quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Rua XV de Novembro, esquina com a Avenida Marechal Floriano. Data: 18/04/1948. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (07/06/1992)







Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 07/06/1992) - De uma velha crônica: a origem do nome Rua das Flores 

"(...) Há poucos dias o jornalista Arnaldo Alves da Cruz nos entregou uma cópia de um artigo escrito pelo Doutor João Pâmphilo D'Assumpção, pulicado em jornal local em janeiro de 1927.sob o título: "Como conheci a Rua XV de Novembro". 

A descrição de Pâmphilo D'Assumpção é saborosa e nos leva ao passado da então Rua das Flores, onde ele nasceu em 1868. Entretanto, o que de mais importante nos deixa são informações como esta: "A primeira reconstituição que fiz foi a da esquina da Rua Dr. Muricy, outrora chamada Rua da Assembléia e, antes, Rua Nova, quando em 1794 foi concedida a carta de data a Ivo José de Andrade que deu o nome ao ribeiro".

Eis o primeiro esclarecimento importante na crônica do ilustre curitibano: a razão do nome do Rio do Ivo é por fazer divisa, há quase 200 anos, com a terra cuja propriedade era deste ilustre senhor José Ivo de Andrade.

Continua a descrição: "A memória que tenho deste local remonta à época em que se abriu esse trecho para o começo da Estrada do Mato grosso. Havia um paredão de pedra sore o qual existiam duas ou três casinhas, numa das quais morava o Mestre Torquato, alfaiate. É onde está hoje a Casa Carioca". Isto em 1927, quando o artigo foi escrito. . Hoje naquela esquina da XV com a Muricy está instalada a Tecelagem Imperial.

Vai o ilustre articulista retratando a Rua das Flores de seu tempo, dizendo que onde hoje está a Farmácia Colombo ainda não existia edificação e que o local era uma pequena elevação de barro amarelo 

Seguindo sua reconstituição vai, Dr. Pâmphilo nos dizendo como era a esquina com a Marechal Floriano, onde hoje está a agência do Bamerindus. Ali a atual Floriano subia em estreito caminho ladeado por altos barrancos até o Largo da Matriz, hoje Praça Tradentes. Na esquina onde está o banco, ficava o sobrado que havia sido palácio do governo. No quintal deste sobrado existiam dois cedros não-europeus. Eram cedros das nossas matas.

Outra menção curiosa focaliza onde hoje se encontra o prédio do Banestado (Casa Gótica da XV, atual agência do Itaú), na esquina da Monsenhor Celso. Chamavam a esse trecho, de mesquinha edificação, "as casinhas". Eram ocupadas por bodegas ordinárias, onde reuniam-se cachaceiros e se vendia toucinho charque e aguardente. Do outro lado, em frente, existia um casebre que pelo rebaixamento da rua ficou empoleirado no alto de alicerces, de modo que para atingir a porta, havia uma escada de tábuas até a Travessa da Matriz (Monsenhor Celso).

Desta velha crônica o trecho que se segue é sumariamente esclarecedor. sabemos hoje que o nome Rua das Flores advém da existência de alguns pés de "Rosa Louca" em divisa de terreno daquela via, no século XIX. Pamphilo D'Assumpção nos da a localização exata destas flores. Vamos a seu texto: 

"Outra reconstituição é a da esquina onde funciona o Club do Comércio e a Bomboniére Mimosa. Este canto pertencia à minha família. Era fechado por muros velhos, remendados com tábuas. Havia ali uma roseira da variedade que vulgarmente se chama 'Mariquinha', roseira que cobria todo o muro e de tal modo florescia que deu à rua o nome de Rua das Flores".
















Rosa chinensis (conhecida popularmente no Brasil como "Mariquinha"). Desenho de 1816, da ilustradora Caroline Maria Applebee (1799-1854). Extraído de Royal Horticultural Society. 



