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quarta-feira, 22 de outubro de 2025

O Passado que Moldou o Presente: Um Retrospecto Histórico de Curitiba nos Anos 70, Através das Páginas do Jornal “O Estado do Paraná”

 O Passado que Moldou o Presente: Um Retrospecto Histórico de Curitiba nos Anos 70, Através das Páginas do Jornal “O Estado do Paraná”

O Passado que Moldou o Presente: Um Retrospecto Histórico de Curitiba nos Anos 70, Através das Páginas do Jornal “O Estado do Paraná”

Imagine-se em Curitiba, nos anos 1970. A cidade ainda respirava um ar de transição, entre a tradição e a modernidade acelerada. As ruas eram menos congestionadas, os prédios começavam a ganhar altura, e a indústria nacional estava em pleno crescimento. Neste artigo, mergulhamos nas páginas amareladas do jornal “O Estado do Paraná”, de 22 de outubro de 1975, para desvendar histórias, anúncios e personalidades que ajudaram a moldar não só a capital paranaense, mas também o imaginário coletivo de uma geração.

Através de quatro imagens digitalizadas do exemplar original, trazemos à tona detalhes que muitos já esqueceram — ou talvez nunca tenham conhecido. Cada recorte é uma janela aberta para o cotidiano, os valores, as aspirações e até os desafios daquela época. Abaixo, analisamos minuciosamente cada uma dessas imagens, revelando camadas de significado histórico, social, econômico e cultural.


Imagem 1: O Lançamento da “VEMAG FISSORE” e a Ascensão Industrial de Curitiba

Esta página é dominada por um grande anúncio da J. Procopiak & Irmão Ltda., revendedora exclusiva DKW-VEMAG em Curitiba. O foco principal é o lançamento do modelo VEMAG FISSORE — um veículo utilitário robusto, derivado do DKW Munga, projetado para uso off-road e com tração nas quatro rodas. O texto enfatiza que o carro foi “desenvolvido com a própria distinção – o qual foi muito bem recebido, fazendo absoluto sucesso em todos os sentidos”.

Detalhes importantes:

  • Localização da concessionária: Rua Marechal Floriano Peixoto, 1360, no Centro de Curitiba — endereço hoje ocupado por edifícios comerciais e lojas de moda.
  • Diretoria mencionada: Dr. José Admar Procopiak (diretor), Sr. Lauro J. Procopiak (gerente de vendas) e Srs. Orfeu Peresetti, Giuseppe Palladino e Graciano Forastieri (representantes).
  • Fotografia do veículo: Mostra o Fissore em um cenário rural, reforçando sua vocação para uso fora de estrada — um símbolo de aventura e funcionalidade na era do automóvel brasileiro.
  • Parceiros estratégicos: O anúncio destaca a presença da “Companhia OURO VERDE de Armazéns Gerais”, com matriz em Paranaguá e filial em Curitiba, indicando a integração entre indústria automobilística e logística regional.
  • Estética visual: O layout é típico dos anos 70 — linhas retas, tipografia serifada, fotos em preto e branco e uso de caixas delimitadoras para organizar o conteúdo.

Este anúncio não é apenas publicitário; é um documento de como a indústria automobilística nacional se adaptava ao mercado interno, oferecendo veículos especializados para as condições geográficas e econômicas do Brasil. A VEMAG, embora posteriormente absorvida pela Volkswagen, deixou marcas profundas na história industrial paranaense.


Imagem 2: A Senhora Amy Smith — Entre Cultura Britânica e Elegância Curitibana

Nesta página, o jornal apresenta um perfil da Senhora Amy Smith, esposa do cônsul britânico em Curitiba, Le Tjien Wai. A matéria, intitulada “Senhora Amy Smith”, retrata-a como uma figura refinada, culta e ativa na sociedade local. A foto mostra Amy em seu ambiente doméstico, com decoração elegante, incluindo um abajur de tecido, quadros nas paredes e móveis de madeira clara — elementos que denotam status e sofisticação.

Detalhes importantes:

  • Origem e trajetória: Amy Smith nasceu em Singapura, tem ascendência inglesa e reside no Brasil há mais de 15 anos. Ela é descrita como “uma mulher de cultura, vivendo de forma simples e discreta”.
  • Interesses culturais: A matéria destaca seu gosto por literatura (autores como George Bernard Shaw, Graham Greene e Tolstói), música clássica (preferência por Mozart e Vivaldi) e pintura representacional (admira Renoir e Van Gogh).
  • Viagens e influências: Já viajou pela Europa, Índia, Egito, França e Espanha, trazendo consigo uma visão cosmopolita que ela compartilha com a sociedade curitibana.
  • Atuação social: É membro ativo do Clube Feminino e participa de eventos culturais, além de ser considerada uma “anfitriã perfeita”.
  • Fotografia pessoal: A imagem ao lado do texto mostra Amy sorrindo, vestida com um traje leve e elegante, com cabelo penteado de forma clássica — refletindo os padrões de beleza e comportamento feminino da época.

Este perfil revela como a elite curitibana dos anos 70 se conectava com o mundo externo, valorizando a educação, a arte e a diplomacia cultural. A presença de figuras estrangeiras como Amy Smith enriquecia o panorama social da cidade, promovendo trocas intelectuais e culturais que iam além das fronteiras nacionais.


