sábado, 31 de março de 2018

Praça Santos Andrade

A Praça Santos Andrade já foi chamada de Largo Lobo de Moura (1879), Largo Duque de Caxias (1878) e de Largo Thereza Christina (1890) e, em 1901, ganha sua atual denominação. Este espaço até a década de 1910 não havia recebido muita atenção da administração municipal. Era local de passagem para o Passeio Público e a Praça do Mercado (atual Generoso Marques), recebia eventualmente companhias circenses, servia como depósito de lixo e também marcava o "final" da cidade. Bem perto dali passava o Rio Belém, deixando uma área alagadiça ao longo de suas margens, a qual impedia a expansão territorial daquela parte da cidade. Segundo Ruy Wachowicz, depois da Santos Andrade "começavam os brejos e grotas que terminavam no rio Belém."
A situação modifica-se ao longo da década de 1910, com a escolha do local para sediar a Universidade do Paraná – cuja construção ocorre entre 1913 e 1914 – e as obras de retificação do Rio Belém, empreendidas na gestão do engenheiro Candido Ferreira de Abreu (1912-1916). Em 1917, ocorrem outras intervenções: delimitação e nivelamento da área, colocação de meio-fio, construção de bueiros, delimitação dos passeios e dos jardins e macadamização das vias circundantes.
Mas, é para sediar a grande festa comemorativa do Centenário da Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1922, que a Praça Santos Andrade recebe os melhoramentos mais significativos. Na parte central, é construído um repuxo circular com três bicos de água "capazes de projetá-la a dez metros de altura", contornado por jardins organizados simetricamente, à moda francesa. Postes com iluminação e bancos são colocados no local.
Paulatinamente, o casario térreo que predominava no local abre espaço para edificações mais novas, algumas delas consideradas de referência para o nosso patrimônio edificado. Além da sede histórica da atual Universidade do Paraná, a Praça Santos Andrade abriga a primeira sede própria da Agência dos Correios e Telégrafos (hoje conhecida como "Correio Velho"), o Teatro Guaíra (inaugurado em 1974 e tombado pelo Patrimônio Estadual em 2003), o Edifício Marumbi (um dos primeiros arranha-céus da cidade, concluído em 1951) e a sede da antiga Delegacia Regional do IAPAS, hoje ocupada pelo Ministério da Previdência Social (um exemplar significativo da arquitetura modernista da cidade, de 1965).
A paisagem da Praça Santos Andrade foi tombada pelo Patrimônio Estadual em 1974, juntamente com a Rua XV de Novembro e a Praça Osório.