Eis, portanto, o local onde estavam localizadas as flores que deram a denominação à rua no século XIX, na esquina entre a XV e a Marechal Floriano, onde está instalado o edifício Manoel de Macedo. Obviamente guardando o espaço que foi desapropriado para o alargamento da rua em 1965.

Vamos terminando esta viagem proveitosa e nostálgica ao nosso passado, deixando o fechamento da matéria por conta do cronista que deixou a nós, pósteros, estas preciosas informações.

"Estes pontos que rememorei bastam para dar a medida do nosso progresso, que é proporcionalmente maior que o de São Paulo que quando nos largou, deixou-nos uma mísera vila isolada nestes campos dos pinhais, tendo tido o cuidado de na legislatura anterior a nossa emancipação suprimir, por economia, três lampiões de azeite que existiam na terra. Isso deu-se em 1853... O que Curitiba precisa é que seus filhos a amem com ardor, queiram-na com entusiasmo. Que percam o too receio de passar por jeca pelo fato de enaltecerem seu berço. Convençam-se de que a nossa capital é das cidades mais belas, mais adiantadas e mais progressistas do Brasil".

A fotografia que ilustra a 'Nostalgia' de hoje foi feita no dia 18 de abril de 1948 e nos mostra a antiga casa de Manoel de Macedo, na esquina da XV com a Floriano, onde no século XIX existiu o muro com as famosas rosas "Mariquinha", que deram nome à Rua das Flores".

*****

João Pâmphilo Velloso de Assumpção. Data de nascimento: 7 de setembro de 1868. Falecimento: 15 de janeiro de 1945. Natural de Curitiba, Paraná. 

Formação Acadêmica: Bacharelou‐se em Direito pela Faculdade de São Paulo no ano de 1889 na mesma turma de que fizeram parte Emiliano Pernetta e Octavio do Amaral. Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela FDUP – Faculdade de Direito da Universidade do Porto (1897), por meio de concurso para lente substituto de um grupo de cadeiras referentes a Economia e Administração. 

Docência: Lecionou Direito Civil das Obrigações aos 44 anos. Discurso Inaugural na sessão solene de Instalação da Academia de Letras do Paraná, em abril de 1923. 

Publicações: ASSUMPÇÃO, Pâmphilo de. Duas orações. Curityba: Livraria Mundial, 1923. ASSUMPÇÃO, Pâmphilo de. “Colônia Penal”. Diário da Tarde. 12 abr. 1907. Ano X, n. 2475, p. 1. ASSUMPÇÃO, Pamphilo de. “O crime no Paraná”. Diário da Tarde. Curitiba, 21 ago. 1908. Ano XI, n. 2889, p. 1. 

Vida Profissional: Fundou o Instituto dos Advogados do Paraná (1917), do qual foi Presidente por 15 anos; Fundou a Seção do Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (1930), da qual foi Presidente por 5 anos (1932/1935). Foi membro fundador do Centro de Letras do Paraná, do qual foi Presidente. Presidente da Sociedade Thalia (1927‐28). Presidente da Associação Comercial do Paraná (1909‐ 13 e 1927‐31). Fundador e ocupante da cadeira número 7 da Academia Paranaense de Letras.
Também atuou como membro do Conselho Penitenciário do Paraná.

Julio Gineste conversa com Domingos Foggiatto. Data: 1909. Foto: Arthur Wischral. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (18/07/1993)




O leiloeiro Julio Gineste conversa, do interior do seu veículo, com um ciclista (tratava-se do então jovem fotógrafo Domingos Foggiato).

Vista panorâmica parcial da Avenida Marechal Floriano. Data: 24/06/1940. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia (05/07/1992)




Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 05/07/1992)

"(...) A fotografia acima, feita em 24 de junho de 1940, apresenta uma vista parcial da cidade em direção ao sul, tendo em primeiro plano um canto da Praça Tiradentes, exatamente na esquina com a Marechal Floriano, onde esta tem seu início. 

