A BALSA QUE AFUNDOU NO RIO IGUAÇU
Foi no fatídico dia 19/09/1973, uma quarta-feira por volta das 18h00 nas águas do rio Iguaçu, o maior acidente náutico já registrado na região.
A BALSA QUE AFUNDOU NO RIO IGUAÇU
Foi no fatídico dia 19/09/1973, uma quarta-feira por volta das 18h00 nas águas do rio Iguaçu, o maior acidente náutico já registrado na região. Trabalhadores (boa parte construtores da Usina de Salto Osório que retornavam do serviço), viajantes e moradores locais foram vítimas da tragédia sem precedentes, que abalou toda a região oeste e sudoeste do Paraná.
A construção da Usina Salto Osório, se iniciou em meados de 1970, com o desvio do leito original do rio Iguaçu, portanto a movimentação de trabalhadores aumentou consideravelmente na região.
O município de Quedas do Iguaçu (na época) vivia momentos de grande euforia, com a movimentação de pessoas de todas as partes do Brasil para fazer parte da construção da Usina de Salto Osório.
Naquele momento, a balsa que realizava a transposição do rio Iguaçu com destino a Foz do Chopim, transportava cerca de setenta pessoas, dois caminhões caçamba, um ônibus da empresa Cattani, um táxi e um caminhão de uma distribuidora de bebidas, sem saber ao certo o que houve, a balsa mergulhou nas águas profundas e violentas do Rio Iguaçu, vitimando quarenta pessoas que sucumbiram às fortes correntezas agravadas pela escuridão da noite, daquela quarta feira trágica.
Entre gritos desesperados a tranquilidade do local se quebrou, a balsa havia afundado rapidamente. Muitas pessoas corriam de um lado para outro, sem ter a certeza do que realmente estava acontecendo e a notícia da tragédia corria a princípio entre as localidades próximas. Aos poucos a barranca do Porto da Balsa estava lotada de curiosos e vários corpos eram retirados da água pelos socorristas, populares e até vítimas que ajudavam.
Sobre as causas do acidente relatos afirmaram que a balsa estava com sobrepeso, um dos funcionários solicitou para um dos motoristas que aguardavam partida que freasse bruscamente os pneus em cima das pranchas da balsa, com o objetivo da proa soltar-se da margem do Rio. Um erro fatal de cálculo fez a embarcação inclinar-se, baixando a proa, deslizando os veículos (carros e caminhões) empurando todos na água. Em questão de segundos a maioria dos passageiros e tripulantes estavam submergindo nas águas agitadas do rio Iguaçu, que não facilitavam o nado para isso teria que ser um nadador exímio para chegar a margem para se salvar.
Outros relatos contam que capacetes, bonés e chapéus boiavam sobre as águas, e o encontro das pessoas era inevitável. Entre braçadas e gritos de desespero que saiam das gargantas dos desesperados na tentativa de alcançar a margem, muitos se agarravam uns aos outros levando ambos para a morte certa.
O prefeito quedense da época Pedro Alzides Giraldi rapidamente criou uma comissão de assistência no resgate dos corpos e dos desaparecidos, e assistência a parentes e no que mais fosse necessário naquele momento terrível. Vários caixões foram transportados para o local, pois entre os mortos e feridos muitos residiam em Quedas do Iguaçu.
No local do acidente foi instalado um guindaste de 65 toneladas (foto), que realizou o resgate dos veículos, da balsa e do rebocador que se encontravam no fundo do leito do Rio. Mergulhadores foram acionados para realizar a busca dos desaparecidos, enquanto uma multidão observava o resgate nas duas margens do Iguaçu, sendo que a maior parte das vítimas residia em foz do Chopim, que era distrito de Dois Vizinhos na época, hoje município de Cruzeiro do Iguaçu.
Num dos depoimentos o quedense Claudino Luiz Dallbosco, proprietário de uma funerária na época, disse ter atendido cerca de 30 vítimas e a Copel, empresa responsável pela obra de Salto Osório, prestou assistência na confecção dos caixões. Claudino realizou os funerais, e contou sua história numa entrevista concedida em 23/10/2004 no mesmo dia de seu aniversário de 82 anos.
Corpos foram encontrados vários dias após o acidente, alguns a quilômetros de distância do local do acidente, uma das vítimas um jovem de nome Jeremias Nunes Cabral, resgatado seis dias após o acidente, deixou viúva uma jovem senhora de nome Diva Cabral, eles não tinham filhos e eram recém-casados na época.
O número exato de mortos ou desaparecidos até hoje é um mistério, mas esta foi a maior acidente náutico já ocorrido no sudoeste do Paraná. Ainda hoje os familiares lembram com muita tristeza essa tragédia que hoje completa 46 anos.
(Extraído de: jexpoente.com.br)
Paulo Grani.