linha unindo Curitiba a Ponta Grossa teve o seu primeiro trecho aberto em 1891, chegando a Ponta Grossa em 1894. Mais ou menos na metade do caminho, a estação de Serrinha, na margem direita do rio Iguassu, dava saída ao ramal de Rio Negro, que seguia para o sul, enquanto a linha de Ponta Grossa seguia para noroeste. Nos anos 1930 e 40, houve algumas modificações no traçado na região de Serrinha, e o entroncamento passou a ser feito na estação de Engenheiro Bley, próximo a Serrinha mas na margem esquerda do rio. No final dos anos 1969, uma variante ligando esta última a Ponta Grossa tirou várias estações da linha; em 1977, a variante Pinhais-Engenheiro Bley tirou mais outras, modificando totalmente o curso do ramal original. No início dos anos 1990, já não sobrava mais nada da antiga linha em seu leito original.
 
HISTÓRICO DA ESTAÇÃO: A estação de Serrinha foi inaugurada por volta de 1891.

A sua função primordial era a de ser estação colocada no ponto de bifurcação entre os ramais de Rio Negro, que seguia para o sul, e a linha que seguia de Curitiba para Ponta Grossa.

Em 1914, com a modificação de traçado entre Serrinha e Palmeira, modificação esta que eliminou o antigo ramal de Porto Amazonas, a linha passou a cruzar duas vezes o rio Iguaçu: para o sul, onde logo após a travessia foi criada a estação de Nova Capivari - e para o norte de novo, para atingir a estação de Caiacanga e depois Porto Amazonas, agora incorporada à linha principal.

Mais tarde, em 1934, foi inaugurada a variante de Capivari, que retificou os primeiros dezoito quilômetros do ramal do Rio Negro e fez com que esta linha não saísse mais de Serrinha, mas sim de Engenheiro Bley, que seria agora o novo nome da estação de Capivari, como já visto, ao sul do rio IguaçuSerrinha passa a ser, a partir deste ano, apenas uma estação de passagem.

Em 1936, o horário oficial dos trens da RVPSC ainda acusavam paradas na estação de Serrinha. O Guia Levi de junho de 1945 anida mostrava ativa a estação de Serrinha. Os guias de 1948 já não mostravam mais a de Serrinha e já mostravam a de Afonso Moreira, esta, inaugurada em dezembro de 1946.

Segundo o relatório da RVPSC para 1946, a estação de Afonso Moreira substituiu a velha estação de Serrinha, mas em local diferente.

O jornal Diário do Paraná, de 19/12/1946, anuncia a inauguração da "nova estação" de Afonso Moreira em 17 de dezembro desse ano, recém-construída no quilômetro 177 da linha. A conclusão a que cheguei depois de tudo isso leva a crer que a estação de Serrinha foi realmente desativada em 1946 e certamente demolida depois disso. Quando, não sei.

Veja também estação de Serrinha.
ACIMA: Mapa com a localização de Serrinha e de Afonso Moreira nas linhas velha e nova. ABAIXO: Diagrama que mostra a ponte situada pouco antes da estação em foto de 1910 (que pode ser vista abaixo, sem as modificações) (Diagramas feitos por Luiz Berehulka).
ACIMA: Mapa com a localização de Serrinha e de Afonso Moreira, e das pontes na linha velha. ABAIXO: Diagrama que mostra acomparação das linhas antiga e atual no município de Balsa Nova (que pode ser vista abaixo, sem as modificações) (Diagramas feitos por Luiz Berehulka).

ACIMA: Mapa do início dos anos 1920 mostrando a estação de Serrinha e a bifurcação da época. Note e linha marron, que passou a ser o novo traçado (por Capivari, Caiacanga, Porto Amazonas e Nova Restinga). Hoje as linhas são todas totalmente diferentes, embora mantendo algumas estações no mesmo local (Relatório da RVPSC. Gentileza Alexandre Fressatto).
ACIMA: Estação de Serrinha, 1910. Dá para ver o esquema de linhas - a que cruza a foto do alto da esquerda para a direita é a linha Ponta Grossa-Curitiba. A que sai no triângulo para o canto esquerdo é o ramal de Rio Negro. O trem para Rio Negro deveria partir de Serrinha, esperando o que vinha de Curitiba ou de Ponta Grossa, ou com baldeação ou com troca de locomotivas e divisão de carros (Foto Arthur Wischral). ABAIXO: Na estação de Serrinha, anos 1920, o carro administração com funcionários da São Paulo-Rio Grande, que administrava a E. F. Paraná nessa época (Acervo Flavio Cavalcanti).
(Fontes: Arthur Wischral; Luiz Berehulka; Flavio Cavalcanti; Luiz Fernando Duboc; Daniel Gentili; Alexandre Fressatto; RVPSC: Relatórios anuais; Diário do Paraná, 1946; IBGE)


