A Queda de Paranaguá
Amanhecendo dia 13 de Janeiro de 1894 , uma névoa envolvia a cidade de Paranaguá essa névoa era vinda do mar, apontou na Barra o Vapor “Esperança”, recebendo fogo do Forte Colonial aliás esse Forte era muito mau armado, foi repelido retornando ao largo, no dia seguinte ainda sem o sol ter nascido,o Cruzador “República” *entrou pela barra do Sul ao mesmo tempo que os Navios “Esperança” e “Urano” entravam pela barra do norte.
Ao chegarem ao alcance de tiro de canhão da fortaleza, situada na Ilha do Mel , esta disparou contra eles as suas baterias, sendo logo o fogo correspondido por aqueles navios.
Enquanto isso o Navio “Pallas” desembarcou uma força expedicionária para a tomada do Forte, do combate a fortaleza deu apenas dezoito tiros, resultou e sua capitulação pelas forças que desembarcaram durante o canhoneiro.
A Guarnição do Forte conseguiu fugir com exceção do comandante Manoel Gonçalves da Silva que foi feito prisioneiro quando tentava evadir-se.
Caindo o Forte o Comandante Federalista do Batalhão “Fernando Machado” deixou ali 30 praças para guarnecer o Forte.
No dia 15 pela manha dali zarparam os navios para enfrentarem a cidade de Paranaguá, receberam vivo e renhido fogo de 08 canhões Krupp’s, colocados no litoral da cidade e no Porto.
Os navios então puseram se ao largo fora do alcance das baterias inimigas, aonde ancoraram a fim de esperar o Cruzador “Iris”, que levava o grosso das forças de desembarque.
A uma hora da Tarde deste dia passava o “Iris” a frente das baterias inimigas e nas mesmas circunstâncias que as demais. As balas Florianistas (Legalistas) somente atingiram a chaminé do Cruzador “Urano” e duas granadas arrebentaram em cima do “Iris” espalhando diversos estilhaços pelo toldo, sem que acontecesse nenhuma fatalidade, logo que este navio fundeou junto aos outros o Almirante Mello reuniu-se com os capitães a bordo do “Republica” a fim de traçar os planos da ocupação da cidade, formados em fila todos os Cruzadores e Navios partiram para o ataque e desembarque num lugar denominado “Porto D’agua”. O “Republica” que seguia a frente dessa linha colocou-se a frente a esse Porto e sustentou o fogo sobre esse local, ao mesmo tempo que os outros navios se aproximavam do local do desembarque o “Urano” teve avaria no leme e o “Iris” teve avarias na casa de maquinas, silenciada as baterias da cidade o desembarque aconteceu sem quase nenhuma resistência, pelo batalhão “Fernando Machado” da Marinha e mais dois corpos do exército Federalista comandados pelo “Coronel Pahim e Franklin” derrotada a guarnição do Porto, o Almirante ordenou aos navios que atracassem nas pontes para uma possível retirada caso fosse necessário, felizmente ao anoitecer a cidade estava em seu poder com exceção da Cadeia Pública o qual um contingente Legalista tinha se entrincheirado, a cadeia foi cercada mas não foi bombardeada porque lá haviam mais ou menos 50 Federalistas (Maragatos) sendo o Coronel Teophilo e o ten Souza e Mello que deviam como todos os Maragatos serem fuzilados no dia seguinte com Ordens do General Pego Junior, felizmente nesse dia 16 após negociações com garantia de vida houve a capitulação da tropa Legalista (Pica-Paus).
Aqui faremos um breve relato de como os acontecimentos chegaram a esse ponto, Paranaguá era uma cidade por uma séria de razões e, entre elas, o isolamento político que o Governador interino do Estado Vicente Machado se lhe impunha, pois ali imperava o sentido de autonomia política e liberdade de expressão não se sujeitando às determinações dos Políticos da Capital, tiveram um numero maior de cidadãos com tendências revolucionárias e entre eles muitos maçons. A cidade sofria uma grande influência Maçônica através da Loja Perseverança, que escreveu importantes páginas da História Paranaense e na qual houve uma divisão de posturas, sendo que a maioria de seus membros penderam para os Maragatos.
