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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023
OS ITAS ATRACAVAM EM PARANAGUÁ E ANTONINA
OS ITAS ATRACAVAM EM PARANAGUÁ E ANTONINA
Esses navios ficaram tão conhecidos, que inspiraram a canção Peguei um Ita no Norte e vim para o Rio morar, e uma das embarcações é tema de um dos livros de Jorge Amado, Capitão-de-longo-curso.
Primórdios - A Costeira, como era conhecida, foi fundada em 1882 pelos descendentes de um armador português, que emigraram para o Brasil. O nome inicial da empresa era Lage & Irmãos, que adquiriu quatro pequenos vapores da companhia Meaaw & Cia.
Em 1891, o nome da Lage & Irmãos foi alterado, para Companhia de Navegação Costeira, que em 1893 encomendou 15 navios para a linha Porto Alegre-Manaus, com escala nos portos intermediários. Eram paquetes, como conhecidos na época.
O apogeu da empresa ocorreu entre os anos 20 e 50, quando chegou a contar com uma frota de mais de 30 embarcações. A incorporação da Companhia de Navegação Costeira ao patrimônio nacional ocorreu em 1942.
A companhia de navegação dos irmãos Lage, que ficava na Ilha do Viana, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro, operava a frota de maneira exemplar, com horários rigidamente cumpridos, boa alimentação, ordem e limpeza impecável a bordo.
Um detalhe curioso: até 1920, os comandantes eram britânicos e mantinham os cascos pretos e as superestruturas brancas, chaminés em preto fosco. A cruz de Malta, emblema da armadora, estava sempre bem apresentada.
Conforme pode ser visto na Tabela de Escalas da CNNC, alguns Itas faziam escalas nos portos de Paranaguá e Antonina.
Entre os numerosos episódios envolvendo a frota da Costeira, pode-se destacar o Itagiba, que foi posto a pique por um submarino nazista. O Itapema, incorporado em 1908, foi vendido para a Marinha do Brasil em 1932 e passou a ser o navio hidrográfico José Bonifácio, que navegou até 1917.
Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles de 1934, a delegação brasileira foi levada pelo navio Itapagé.
Os Itas pequenos tinham cerca de 60 metros de comprimento, os médios chegavam a 90 metros e os grandes em torno de 120 metros.
Depois da Segunda Guerra Mundial, a frota da Costeira estava obsoleta. Em 1956, contavam apenas os navios: Itatiga, Itaquatiá, Itaimbé, Itapuca e Itaité.
Em novembro de 1966, por meio de decreto federal, a frota foi incorporada pela Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro, passando a Costeira a ser a Empresa de Reparos Navais Costeira. Em 1961, houve tentativas de incorporar a Costeira ao Lloyd, mas sem sucesso.
(Adaptado de: novomilenio.com.br)
Paulo Grani
O Itanagé, tinha capacidade para 275 passageiros em três classes. Fazia a linha Porto Alegre-Belém e portos intermediários. Nota-se nesta fotografia, do convés de vante (próximo à proa), a balsa salva-vidas que equipava o navio no período bélico. Deslocava 4.100 toneladas
(Foto: acervo do cartofilista Laire José Giraud)
(Foto: acervo do cartofilista Laire José Giraud)
O Itaimbé, o Itahité e o Itapagé integravam uma série de grandes navios.
Escalas dos navios "Ita" da Costeira
( Imagem: acervo de Laire Giraud, postada na rede social Facebook em 26/2/2014)
( Imagem: acervo de Laire Giraud, postada na rede social Facebook em 26/2/2014)
O Itassucé em xilogravura.
VISITA DE D. PEDRO II À PROVÍNCIA DO PARANÁ
VISITA DE D. PEDRO II À PROVÍNCIA DO PARANÁ
CHEGADA EM PARANAGUÁ.
