quinta-feira, 1 de junho de 2023

Navio movido a energia eólica, e outras tecnologias, o futuro chegou

 Navio movido a energia eólica, e outras tecnologias, o futuro chegou


O novo porta contêineres

Navio movido a energia eólica, e outras tecnologias, o futuro chegou

A última novidade na área nos chegou através do site francês,www.curioctopus.fr, que trouxe matéria sobre o ‘barco Tesla, um porta contêineres para navegação interior (rios e canais). Os modelos em construção têm dimensões diferentes: os menores terão 52 metros de comprimento e 6,7 metros de largura, os maiores terão o dobro do comprimento (110 metros) e entre 11,45 e 14,2 metros de largura, enquanto sua capacidade de carga é de 24 a 280 contêineres.
Um exemplo da performance do ‘navio Tesla’
Para dar apenas um exemplo, a rota Campine – Antuérpia (que também é feita por canais) poderá substituir os 23.000 caminhões na estrada a cada ano. Os navios cargueiros serão alimentados por baterias que serão alimentadas por energia solar e eólica através de acordos com empresas que operam perto dos portos onde os barcos serão atracados. Ali eles poderão ser recarregados e ter sua carga substituída.

A seguir, a matéria original

Depois que os Clippers perderam sua onipotência, substituídos pelo motor a vapor há quase 200 anos, os mares perderam a poesia das velas, e os navios começaram a poluir queimando combustíveis fósseis. Do carvão que movia as caldeiras, passaram para o diesel dos motores a explosão. É muito tempo e muita sujeira. Hoje a frota mundial é considerada extremamente cara e poluente. Por quê?

Porque…
Navios queimam óleo pesado, não muito refinado

Os grande navios queimam óleo pesado, combustível que não é muito refinado, com alto teor de enxofre. Ele produz uma grande quantidade de óxido de enxofre e compostos de óxido de azoto quando é queimado.

-O que quer dizer isso?

-Significa que a emissão de CO2 de um grande navio equivale a mais de 83 mil automóveis.
-Um grande navio, igual 83 mil carros?

-Pois é. Como existem 100.000 navios, a frota naval mundial polui tanto quanto 830 milhões de automóveis.

-Caramba!

-É por isso que a novidade é bem-vinda. E outras novidades estão surgindo todos os dias. Vem aí o…
…Navio movido a energia eólica

Para o site marineinsight.com, “como a indústria naval marcha para a era dos rigorosos regulamentos ambientais e a economia de baixo carbono, companhias de navegação e organismos do setor estão gastando quantidade considerável de recursos para pesquisar a tecnologia do navio verde, viável; ela seria sucesso não só ao ao impulsionar navios, mas satisfaria a crescente exigência de normas ambientais”.

O phys.org vai pelo mesmo caminho: “mais de 200 anos depois que o primeiro navio a vapor começou a cruzar o oceano, a energia eólica encontra o caminho de volta para as rotas marítimas”.
Sem velas cruzando o horizonte…
Sem velas cruzando o horizonte, os mares ficaram mais tristes. Deixaram pra trás uma imagem romântica, nostálgica e elegante. Ao menos o vento de ontem continua a ser o mesmo combustível de hoje. Só que as velas mudaram de forma.
Velas de rotor

“A empresa de transporte marítimo global Maersk programa instalar “velas de rotor” para um de seus petroleiros, como uma forma de reduzir os custos de combustível e emissões de carbono. A empresa por trás da tecnologia, a Norsepower, finlandesa, diz que este é o primeiro sistema de retrofit de energia eólica num petroleiro”.

O assunto mexe com a indústria naval. Ninguém escapa…

O ecomarinepower.com, de fevereiro de 2017, apresenta exultante: “em cooperação com empresas e tecnologia e vários parceiros de transporte, a Eco Marine Power (MTR) tem o prazer de anunciar que detalhou o estudo sobre a aplicação prática das ‘EnergySail® e Aquarius MRE®Begun. O estudo irá abranger os aspectos de engenharia instalando ou o EnergySail ou a solução Aquarius MRE em vários navios. Em seguida faremos comparações sobre consumo de óleo combustível, emissões de CO2, e poupança alcançada”.
A empresa apresenta o desenho do futuro navio…

O Efeito Magnus e os jogadores de futebol, os bons!