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Matriz Nossa Senhora da Luz de Irati

            
                     
Matriz Nossa Senhora da Luz
Hoje é dia 14 de janeiro de 2017, restam, portanto, seis meses e um dia para que o nosso “CAUDALOSO RIO DE MEL” – IRATI complete 110 anos de existência.
Como já havia mencionado no meu programa do sábado passado, vou ocupar estes próximos seis meses que antecedem a data do próximo aniversário do nosso município, para “cantar em prosa e verso” a história melódica e poética do nosso querido município.
O meu boa tarde a todos vocês, meus prezados ouvintes, desejando-lhes muita paz, harmonia e amor em seus lares e em seus corações. 
Reservei este programa de hoje, para contar-lhes, queridos ouvintes, uma belíssima história que fala sobre a nossa MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ.  
Tal assunto, no entanto, estaria muito prejudicado em seu conteúdo, caso o meu bom amigo e colega desta emissora,
Tadeu Stefaniak, não houvesse me brindado com um raro documento elaborado no ano de 1952, pelo nosso querido Frei Capuchinho Joaquim, Vigário da nossa igreja Matriz de N.S. da Luz. Obrigado meu amigo Tadeu, em meu nome e de todos os meus ouvintes.
Mas, sem mais delongas, vamos logo para esta belíssima história, que nos fala de amor, altruísmo e dedicação às causas religiosas. Caso todo o assunto não caiba em um só programa, estarei complementando-o no programa seguinte. Combinado?
Em sua bela revista ilustrada, Frei Joaquim estampa em sua capa a seguinte mensagem: CRÔNICA HISTÓRICO – ILUSTRADA da Matriz de Nossa Senhora da Luz de Irati e Programa da Festa da Padroeira em 1952.
Logo na primeira página, o nosso querido vigário, faz um prólogo
Que nos diz o seguinte:
Queremos neste ano de 1952, dar aos nossos queridos paroquianos e aos devotos de Nossa Senhora de Luz, Padroeira da Cidade e da Comarca de Irati, uma crônica Histórico-Cultural, para que todos tenham uma noção exata de quando e como começou a nossa Matriz.
No ano de 1900, por aqui já passavam, na Cura das Almas, os Padres de Palmeira, de Ponta Grossa e Imbituva. No ano de 1904, foi inaugurada a primeira Capela de Nossa Senhora da Luz, no lugar onde hoje á a Praça da Bandeira, sendo Capela curada da Paróquia de Imbituva.
Esta Capela ficou na Praça da Bandeira até o ano de 1926, quando foi transportada para o largo da Matriz. No dia 25 de Julho de 1926, foi benta e lançada a primeira Pedra Fundamental da nossa Matriz, como veremos por sua história e ilustrações. Pe. Frei Joaquim – Capuchinho Vigário.
Praça da Bandeira

É isso aí, meus amigos ouvintes, esta é uma bela história que voz contarei a seguir:
ASSIM COMEÇOU A MATRIZ DE NOSSA SENHORA DA LUZ
Irati, antigamente chamado “Covalzinho”, nasceu sob as bênçãos de Nossa Senhora da Luz, no ano de 1900-1901. A devoção do povo de Irati a Nossa Senhora da Luz, nasceu com a vila de Irati; desde o berço o iratiense aprendeu a amar a sua digna padroeira, que viu nascer, crescer e se desenvolver esta Vila e depois Cidade tão boa; este povo tão generoso, tão hospitaleiro, tão nobre.