No prédio desta esquina funcionava a casa Goudart, especializada em partituras e instrumentos musicais e seu endereço era exatamente na rua Marechal Floriano nº. 1. Este estabelecimento sofreu certa feita, no final da década de 30, um acidente inusitado. Tendo um bonde que vinha da Rua do Rosário perdido o seu controle, chegando em frente à casa de partituras, descarrilou, entrando reto com violento estrondo pela vitrine da Casa Goudart. Foi um acidente comentado por anos a fio em toa a cidade.

A fotografia ainda nos mostra outras fachadas na Praça Tiradentes como a casa especializada em importações de frutas do árabe Hassan M. Raas, a Farmácia Leão, onde, na parte e cime tinham seus consultórios os doutores José Loureiro Fernandes e Osvaldo faria da Costa, vindo em seguida a Casa Eduardo, de propriedade de Eduardo Karam.

A fotografia revela uma Curitiba onde se vislumbrava o horizonte que se perdia para os lados de São José dos Pinhais. O casario ainda permitia a beleza dessa vista. A Marechal Floriano em linha reta se perde lá para os lados do Asilo, com destino à Vila Hauer e Boqueirão. (...)"

Revolta Estudantil - Junho de 1945 - Causa: aumento das passagens de bondes e ônibus em Cr$0,10 (dez centavos). Data: 06/06/1945. Foto: Domingos Foggiato. Acervo Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia, (06/06/1993)




Gazeta do Povo - Coluna Nostalgia, Cid Destefani - 06/06/1993

A nossa máquina do tempo vai nos transportar para o começo do mês de junho de 1945, quando não fazia ainda um mês que havia acabado a 2ª Guerra Mundial. Tudo começou no dia 31 de maio quando surgiu na imprensa o seguinte comunicado: 

"A Companhia Força e Luz do Paraná (CFLP), na contingência de fazer vigorar para seus empregados a tabela de reajustamento de salários comunica ao público que a partir e junho de 1945, fará cobrar nos serviços de transporte coletivo a seu cargo (ônibus e bondes) a taxa adicional de Cr$ 0,10 (dez centavos) por passagem, pelo qual serão observadas as seguintes tarifas devidamente aprovadas pela prefeitura: Linhas de Bondes: Praça Tiradentes à Água Verde: Cr$0,30 - Água Verde ao Portão: Cr$0,30 - Praça Tiradentes ao Portão (direto): Cr$ 0,50 - Praça Tiradentes ao Juvevê: Cr$0,30 - Juvevê ao Bacacheri: Cr$ 0,30 - Praça Tiradentes ao Bacacheri (direto): Cr$ 0,50 - Praça Zacarias ao Batel: Cr$ 0,30 - Batel ao seminário: Cr$0,20 - Praça Zacarias ao Seminário (direto): Cr$0,40 - Trajano Reis ao Asilo Cr$ 0,30 - Asilo ao Prado: Cr$0,30 - Praça Tiradentes ao Prado (direto): Cr$0,50 - Linha de ônibus Alto da Rua XV ao Hospital Militar: R$ 0,40".

Este comunicado foi o estopim com retardo para o que iria acontecer no dia 3 de junho, quando à noite, por volta das 21 horas, começaram os protestos dos estudantes universitários que em número aproximado de uma centena fizeram uma viagem de bonde da Praça Zacarias ao Seminário, retornando ao ponto de partida, onde retiveram o veículo até as 23 horas. À frente da multidão os diretores da União Paranaense dos Estudantes (UPE), cujo presidente Francisco Oswaldo Costelucci falou às pessoas ali reunidas, atacando os lucros das passagens e os altos lucros auferidos pela CFLP. O manifesto foi pacífico contando com a presença de policiais.




O mesmo bonde derrubado por estudantes na Avenida João Gualberto. Foto: Domingos Foggiato, 06/06/1945. Acervo: Cid Destefani, publicada na mesma Coluna Nostalgia de 06/06/1993.

