Em fins do século 19, Curitiba começou a se tornar agitada com a proliferação de serrarias e de exímios tanoeiros que montavam barricas para armazenar o mate vindo dos engenhos
ERVA MATE, BARRICAS E LITOGRAFIA
Em fins do século 19, Curitiba começou a se tornar agitada com a proliferação de serrarias e de exímios tanoeiros que montavam barricas para armazenar o mate vindo dos engenhos. A demanda só aumentava nas fundições, responsáveis pela fabricação de aduelas de metal para as barricas. Faltava a comunicação visual que informasse, de maneira atraente aos olhos do consumidor, o nome do engenho e a marca do produto. Surgiram, então, oficinas de litografia que imprimiam rótulos elaborados e chamativos. Grande parte dos artistas eram imigrantes alemães. A oferta de emprego cresceu, com opções para trabalhar como carroceiro ou, ainda, nos barcos a vapor que cruzavam o Rio Iguaçu. O comércio sentiu o impacto da agitação econômica.
O engenheiro André Rebouças não se preocupou apenas em criar a estrada de ferro Curitiba-Paranaguá. Atento ao que acontecia ao redor, ele culpou os surrões (bolsas) de couro – usados para transportar e expor a erva-mate – como um dos motivos do fracasso da aceitação do produto nas exposições europeias. “Não se vai a um baile com a mesma roupa que se vai ao campo”, comparou o engenheiro, como consta no livro “História econômica do mate”, de Temístocles Linhares. Foi aí que Rebouças teve a ideia de colocar a erva em caixetas de pinho, mais apresentável para a exportação e com um rótulo artístico que a identificava.
Foi um imigrante que confeccionou a primeira barrica do Paraná que serviria de molde para tantas outras. Como o produto era comercializado a granel, elas ajudaram a melhorar a exposição para a venda nos armazéns: ficavam em pé, com a marca à mostra.
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Como as barricas tinham tamanhos diferentes, foi preciso inventar algo que conseguisse ajustar facilmente os rótulos. Foram feitas bordas ornamentais coloridas que contornavam o desenho, como se fossem um rendado. Um rótulo poderia ter diversos círculos que formavam a borda, assim, eles poderiam ser cortados para que o rótulo se ajustasse ao tamanho da tampa da barrica. Um mesmo engenho poderia ter diversos rótulos, alguns até em espanhol, pois exportava para localidades que faziam exigências sobre a especificação dos produtos.
Sem a assinatura dos artistas, ficou quase impossível identificar a autoria. Sabe-se, contudo, que o artista plástico Alfredo Andersen, por exemplo, além de pintar quadros representando a cultura do mate, também criou alguns layouts para marcas. “Como grande parte dos litógrafos eram alemães, eles desenhavam para o rótulo uma indígena ou uma bela mulher, figuras baseadas no que era o ideário do imigrante. A indígena pintada, por exemplo, é uma visão idealizada.".
(Extraído da Gazeta do Povo)
Paulo Grani.
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