terça-feira, 16 de dezembro de 2025

A Casa de Madeira do Senhor Frederico Nemes: Uma Residência Efêmera na Rua Coronel Dulcídio

 Denominação inicial: Projecto de casa para o Snr. Frederico Nemes

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica

Endereço: Rua Coronel Dulcídio

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 70,00 m²
Área Total: 70,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Madeira

Data do Projeto Arquitetônico: 27/12/1928

Alvará de Construção: Talão Nº 650; Nº 3072/1928

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de casa de madeira.

Situação em 2012: Não localizada


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.

Referências: 

1 - GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Frederico Nemes. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba.

A Casa de Madeira do Senhor Frederico Nemes: Uma Residência Efêmera na Rua Coronel Dulcídio

Denominação Inicial: Projecto de casa para o Snr. Frederico Nemes
Denominação Atual: Residência Econômica na Rua Coronel Dulcídio
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica


Entre Tábuas e Sonhos: Curitiba nos Anos 1920

No final de dezembro de 1928, quando Curitiba respirava os ares de uma modernização tímida, mas constante, Frederico Nemes — um nome que hoje resiste apenas nos arquivos técnicos — deu início à concretização de um sonho comum, porém profundo: ter um lar próprio.

Seu projeto, datado de 27 de dezembro de 1928, foi elaborado pelo escritório Gastão Chaves & Cia., um dos mais ativos na produção de moradias populares da época. Tratava-se de uma casa de madeira, erguida em um único pavimento, com 70,00 m² cuidadosamente distribuídos para abrigar uma família com simplicidade, mas com dignidade.

Localizada na Rua Coronel Dulcídio — importante eixo urbano do Centro de Curitiba, próximo ao Largo da Ordem e ao comércio emergente —, essa residência representava a solução habitacional acessível de uma cidade em transformação.


Arquitetura da Acessibilidade

Construída inteiramente em madeira, técnica comum nas primeiras décadas do século XX por sua rapidez de execução e menor custo, a casa de Frederico Nemes era um exemplo típico de residência econômica voltada à classe média baixa ou operária da capital.

O projeto, reunido em uma única prancha, trazia:

  • Planta do pavimento térreo, com divisão funcional entre áreas sociais (sala e cozinha) e íntimas (um ou dois quartos);
  • Planta de implantação, orientando a posição da edificação no lote e seu relacionamento com a via pública;
  • Corte arquitetônico, revelando a estrutura de telhado inclinado, vãos de ventilação e altura do pé-direito típico da época;
  • Fachada frontal, de traços sóbrios, com janelas simétricas e detalhes modestos que, mesmo assim, conferiam identidade à construção.

O Alvará de Construção, registrado sob o Talão nº 650, nº 3072/1928, atestava a regularidade do empreendimento perante as autoridades municipais — um passo burocrático que, hoje, é peça-chave para reconstruir a memória urbana da cidade.


O Silêncio da Não Localização

Ao contrário de outras edificações da mesma época, nada se sabe sobre o destino final da casa de Frederico Nemes. Em levantamentos realizados até 2012, ela foi classificada como “não localizada” — o que pode significar várias coisas: talvez tenha sido demolida para dar lugar a um novo empreendimento; incorporada a uma construção posterior; ou, simplesmente, desaparecida sem deixar rastro físico.

Não há fotografias da edificação erguida. Nem registros de moradores subsequentes. Só nos restam os desenhos originais, preservados em microfilme digitalizado, como uma cápsula do tempo arquitetônico.


Frederico Nemes: Um Nome, Uma Presença

Quem foi Frederico Nemes? Um comerciante? Um funcionário público? Um imigrante recém-chegado buscando seu espaço na nova terra? Seus registros pessoais não foram identificados nos arquivos públicos acessíveis. Mas seu nome, ligado a um projeto arquitetônico, resiste como testemunho de existência.

Em uma era em que a habitação ainda era considerada um privilégio, ele buscou sua casa — não um palácio, não uma mansão, mas 70 m² de chão próprio, com janelas que abriam para o mundo.


Um Legado em Linhas e Memória

Embora a casa tenha desaparecido — ou talvez nunca tenha chegado a ser construída —, seu projeto permanece como documento valioso da história social e arquitetônica de Curitiba. Reflete uma época em que a cidade crescia não apenas em concreto, mas em sonhos domésticos, muitas vezes erguidos em tábuas de pinho ou peroba.

A obra de Gastão Chaves & Cia., embora voltada para o funcional, carrega a sensibilidade de quem entendia que cada residência é um universo. E, mesmo nas dimensões mais modestas, é possível inscrever humanidade.


Documentação Preservada

  • Imagem 1: Projeto Arquitetônico – planta, corte, fachada e implantação (microfilme digitalizado)

Referências:

  1. GASTÃO CHAVES & CIA. Projecto de casa para o Snr. Frederico Nemes. Plantas do pavimento térreo e de implantação, corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
  2. Alvará de Construção – Talão nº 650, nº 3072/1928 (Arquivo Histórico Municipal de Curitiba).

