terça-feira, 16 de dezembro de 2025

O Bangalô do Senhor Henrique Piefert: Uma Joia Residencial Esquecida na Rua Yapó

 Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Henrique Piefert

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica

Endereço: Rua Yapó

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 99,00 m²
Área Total: 99,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 05/01/1935

Alvará de Construção: Nº 987/1935

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e Alvará de Construção.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 – Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.

Referências: 

1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 – Alvará n.º 987

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

O Bangalô do Senhor Henrique Piefert: Uma Joia Residencial Esquecida na Rua Yapó

Denominação Inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Henrique Piefert
Denominação Atual: Residência Econômica na Rua Yapó
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica


Um Sonho de Tijolos e Simplicidade

No alvorecer da década de 1930, enquanto Curitiba ainda tecia seu tecido urbano com traços de província e ambições modernas, Henrique Piefert — cujo nome ecoa como testemunha silenciosa de uma era — encomendou algo modesto, mas profundamente simbólico: um bangalô de um só pavimento, erguido com tijolos, concreto e a esperança de um lar estável.

Registrado em 5 de janeiro de 1935, o projeto arquitetônico assinado por Eduardo Fernando Chaves não buscava ostentação. Tinha 99,00 m² distribuídos em um único nível, com planta racional, corte funcional e fachada frontal desenhada com elegância discreta — típica das residências econômicas que marcaram a expansão residencial da capital paranaense na primeira metade do século XX.

Esse bangalô, localizado na Rua Yapó, era mais do que um abrigo: era a expressão de uma classe média emergente, de famílias que, após anos de incertezas econômicas — incluindo a crise de 1929 —, buscavam estabilidade em quatro paredes bem planejadas.


Arquitetura do Cotidiano

Construído em alvenaria de tijolos, o bangalô de Henrique Piefert refletia as técnicas construtivas mais comuns da época, acessíveis e duráveis. O projeto, reunido em uma única prancha, incluía:

  • Planta do pavimento térreo, com divisão clara entre área social (sala, cozinha) e íntima (quartos);
  • Planta de implantação, indicando a relação da casa com o lote e o alinhamento viário;
  • Corte arquitetônico, revelando pé-direito modesto, mas suficiente para conforto térmico e visual;
  • Fachada frontal, marcada por simetria, beiral saliente (característica típica do bangalô) e vãos equilibrados.

O Alvará de Construção nº 987/1935, emitido pela prefeitura local, selou a legalidade do empreendimento — um gesto administrativo que hoje resgata a materialidade de um sonho doméstico.


O Destino do Bangalô

Por décadas, talvez, as janelas do bangalô viram crianças correndo no quintal, o cheiro de pão fresco invadindo a cozinha, e os domingos de rádio ligado na sala. Henrique Piefert, cuja biografia permanece envolta em silêncio arquivístico, talvez tenha envelhecido ali, cercado por memórias construídas tijolo por tijolo.

Mas o tempo, implacável, não poupa nem as construções mais sólidas. Em 2012, o bangalô foi demolido. Seu lugar na Rua Yapó foi substituído — por um estacionamento, um novo edifício, ou simplesmente por esquecimento. Não há registros fotográficos da edificação erguida; só restam os desenhos originais e o alvará, guardados como relíquias em arquivos técnicos e microfilmes.


Legado Arquitetônico e Memória Urbana

Embora física e irremediavelmente perdido, o bangalô de Henrique Piefert representa algo essencial na história da habitação curitibana: a dignidade da moradia simples.

Numa época em que a arquitetura moderna começava a florescer com traços ousados, projetos como este lembram que a cidade também foi feita por casas pequenas, bem pensadas, acessíveis — onde viver era o único luxo necessário.

Hoje, o projeto assinado por Eduardo Fernando Chaves serve como documento histórico valioso, não apenas pela técnica, mas pelo testemunho social que carrega: o de um homem comum que, em 1935, acreditou que merecia um teto próprio, e o construiu com 99 metros quadrados de esperança.


Documentação Preservada

  • Imagem 1: Projeto Arquitetônico – planta, corte, fachada e implantação (microfilme digitalizado)
  • Imagem 2: Alvará de Construção nº 987/1935

Referências:

  1. CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
  2. Alvará n.º 987/1935 – Arquivo Histórico Municipal de Curitiba.

📌 Nota Final:
Edificações como a do Sr. Henrique Piefert raramente entram nos livros de arquitetura. Mas são elas — discretas, econômicas, humanas — que realmente constroem a alma de uma cidade.

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