Após uma reunião com os Políticos Maragatos locais, e entre eles inúmeros maçons , ficou acertado que o Almirante Custódio de Mello, através do imigrante italiano anarquista, jornalista residente em Curitiba, Francisco Colombo Leone que futuramente pertencerá a Loja Luz Invisível, de Curitiba, o dia em que a Esquadra atracaria em seu porto.
Fazia parte de um plano geral, um levante liderado pelo maçom Coronel Theófilo Soares Gomes, da Loja Perseverança, contra a guarnição local legalista comandada pelo Coronel Eugênio de Mello, No dia 13 de Janeiro de 1894 que fora a data marcada para a esquadra chegar, mas isso não ocorreu. O coronel Eugênio de Mello venceu os revoltosos e os prendeu todos.
Entre eles os seguintes maçons : João Evangelista Espíndola, Luiz Victorino Picanço , Manoel Claricio de Oliveira, Alberico Figueira de Alcântara, Coronel Theófilo Soares Gomes, José Gonçalves Lobo, Mathias Bohn, Joaquim de Souza Rodrigues, Alcides Augusto Pereira, José Ferreira de Campos, Joaquim Candido de Oliveira, Generoso Broges de Macedo, José Gonçalves da Silva Bastos, todos membros da Loja Perseverança, além de outros cidadãos parnaguaras. Interessante o envolvimento do quadro de Irmãos daquela Loja no conflito.A ordem inicial do General Pego Junior, foi para fuzilar os cabeças do levante porém, segundo um telegrama do Ministro da Guerra, General Enéas Galvão, só poderiam ser fuzilados, após passarem por um tribunal Militar e serem julgados culpados, segundo as leis da Guerra. Esta regra militar só valeu no início da revolução.
Entre a oficialidade Legalista estavam vários membros da Loja Perseverança , de Paranagua , o Coronel Artur de Abreu, o Coronel João Guilherme Guimarães, major Randolfo Gomes da Veiga, Coronel Teodorico Júlio dos Santos o Capitão Thiago Perneta de Azevedo, além do tenente Júlio David Perneta, este pertencente a Loja Estrela de Antonina, onde foi Venerável e também pertenceu a Loja Modéstia de Morretes.
Com a Prisão dos Revoltosos houve festa dos legalistas. O comandante Coronel Eugenio de Melo desfilou pela cidade a frente de um contingente militar inclusive com uma banda de musica, dando vivas a Floriano, Vicente Machado e a Republica. Após o Bombardeio e desembarque na cidade a resistência somente ficou na Cadeia Municipal, apenas mais um registro, um canhão foi postado sobre a ponte que existia em frente à Igreja do Rocio, para dificultar o desembarque das tropas invasoras em Paranaguá.
O navio República lançou tiros de canhão sobre a ponte do Rocio e, assim, furou as paredes da Igreja.
O historiador Rocha Pombo, quando de sua visita ao Rocio em 1896, descreveu a triste situação em que ficou a Igreja: “toda destruída”. Dos restos de materiais da Igreja foi construída a torre da Igreja de São Benedito. .
A invasão pela Estrada de Ferro foi a opção mais sangrenta para as tropas federais, constituída de jovens parnanguaras, que mal sabiam usar uma espingarda pica-pau e tiveram de enfrentar os guerreiros da Armada, que já tinham experiência da Guerra do Paraguai. Segundo o livro do Custódio de Melo, foram mais ou menos 150 soldados mortos em frente ao portão da Estrada de Ferro.
As tropas entraram no centro da cidade através do Rio Itiberê. No dia 15 de janeiro de 1894, os escaleres com tropas foram desembarcados e amarrados, em linha, no rebocador Adolpho de Barros. Ele tinha duas metralhadoras Nordfeldt, com as quais varria as margens onde estavam as tropas federais. Em frente ao Palácio Visconde de Nácar, estavam postados canhões sobre rodas, também, Nordfeldt. Quando o rebocador atingiu o local onde fica a atual Capitania dos Portos, ele foi atingido por tiros de canhão e afundou.