-Olha, essa tecnologia dos cilindros rodando nem é tão nova. Surgiu em 1922 mas foi logo abandonada. O engenheiro alemão Anton Flettner foi o primeiro a usá-la em navios.

-Que efeito é esse?

-Sabe quando um jogador de futebol chuta a bola e ela faz uma curva? É esse efeito, a mesma coisa. Em outras palavras “o Efeito Magnus é o fenômeno pelo qual a rotação de um objeto altera sua trajetória em um fluido (líquido ou gás)”.

-Veja:

Ilustração: rotaractclubpalmaresdosul.blogspot.com

O navio de Anton Flettner.


Navio movido a energia eólica em 1922


O ecomarinepower vende seu peixe: “algumas aplicações ideais para o uso de energia eólica e solar incluem barcos de cruzeiro, catamarãs turísticos, navios de pesca, navios de abastecimento offshore, navios de pesquisa, navios petroleiros, navios de carga, de patrulha e navios de passageiros”.

-Ou seja, todo tipo de barco…
O Aquarius MRE System vende sua energia renovável no you tube…
E não são só estes. Há várias modalidades em teste. A vela rígida, que se move automaticamente para captar mais vento, é uma delas. Recentemente o maior navio a usá-lasfoi anunciado.

Navio movido também a energia eólica

A tecnologia do kite é outra possibilidade. Ela move o navio para a frente, reduzindo a carga sobre o motor e diminuindo o consumo de combustível.


A vela de proa kite, mais um navio ajudado pela energia eólica.

Alguns navios já utilizam esse modelo.


Assim como os que usam rotores.

Navio Movido a energia eólica

Água de lastro e poluição
-Mas ainda tem o problema da água de lastro, seríssimo pro meio ambiente. Veja o que aconteceu com o mexilhão dourado, contaminou rios das bacias do Prata ao São Francisco, e dizem que chega ao Amazonas.

– Vem aí os navios cujos tanques de lastro terão um fluxo constante de água interna. O navio vai pegando esta água onde estiver, ela passa pelo casco e sai do outro lado…Veja isso:

Contaminação? Não mais…(Ilustração: marineinsight.com)

O marineinsight.com explica: “este é um design promissor para bloquear organismos e encerrar todos os requisitos para equipamentos de esterilização caros, como filtros, irradiação ultravioleta, biocidas químicos e outras tecnologias. Ele cria um fluxo constante de água do mar local através de uma rede de troncos, que vão do arco para a popa, abaixo da linha de água, reduzindo assim o potencial alado de água contaminada pelo oceano”. 

O Eco-Navio

O marineinsight.com diz que “o Eco Ship 2030, da NYK, é um conceito audaz. Levará a construção de navios modernos para um nível totalmente novo. Respeitando todos os tipos de tecnologias ecológicas que você pode pensar, o Eco Ship 2030 funcionará com tecnologia de célula de combustível, juntamente com células de energia solar e velas de vento. Um navio verde não pode ser melhor do que isso”.


Navio movido a energia eólica. Image Credits: nyk.com

O primeiro a usar os motores e a garantia: 25% menos combustível

Quem explica é a wikipedia: “o fabricante alemão Enercon de turbinas eólicas lançou e batizou um novo navio a rotor, o E-Ship 1, em 2 de agosto de 2008″.


Navio movido a energia eólica

“O navio faz transporte de cargas ao redor do mundo. Em 29 de julho de 2013, a Enercon produziu um comunicado à imprensa afirmando um potencial de “economia de combustível operacional de até 25% em relação a navios de carga convencionais do mesmo tamanho“, depois de testes atravessando 170,000 milhas marítimas”.

Navio elétrico e sem tripulação?

O site sputniknews.com trouxe mais uma boa nova: um novo navio cargueiro porta-contêineres está sendo construído na Noruega por duas empresas. O navio cargueiro elétrico, para transporte marítimo de curta distância, será posto em funcionamento em 2018. No início, uma tripulação ainda estará presente mas, em 2020, o navio passará para funcionamento autônomo (caso obtenha as autorizações necessárias).

O site diz ainda que “espera-se que o chamado “Tesla dos mares” seja tripulado a partir de um centro de controle a bordo durante as primeiras viagens. Depois será controlado de forma autônoma via GPS. As possíveis colisões serão evitadas usando uma combinação de sensores”.

O mais importante, por ser elétrico, suas emissões serão iguais a zero.