No dia seguinte, 4 de junho, os estudantes universitários, em comissão, levaram notas de protestos ao Interventor Interino Rosaldo Mello Leitão, ao chefe de polícia, major Fernando Flores e ao prefeito Alexandre Beltrão, além de ter sido expedido um telegrama ao presidente da república. Já no dia 5 as manifestações começara a tomar o rumo da violência, apesar do manifesto publicado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Empresa de Carris de Curitiba, apelando ao povo que apoiasse o aumento que iria trazer melhorias aos trabalhadores e que a situação dos salários, como estava, era insustentável.

Em contrapartida, a UPE mantinha-se em assembléia e visitava o Comando da 5ª Região Militar. Os estudantes, durante o dia, junto a populares, lotavam os bondes e se negavam a pagar as passagens, mantendo-se pacificamente dento dos veículos. À noite o movimento esquentou e o povo depredou vários bondes, tendo a CFLP interrompido o tráfego dos mesmos em quase todos os bairros.

Os estudantes ainda apelavam para que a população se mantivesse pacífica enquanto se processavam as demarches junto ao governo para o retorno da tabela antiga.

No dia 6, pela manhã, foi tombado um bonde da linha Juvevê, na Avenida João Gualberto. À tarde, uma comissão da UPE esteve outra vez com o interventor com quem confabularam por mais de uma hora e meia, quando imensa massa popular ficou em frente ao Palácio do Alto São Franciso (Mansão Garmatter). Nesse manifesto, a UPE julgava-se no dever de defender o povo contra a ganância e a especulação da Companhia Força e Luz, cujas tenazes se apertavam sobremodo nas taxas de luz, ultra-exorbitantes. Se a CFLP estivesse sofrendo prejuízos, ela não estaria senão sofrendo o que o povo sofria nesses reajustes de pós-guerra. Nesse momento o governo deveria dar preferência em estar com o povo, já sobrecarregado de tantos encargos, e não entregá-lo sem proteção aos seus algozes.

Em resposta às reivindicações estudantis, o governo mandou, à noite, piquetes de cavalaria da Força Policial para a frente dos Colégios Iguaçu e Novo Ateneu, quando os milicianos deram cargas com suas espadas desembainhadas contra os estudantes que saíam das provas parciais de meio de ano. Vários foram feridos, tendo inclusive cavalarianos tentado adentrar com suas montarias no Colégio Iguaçu. Foi uma verdadeira operação "matar no ninho", afim de impedir que os colegiais voltassem a atacar os coletivos. Motivados por esta agressão, os estudantes criariam poucos dias depois, a União Paranaense dos Estudantes Secundários. 




Em junho de 1945, policiais vigiavam a entrada da garagem de bondes da Companhia Força e Luz do Paraná, em frente ao prédio da Assembléia Legislativa (hoje sede da Câmara).

Para encurtar um pouco a história da revolta dos estudantes por causa do aumento de 10 centavos na passagem dos coletivos, podemos dizer que ela se estendeu até o dia 15 de junho, com visitas diárias às autoridades, agora já com as fileiras engrossadas por sociedades operárias sindicatos e professores além da população que apoiou firmemente o movimento encetado pelos nossos estudantes universitários e secundaristas.

Quem viveu a Curitiba daqueles tempos lembra muito bem do que os estudantes eram capazes de fazer na maioria das vezes, ordeiramente, para reivindicar seus direitos e do próprio povo. Afloravam inteligências, oradores se revezavam em alocuções quentes e coerentes, onde mitas vezes despontavam futuros lideres políticos. Em 64 veio a "Revolução Redentora" e, com ela, a liquidação das associações estudantis. Nos vinte anos em que esteve no limbo, a nossa juventude retornou à pré-história perdendo a força do diálogo e da oratória. Hoje, quando protestam, pintam as caras, para, como silvícolas mostrarem que estão em guerra.

As manifestações de junho de 1945 só terminaram quando Manoel Ribas voltou da viagem que fizera ao Rio de Janeiro, reassumindo a Interventoria do Paraná. De todo aquele movimento realizado pela UPE, além do exemplo, ficaram as imagens que publicamos: policiais protegendo a Estação de Bondes da Força e Luz, na Barão do Rio Branco e o bonde tombado na Avenida João Gualberto quando as passagens dos coletivos, depois de se manterem durante anos em custos estáveis, subiram dez centavos.