"No dia 18 de Maio de 1880, às 18:30 horas, efetuou-se o desembarque em Paranaguá de SS.MM. Imperiais, a essa Província, o telégrafo marítimo anunciou que os transportes imperiais transpunham a barra. Partindo da cidade ontem atroaram milhares de foguetes, os dois vapores da Companhia Progressista, o “Iguassú” e o “Marumby”, embandeirados, indo a bordo do “Iguassú”, elegantemente preparado para receber os augustos hóspedes.
Foram recebidos pelo Dr. da Província, seu secretário e ajudante de ordens, o Ex.mo. Barão de Nácar, o Presidente da Câmara Municipal de Paranaguá, o capitão do porto e inspetor da alfândegax, autoridades, funcionários e cidadãos mais grados e a presença das mais distintas senhoras daquela cidade.
E no “Marumby”, também coberto de flâmulas, uma banda de música e todos os cidadãos que se apresentavam em número superior a 300, apresentando as diferentes classes da população parnanguara e se encaminharam para o Canal da Barra do Sul, onde passava o vapor em que vinham SS.MM Imperiais, abordo do“Iguassú”, levantados muitos vivas, rompendo o hino nacional, de bordo do “Marumby”, assim como inúmeros foguetes e vivas, e navegando então nas águas de transporte, aproximou-se este da cidade que já então se iluminaria e forneceria o mais brilhante espetáculo, para confirmar que passaram as suas majestades para o desembarque, sua comitiva para a bordo do “Iguassú”, que os transportou até o cais.
Sabemos que apesar do mau tempo, a população daquela cidade estava aglomerada sobre o cais nas janelas e ruas do trajeto. Estava a cidade coberta de galas, enfeitada de arcos triunfais, bandeiras, flâmulas, legendas e complemente iluminada, a Câmara Municipal reunida no cais, apresentou as suas majestades os cumprimentos de boas vindas, oferecendo a sua majestade D. Pedro II as chaves da cidade. Uma corte de meninas todas de branco, e cingidas por faixa auri-verde, com as letras de cada um dos Municípios da Província.
Espargiam flores sobre nossos augustos imperantes, no momento de pisarem nas terras da Província. Acompanhados por grande multidão de povos que entoavam entusiásticas vivas, dirigiram-se suas majestades para o palacete do Ex.mo Senhor o Barão de Nácar , onde foram dignamente hospedados, aí chegando SS.MM, saudados pelas Câmaras Municipais de Curitiba e Antonina, assim como o Dr. Chefe da Polícia e Juiz Municipal de Morretes, e telegramas que chegavam, sua majestade mandava responder a todos e agradecia os cumprimentos. Nesta noite declarou sua majestade o Imperador, qual seria o seu itinerário na Província." (*1)
No dia 19 de maio de 1880, visitou sua Majestade o Imperador, alguns estabelecimentos, viu a matriz, onde fez oração, a praça do mercado, o forte de São Benedito a Estação da Estrada de Ferro, fonte nova, estação telegráfica e Câmara Municipal. As 09:00 horas almoçou e em seguida saiu a visitar escolas, companhia de menores, santa casa e alfândega.
Por toda a parte as casas enfeitadas de sanefas, as ruas de arcos festivais, senhoras e homens, vivas e foguetes. As 17:00 horas recolheu-se sua majestade para jantar. Saiu com sua majestade a Imperatriz para assistir o Te-Deum em sua ação de graça pela sua chegada, que mandou celebrar a Câmara Municipal.
Dignaram-se assistir as suas majestades, o baile oferecido pela Câmara Municipal e demorou até meia-noite, estiverem presentes no baile, sua Ex.as o Sr. Ministro da Agricultura, o Presidente da Província, o Visconde de Tamandaré, o Barão de Maceió, e todos os ilustres hospedes de sua majestade, bem como muitos cidadãos distintos e cerca de 100 senhoras das mais distintas famílias, esteve digna da corporação que obsequiava essas manifestações de regozijo que deu perfeitamente conhecer o elevado grau de polidez e educação do antigo e nobre Município de Paranaguá."
(*1) Jornal Dezenove de Dezembro, 19/05/1880.
