COXINHA DE FAROFA: sinônimo de Lapa
Conhecida como uma iguaria tipicamente lapeana, a coxinha de farofa ainda divide opiniões quanto a preferência dos lapeanos em relação a sua maior rival, a coxinha de massa. Já entre turistas, o interesse pela novidade faz da coxinha “enroladinha” a mais procurada.
A história que deu origem a esse salgado típico da cidade remonta aos anos 40, quando durante uma festa em louvor a São Benedito, Maria da Glória Ribas Kuss (05/11/1901 – 19/03/1997), que coordenava os trabalhos de cozinha da festa, teve a ideia de juntar a farofa que recheava o frango assado e envolvê-la com massa de pastel.
Maria de Jesus Rosa do Rosário (Dona Mariquinha), conta que naquela época dezenas de pessoas reuniam-se na casa de Maria da Glória para o trabalho voluntário de preparar os alimentos vendidos na festa. Certa vez acabou a carne moída e sobrou massa de pastel. Para que não houvesse desperdício, como também restou uma grande quantidade de farofa para recheio dos frangos, a iniciativa foi juntar a massa e a farofa em formato de coxinha para fritar.
Conforme conta Dona Rosa Mazur Kugeratski, o Monsenhor Henrique Falarz, pároco da Lapa durante vários anos, incentivava a produção das coxinhas de farofa nas festas religiosas pensando nas famílias mais pobres. “Ele dizia que quem não pudesse comprar um frango assado compraria uma coxinha de farofa e estaria bem alimentado”, relembra. É importante salientar que a arrecadação obtida com a venda das coxinhas de farofa foram muito importantes para a construção do Santuário de São Benedito.
Formato
Benedita de Aguiar Berghauser aprendeu a fazer a coxinha de farofa com a dona Maria da Glória e, segundo conta, inspirada nos canudinhos de maionese, teve a ideia de cortar a massa de pastel em tiras para envolver a farofa, dando origem ao formato atual. “Antes o recheio era colocado num pedaço de massa e juntavam-se as pontas, formando uma trouxinha”, recorda.
No início, a coxinha de farofa era produzida apenas para as festas religiosas. Com o passar dos anos, várias pessoas foram aprendendo a receita, expandindo sua produção para o meio comercial. Atualmente, existem diferenças na consistência e no sabor da farofa, que varia conforme quem a produz. Mas, o legado deixado por Dona Maria da Glória para a cidade atravessou décadas como referência da culinária típica lapeana, conquistando o paladar de muitos.
Festa
Nos anos de 2015 e 2016, a Festa da Coxinha de Farofa foi promovida pela Prefeitura, trouxe atrações nacionais, valorizou a cultura local, popularizou de vez o salgado, divulgou o município e ainda incentivou a criação de novos recheios para a coxinha, como por exemplo a vegetariana, de carne seca, entre outras. No entanto, com a mudança de gestão na Prefeitura da Lapa o evento deixou de ser realizado.
As entrevistas para o vídeo editado para esta reportagem foram gravadas em 2015 para a divulgação da Festa da Coxinha de Farofa. Crédito paras as imagens: Douglas Coelho.