Praça Tiradentes

É na Praça Tiradentes que começa a história de Curitiba. Ali se fixa a população da antiga vilinha do Atuba e ocorrem os fatos mais significativos da cidade. É a partir deste espaço que surgem as nossas primeiras ruas.
Em meados do século XVII são demarcadas as quatro faces da futura praça, posicionadas de norte a sul e de leste a oeste, de acordo com os preceitos das leis das Índias, (...) de formato retangular na proporção de 2 para 3, como descreve Edilberto Trevisan. A posição é estratégica, entre a floresta, ao norte, e a confluência dos rios Ivo e Belém, ao sul. Esta delimitação espacial é mantida até a atualidade.
Seguindo a tradição urbanística, ali são instalados, ainda no período colonial, a igreja, o pelourinho, a cadeia e a Câmara Municipal, símbolos e instrumentos dos poderes espiritual e real. Desde então, a Tiradentes – que já foi chamada de Largo da Matriz e Largo D. Pedro II – é o endereço de instituições, atividades e serviços que fizeram e ainda fazem parte da história da cidade.
Como integrante da região central e cartão postal de Curitiba, a Praça Tiradentes recebe, ao longo dos anos, inúmeras intervenções e melhoramentos urbanísticos, assim como é alvo de legislação que busca um contínuo aprimoramento do padrão construtivo. Logo após a elevação de Curitiba à capital da recém-criada Província do Paraná (1854), por exemplo, são delimitados passeios e plantadas árvores no então Largo da Matriz. Dez anos depois, contabiliza-se a existência no local de 43 casas térreas, duas em construção e um sobrado, onde ficava a cadeia.
Em 1866, é inaugurada a nova sede da Farmácia Stellfeld que, além de ser uma referência no ramo, torna-se um marco arquitetônico, inovando tanto sob o ponto de vista construtivo, como pelas soluções espaciais. A montagem da estrutura do telhado, feita previamente no chão e depois alçada ao lugar, provoca, na metade do século XIX muito interesse da população que não conhece a técnica originaria da Alemanha. O edifício apresenta um relógio de sol centralizado na fachada frontal, que se mantém até o presente.
Na década de 1880, ocorrem trabalhos de nivelamento do logradouro. A nova igreja-matriz é inaugurada, em 8 de setembro de 1893, após mais de vinte anos de construção. Mas, é no início do século XX que ocorre a primeira grande intervenção na Praça Tiradentes: são executados os serviços de terraplanagem, calçamento, arborização e construção de bueiros, além de instalados bancos. Novas e mais aprimoradas construções tomam o lugar das antigas e a paisagem modifica-se substancialmente. Com o passar dos anos, os melhoramentos se sucedem. Em 1912, o entorno da praça é alterado para a colocação dos trilhos e cabeamento dos bondes elétricos e ela ganha dois repuxos (um deles com peixes!) e um coreto e. No final da década de 1920, há outra reforma e a instalação de uma seção de desportos para crianças com extensos gramados e aparelhos de ginástica, além da remodelação dos canteiros e caminhos. E, em 1934, mais uma: a construção da Estação de Bondes, abrigo em concreto armado com a área coberta de 150 m², tendo dois 'boxes' para pequeno comércio e instalação para telefone publico além do espaço para a Cia Força e Luz que ali instala o serviço de despacho de seus veículos, com compartimentos destinados a telefone público, serviço de despacho de bondes e para pequeno comercio próprio para locais dessa natureza.
Em 1994, ocorre o deslocamento dos pontos de ônibus para as áreas do entorno da praça, liberando-a dos abrigos para a espera dos veículos que circundavam todo o seu perímetro e impediam uma visão ampla de sua paisagem.
Uma revitalização do logradouro acontece em 2008, com a substituição do calçamento e da iluminação, além da exposição de uma calçada formada por blocos de pedra, do período colonial, encontrada a cerca de um metro de profundidade do piso atual. Placas de vidro resistente assentadas no chão permitem a visualização deste testemunho de tempos passados.
Na Praça Tiradentes, localizam-se os edifícios da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz e do antigo Palacete Hauer, atualmente ocupado por uma loja de departamentos. O local conta também com várias estátuas e dois monumentos que marcam a estreita ligação do local com a história da cidade, o "Monolito da Fundação" e o "Marco Zero", ambos localizados em frente à Catedral.

Praça Zacarias

A Praça Zacarias é uma das mais antigas de Curitiba e já teve vários nomes: Largo da Ponte, Largo do Chafariz do Ivo, Largo dos Quartinhos, Largo do Mercado, Largo do Museu e Largo do Conselheiro Zacarias (17 de outubro de 1874).
Em meados do século XIX, ligava a Rua do Comércio (atual Avenida Marechal Deodoro) com a da Entrada (hoje, Rua Emiliano Perneta) e era o local de acesso ao centro da cidade de quem dos Campos Gerais. Cortada pelo rio Ivo, possuía três pontes: a principal, sobre a Rua da Assembleia (atual Dr. Muricy), por onde passavam as carroças, e outras duas, mais estreitas, destinadas aos pedestres.
Ao longo dos anos, a Zacarias abrigou muitas atividades importantes. Em 1864, ali é instalado o primeiro mercado público da cidade. Após a transferência do mercado para a atual Praça Generoso Marques, em setembro de 1876, recebe o Museu Paranaense, que permanece no logradouro por 25 anos.
Em 8 de maio de 1871, é inaugurado o chafariz com água proveniente do Campo do Olho d'Água (na atual Praça Rui Barbosa), transportada através de tubulação subterrânea. Trata-se de importante obra de engenharia, projetada e executada por Antônio Rebouças Filho. Como não havia produção de tubos de ferro no Brasil, Rebouças utilizou o cobre, comum na rede de abastecimento de gás, mas de alto custo. As torneiras são provenientes da Europa e o poste sextavado que as sustenta, é fabricado em Curitiba. Com a implantação da rede hidrossanitária em 1910, o chafariz é desativado, mas 58 anos depois, em 1968, retorna à Praça Zacarias, fazendo parte do repuxo que a ornamenta.
No final do século XIX, a Praça Zacarias passa a abrigar a Escola Oliveira Bello, projetada e construída especialmente para o ensino de meninas. O charmoso edifício fez parte da paisagem da praça entre 1884 e 1925, momento em que foi demolido para dar lugar ao Laboratório de Análises e Dispensários (inaugurado em 28 de janeiro de 1928).
A Praça Zacarias recebe melhoramentos em 1915 e passa a servir de "mercado-feira", local com barracas cobertas com guarda-sóis, destinadas à comercialização de produtos hortifrutigranjeiros. Desde então, ocorrem várias intervenções no local, que tem posição estratégica no centro da cidade. Em 1946, por exemplo, todos os seus jardins são retirados e a praça ganha pavimentação em petit pavê com os desenhos ondulados. Na década de 1970, fica interligada, juntamente com a Travessa Oliveira Bello, ao calçadão da Rua XV de Novembro, formando uma extensa área para uso exclusivo de pedestres no coração da cidade.
Atualmente, a Praça Zacarias é cercada por altos edifícios, característica comum da área central da cidade. Entre seus arranha-céus, pode-se destacar o imponente Edifício Pedro Demeterno, na esquina da Rua Muricy com a Avenida Marechal Deodoro, com sua cúpula voltada para a praça. O Museu de Arte Contemporânea também está presente na Zacarias, ocupando a antiga sede do Laboratório de Análises e Dispensários.