Paulo Grani
Aspecto do Porto onde desembarcou Dom Pedro II, primeiro local onde o imperador pisou em solo da Província do Paraná.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
O mesmo atracadouro em foto da primeira década de 1910.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Palacete Visconde de Nacar, local onde Dom Pedro II foi recebido pelas autoridades parnanguaras.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Nesta foto vemos meninas vestidas de branco em solenidade religiosa, um costume da sociedade parnanguara à época.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Salão de reuniões dos camaristas de Paranaguá no Palácio Visconde de Nacar, onde o imperador foi recebido e palestrou.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Aspecto da rua XV de Novembro de Paranaguá, centro comercial e político da cidade à época da visita do imperador.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Mercado Público de Paranaguá (à esquerda) e pátio frontal, em foto da década de 1890, local visitado por Dom Pedro.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Antigo Colégio Jesuíta de Paranaguá, construído próximo do Mercado Municipal, um dos locais visitados por Dom Pedro II.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Antiga rua da Praia, adjacente ao antigo Porto de Paranaguá - em foto da primeira década de 1900.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
A primeira Estação Ferroviária de Paranaguá ao lado direito, local que, provavelmente, estava em fase final de construção e que foi visitada pelo imperador, pois foi inaugurada três anos depois.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Nesta foto da primeira década de 1900, vemos a Matriz visitada pelo imperador, local em que foi rezada uma missa na ocasião. Nesta foto, o mesmo aspecto da época da visita dele, posteriormente ela foi modificada.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto da década de 1910, a Santa Casa de Misericórdia visitada pelo imperador.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Prédio da Alfândega de Paranaguá sendo construído.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Edifício do Clube Literário de Paranaguá, local onde o imperador foi homenageado.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Panorama das edificações à margem do rio Itiberê em foto da década de 1880, época da visita de Dom Pedro II à Paranaguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
Foto: Acervo IHGPguá.
INAUGURAÇÃO DO PRÉDIO DA ESCOLA NORMAL DE PARANAGUÁ
INAUGURAÇÃO DO PRÉDIO DA ESCOLA NORMAL DE PARANAGUÁ
"Paranaguá, na serena madrugada de 29 de julho de 1927, data comemorativa de 279.° aniversário de elevação a Vila, prenunciando lindo dia de sol, já a banda da força militar do Paraná desfilava pelas principais ruas, em alvorada, despertando a população ao som de música e salva de morteiros e com esses rumores festivos, anunciavam na história data, a inauguração do majestoso prédio para servir de sede da escola normal primária de Paranaguá, tornando realidade o ideal acalentado por tantos anos pela mocidade estudiosa.
Desde cedo as ruas tomaram os festivos aspectos. A cidade vestiu-se de gala. A população encheu as ruas, dirigindo-se ao local onde se acha localizada escola normal. As repartições e as casas comerciais, embandeiraram-se. No antigo alto da fonte Nova, com frente para a praça coronel João Gualberto, mandando construir pelo Presidente do Estado do Paraná, o ex- prefeitro de Paranaguá, Dr. Caetano Munhoz da Rocha, sob a competente direção do engenheiro, Dr. Aristides de Oliveira, como uma imponente catedral de luz, sobranceiramente, erguia-se o prédio da escola normal, onde as novas gerações buscarão as luzes do saber.
Antes da hora marcada para a cerimônia - 8 horas e meia -, os alunos das várias escolas de Paranaguá, trajando roupas brancas, encontravam-se formandos em frente da escola. A Escola de Aprendizes de Marinheiros, dividida em quatro pelotões, com bandas de tambores, corneteiros e bandeira brasileira, oferecia um magnífico aspecto pelo garbo, disciplina, presteza nas manobras e movimento de armas, apresentados pelos jovens futuros oficiais da Marinha do Brasil. Os quatro pelotões estenderam-se em filas à frente da escola, prestando as continências militares à chegada e saída do primeiro mandatário estadual, o Presidente do Estado do Paraná, Dr. Caetano Munhoz da Rocha, que chegou às 8h30min, de automóvel. Presentes as demais autoridades federais, estaduais, municipais, civis, militares, eclesiásticas, representantes consulares, as diversas escolas e o povo em geral.