Fontes: http://www.marineinsight.com/green-shipping/top-7-green-ship-concepts-using-wind-energy/; https://phys.org/news/2017-03-technology-poised-wind-powered-ships.html; http://www.ecomarinepower.com/en/company-news-archive/126-global-study-into-use-of-wind-and-solar-power-on-ship; https://br.sputniknews.com/europa/201707318995231-noruega-navio-carga-tesla-yara-tripulado/

Karachay. O Lago da Morte da URSS

 Karachay. O Lago da Morte da URSS

Pode ser uma imagem de cratera e montanha

O desastre nuclear em Chernobyl foi a punição final de uma alienada cultura ambiental da URSS na década de 80. A destruição ambiental era alarmante, criminosa. O Mar de Aral (o quarto maior lago de água salgada do mundo) secou, mas quem já ouviu falar sobre o Lago Karachay? Só em 1989 os soviéticos divulgaram. O lago passara a ser o principal reservatório de resíduos da usina de Mayak, próxima Chelyabinsk ao sul dos Montes Urais. Quando o complexo de plutonio em Mayak expandiu para 5 reatores em ciclo aberto para criar armas nucleares, a mistura de dejetos nucleares era despejada a céu aberto no lago. Um grande reservatório nuclear natural. Presumiam que como o lago não alimentava nenhum rio, não havia maneira dos resíduos radioativos escaparem. Durante anos, em suas águas uma quantidade enorme de lixo radioativo foi depositada e altamente sedimentada no seu fundo de 3 a 4 metros de profundidade. O outrora belo Lago Karachay (foto) é letal: a radiação emitida de 600 roentgens é morte certa para quem permanecer em suas margens por uma hora. Atualmente é o local mais poluído do mundo. Na década de 60 houve uma seca e o pó radioativo do leito do lago atingiu aldeias vizinhas contaminando a população. Ao longo dos anos, o lago acumulou tantas substâncias perigosas que ele é biologicamente 42 vezes mais radioativo que Chernobyl, E como Chernobyl, tentam aliviar selando-o com pedras e concreto. Mas outro perigo ainda persiste. Toda a área é instável com risco de vazamento no subsolo contaminando toda região, sua população e de chegar a um rio e desaguar no Oceano Ártico. Sinistro.

Há 322 anos, durante a Era de Ouro da Pirataria, na sexta-feira, 23 de maio de 1701, o famoso capitão pirata escocês do século XVII William Kidd (1654-1701) conheceu sua morte aos 47 anos

 Há 322 anos, durante a Era de Ouro da Pirataria, na sexta-feira, 23 de maio de 1701, o famoso capitão pirata escocês do século XVII William Kidd (1654-1701) conheceu sua morte aos 47 anos


Pode ser uma imagem de texto

Há 322 anos, durante a Era de Ouro da Pirataria, na sexta-feira, 23 de maio de 1701, o famoso capitão pirata escocês do século XVII William Kidd (1654-1701) conheceu sua morte aos 47 anos quando ele foi enforcado pelo crime de pirataria em Execution Dock, perto da costa do rio Tâmisa, no distrito de Wapping, ao leste de Londres, Inglaterra.

Requiéscat in Pace, Capitão Kidd.

William Kidd, que nasceu em Dundee, na Escócia, em 1654, estabeleceu-se como capitão do mar antes de se estabelecer na cidade de Nova York em 1690, onde comprou propriedades, casou-se e foi comissionado em Nova York para livrar a costa de corsários inimigos. Em 1696, Kidd partiu para o Oceano Índico, mas teve pouco sucesso e não conseguiu capturar um grande prêmio até fevereiro de 1698, quando o Quedagh Merchant, um navio indiano navegando sob uma passagem francesa, foi capturado. A notícia da captura do navio por Kidd, que estava fortemente carregado de tesouros, gerou polêmica na Grã-Bretanha, já que o navio tinha um capitão inglês.

As suspeitas de que Kidd havia se voltado para a pirataria foram aparentemente confirmadas quando ele navegou para St. Mary's, Madagascar, um infame paraíso pirata. Ao saber das acusações de pirataria contra ele, ele navegou para Nova York na esperança de limpar seu nome; em vez disso, ele foi preso e levado para Londres. Em 1701, ele foi julgado por cinco acusações de pirataria e uma de assassinato de um tripulante. Condenado por todas as acusações, ele foi executado por enforcamento em 23 de maio de 1701. Nos anos posteriores, uma lenda cresceu em torno da história do capitão Kidd, incluindo relatos de tesouros enterrados perdidos que os caçadores de fortunas perseguiram por séculos.

