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segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

O Bangalô de Brasil da Rocha Filho: Uma Residência Econômica que Não Resistiu ao Tempo

 Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Brasil da Rocha Filho

Denominação atual:

Categoria (Uso): Residência
Subcategoria: Residência Econômica

Endereço: Rua Campo Salles

Número de pavimentos: 1
Área do pavimento: 80,00 m²
Área Total: 80,00 m²

Técnica/Material Construtivo: Alvenaria de Tijolos

Data do Projeto Arquitetônico: 01/07/1935

Alvará de Construção: Nº 1325/1935

Descrição: Projeto Arquitetônico para construção de bangalô e Alvará de Construção.

Situação em 2012: Demolido


Imagens

1 - Projeto Arquitetônico.
2 - Alvará de Construção.

Referências: 

1 – CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal apresentados em uma prancha. Microfilme digitalizado.
2 – Alvará n.º 1325

Acervo: Arquivo Público Municipal de Curitiba; Prefeitura Municipal de Curitiba.

O Bangalô de Brasil da Rocha Filho: Uma Residência Econômica que Não Resistiu ao Tempo
Projeto de 1935 na Rua Campo Salles, em Curitiba, ilustra as aspirações habitacionais da classe média emergente


Introdução

Em julho de 1935, o arquiteto Eduardo Fernando Chaves entregava um projeto modesto, mas cuidadosamente elaborado: um bangalô de 80 m² destinado ao senhor Brasil da Rocha Filho, na Rua Campo Salles, em Curitiba. Classificado como residência econômica, o imóvel representava uma solução habitacional acessível, funcional e moderna para famílias da classe média em expansão na capital paranaense.

Embora a edificação tenha sido demolida antes de 2012, seu projeto permanece como um documento valioso da arquitetura doméstica do período — um retrato das escolhas técnicas, sociais e urbanas de uma cidade em transformação.


Ficha Técnica da Edificação

  • Denominação inicial: Projéto de Bungalow para o Snr. Brasil da Rocha Filho
  • Denominação atual: Não atribuída (edificação demolida)
  • Categoria de uso: Residência
  • Subcategoria: Residência Econômica
  • Endereço: Rua Campo Salles, Curitiba – PR
  • Número de pavimentos: 1
  • Área construída: 80,00 m²
  • Técnica construtiva: Alvenaria de tijolos
  • Data do projeto arquitetônico: 1º de julho de 1935
  • Alvará de construção: nº 1325/1935
  • Situação em 2012: Demolido

O Conceito do Bangalô na Curitiba dos Anos 1930

O termo “bangalô”, de origem anglo-indiana, foi amplamente adotado no Brasil a partir do início do século XX para designar casas térreas, de planta simples, com telhado inclinado e, muitas vezes, varanda frontal. Na Curitiba da década de 1930, o modelo tornou-se popular entre famílias de renda modesta a média, por oferecer boa ventilação, iluminação natural e custo de construção reduzido.

O projeto de Chaves para Brasil da Rocha Filho seguiu essas diretrizes. Em uma única prancha, apresentou:

  • Planta do pavimento térreo
  • Implantação no lote
  • Corte transversal
  • Fachada frontal

A distribuição interna era racional: provavelmente composta por sala, dois dormitórios, cozinha, banheiro e área de serviço — suficiente para uma família nuclear em ascensão social. A escolha da alvenaria de tijolos, embora mais cara que a madeira, indicava intenção de durabilidade e certo grau de estabilidade financeira do proprietário.


Brasil da Rocha Filho: Um Cidadão da Nova Curitiba

Pouco se sabe sobre a vida de Brasil da Rocha Filho, mas seu nome — comum na tradição republicana brasileira, que frequentemente homenageava o país em registros civis — sugere um cidadão integrado aos ideais da época: trabalho, família e progresso.

O fato de ter solicitado um projeto arquitetônico formal, acompanhado de alvará de construção nº 1325/1935, demonstra que estava inserido no sistema urbano regulamentado, distanciando-se das construções informais ainda comuns nas franjas da cidade. Ele era, muito provavelmente, um funcionário público, comerciante ou artesão em busca de um lar próprio — símbolo máximo de estabilidade naquele contexto.


Desaparecimento e Memória

Apesar de construído com tijolos e planejado com rigor técnico, o bangalô de Brasil da Rocha Filho não resistiu às pressões do tempo e da especulação imobiliária. Até 2012, já havia sido demolido, cedendo lugar, talvez, a um edifício mais denso ou a um estacionamento — destino comum a tantas residências econômicas do centro histórico.

Ainda assim, sua memória sobrevive nos documentos arquivísticos. O microfilme do projeto e o alvará original, preservados em acervos municipais, permitem reconstituir não apenas a forma da casa, mas também o modo de vida aspirado por milhares de curitibanos na primeira metade do século XX.


Conclusão

O bangalô de Brasil da Rocha Filho talvez nunca tenha chamado atenção por sua estética ou dimensões. Mas, como tantas outras residências econômicas de sua época, foi palco de vidas comuns: primeiros passos, refeições compartilhadas, planos para o futuro. Sua existência — embora breve — faz parte da trama urbana de Curitiba.

Sua demolição é um lembrete da fragilidade do patrimônio cotidiano. Por isso, projetos como o de Eduardo Fernando Chaves são mais do que plantas arquitetônicas: são testemunhos sociais, que nos ajudam a compreender quem morava, como vivia e o que sonhava a cidade de ontem — para que possamos pensar com mais cuidado a cidade de amanhã.


Fontes Consultadas

  1. CHAVES, Eduardo Fernando. Projéto de Bungalow. Planta do pavimento térreo e de implantação; corte e fachada frontal. Microfilme digitalizado.
  2. Alvará de Construção nº 1325/1935. Prefeitura Municipal de Curitiba.