quinta-feira, 19 de abril de 2018

Lambrequins Curitibanos

Pingentes Decorativos

     Sempre gostei de apreciar detalhes da arquitetura de fachadas, principalmente das mais antigas, aquelas que nos remetem a um tempo em que a pressa em realizar qualquer tarefa não tinha a menor importância, para que o resultado final pudesse ser apreciado em todo o seu valor artístico. Além disso, há aqueles pequenos pormenores construtivos e decorativos que ficam gravados definitivamente em sua memória desde a infância. Esse é o caso dos lambrequins curitibanos ainda encontrados em vários pontos da capital paranaense, onde os primeiros lambrequins datam do fim do século XIX e estão concentrados em áreas inicialmente habitadas por imigrantes europeus.  Palavra francesa com origem holandesa (lamperkijm) traduz o conceito de ornato em madeira, metal ou pano, que pode ser usado em beirais, interiores e brasões, novo tema que escolhemos para postar em nosso blog.


Lambrequim, a memória da terra natal

     Original detalhe que os mais atentos ainda podem perceber em muitas das antigas moradias de Curitiba, principalmente nas de madeira, os lambrequim são como delicados pingentes nos beirais dos telhados, como detalhe arquitetônico dos mais sutis. Para alguns apenas umas firulas decorativas sem muita importância, mas para aquele que os colocou ali, um verdadeiro símbolo.
     Sua utilização foi trazida por imigrantes europeus, em particular por aqueles de origem polonesa, holandesa e italiana, algumas das etnias que contribuíram para a formação de uma cultura paranaense, tão diversificada quanto rica em representações de uma arte de extremo bom gosto. 



     Como que a lembrar saudosamente dos lugares de origem, esses imigrantes passaram a enfeitar os beirais de suas casas, de um modo geral construídas em madeira, com esses detalhes que provavelmente lhes lembrariam os tempos frios de inverno nos lugares de origem, pois tal qual aqueles delicados estalactites de gelo que pendiam daqueles beirais, esse ornamento parecia amenizar a saudade e a longa distância da pátria mãe.


     Ainda são muitos os que podemos apreciar dando um giro atento por algumas ruas dos bairros mais antigos desta cidade. Cada um deles possui um desenho particular, simplórios ou ricos em detalhes, mas em geral compostos de firulas, curvas e círculos que se entrelaçam uniformemente. Dispostos lado a lado, formam uma espécie de rendado e enriquecem com seus desenhos, desde as fachadas de modestas moradias, até as rebuscadas formas arquitetônicas de antigos e nobres sobrados.



     A partir de agora compartilho com você alguns dos mais bonitos desses enfeites, desde o mais simples e tradicional ao mais rebuscados que ainda são vistos em diversos pontos da cidade.






     Os lambrequins do mesmo modo evocam em mim, lembrança de tempos infantis não somente da casa em que morei em Curitiba, mas quando os encontrei na terra de meus avós em Serrinha, interior da Bahia, no beiral do avarandado do sobrado e até na casa da Bela Vista, aquela que foi berço da família Nogueira. Porém para minha agradável surpresa, recentemente em Salvador fotografando algumas fachadas na Cidade Baixa, estão os que mais se assemelham aos lambrequins tradicionais contemporâneos, como o caso dos casarões (creio que fazem parte da conjunto arquitetônico da Catedral Basílica) aparentemente sendo restaurados.



Lambrequins nas varandas da Bela Vista - Serrinha - Bahia

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