Os soldados desembarcaram no trapiche em frente ao Museu de Arqueologia e subiram a ladeira do Mercado
“Aqui foi realizado o combate final no dia 15/1/1894. A luta durou a noite inteira e no dia 16/1/1894, houve a rendição da tropa legalista encurralada na cadeia velha. O artilheiro do canhão posicionado defronte à cadeia velha, foi decapitado à
m a c h a d i n h a.”
arte:Darcy
O capitão legalista Julio Garcia, com 76 soldados,cercado por uma grande quantidade de Maragatos, tinha decidido resistir até o ultimo homem. O Maçom Theofilo Soares Gomes, um dos presos, e líder dos revoltosos, dá sua palavra de honra que acaso se entregassem aos Maragatos seriam considerados seus hóspedes e seriam respeitados suas vidas, Estes decidiram se entregar e nada lhes aconteceu.
Pego Junior, que estava a caminho de Paranaguá, quando soube do que houve retirou-se precipitadamente, levando consigo alguns oficiais e deixando o resto da tropa a sua própria sorte .
Na realidade Pego Junior poderia ter resistido e retardado assim o avanço dos revoltosos e então na retirada bloquear os caminhos da Serra, mas abandonou Os trabalhos de obstrução, deixando inclusive armamentos para trás e assim o caminho ficou livre para os revoltosos.
No dia 14 de Janeiro o Coronel Gomes Carneiro recebeu um telegrama da Lapa do General Pego Junior informando que Paranaguá havia capitulado, e que estaria se retirando de Morretes para Curitiba, visando a defesa da Serra do Mar.
O Capitão legalista Leon Sonis francês de nascimento foi encarregado pelo General Pego Junior a dinamitar o túnel da estrada de ferro, mas não cumpriu a ordem , pois o mesmo havia trabalhado na construção do túnel e naturalmente deve ter avaliado o quanto o estado dependia daquele trecho da estrada de ferro, por sinal um dos mais belos túneis do País.O Vice Governador Vicente Machado lançou mais um manifesto no dia 16 de Janeiro de 1894 , explicando ao povo que Paranaguá havia caído e pedindo o empenho de cada cidadão paranaense para lutar contra os revoltosos Maragatos, Retirou-se (Fugiu) em direção á Castro no dia 18 de Janeiro.
Após a queda de Paranaguá um trem partiu para Curitiba já que a estrada de ferro não havia sido obstruída, transportando o Almirante Custodio de Mello e figuras importantes da Marinha, além do Coronel Theofilo Soares Gomes , indicado por Custódio para ser o primeiro presidente do Paraná em regime Revolucionário.
Entretanto já estavam em Curiitba o General Piragibe e o major paranaense João Menezes Dória.
Dória havia ocupado militarmente Curitiba sem resistência, com 450 praças no dia 20 de Janeiro.
O governo do Estado foi passado então para o Menezes Dória, médico e jornalista, no dia 21 de Janeiro de 1894.
Nessa época do abandono da cidade pelo Vice Governador Vicente Machado e o General Pego Junior, o Vice Governador enviou uma mensagem ao Marechal Floriano por telegrafo e assim dizia:
“que o governo do Paraná havia sido assumido pelo Barão do Serro Azul, conhecido monarquista por ordem de Custódio de Mello”
Essa mensagem pode ter sido a sentença para o crime do KM 65 a motivação ainda é desconhecida, inveja, raiva ou qualquer outro sentimento mesquinho que lamentavelmente privou os paranaenses de ter ao seu lado o querido Barão do Serro Azul por tanto tempo injustiçado e tratado como traidor.
Relato de julgamento em 1896Hamilton F. Sampaio Junior.’.
Biografia:
Hercule Spoladore História da Maçonaria Paranaense no século XIX
Rocha Pombo Para a História
Wikipédia