“The Ballad of Captain Kidd” é uma canção inglesa sobre o capitão William Kidd, que foi executado por pirataria em Londres em 23 de maio de 1701. A canção foi composta na Grã-Bretanha no mesmo ano e se espalhou para as colônias ultramarinas “quase imediatamente."

O livro de 1824 “Tales of a Traveller” do notável autor americano Washington Irving (1783-1859) faz menção à Balada do Capitão Kidd:

“Existe uma bela canção antiga sobre ele, toda no tom de...
Meu nome é Capitão Kidd,
Enquanto eu navegava, enquanto eu navegava...

E então conta a história de como ele ganhou as boas graças do Diabo ao enterrar a Bíblia:

Eu estava com a Bíblia na mão,
Enquanto eu navegava, enquanto eu navegava,
E eu enterrei na areia
Enquanto eu navegava.

A fotografia retrata uma ilustração em xilogravura do início da era vitoriana intitulada “William Kidd pendurado em uma forca em Tilbury Point, no rio Tâmisa” – de um livro de 1837 intitulado “The Pirates Own Book, Or Authentic Narratives of the Lives, Exploits , & Executions of the Most Celebrated Sea Robbers” do notável papeleiro de Boston, criador de almanaques e autor Charles Ellms (1805-1851).

The Ballad of Captain Kidd: https://youtu.be/oFHOfdFw0VI

Janis Joplin, 1970. A história do século XX é marcada por grandes transformações políticas e culturais no mundo todo.

 Janis Joplin, 1970.
A história do século XX é marcada por grandes transformações políticas e culturais no mundo todo.


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Janis Joplin, 1970.

A história do século XX é marcada por grandes transformações políticas e culturais no mundo todo. Guerras mundiais, ditadura, revoluções, polarização das ideias e muitas mudanças de comportamento marcaram esses cem anos.

No campo cultural, o movimento hippie foi responsável por propor mudanças no comportamento social e pelo rompimento com as formas tradicionais de organizar a vida cotidiana. Muitas coisas que vivemos hoje são consequências desse momento.

O movimento Hippie surgiu nos anos 1960, com o objetivo de ir contra o sistema e repudiava a guerra, além da miséria, violência e angústia que ela causava. A partir disso, o movimento era focado em trazer e espalhar a positividade, o amor e a paz a tudo e a todos.

Um hippie era todo aquele que se recusava a usar gravata e terno, e de trabalhar em um emprego “comum”, dentro de um escritório. Eles usavam roupas coloridas, deixavam o cabelo crescer e utilizavam o símbolo da paz como marca de suas personalidades.

Esse foi um período marcante para a história, influenciando em diversos setores culturais e socias, como na música, moda, cinema e até mesmo questionando os motivos da guerra.

Os anos 60 foi a década mais contestadora do século passado. O objetivo era atacar o sistema, ou seja, uma sociedade que produzia miséria, violência, guerras e angústia. A origem desse termo deriva da palavra “hipster”, usada para classificar ativistas do movimento negro.

Esse processo teve origem nos Estados Unidos, foi impulsionado por artistas e músicos e se espalhou por vários países do mundo. Os Beatles foi uma banda que surgiu nesse contexto e foi responsável pela difusão da contracultura em todo o planeta.

Entre as características do movimento hippie podemos citar roupas coloridas, homens de barba e cabelo compridos, moças com flores no cabelo, músicas com violão e acampamentos. Em suma, os hippies recusavam a sociedade de consumo e a família tradicional. Além disso, admiravam a cultura do Oriente, vestiam batas indianas e apreciavam a alimentação natural.

Tinham algo de socialista utópico e de anarquista pacifista, porque repudiavam o Estado e o capital, optando pela vida comunitária em vez do individualismo. Preferiam a natureza à fumaça das cidades, o rock ao barulho das metralhadoras, o sexo à violência da polícia, o amor à sociedade de consumo.

O movimento Hippie foi importante para as mudanças culturais e de comportamento. Até então, as mulheres ocupavam um papel de submissão ao homem e sua principal função era cuidar dos afazeres domésticos. Foi nesse contexto de rebeldia, proposto pelos hippies, que elas começaram a queimar sutiãs em praças públicas, o que, simbolicamente, significa que as mulheres não eram apenas um objeto sexual. Assim, o movimento feminista ganhou as ruas para dizer não ao machismo.

