IGREJA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO – RECIFE, PERNAMBUCO
Cronologia
Século XVII | 1642 – Primeira edificação, feita por calvinistas franceses 1654 – Após a vitória militar contra os holandeses, a igreja é doada aos jesuítas. 1655 – Fundação do colégio jesuítico de Recife 1686 – Reedificação da igreja, pelos jesuítas, ganhando o aspecto atual. |
Século XVIII | 1759 – Expulsão dos jesuítas, fechamento do colégio. A igreja é fechada e abandonada. 1787 – O Bispo de Olinda reabre a igreja ao público. |
Século XIX | 1817 – A igreja é saqueada durante a Revolução Pernambucana, e confiscada pelo poder público, passando a ser usada como tribunal e teatro. 1855 – A Irmandade do Espírito Santo assume a igreja. Novas reformas e instalação da decoração atual. |
Essa igreja possui um histórico bastante singular e um tanto movimentado. Na verdade, a primeira edificação que surgiu nesse local foi um templo calvinista, construído por protestantes de origem francesa na época em que Pernambuco ficou sob domínio holandês (edificada mais precisamente no ano de 1642).
Após a reconquista do território pelos luso brasileiros, e com a consequente rendição dos holandeses (ano de 1654), o general Francisco Barreto de Menezes, vitorioso das Batalhas dos Guararapes, doou aos jesuítas duas casas de construção flamenga, bem como essa mencionada igreja de origem calvinista, para que eles estabelecessem ali um colégio. Uma ordem régia, assinada por Dom João IV de Portugal, concedeu, em 1655, a licença oficial para os jesuítas ‘fundarem um colégio na povoação do Recife, em uma igreja que pertenceu aos hereges franceses da seita de Calvino‘.
Na época, a Companhia de Jesus já possuía o Real Colégio de Olinda, e o estabelecimento de Recife iniciaria suas atividades de forma mais gradual.
Passaram-se vários anos até que, em 1686, os padres do colégio iniciaram uma grande reedificação do primitivo templo, que foi então consagrado a Nossa Senhora do Ó – uma invocação mariana de origem portuguesa que venera a Virgem Maria na expectativa do nascimento do Menino Jesus. Essa reedificação iniciou-se a partir da sacristia, estendendo-se então para todo o corpo da igreja, que recebeu uma estilização de acordo com os parâmetros arquitetônicos de então. Os padres adotaram um traçado pelo qual a igreja recebeu corredores e tribunas, bem como espaço para cinco altares (o altar-mor, dois no arco cruzeiro e dois na nave central). Consta que também nessa época foi acrescentada uma galilé (uma arcada na entrada principal).
O colégio funcionou até o ano de 1759, quando os jesuítas foram expulsos do Brasil devido à perseguição movida pelo Marquês de Pombal. Nessa ocasião, a instituição foi fechada e a igreja foi confiscada pela coroa, passando a ser propriedade estatal – suas dependências foram então utilizadas como hospedagem para oficiais militares, e nesse ínterim houve o desaparecimento de várias de suas alfaias e peças sacras.
No ano de 1787 o bispo de Olinda e Recife promoveu uma revalorização e restauração da igreja, que voltou a ser utilizada para os ofícios religiosos – muito embora já não tivesse mais o mesmo brilho da época jesuítica.
Trinta anos depois – já após a vinda da família real para o Rio de Janeiro – outro período conturbado causaria danos ao local: a Revolução Pernambucana de 1817, de inspiração liberal, que visava proclamar uma república independente na região. Nessa ocasião, essa igreja sofreu novos saques e profanações, tendo sido inclusive utilizada como estrebaria para cavalos das tropas do general Luis do Rego – que fora mandado da Bahia para lutar contra os revoltosos. O abandono e a dessacralização chegaram ao auge, e o nível de depredação chegou muito próximo ao que outras igrejas pernambucanas haviam sofrido quando da invasão holandesa.
Passada a fase de tumultos, as autoridades civis usaram a igreja como anexo do Tribunal, e a sacristia foi transformada em sala de audiências, enquanto o corpo principal do templo era utilizado como sala de teatros. Na mesma época, uma de suas torres foi danificada, tendo sido instalada em seu topo uma antena de um telégrafo marítimo – os responsáveis viram nisso um sinal de ‘progresso’.
Correram-se os anos, as mentalidades foram se modificando, e em 1855 a irmandade do Espírito Santo – que exercia suas atividades na igreja da Conceição dos Militares – solicitou às autoridades a posse do templo, o que foi prontamente concedido.
Então, por uma terceira vez a igreja foi restaurada, ocasião em que recebeu novos altares, já no estilo neoclássico. Foi consagrada ao Divino Espírito Santo, e a procissão de inauguração foi realizada com enorme afluência do povo. A população adquiriu um carinho especial pelo templo, que passou por um período áureo que se estenderia até o início do século XX, época em que suas missas eram concorridas e frequentadas pelas mais elegantes e aristocráticas famílias recifenses.
C0m a desastrosa ‘modernização’ do centro antigo de Recife, promovida por prefeitos progressistas a partir da década de 1950, o entorno da igreja entrou em uma fase de decadência, situação em que permanece mais ou menos até hoje. Mesmo assim, a igreja do Espírito Santo ainda é normalmente utilizada para missas e cerimônias religiosas cotidianas, e pode ser visitada normalmente.
Depois das várias restaurações ocorridas ao longo de mais de três séculos, as edificações do colégio jesuítico deixaram de existir, e a galilé da entrada também não deixou vestígios. Mas ainda pode-se ver boa parte daquilo que foi a construção original – principalmente a torre do lado da epístola, que é a mesma desde quando os jesuítas fundaram seu educandário no século XVII.
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REFERÊNCIAS:
– Bazin, German, L’Arquitecture Religieuse Baroque au Brésil, Tome II, Paris: Librairie Plon, 1958
– Barbosa, Antônio. Relíquias de Pernambuco: guia aos monumentos históricos de Olinda e Recife. São Paulo: Ed. Fundo Educativo Brasileiro, 1983
– Guerra, Flávio. Velhas igrejas e subúrbios históricos. Recife:Fundação Guararapes, 1970
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