📌 Nota Final:
Casas como a de Frederico Nemes são os alicerces invisíveis da cidade. Não figuram em cartões-postais, mas foram — e são — o verdadeiro lar de Curitiba.

#PatrimônioInvisível #ArquiteturaDeMadeira #HistóriaDeCuritiba #ResidênciaEconômica #FredericoNemes #GastãoChaves #MemóriaUrbana #RuaCoronelDulcídio #MoradiaPopular1928 #ArquiteturaEfêmera

O Bangalô do Senhor Henrique Piefert: Uma Joia Residencial Esquecida na Rua Yapó

 Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Henrique Piefert

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica

Endereço: Rua Yapó

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 99,00 m²
Área Total: 99,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 05/01/1935

Alvará de Construção: Nº 987/1935

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e Alvará de Construção.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 – Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.

Referências: 

1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 – Alvará n.º 987

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

O Bangalô do Senhor Henrique Piefert: Uma Joia Residencial Esquecida na Rua Yapó

Denominação Inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Henrique Piefert
Denominação Atual: Residência Econômica na Rua Yapó
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica


Um Sonho de Tijolos e Simplicidade

No alvorecer da década de 1930, enquanto Curitiba ainda tecia seu tecido urbano com traços de província e ambições modernas, Henrique Piefert — cujo nome ecoa como testemunha silenciosa de uma era — encomendou algo modesto, mas profundamente simbólico: um bangalô de um só pavimento, erguido com tijolos, concreto e a esperança de um lar estável.

Registrado em 5 de janeiro de 1935, o projeto arquitetônico assinado por Eduardo Fernando Chaves não buscava ostentação. Tinha 99,00 m² distribuídos em um único nível, com planta racional, corte funcional e fachada frontal desenhada com elegância discreta — típica das residências econômicas que marcaram a expansão residencial da capital paranaense na primeira metade do século XX.

Esse bangalô, localizado na Rua Yapó, era mais do que um abrigo: era a expressão de uma classe média emergente, de famílias que, após anos de incertezas econômicas — incluindo a crise de 1929 —, buscavam estabilidade em quatro paredes bem planejadas.


Arquitetura do Cotidiano

Construído em alvenaria de tijolos, o bangalô de Henrique Piefert refletia as técnicas construtivas mais comuns da época, acessíveis e duráveis. O projeto, reunido em uma única prancha, incluía:

  • Planta do pavimento térreo, com divisão clara entre área social (sala, cozinha) e íntima (quartos);
  • Planta de implantação, indicando a relação da casa com o lote e o alinhamento viário;
  • Corte arquitetônico, revelando pé-direito modesto, mas suficiente para conforto térmico e visual;
  • Fachada frontal, marcada por simetria, beiral saliente (característica típica do bangalô) e vãos equilibrados.

O Alvará de Construção nº 987/1935, emitido pela prefeitura local, selou a legalidade do empreendimento — um gesto administrativo que hoje resgata a materialidade de um sonho doméstico.


O Destino do Bangalô

Por décadas, talvez, as janelas do bangalô viram crianças correndo no quintal, o cheiro de pão fresco invadindo a cozinha, e os domingos de rádio ligado na sala. Henrique Piefert, cuja biografia permanece envolta em silêncio arquivístico, talvez tenha envelhecido ali, cercado por memórias construídas tijolo por tijolo.

Mas o tempo, implacável, não poupa nem as construções mais sólidas. Em 2012, o bangalô foi demolido. Seu lugar na Rua Yapó foi substituído — por um estacionamento, um novo edifício, ou simplesmente por esquecimento. Não há registros fotográficos da edificação erguida; só restam os desenhos originais e o alvará, guardados como relíquias em arquivos técnicos e microfilmes.


Legado Arquitetônico e Memória Urbana

Embora física e irremediavelmente perdido, o bangalô de Henrique Piefert representa algo essencial na história da habitação curitibana: a dignidade da moradia simples.

Numa época em que a arquitetura moderna começava a florescer com traços ousados, projetos como este lembram que a cidade também foi feita por casas pequenas, bem pensadas, acessíveis — onde viver era o único luxo necessário.

Hoje, o projeto assinado por Eduardo Fernando Chaves serve como documento histórico valioso, não apenas pela técnica, mas pelo testemunho social que carrega: o de um homem comum que, em 1935, acreditou que merecia um teto próprio, e o construiu com 99 metros quadrados de esperança.


Documentação Preservada

  • Imagem 1: Projeto Arquitetônico – planta, corte, fachada e implantação (microfilme digitalizado)
  • Imagem 2: Alvará de Construção nº 987/1935

Referências:

  1. CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
  2. Alvará n.º 987/1935 – Arquivo Histórico Municipal de Curitiba.

📌 Nota Final:
Edificações como a do Sr. Henrique Piefert raramente entram nos livros de arquitetura. Mas são elas — discretas, econômicas, humanas — que realmente constroem a alma de uma cidade.

#PatrimônioPerdido #ArquiteturaCuritibana #HistóriaUrbana #MoradiaEconômica #Bangalô #HenriquePiefert #RuaYapó #MemóriaEdificada #Curitiba1935 #EduardoFernandoChaves