Centro Cívico

A proposta de criação do Centro Cívico de Curitiba foi elaborada, entre 1941 e 1943, por Alfred Agache, urbanista francês, que desenvolveu um estudo urbanístico para Curitiba a convite do governo estadual. Consistia em um conjunto de edifícios administrativos estaduais (Palácio do Governo e respectivas secretarias, Assembleia Legislativa e tribunais de Justiça e de Contas) situados em torno de uma esplanada e ligados à cidade por um eixo monumental, a Avenida Candido de Abreu, que chegava até a Praça Tiradentes - marco inicial da cidade e onde seria erguida a nova sede da prefeitura. A proposta, no entanto, não foi levada a cabo.
Em 1950, a ideia principal de Agache foi retomada: no mesmo local escolhido, um novo projeto urbanístico e arquitetônico cria o Centro Cívico, símbolo da prosperidade econômica que o Paraná vivia e marco a ser erguido em homenagem ao centenário da sua emancipação da província de São Paulo, a ser comemorado em 1953. O projeto, referência da arquitetura modernista da cidade, foi elaborado pelos arquitetos David Azambuja, Olavo Redig dos Santos, Sérgio Roberto Santos Rodrigues e Flávio Régis do Nascimento.
As obras tiveram início em 1951 e, mesmo aceleradas, não foram concluídas a tempo para os festejos do centenário: o prazo exíguo, os problemas técnicos e construtivos resultantes de erros de sondagens, de projetos e de cálculos estruturais e, sobretudo, a grande geada do inverno de 1953 foram alguns dos problemas que inviabilizaram sua conclusão. Paulatinamente, os diversos edifícios projetados para o Centro Cívico foram concluídos, apresentando alterações em relação à proposta inicial. Outras edificações, inclusive o Palácio 29 de Março, sede da Prefeitura Municipal, foram acrescentadas ao conjunto, que, desde 2012, encontra-se tombado pelo Patrimônio Estadual.

Palácio Iguaçu

A atual sede do Governo do Paraná, projetada pelo arquiteto David Xavier Azambuja, foi inaugurada em 19 de dezembro de 1954 e integra o conjunto inicial do Centro Cívico. O Palácio Iguaçu é um dos mais representativos exemplares da arquitetura modernista em Curitiba. Sua aparência é de uma "imensa caixa retangular de cristal, suspensa em corpo avançado sobre colunas de mármore branco recuadas". Possui 13.950,40 m² de área construída, distribuídos em quatro pisos, um sub-solo e dois pavimentos intermediários. A superfície de vidro, localizada em frente à Praça Nossa Senhora da Salete, possui uma superfície de 1642,50 m² e sua execução representou, na década de 1950, um grande avanço técnico-construtivo. O Palácio Iguaçu, um de seus mais belos cartões postais de Curitiba, é tombado pelo Patrimônio Estadual, juntamente com os demais edifícios oficiais do Centro Cívico.