Shopping Curitiba
ABRIGO CENTENÁRIO DE DIVERSAS UNIDADES MILITARES
Valério Hoerner Júnior
O edifício do Shopping Curitiba, situado na praça Osvaldo Cruz, é tombado pelo patrimônio histórico e, para sua reforma,
como é natural, foi exigido que se mantivesse íntegra parcela física substancial da construção básica.
Foi projetado para servir de quartel e por cem anos isto se deu.
No ano da sua inauguração, 1886, quando inicialmente abrigou o 2° Corpo de Cavalaria de Linha (de 1886 a 1889), a atual praça Osvaldo Cruz, então mais um simples espaço descampado com algumas casas de moradia em torno, havia recém-tomado a denominação de Taunay, em homenagem a Alfredo d'Escrag-nole Taunay - Visconde de Taunay que fora presidente da Província do Paraná naquele ano.
Embora com a fachada e pátio central tombados, não foi observada a conservação da cor azul, original, que já na década de trinta fora substituída pela cor cinza.
Sua construção foi iniciada em 1879 pelo capitão de engenheiros Francisco Clementino de San Tiago Dantas, avô do advogado, professor e político brasileiro de mesmo nome, que foi ministro das Relações Exteriores e da Fazenda no tumultuado período de governo do presidente João Goulart.
Permaneceu à frente das obras até outubro de 1880, para dar então lugar ao engenheiro militar, capitão Francisco Antônio Monteiro Tourinho, que as concluiu.
No episódio da tomada de Curitiba pelos maragatos, ocorrido de 20 de janeiro a fins de abril de 1894, durante a revolução federalista, o local serviu de quar-tel-general a Gumercindo Saraiva, comandante das forças revolucionárias.
Este episódio originaria, em seguida, ao ser retomada a cidade, o desforço das tropas gover-nistas de Floriano Peixoto, culminando, no Paraná, em 20 de maio de 1894, com os fuzilamentos na Serra do Mar, quilômetro 65, onde perderam a vida Ildefonso Pereira Correia - Barão do Serro Azul -, Lourenço Rodrigo de Mattos Guedes, Prescilliano da Silva Correia, Balbino Carneiro de Mendonça, José Lourenço Schleder e José Joaquim Ferreira de Moura.
Em 1894, o quartel, já abrigando o 13" Regimento de Cavalaria (de 1890 a 1910), formou-se, em seu pátio central, junto ao portão de entrada, no dia 17 de abril, por ordem do próprio general Gumercindo Saraiva, o pelotão de fuzilamento que executou Inácio José Diniz, assassino de Maria Bueno, crime que um ano e pouco antes abalara Curitiba pelos requintes de selvagismo que apresentara.
Ocorreu que Diniz aguardava, na Cadeia Pública, um segundo julgamento popular, uma vez que tenha sido absolvido, no primeiro, por falta de provas.
Soltou-se na confusão da fuga das autoridades políticas e militares (Vicente Machado, vice-governador do Estado em exercício, e Pêgo Júnior, comandante do Distrito Militar), ante a iminência de invasão por parte dos revolucionários maragatos.
Diniz, anspeçada do 13" Regimento, retornara às fileiras de onde saíra, misturando-se com os gaúchos do quartel.
Autor de um segundo homicídio, foi enredado por circunstâncias curiosas e levado a confessar este crime diante do comandante federalista.
Foi fuzilado na hora.
Além das referidas unidades militares, abrigou também, de 1911 a 1919, o 2° Regimento de Artilharia Montada,- de 1920 a 1938, o 9° Regimento e de 1939 a 1949, o 3°; de 1950 a 1971, nele instalou-se o CPOR e, de 1972 a 1993, o 5° Batalhão Logístico.
Valério Hoerner Júnior é escritor
Fonte: Historias de Curitiba Paraná.
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