FESTA DE INAUGURAÇÃO DA CAPELA DE IRATI – 10.09.1904
Com toda a solenidade inaugurou-se a igreja desta localidade. No dia 07 do corrente, ás quatro horas da tarde, teve lugar o translado da bela imagem de Nossa Senhora da Luz, padroeira da localidade, para a igreja, tendo grande acompanhamento de fieis e ao som da Banda Musical de Imbituva. Chegada a procissão à igreja, o Revmo. Pedro João Escarpetti, respeitabilíssimo vigário de Imbituva que generosa e desinteressadamente viera proceder á inauguração, fez a benção solene da igreja, dando então ingresso à Padroeira.
Segue-se a novena, proferindo o vigário, por essa ocasião, um sermão em que exaltou as virtudes da Santa e da religião católica, congratulando-se com os seus fieis por ver erguido na sua paróquia mais em templo a verdadeira religião de Cristo. No dia 8 a Banda Musical tocou alvorada na porta do templo e percorreu esta povoação anunciando em suas notas harmoniosas a festividade do dia. Às 10 horas teve lugar à missa solene, achando-se o templo repleto de fieis e romeiros vindos do interior, Ponta Grossa, Fernandes Pinheiro, Ente Rios, Boa Vista, Rebouças e de outros lugares.
O Templo repleto de fiéis
Depois da missa um grupo de Exmas. Senhoritas, acompanhadas da música percorreu a povoação com a Bandeira do Divino, tirando esmolas. À tarde houve um animado leilão. Terminado este, saiu a procissão á rua, apresentando um aspecto deslumbrante, pois era composta de três andores artisticamente enfeitados e carregados por senhoras e senhoritas, seguido pelo Revmo. Vigário, Banda Musical e grande multidão, percorrendo o largo da igreja e recolhendo-se na melhor ordem e respeito. Foi administrado o Sacramento do batismo a grande número de crianças e efetuado diversos casamentos, muitos dos quais o Revdo. Vigário fez gratuitamente a pessoas pobres. Terminou a festa com um animado baile. Foram sorteadas festeiras para o ano vindouro as Exmas. Snras. Leopoldina de Cristo, Ana de Bonfim, Maria Andrade Mendes e festeiros os Snrs. João Barros Cabral, Francisco Batista e Pedro Calderari. A comissão encarregada da construção de igreja é sumamente grata ao Exmo. Monsenhor Celso Itiberê da Cunha, digníssimo Governador do Bispado, por ter com a máxima solicitude, atendido ao pedido da mesma comissão que solicitara a provisão gratuita para a benção da Igreja. Igualmente é grata ao Revmo. Vigário Padre Escarpetti, que apesar de avançada idade veio de Imbituva a esta localidade, desinteressadamente, prestar seus humanitários serviços. Iraty 10 de Setembro de 1904.

BENÇÃO E LANÇAMENTO DA PEDRA FUNDAMENTAL
Aos vinte e cinco dias do mês de julho, do ano do Senhor de mil novecentos e cinco, sendo Sumo Pontífice o Santo Padre Pio XI. Bispo de Curitiba, o Exmo. Reverendo D. João Braga. Presidente da República, e Exmo. Snr. Artur da Silva Bernardes. Presidente do Estado do Paraná, e Exmo. Snr. Caetano Munhoz da Rocha. Presentes as comissões de festejos e mais os festeiros constantes da lista inclusa, lançou-se a Pedra Fundamental desta Igreja de São Vicente de Paulo, nesta vila e Município de Iraty. Para constar lavrou-se esta ata de vai assinada pelos seguintes senhores presentes: “Pe. Fernando Taddei, Pe. Sebastião Mendes, Pe. Paulo Warkocz, Pe. José Maria Penido, Pe. Francisco Souza, todos da Congregação da Missão, Zeferino Sales Bitencourt, Emilio Batista Gomes, Francisco Vieira de Araújo, Braulio Bitencourt, Manoel Lacerda Pacheco, Eziquiel Andrade Gomes, Alexandre Nigro, Constantino Odreski, Antonio Xavier da Silveira, Francisco Thomaz, Paulo dos Santos Xisto, Cezar Castagnoli, Antonio Saboia, Abraão Fenianos, João Dib Abdulack, Miguel Bittar, Arion Vasconcellos Souza, José Brustolim, Trajano Gracia, Edgard Andrade Gomes, Clovis Araújo, Santos Thomaz, Santos Marochi, Agostinho Zarpellon, Esmeraldo Leandro, Waldemar Phol, Bernardino rebesco, Miguel Doniak, João Batista Anciutti, Antonio Budel, Francisco Stroparo, Zeno Viana, José Wosniak, Miguel Agulham, José Smolka, Martin Filus, Joaquim Rodrigues Fernandes, e Ignacio Osinski.”
Majestosa
Como se pode observar, a nossa Matriz era dedicada ao glorioso Santo, São Vicente de Paulo. Mas por decreto n. 01 de S. Excia. Dom Antonio Mazzarotto, DD. Bispo Diocesano de Ponta Grossa, datado de 11 de Março de 1931, desdobrando a paróquia de Imbituva, sede da igreja provisória de Irati, e que se denominara “Paróquia de Nossa Senhora da Luz de Irati”. Concedeu sua Excia. á Igreja de Nossa Senhora da Luz de Irati, todos os direitos, privilégios e honras de uma igreja paroquial, sendo seu primeiro Vigário o Pe. Paulo Warkocz, que chegou a Irati no dia 09 de Fevereiro de 1931, e tomou posse da nova paróquia no dia 15 de março daquele mesmo ano. Sua Revma. Teve grande acolhida entre o povo iratienses, por seus dotes de coração bondoso, conquistando muita estima e amizade de toda a população.
Lançada a “pedra fundamental” a nossa Matriz ficou só nos alicerces até o ano de 1932, quando o Pe. Paulo Warkocz se empenhou com todos os meios em realizar o projeto já aprovado e começado, para dar ao povo de Irati uma linda e monumental Matriz, onde pudesse implorar as graças e as bênçãos do Céu e cumprir com seus deveres religiosos.
O Pe. Paulo trabalhou na paróquia de Nossa Senhora da Luz, desde o ano de 1931 até 20 de Janeiro de 1943, quando foi substituído pelo Pe. Tadeu Dziedzic. Neste largo período de tempo o Pe. Paulo, consegui levantar as paredes da Matriz deixando-a coberta.
O segundo vigário da Paróquia de Irati foi o Pe. Tadeu Dziedzic, que chegou em Irati no dia 08 de janeiro de l943, e tomou posse da Paróquia no dia 29 deste mesmo mês. Pe. Tadeu distingui-se pelo seu grande zelo apostólico e por uma ordem esmerada em seus trabalhos. Entre muitas obras que fez, destaca-se o reboco e o estucamento interno da Matriz; a colocação das portas e das janelas, e o termino das sacristias.
São Vicente de Paulo

