Denominação inicial: Projéto para casa e muro para o Snr. Miroslau Floreki
Denominação atual:
Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica
Endereço: Lote 79 da Planta Flavio Macedo
Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 90,00 m²
Área Total: 90,00 m²
Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos
Data do Projeto Arquitetônico: 14/02/1935
Alvará de Construção: Nº 1011/1935
Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de residência e muro, Alvará de Construção e fotografia do imóvel.
Situação em 2012: Existente
Imagens
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia da residência em 2012.
Referências:
1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto para uma casa e muro. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte, fachada frontal e lateral, plantas de muro e fossa séptica apresentados em uma prancha. Projeto Arquitetônico. Microfilme digitalizado.
2 – Alvará n.º 1011
3 – Fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (2012)
1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
2 - Alvará de Construção.
3 - Fotografia da residência em 2012.
Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.
Miroslau Florecki e sua Casa Econômica: Um Retrato da Modéstia e da Dignidade na Curitiba dos Anos 1930
Enquanto os palacetes se erguiam nas colinas nobres de Curitiba, nas ruas planas dos novos loteamentos brotavam casas simples — mas cheias de esperança. Entre elas, a residência projetada para Miroslau Florecki, em 1935, representa com singeleza o sonho de milhares de famílias paranaenses: ter um teto próprio, feito de tijolos e aspirações.
Um Projeto para a Vida Comum
Em 14 de fevereiro de 1935, data que curiosamente coincide com o Dia dos Namorados, foi assinado o Projéto para casa e muro para o Snr. Miroslau Florecki, elaborado pelo arquiteto Eduardo Fernando Chaves. O projeto, apresentado em uma única prancha detalhada, reunia:
- Planta do pavimento térreo e implantação;
- Corte arquitetônico;
- Fachadas frontal e lateral;
- Plantas do muro e da fossa séptica — sinal de um olhar atento à infraestrutura básica, algo ainda inovador para residências econômicas da época.
Localizada no Lote 79 da Planta Flávio Macedo, uma das subdivisões urbanas que expandiam Curitiba além do centro histórico, a casa de Florecki era o retrato da arquitetura residencial acessível no período entre-guerras. Com apenas um pavimento e 90,00 m² de área construída, sua planta era eficiente: sala de estar integrada à sala de jantar, dois quartos, cozinha, banheiro e área de serviço — tudo disposto com racionalidade e respeito ao clima subtropical úmido da região.
Construída em alvenaria de tijolos, técnica tradicional e confiável, a residência combinava durabilidade com economia. As janelas amplas permitiam ventilação cruzada, e o telhado inclinado — embora não descrito em detalhe nas fontes — seguia o padrão curitibano de cobertura cerâmica, ideal para as chuvas frequentes.
Miroslau Florecki: Um Homem do Povo
Pouco se sabe sobre a vida de Miroslau Florecki — seu nome sugere origem eslava, talvez polonesa, ucraniana ou tcheca, comum entre os imigrantes que se estabeleceram no Paraná no início do século XX. Muitos desses homens chegaram com pouco mais que as mãos e a vontade de construir uma nova vida. Comprar um lote na Planta Flávio Macedo e encomendar um projeto arquitetônico — ainda que modesto — era um ato de afirmação social e planejamento familiar.
O Alvará de Construção nº 1011/1935 (referência 2) confirma que o projeto foi aprovado pelas autoridades municipais, demonstrando que mesmo residências econômicas passavam por rigorosa fiscalização — sinal de uma cidade que, mesmo em tempos de crise econômica pós-1929, mantinha padrões urbanísticos.
A Casa que Sobreviveu ao Tempo
Em 2012, quase oitenta anos após sua construção, a casa de Miroslau Florecki ainda estava existente, conforme registrado na fotografia de Elizabeth Amorim de Castro (referência 3). Embora possivelmente alterada por reformas — como pinturas, troca de esquadrias ou acréscimos —, sua estrutura original permanecia reconhecível. O muro baixo, também projetado por Chaves, ainda delimitava o terreno com discrição, mantendo a integração visual com a rua, característica típica dos bairros operários e de classe média da época.
Essa persistência é um testemunho silencioso da qualidade do projeto original e do cuidado de gerações que habitaram o imóvel. Enquanto muitas construções efêmeras desapareceram, essa casa modesta resistiu — não por grandiosidade, mas por utilidade, solidez e afeto.
Um Símbolo da Arquitetura Social
A residência de Miroslau Florecki não aspirava ao luxo. Sua beleza residia na funcionalidade, no equilíbrio entre forma e necessidade, e na dignidade do habitar. Projetos como este, muitas vezes esquecidos nas narrativas históricas dominadas por palacetes e monumentos, são essenciais para compreendermos a verdadeira paisagem urbana de Curitiba.
Eduardo Fernando Chaves, ao desenhar essa casa, não apenas cumpria um contrato: contribuía para a democratização da arquitetura — provando que bom projeto não é privilégio dos ricos, mas direito de todos.
Epílogo: A Casa como Herança
Hoje, o Lote 79 da Planta Flávio Macedo pode não figurar nos roteiros turísticos. Mas para quem caminha por ali, há uma lição nas paredes de tijolos da casa de Florecki: a história de uma cidade também se escreve nas casas simples, nos muros baixos, nos quintais onde crianças brincaram e árvores cresceram.
Miroslau Florecki talvez nunca tenha imaginado que seu nome sobreviveria em arquivos técnicos e registros históricos. Mas graças a essa casa — pequena, sólida e honesta —, sua memória permanece viva.
“Nem toda grandeza precisa de torres. Às vezes, basta um teto que abrigue sonhos.”
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