Rua XV. Data: 1947. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (04/02/1990)






























O footing dos pedestres na Rua XV era acompanhado pelo desfile de carros importados (americanos e europeus). Segundo Cid, "perdurou por muitos anos uma cifra estatística cuja origem ninguém conhece, de que Curitiba seria a única cidade do mundo a ter mais automóveis do que telefones".

Rua Comendador Araújo (antiga Estrada do Mato Grosso). Data: 1907. Foto: Irmãos Weiss. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (30/09/1990)




Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (Cid Destefani, 30/09/1990)  - A Comendador Araújo 

"A Curitiba do começo do século já possuía um delineamento do que seriam as futuras “zonas nobres” da cidade. O Batel já estava sendo ocupado desde o final do século passado pelas moradias dos grandes ervateiros. Possuíam chácaras e engenhos naquele arrabalde. A ligação ao centro da cidade era feita pela Rua do Mato Grosso, futura Comendador Araújo, que recebia aquele nome por ser considerada o início da futura estrada que ligaria Curitiba àquele estado. 

Recebeu o nome que conserva até hoje em homenagem a Antônio Alves de Araújo, o comendador, ervateiro de grandes posses, nascido em Morretes. Era o ilustre paranaense formado em Direito na Europa. Foi político de prestígio chegando a governar a província por três alternados curtos períodos. 

A fotografia de hoje nos mostra a Rua Comendador Araújo no começo do século. Foi feita em 1907 pelos irmãos Weiss quando ainda a condução urbana eram os bondinhos de mulas, instalados vinte anos antes. A pacata Curitiba de então, já sentia a presença do elemento árabe no seu comércio, com o registro do nome da casa comercial à direita: “Nova Palestina”. Já à esquerda vemos a loja e fábrica de selins e arreamentos de Carlos Cornelsen outro filho de imigrantes que se estabelecia na florescente rua. 

A Comendador desenvolveu-se com o passar dos anos, preservando instituições centenárias como é o caso da Igreja Presbiteriana e da Casa Glaser. Outras desapareceram como a Escola Americana e a Ervateira americana. Nesta rua, em 1913, funcionou a primeira sede da Universidade do Paraná. Os trilhos dos bondes de tração animal serviram durante longos anos, de 1887 até 1913 para transportar passageiros e as barricas de erva-mate produzidas nos engenhos do Batel. 

Em 1913, com a instalação dos bondes elétricos, a rua tomou ares de boullevard, sendo arborizada em ambos os lados e, com o tempo, a galharia formou uma espécie de túnel vegetal, o que tornava o trânsito agradável no verão. Em 1939, no mês de setembro as árvores foram cortadas e os trilhos dos bondes foram transferidos para a rua Emiliano Perneta. Ficou a Comendador outra vez com o aspecto desolado do começo do século".

Colégio Progresso, a antiga Escola Alemã - Cruzamento entre as ruas Barão do Serro Azul e Inácio Lustosa, onde hoje é a Praça 19 de Dezembro. Data: 11/08/1940. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (20/08/1989)




Coluna Nostalgia, Cid Destefani (20/08/1989)

"A 'Deutsch Schule', escola alemã da comuna evangélica foi construída na Praça 19 de Dezembro em terreno doado pela Câmara Municipal em 1891. O prédio foi concluído em 1892. Ficava o vetusto edifício na confluência entre as ruas Barão do Serro Azul e Inácio Lustosa. Teve m sua vizinhança construções importantes como o chafariz conhecido por 'Carioca de Baixo', que foi demolido em 1911. Em 1914 a prefeitura construiu ao lado o Mercado Provisório de Curitiba, que ali ficou por largos anos". 