Pe. Tadeu Dziedzic trabalhou em nossa Matriz, de 29 de janeiro de 1943, até 15 de fevereiro de 1948, quando foi substituído pelo Frei Nereu do Vale.
Os freis chegaram a Irati, no dia 14 de fevereiro de 1948: Frei Nereu do Vale e Frei Joaquim, vindos de Curitiba, respectivamente Vigário e Coadjutor. Frei Nereu tomou posse da Paróquia no dia 15 de fevereiro de 1948. O povo de Irati foi logo tomando simpatias pelo novo Vigário, o qual merecendo toda a confiança e apoio dos paroquianos, com seu dinamismo e inteligente administração, levou avante os serviços da Matriz. Durante sua permanência na paróquia, a Matriz recebeu muitas melhorias, entre as quais destacam-se as seguintes: O Portal Central de entrada e as Portas Silenciosas, trabalho artístico realizado pelo Sr. Inácio Kawalkiewicz: os ladrilhos e as escadarias de mármore e de pedras, trabalho do sr. Ângelo Nadal; os bancos de imbuia, feitos pelo Sr. Miguel Romaniuk.
Ma a obra de maior vulto que Frei Nereu deixou para Irati foram as duas torres da igreja. Para começar este trabalho, era mister ter uma comissão de pessoas competentes, que enfrentassem todas as dificuldades, que sempre surgem nas obras de Deus. Para esse fim foi convocada uma reunião, que se realizou no dia 07 de Março de 1950, reunindo as pessoas mais destacadas da cidade, para tratar do assunto.
Ladrilhos e escadaria
ATA DA REUNIÃO PARA REGULAMENTAR A CONSTRUÇÃO DAS TORRES DA MATRIZ DE N.S. DA LUZ DE IRATI
Aos sete dias do mês de março de 1950, ás 16 horas na Casa Paroquial da Matriz de N.S. da Luz, desta cidade de Iraty, estado do Paraná, sob o convite de reverendíssimo Frei Nereu do Vale, digno vigário desta paróquia, teve lugar uma reunião para que nela se tratasse e discutisse minuciosamente o problema do levantamento da primeira torre da igreja. Notou-se nesta primeira reunião, a presença dos senhores: Dr. Artur Heráclio Gomes Filho, dd. Juiz de direito desta cidade, Dr. José Jacob Wasilewski, Julio Domingos Marchiori, Carlos Thoms, José A. Leite, Ângelo Nadal, Rodolfo Schlumberger, Nino Fraca, Antonio Lopes Júnior, Ezaias Esmanhoto, Julio Wasilewski, Francisco Keler e José Varela.
O senhor Pe. Vigário, a fim de certificar-se da solidez e profundidade dos atuais alicerces da torre, fez abrir uma escavação rente aos alicerces da mesma, e convidou a todos para um exame “in loco” dos ditos. Após minucioso estudo e cálculos dos senhores peritos, ficou constatado que as fundações não ofereciam segurança alguma. Isto quer pelos diversos defeitos de ordem técnica, como pouca profundidade das bases, condições do terreno e da mistura do cimento, cal e areia então usada, que examinada entre os dedos esfarelava-se com grande facilidade. Segundo os cálculos feitos essa base não suportaria os carrilhões dos sinos. Estava, pois condenado o alicerce.
Continuando os cálculos e estudos sobre a possibilidade do prosseguimento dos trabalhos e de que maneira se haveria então de resolver caso tão delicado, achou-se que a dificuldade em si não era totalmente insolúvel, surgindo como melhor recurso um esqueleto de torre de cimento armado, que partindo de sólida laje de concreto armado do interior da torre se elevasse até a altura prevista na planta e sob condições de segurança e estética absolutas. Esta foi a idéia mais bem acolhida entre os senhores presentes. Após isso estudado achou-se interessante nomear uma comissão para dirigir os trabalhos. Apontou-se alguns nomes indicados para tal fim: Julio Domingos Marchiori, Carlos Thoms, Francisco Keller, Ângelo Nadal e José Varella. Prosseguindo o Pe. Vigário, convidou os senhores construtores a apresentar, para a próxima reunião, um orçamento detalhado sobre o custo final da torre. Com isso, encerrou-se a reunião. Irati, 7 de março de 1950 José Varella, Secretário.
Exame In Loco

