É na Praça Tiradentes que começa a história de Curitiba. Ali se fixa a população da antiga vilinha do Atuba e ocorrem os fatos mais significativos da cidade. É a partir deste espaço que surgem as nossas primeiras ruas.
Em meados do século XVII são demarcadas as quatro faces da futura praça,
posicionadas de norte a sul e de leste a oeste, de acordo com os preceitos das leis das Índias, (...) de formato retangular na proporção de 2 para 3, como descreve Edilberto Trevisan. A posição é estratégica, entre a floresta, ao norte, e a confluência dos rios Ivo e Belém, ao sul. Esta delimitação espacial é mantida até a atualidade.
Seguindo a tradição urbanística, ali são instalados, ainda no período colonial, a igreja, o pelourinho, a cadeia e a Câmara Municipal, símbolos e instrumentos dos poderes espiritual e real. Desde então, a Tiradentes – que já foi chamada de Largo da Matriz e Largo D. Pedro II – é o endereço de instituições, atividades e serviços que fizeram e ainda fazem parte da história da cidade.
Como integrante da região central e cartão postal de Curitiba, a Praça Tiradentes recebe, ao longo dos anos, inúmeras intervenções e melhoramentos urbanísticos, assim como é alvo de legislação que busca um contínuo aprimoramento do padrão construtivo. Logo após a elevação de Curitiba à capital da recém-criada Província do Paraná (1854), por exemplo, são delimitados passeios e plantadas árvores no então Largo da Matriz. Dez anos depois, contabiliza-se a existência no local de 43 casas térreas, duas em construção e um sobrado, onde ficava a cadeia.
Em 1866, é inaugurada a nova sede da Farmácia Stellfeld que, além de ser uma referência no ramo, torna-se um marco arquitetônico, inovando tanto sob o ponto de vista construtivo, como pelas soluções espaciais. A montagem da estrutura do telhado, feita previamente no chão e depois alçada ao lugar, provoca, na metade do século XIX muito interesse da população que não conhece a técnica originaria da Alemanha. O edifício apresenta um relógio de sol centralizado na fachada frontal, que se mantém até o presente.
Na década de 1880, ocorrem trabalhos de nivelamento do logradouro. A nova igreja-matriz é inaugurada, em 8 de setembro de 1893, após mais de vinte anos de construção. Mas, é no início do século XX que ocorre a primeira grande intervenção na Praça Tiradentes: são executados os serviços de terraplanagem, calçamento, arborização e construção de bueiros, além de instalados bancos. Novas e mais aprimoradas construções tomam o lugar das antigas e a paisagem modifica-se substancialmente. Com o passar dos anos, os melhoramentos se sucedem. Em 1912, o entorno da praça é alterado para a colocação dos trilhos e cabeamento dos bondes elétricos e ela ganha dois repuxos (um deles com peixes!) e um coreto e. No final da década de 1920, há outra reforma e a instalação de uma
seção de desportos para crianças com extensos gramados e aparelhos de ginástica, além da remodelação dos canteiros e caminhos. E, em 1934, mais uma: a construção da Estação de Bondes,
abrigo em concreto armado com a área coberta de 150 m², tendo dois 'boxes' para pequeno comércio e instalação para telefone publico além do espaço para a Cia Força e Luz que ali instala o serviço de despacho de seus veículos, com
compartimentos destinados a telefone público, serviço de despacho de bondes e para pequeno comercio próprio para locais dessa natureza.
Em 1994, ocorre o deslocamento dos pontos de ônibus para as áreas do entorno da praça, liberando-a dos abrigos para a espera dos veículos que circundavam todo o seu perímetro e impediam uma visão ampla de sua paisagem.
Uma revitalização do logradouro acontece em 2008, com a substituição do calçamento e da iluminação, além da exposição de uma calçada formada por blocos de pedra, do período colonial, encontrada a cerca de um metro de profundidade do piso atual. Placas de vidro resistente assentadas no chão permitem a visualização deste testemunho de tempos passados.
Na Praça Tiradentes, localizam-se os edifícios da Catedral Basílica Menor de Nossa Senhora da Luz e do antigo Palacete Hauer, atualmente ocupado por uma loja de departamentos. O local conta também com várias estátuas e dois monumentos que marcam a estreita ligação do local com a história da cidade, o "Monolito da Fundação" e o "Marco Zero", ambos localizados em frente à Catedral.
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