Foi também a época da revolução sexual, quando os cabelos masculinos cresceram e as saias femininas encurtaram. Quebrar o tabu da virgindade era visto como uma forma de libertar as pessoas. A pílula anticoncepcional virou arma feminina na luta pelo prazer.

Flower Power (Poder das Flores) foi um lema utilizado pelos hippies como símbolo da não-violência e repúdio à Guerra do Vietnã. O termo foi criado pelo poeta Allen Ginsberg, em 1965, e objetivava incentivar a vida em comunidade, livre das dominações capitalistas.

Vários artistas aderiram à causa. A cidade de São Francisco tornou-se o ponto de encontro das bandas de rock que comandaram toda a agitação cultural. O músico Scott Mackenzie, por exemplo, estourou com a canção “San Francisco” que dizia: “Se você estiver indo a São Francisco, não se esqueça de colocar flores em seu cabelo”.

Os hippies do movimento Flower Power reivindicavam mais liberdade, igualdade de direitos, defesa dos animais e do meio ambiente, o fim da Guerra do Vietnã e a luta contra as armas.

"Spinoza é o mais nobre e amável dos grandes filósofos... As máximas de Espinosa são provavelmente as melhores possíveis."

 "Spinoza é o mais nobre e amável dos grandes filósofos... As máximas de Espinosa são provavelmente as melhores possíveis."


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Um dos filósofos mais amados de Bertrand Russell foi o polidor de lentes óptico holandês de origem judaica sefardita, Baruch Spinoza – abaixo trechos de A History of Western Philosophy (1945), Livro Três, de Russell. Filosofia Moderna, cap. X: Spinoza, pp. 569-80

"Spinoza (1634-77) é o mais nobre e amável dos grandes filósofos. Intelectualmente, alguns outros o superaram, mas eticamente ele é supremo. Como consequência natural, ele foi considerado, durante sua vida e por um século após sua morte, um homem de terrível maldade".
pág. 569

"... As máximas de Spinoza são provavelmente as melhores possíveis. Tomemos, por exemplo, a morte: nada que um homem possa fazer o tornará imortal e, portanto, é inútil perder tempo com medos e lamentações sobre o fato de que devemos morrer. Ser obcecado pelo medo da morte é uma espécie de escravidão; Spinoza tem razão ao dizer que “o homem livre não pensa em nada menos que na morte”. ; a morte de qualquer doença particular deve, se possível, ser evitada submetendo-se a cuidados médicos. O que deve, mesmo neste caso, ser evitado, é um certo tipo de ansiedade ou terror; as medidas necessárias devem ser tomadas com calma, e nossos pensamentos devem, na medida do possível, serem então direcionados para outros assuntos. As mesmas considerações se aplicam a todos os outros infortúnios puramente pessoais.
pág. 578

"Spinoza está certo - uma vida dominada por uma única paixão é uma vida estreita, incompatível com todo tipo de sabedoria. A vingança como tal não é, portanto, a melhor reação à injúria."
pág. 579

"Spinoza pensa que, se você vir seus infortúnios como eles são na realidade, como parte da concatenação de causas que se estendem desde o início dos tempos até o fim, você verá que eles são apenas infortúnios para você, não para o universo, para o que são apenas discórdias passageiras intensificando uma harmonia final. Não posso aceitar isso; penso que eventos particulares são o que são e não se tornam diferentes por absorção em um todo. Cada ato de crueldade é eternamente uma parte do universo; nada que acontece depois pode tornar aquele ato bom em vez de mau, ou pode conferir perfeição ao todo do qual faz parte.

No entanto, quando é seu destino ter que suportar algo que é (ou parece para você) pior do que o destino comum da humanidade, o princípio de Spinoza de pensar sobre o todo, ou pelo menos sobre questões maiores do que sua própria dor, é algo útil. Há até momentos em que é reconfortante refletir que a vida humana, com tudo o que ela contém de mal e sofrimento, é uma parte infinitesimal da vida do universo. Tais reflexões podem não ser suficientes para constituir uma religião, mas em um mundo doloroso elas são uma ajuda para a sanidade e um antídoto para a paralisia do desespero total."
pág. 580

"Gosto da matemática porque não é humana e não tem nada a ver com este planeta ou com todo o universo acidental - porque, como o Deus de Spinoza, ela não nos amará em troca."