INICIO DOS TRABALHOS DA CONSTRUÇÃO DA TORRE
No dia 26 de junho de 1950, foram iniciados os trabalhos de construção da primeira torre, que foi contratada com os construtores: Pedro Santos e Otto Smoger. A mão de obra foi contratada por Cr$ 100.000,00, conforme contrato assinado e arquivado nos arquivos da paróquia. Depois de nove meses de trabalhos foi, então, inaugurada a primeira torre da Matriz de N.S. da Luz.

ATA DA INAUGURAÇÃO DA PRIMEIRA TORRE
Aos vinte e dois dias do mês de abril de 1951, na Igreja Matriz de N.S. da Luz nesta cidade de Irati, Estado do Paraná, realizaram-se com grande pompa o termino da construção da primeira torre da Matriz, esta, do lado esquerdo da Igreja. Já com bastantes dias de antecedência vinham os senhores festeiros de 1950 e 1951, preparando com carinho e entusiasmo esta festa de regozijo pela conclusão dos trabalhos da primeira torre.
Convidou-se o Exmo. Senhor governador do Estado, Dr. Bento Munhoz da Rocha Neto, que não podendo comparecer, se fez representar pelo Sr. Ezequiel Andrade Gomes. Desde pela manhã, já era grande o movimento de povo. À missa das dez horas estiveram presentes as autoridades e grande multidão. Após terminada a Santa Missa, o reverendíssimo Padre Paulo Warcowcz, deu benção solene a nova torre, por entre vibrantes aclamações do povo.
Ainda sem as torres
Não percam o próximo programa
Nesta ocasião falou o Pe. Vigário, Frei Nereu do Vale e o Sr. Antonio Lopes Junior. Muito bela ficou a torre depois de pronta. De aspecto imponente e majestoso com toda a sua formidável estrutura de cimento armado, refletindo neste lindo domingo de sol, a sua alvura que chegara mesmo a ofuscar a vista. Grande também foi a afluência de cidadãos que neste dia subiu as escadas internas da torre para lá do alto contemplar o panorama que se descortinava tão esplendido e admirável na finura do ar. Durante o dia, como parte recreativa, funcionaram nos pátios da Igreja, diversas barraquinhas com os mais variados divertimentos: tiro ao alvo, coelhinhos, tômbolas, leilão, barraca com salgados, doces, café, etc., sendo a renda destinada à segunda torre, cujos trabalhos iniciar-se-iam imediatamente. Digno de menção foi o leilão em que o primeiro tijolo da segunda torre foi arrematado pelo Sr. Ezequiel Gomes pela importância de Cr$ 7.000,00. Os colonos, por sua vez, arremataram um saco de cimento por Cr$ 3.000,00.
Notava-se a satisfação o orgulho e alegria, justos do povo de Irati que não poupou esforços e sacrifícios para ver levantada essa torre que ali estava sendo inaugurada sob a benção de Deus Nosso Senhor e de Nossa Senhora da Luz, padroeira da cidade. Bem, meus queridos ouvintes, após tudo isso vem então a construção da segunda das torres da nossa Matriz, mas isso eu vou deixar para o sábado que vem, quando quero contar, mais uma vez com a audiência de todos vocês.