Em primeiro plano, à direita, parte do telhado do mercado público provisório, instalado à Praça Dezenove de Dezembro. À esquerda, a rua Barão do Serro Azul e, ao fundo, o edifício escolar da Deutsch Schule, já com o segundo pavimento. 1914. FONTE: Acervo da Casa da Memória, citado por Regina Maria Schimmelpfeng de Souza na tese de doutorado “Deutsch Schule”, a Escola Alemã de Curitiba. Um olhar histórico (1884-1917) (UFPR, Curitiba, 2006). Figura 12, Pág. 164.

"A escola alemã acolhia em suas salas de aula não somente filhos de germânicos e seus descendentes. Frequentava também ali uma grande quantidade de meninos que não tinham relação com a colônia alemã de Curitiba". 












Foto de Fleury e Kopf (1908). Citado por Regina Maria Schimmelpfeng de Souza na tese A Estrada do Poente: Escola Alemã/Colégio Progresso (1930/1942). Dissertação de mestrado (UFPR, Curitiba, 2002).


"Durante a I Guerra, mais precisamente nos dias 28 e 30 de outubro d 1917, sofreu o estabelecimento grandes quebra-quebras por parte de arruaceiros que, acobertados pela fachada de patriotismo, destruíram móveis e pertences. A escola foi fechada pelo secretário da Instrução Pública, Enéas Marques, ato que prejudicou os quase 500 alunos, brasileiros natos, cujos pais já estavam radicados no Brasil há muitas décadas". 











Fotografia aérea realizada pelo 5º Regimento de Aviação, em 25 de junho de 1935. Acervo particular (Regina Maria Schimmelpfeng de Souza, 2002. Pág. 85)

"Quase dois anos foram levados para serem reparados os estragos produzidos pela turba. A escola reabriu suas dependências reiniciando as aulas em 15 de julho de 1919, já rebatizada como Colégio Progresso. Em 11 de agosto de 1940, quando a fotografia acima foi tirada, o prédio da escola já estava condenado à demolição. A reurbanização da cidade, no projeto que ficou conhecido como “Plano Agache”, previa a construção do Centro Cívico, no fim da Avenida Cândido de Abreu, além do alargamento da rua Barão do Serro Azul, o que aconteceu em 1941". 












Alargamento da Rua Barão do Serro Azul 
(Gazeta do Povo, 07/12/2008)


"O colégio então se mudou para a Rua Coronel Dulcídio, onde hoje funciona a Faculdade de Farmácia, tendo ali encerrada sua função social, fechado que foi por vários motivos, sendo o mais forte a nova guerra mundial, em que o Brasil era inimigo declarado da Alemanha". 













Estudantes em frente à Escola Alemã 
(Gazeta do Povo, 29/11/2012)



"A 'Deutsch Schule' desapareceu, mas ficaram as lembranças nostálgicas das gerações de curitibanos que passaram pelos seus bancos escolares. Se você foi um destes privilegiados, gaste um pouco do seu domingo recordando os antigos colegas. Não esquecendo de fazer uma boa prece aos seus mestres que já se foram".

Igreja do Rosário, Semana Santa de 1934. Procissão do Senhor Morto (Quaresma). Foto: Domingos Foggiatto. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (24/11/1991)



























O primeiro registro do templo data de 1785, construído pela "Irmandade de Nossa Senhora dos Pretos". O local foi frequentado somente por escravos até 1876, quando houve a demolição da velha Matriz e a Igreja do Rosário ocupou essa função. Por estar no caminho do cemitério, foi muito usada para liturgias fúnebres, principalmente por ocasião das epidemias entre o século XIX e o XX. Em 1937 teve início a reforma da igreja sob a direção do engenheiro Eduardo Chaves (o "Chaveco"). Para Cid Destefani, a foto mostra duas imagens perdidas de Curitiba: o templo, em sua forma original, e a procissão com centenas de pessoas.

Estação da Estrada de Ferro na Avenida Sete de Setembro. Data: setembro de 1912. Foto: autor desconhecido. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (07/01/1996)