― Bertrand Russell, Letter to Lady Ottoline Morrell (março de 1912) conforme citado no Gaither's Dictionary of Scientific Quotations (2012), p. 1318

Imagem: Detalhe de um retrato de uma coleção particular de um homem que se acredita ser Baruch Spinoza.

Baruch Spinoza (4 de novembro de 1632 - 21 de fevereiro de 1677) foi um filósofo holandês. A amplitude e a importância da obra de Spinoza não foram totalmente percebidas até muitos anos após sua morte. Ao lançar as bases para o Iluminismo do século XVIII e a crítica bíblica moderna, incluindo concepções modernas do eu e, sem dúvida, do universo, ele passou a ser considerado um dos grandes racionalistas da filosofia do século XVII. Inspirado pelas ideias inovadoras de René Descartes, Spinoza pode legitimamente reivindicar como uma figura importante da Idade de Ouro holandesa. Sua magnum opus, a Ética póstuma, na qual ele se opôs ao dualismo mente-corpo de Descartes, rendeu-lhe o reconhecimento como um dos pensadores mais importantes da filosofia ocidental. O filósofo Georg Wilhelm Friedrich (G.W.F. Hegel) disse sobre todos os filósofos contemporâneos: "Ou você é espinosista ou não é filósofo".

Spinoza argumentou que Deus existe, mas é abstrato e impessoal. Ele afirmou que tudo é um derivado de Deus, interconectado com toda a existência. Embora os humanos experimentem apenas pensamento e extensão, o que acontece com um aspecto da existência ainda afetará outros. Assim, o spinozismo ensina uma forma de determinismo e ecologia e apóia isso como base para a moralidade. Spinoza era frequentemente considerado ateu porque usava a palavra "Deus" (Deus) para significar um conceito diferente do monoteísmo judaico-cristão-islâmico tradicional. Assim, o Deus frio e indiferente de Spinoza é a antítese do conceito de uma divindade paternal antropomórfica que se preocupa com a humanidade.

“Se eu tivesse uma ideia tão clara dos fantasmas como tenho de um triângulo ou de um círculo, não hesitaria em afirmar que eles foram criados por Deus; mas como a ideia que tenho deles é exatamente como as idéias, que minha imaginação forma de harpias, grifos, hidras, etc., não posso considerá-las nada além de sonhos, que diferem de Deus tão totalmente quanto o que não é difere do que é.

– Baruch Spinoza, Carta a Hugo Boxel (outubro de 1674) As principais obras de Benedict de Spinoza (1891) Tr. R.H.M. Elwes, vol. 2, Carta 58 (54)

Spinoza foi frequentemente chamado de "ateu" pelos contemporâneos, embora em nenhum lugar de sua obra Spinoza argumente contra a existência de Deus. Spinoza viveu uma vida aparentemente simples como polidor de lentes ópticas, colaborando em projetos de lentes de microscópios e telescópios com Constantijn e Christiaan Huygens. Ele recusou recompensas e honras ao longo de sua vida, incluindo posições de ensino de prestígio. Ele morreu aos 44 anos em 1677 de uma doença pulmonar, talvez tuberculose ou silicose exacerbada pela inalação de poeira fina de vidro ao moer lentes. Ele está enterrado no cemitério cristão de Nieuwe Kerk em Haia.

Em junho de 1678 - pouco mais de um ano após a morte de Spinoza - os Estados da Holanda baniram todas as suas obras, uma vez que "contêm muitas proposições profanas, blasfemas e ateístas". A proibição incluía possuir, ler, distribuir, copiar e reapresentar os livros de Spinoza, e até mesmo a reformulação de suas ideias fundamentais. Pouco depois (1679/1690) seus livros foram incluídos no Índice de Livros Proibidos da Igreja Católica.

Hoje Spinoza é uma figura histórica muito importante na Holanda, onde seu retrato foi destaque na nota holandesa de 1000 florins, curso legal até a introdução do euro em 2002. O maior e mais prestigiado prêmio científico da Holanda é chamado de Spinozaprijs (Prêmio Spinoza). Spinoza foi incluído em um cânone de 50 temas que tenta resumir a história da Holanda. Em 2014, uma cópia do Tractatus Theologico-Politicus de Spinoza foi apresentada ao Presidente do Parlamento holandês e divide uma prateleira com a Bíblia e o Alcorão.