quinta-feira, 15 de março de 2018

Rua Marechal Deodoro, no ano de 1948, na altura da praça Zacarias. Na frente, um edifício, que existe até hoje, aparece ainda em construção.

Centro de Curitiba no dia da neve em Julho de 1975! Percebam os telhados todos brancos!!

Rodoferroviária de Curitiba em sua Inauguração e o estádio do Capanema atrás

Praça Generoso Marques em torno dos anos 30

Praça Tiradentes / Catedral Metropolitana de Curitiba




Praça Santos Andrade no desfile de 7 de setembro de 1938. Percebam a Universidade Federal do Paraná em sua construção ORIGINAL!! (Não sei porque diabos aumentaram o prédio e detoraram sua beleza).

Zeppelin passando pela cidade em 1936 - Rua XV de Novembro (hoje calçadão)

O postal de 1939 mostra a rua José Bonifácio, no centro da capital paranaense.

Da Itália para o Xaxim


Da Itália para o XaximFrancesco Dal Gobbo e esposa que, em 1886, passaram a residir no Xaxim
Família de José Brum

Em 5 de maio de 1877 chegou ao Porto de Paranaguá, o navio Ligúria, que trouxe as primeiras famílias italianas arrebanhadas por Sabino Trippodi, que segundo consta teria recebido 20 mil réis, por família embarcada para o Brasil. Os imigrantes compraram as terras no Brasil, em longas prestações, sem conhecer o local e as condições em que se encontravam os terrenos.

Sem qualquer recurso e saídos de um país, cujo clima nada tinha de parecido com o forte calor de Morretes, esses imigrantes foram transportados por carretões até um rústico barracão, na localidade que passou a ser denominada de Colônia Alexandra e passaram a receber durante seis meses, uma modesta alimentação. A mata virgem, o calor insuportável, insetos sugadores (mosquitos, butucas, bernes) faziam de suas vidas um verdadeiro inferno, pois nada disso existia em sua Itália. A febre amarela, conhecida como sezões pelos nativos, ceifou muitas vidas. Sem ferramentas adequadas e solo impraticável (mangues ou morros), mal conseguiam plantar e quando seus cultivos produziam produtos para serem comercializados, não havia estradas e nem meio de transporte para a produção. Praticamente plantavam para o sustento da família.

Após seis meses de hospedagem, cada família recebeu uma gleba que variava entre seis a dez alqueires, onde deveriam construir suas casas. As casas eram de chão batido, de pau a pique, cobertas com palha, com uma ou duas peças. Os antigos diziam que as camas eram umas tarimbas, com cobras transitando livremente e os mosquitos quase devorando a pessoa que ali dormia. Com a organização pelo governo, de novas colônias em Porto de Cima, onde o clima era mais ameno, muitas famílias transportaram seus poucos pertences para lá, surgindo assim, dois povoados conhecidos como América de Cima e América de Baixo. A Nona Augusta, com 15 anos passou a trabalhar como doméstica na casa de uma família tradicional em Morretes. Sem conhecer o idioma português, passou por maus momentos, pois quando sua patroa pedia-lhe a vassoura, ela ia procurar o arado (vassor no dialeto italiano). Mandava arrumar a cama e ela ficava toda atrapalhada (rumar no dialeto italiano é o mesmo que fuçar). Em 1880, quando Dom Pedro II visitava as obras da estrada de ferro, trecho entre Morretes e Paranaguá, minha Nona teve a oportunidade de conhecê-lo e beijar-lhe as mãos.