Imagem 3: Clarice Saboia — A Jovem do Mês e a Cultura Literária em Ascensão

Esta página traz uma coluna intitulada “Dinulando”, assinada pelo jornalista e crítico cultural José Luiz Ferreira. O foco principal é a jovem Clarice Saboia, eleita “Jovem do Mês” pela redação. A matéria a apresenta como uma figura promissora da nova geração curitibana — inteligente, culta e engajada na vida cultural da cidade.

Detalhes importantes:

  • Biografia resumida: Clarice é filha do casal Seu Chico Costa Preta e Dona Leda, mora no bairro do Cabral e frequenta o Colégio São Francisco. Tem 17 anos e já demonstra interesse por literatura, teatro e música.
  • Interesses intelectuais: Gosta de ler autores como Machado de Assis, Clarice Lispector e Guimarães Rosa. Também aprecia teatro, especialmente peças de Nelson Rodrigues e Augusto Boal.
  • Atividades extracurriculares: Participa de grupos de teatro escolar e é membro do Clube de Leitura do Colégio São Francisco.
  • Personalidade descrita: “Clara, gentil e sempre sorridente”, segundo o jornalista. É descrita como alguém que “não tem medo de pensar diferente”.
  • Contexto histórico: A coluna “Dinulando” era uma espécie de caderno de cultura e entretenimento, com foco em jovens talentos, eventos sociais e dicas de lazer. Era uma plataforma importante para a formação de opinião pública entre os adolescentes e jovens adultos da época.
  • Design da página: O layout é mais descontraído, com fontes variadas, ilustrações simples e espaçamento generoso — contrastando com a formalidade das outras páginas.

Este recorte é fundamental para entender como a imprensa local buscava identificar e promover novos talentos, criando uma cultura de reconhecimento e incentivo à juventude. Clarice Saboia representa uma geração que cresceu sob a sombra da ditadura militar, mas que encontrava formas sutis de expressão cultural e crítica social.


Imagem 4: Modernidade Urbana — Garagens Automáticas, Servopar e o Banco Mercantil

Esta página é um verdadeiro retrato da modernização urbana de Curitiba nos anos 70. Três grandes anúncios ocupam o espaço: um sobre estacionamento automático, outro sobre a Servopar S/A Comércio e Indústria e o terceiro sobre o Banco Mercantil e Industrial do Paraná S/A.

Anúncio 1: Estacionamento... e Garagem!

  • Empresa: Imagens Tha S.A.
  • Localização: Av. Getúlio Vargas, 800 — hoje parte do centro comercial e financeiro da cidade.
  • Serviço oferecido: Sistema de estacionamento automático com elevadores hidráulicos e boxes individuais. O texto afirma que “o carro será levado automaticamente ao BOX em que irá estacionar e manobrar”.
  • Preço e conveniência: “Adquire já seu ‘BOX’ — você economiza tempo e dinheiro”. O serviço era voltado para empresários e profissionais liberais que precisavam de praticidade.
  • Ilustração técnica: O desenho mostra um prédio alto com múltiplos andares de garagem, antecipando o conceito de “parking vertical” que só se popularizaria décadas depois.

Anúncio 2: Servopar S/A Comércio e Indústria

  • Endereço: Rua Marechal Hermes, 128 — região central, próxima à Praça Rui Barbosa.
  • Descrição: Empresa fundada por ex-funcionários da Volkswagen, especializada em peças automotivas e equipamentos industriais.
  • Slogan: “Por ocasião da primeira visita oficial do embaixador Humberto de Alencar Castelo Branco ao Paraná, quando aqui esteve em contato com o governo e constatou ‘in loco’ o expansivo progresso desta terra, saudou o supremo magistrado da nação brasileira, desejando-lhe prosperidade e feliz governo.”
  • Logotipo: Um símbolo circular com as letras “S” e “P” entrelaçadas, acompanhado de um traço dinâmico — design moderno para a época.

Anúncio 3: Banco Mercantil e Industrial do Paraná S/A

  • Matriz: Rua Cândido Lopes, 138 — hoje parte do Centro Histórico.
  • Serviços oferecidos: Contas correntes, poupança, empréstimos e financiamentos.
  • Destaque: “Capital e Reservas: 1.371.461.000,70” — valor expressivo para a época, indicando a solidez financeira da instituição.
  • Mensagem institucional: “O Banco Mercantil e Industrial do Paraná S/A se regozija por ter auspiciado com lodoismo que marca mais uma etapa vitoriosa no processo de redemocratização da nação brasileira.”

Essa página é um microcosmo da transformação urbana e econômica de Curitiba. Os anúncios mostram como a cidade estava se preparando para o futuro — com infraestrutura moderna, serviços financeiros acessíveis e empresas locais em ascensão. A linguagem utilizada é otimista, patriótica e voltada para o progresso — características marcantes da propaganda da época.


Essas quatro imagens, mais do que documentos históricos, são testemunhos vivos de uma Curitiba em construção — não apenas de concreto e asfalto, mas de ideias, sonhos e identidade. Revisitar esse passado não é nostalgia vazia; é entender de onde viemos para melhor escolher para onde vamos.

Se você também ama resgatar memórias, preservar histórias e conectar gerações, compartilhe este artigo e ajude a manter viva a alma da nossa cidade.

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