A banda da força militar executou um dobrado, enquanto os aprendizes de marinheiros apresentavam armas e as respectivas bandas executavam marcha batida. O povo, em manifestação de regozijo, saudava em longos aplausos.
O Dr. Aristides de Oliveira, dedicado e competente diretor da construção, numa salva ornada de flores, fez entrega da chave, que estava guarnecida com fita verde e amarela, ao Dr. Caetano Munhoz da Rocha, que ofereceu a Dom Fernando Tadei, bispo da diocese de Jacarezinho que, dando início à cerimônia de inauguração, retirou a chave e procedeu à abertura do monumental portão de ferro, artisticamente trabalhado, quando então todos entraram na parte externa da escola, ocupando as escadarias de mármore que dão acesso ao prédio.
Nesse momento, foi cantado o hino nacional brasileiro por centenas de pessoas, com acompanhamento da banda militar, emociando a todos, que ouviram e cantaram com maior respeito e saudando com longas palmas. Quando terminaram os últimos acordes, antes da abertura da porta principal de entrada do prédio, o Dr. Caetano Munhoz da Rocha pronunciou importante discurso.
Em seu discurso, o Dr. Caetano Munhoz da Rocha prestou à história de Paranaguá, de onde irradiara a primeira cultura intelectual do Paraná, um justo preito de justiça. Em seguida, apanhando da mesma salva outra chave também ornada de fita verde e amarela, abriu a porta principal da escola.
A convite do Dr. Caetano Munhoz, coube ao Dr. Romualdo Antônio Baraúna, Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, cortar a fita simbólica colocada na escadaria de acesso ao pavimento superior, procedendo-se a uma visita minuciosa ao palácio majestoso, atestado para o futuro a grandeza da educação da juventude da venerável Paranaguá. Concluídas as visitas dos dois pavimentes, os alunos apresentaram-se em graciosas ginásticas, sob a direção da professora Amália de Oliveira, cantando após o hino da bandeira.
Numa das dependências da ala esquerda do primeiro pavimento, foi servido champanhe. Nessa ocasião, usou da palavra o Dr. Francisco Accioly Rodrigues da Costa, Prefeito Municipal, saudando e agradecendo, em nome do município, que dirige, tudo o que o benemérito governo paranaense tem feito em prol da educação.
Usou em seguida da palavra, o inspetor geral da instrução pública do Paraná, Dr. Lisímaco Ferreira da Costa, exaltando o que o governo do Dr. Munhoz da Rocha tem feito pela instrução pública.
Numa das salas, o professor Tupi Pinheiro, secretário da escola normal, procedia à leitura da ata inaugural, assinada pelos presentes. Ao final, foram distribuídos doces às crianças. Em seguida, retiraram-se os convidados para o almoço e, depois, à cerimônia de inauguração da estrada do mar, ligando Paranaguá às praias, que se estendem do Pontal do Sul a Matinhos.
O primeiro diretor da escola normal foi o professor Sigismundo Antunes Neto.
- Pelo Decreto n.° 459, de 16/01/1933, a escola normal primária de Paranaguá foi equiparada à escola normal secundária de Curitiba.
- Pelo Decreto n.° 1929, de 30/01/1936, foi criado o curso ginasial, como medida preliminar para a sua transformação em instituto de educação e o curso geral passou a obedecer ao regulamento e aos programas do cursos fundamental dos ginásios equiparados ao Colégio Dom Pedro II, do Rio de Janeiro.
-Pelo Decreto n.° 6.305, de 26/07/1952, a escola normal de Paranaguá recebeu a denominação da Escola Normal Dr. Caetano Munhoz da Rocha.
- Pelo Decreto n.° 24.459, de 20/07/1959, foi a escola normal desmembrada do Colégio Estadual José Bonifácio.
- Em 29/07/1967, a escola normal de Paranaguá foi elevada a Instituto de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha.".
(Extraído de: revistasufpr.gov.br)
Em pleno funcionamento, década de 1960.
domingo, 5 de fevereiro de 2023
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