Nos arquivos do Estado encontra-se um abaixo assinado, dos moradores de Porto de Cima, para a Princesa Izabel, solicitando o envio de um padre que falasse o idioma italiano, para atender os moradores. Quando partiram para o Brasil, o padre de seu vilarejo preveniu de que, os bichos iriam comê-los vivos. No norte da Itália, onde residiam em cidades como Treviso, Vicenza, Verona e plantavam em terras de grandes latifundiários, na base da terça parte, isto é, uma parte para o proprietário e duas para o colono. Viviam pobremente na terra natal e lutavam para sobreviver numa região em que o inverno era um dos mais gélidos, o que impossibilitava o plantio durante esta época do ano. Durante o inverno, contava minha avó, um ovo era dividido para duas pessoas, na hora do almoço. Como era um sistema patriarcal, os homens faziam o trabalho mais leve, cabendo às mulheres as tarefas mais árduas. Para cultivar nas montanhas transportavam o esterco e folhas de castanheira, em cestos atados nas costas, até as colinas. Este serviço era feito pelas mulheres. Minha bisavó tinha um carroço nas costas, marca da rude tarefa.

Cansados de sofrer e de plantar para o próprio sustento, com a inauguração da Estrada de Ferro Curitiba-Paranaguá, em 1886, abandonaram suas glebas e subiram para o planalto curitibano instalando-se algumas famílias no bairro da Água Verde e outras no bairro do Xaxim. Foi graças à construção da ferrovia, que muitas famílias sobreviveram, já que os filhos adultos e os maridos puderam trabalhar oferecendo seus conhecimentos na carpintaria, alvenaria e ferraria. O Nono Beppi Brun foi cozinheiro dos dirigentes das obras da estrada de ferro.

Ainda hoje, em Porto de Cima, podemos encontrar vestígios da fracassada colonização. Lá ainda estão, os pilares das toscas casas amparados por enormes pés-direitos de madeira de lei.
A história da chegada das famílias italianas ao Brasil continua na próxima edição.

Santa Cândida em fotos de antigamente



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Década de 60 – Rua Theodoro Makiolka esquina com Avenida Paraná. Alunos da Casa Escolar Santa Cândida (designação da época) em frente da escola. Na foto o casarão, a nova casa das Irmãs Franciscana da Sagrada Família e a primeira casa paróquia. A casa paroquial foi demolida por ocasião da abertura da Avenida Paraná.
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Década de 60 – Vista panorâmica da Rua Theodoro Makiolka, do número 745 ao 1060, Santa Cândida, Curitiba, Paraná, Brasil.
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Década de 60 – Vista panorâmica da Rua Theodoro Makiolka, número 1060, Santa Cândida, Curitiba, Paraná, Brasil.
Familia-Skora-santa-candida
1 – Iria Zeni Nadolny | 2 – Leoni Benigna Kulik | 3 – Francisco Skora | 4 – Palmira Martha Kulik | 5 – Maira Skora Kulig (k) | 6 – Agneska Pyskala | 7 – Lucia Skora Lyska | 8 – Não identificado
casa-familia-kulik
Legenda:
1 – Starka Kuliska – Mãe de Paulo Kuli(g)k – Hedwige Macioszek
2 – Mario Stanislau Kulik
3 – Silvestre Kulig
4 – Dionizio Gabriel Kuli(g)k
5 – Hedviges Theresa Kulig – Tia Vicha
6 – Gertrudes Kulig
7 – Maria Skora Kuli(g)k – Starka Mareska
8 – Natalia Maria Kulik
9 – Longina Kulig – Tia Guinha
10 – Francisco Skora – Pai de Maria Skora Kuli(g)k
11 – Ludoviço Kachel – Marido de Reguina Kuli(g)k Kachel
12 – Pe. João Wislinski
13 – Paulo Kuki(g)k
14 – João L(y)eska
15 – Celestina Szprada – mulher de Pedro Kuli(g)k – irmão de Paulo Kuli(g)k
16 – Pedro Kuli(g)
Mulheres de chapéu são provavelmente as primas de Paulo Kuli(g)k da cidade. As que moravam nas proximidades do centro de Curitiba.
OBSERVAÇÂO: A grafia do sobrenome KULI(G)K foi alterada. Originalmente é KULIG, mais tarde a partir do nascimento do Mario Kulik é que se observa a troca do G pelo K. Alguém convenceu os colonos a aportuguesarem a grafia de seus sobrenomes. Assim eu deixo entre parentes a letra trocada pois vc encontrara documentos antigos com a grafia anterior.
KULIG = trenó