A CAMPO LARGO DO SÉCULO XIX E A COLÔNIA ANTÔNIO REBOUÇAS COMO MORADA DOS ITALIANOS
Recentemente encontrei duas pesquisas muito interessantes, que contribuem significativamente para entendermos um pouco da histórica de Campo Largo e de nossa querida Ferraria, a primeira é a dissertação de Vergínia Barcik e a segunda é a tese de Fábio Augusto Scarpim. Compartilho com vocês alguns recortes que fiz de trechos destes trabalhos.
De acordo com a Lei Provincial n. 219 de 2 de abril de 1870, Campo Largo foi elevada à categoria de Vila, seu grande crescimento foi suficiente para que viesse a tornar-se cidade já no dia 6 de novembro de 1882.
Conforme o Jornal "DEZENOVE DE DEZEMBRO " de 1854, em relatório publicado, a população de Campo Largo era de 3690 pessoas, havendo:
“Uma igreja, uma capela em Tamanduá, que antigamente era freguesia, um cemitério cercado de madeira, dois engenhos de erva-mate, um de serrar madeira, uma fazenda de criar, e quatorze casas de negócio. Tem 5 carpinteiros, 3 sapateiros, 1 seleiro, 5 alfaiates, 3 ourives, 1 funileiro, 3 ferreiros, 26 negociantes, 150 jornaleiros, 377 lavradores, 14 estrangeiros.” (CAMPO LARGO, 1854, p.2)
Na década de 1870, de acordo com o relatório de Antônio Joaquim de Macedo Soares, a vila já contava com 6856 habitantes.
Neste período também tem uma relativa importância a imigração. Através do recenseamento feito pelo Capitão José Mathias Miller em 1872, os estrangeiros estavam assim distribuídos:
“Alemães - 122, Austríacos - 6, Holandeses - 5, Inglês - 1, Norte América - 1, Paraguaio - 1, Portugueses - 21, Russos - 10, Suíços - 3, Total - 171.” (SOARES, 1902, p.344)
Por volta de 1878 a imigração retoma mais vigor com a fundação da Colônia Antônio Rebouças, "no lugar Timbutuva, à margem da estrada de Mato Grosso e a 19 quilômetros da capital, com 156 italianos vicentinos e alguns polacos, em 34 lotes".
O desenvolvimento populacional advindo da entrada destes imigrantes e das mudanças no modo de subsistência trouxe alterações na estrutura demográfica, que por sua vez introduziram novas formas no viver cotidiano.
Imagem: Inauguração da capela de Nossa Senhora do Carmo na colônia Antônio Rebouças em Campo Largo em 1887, contou com a presença de várias pessoas, incluindo autoridades políticas e religiosas. Esta foi a primeira igreja em alvenaria construída na região de colonização italiana no Paraná. O propósito nesse pioneirismo era servir de sede paroquial das colônias italianas de Campo Largo.
Fonte da imagem: Bolletino L‟Emigrato italiano. Tomo 1938-1941. AGSR.
Referências:
BARCIK, Vergínia. **Campo Largo: Demografia Histórica 1832-1882. **273 f. Dissertação (Mestrado em História) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1992.
SCARPIM, Fábio Augusto. O mais belo florão da igreja: família e práticas de religiosidade em grupo de imigrantes italianos (Campo Largo-Paraná, 1937-1965). 342 f. Tese (Doutorado em História) – Setor de Ciências Humanas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2017.