DOMINGOS VIRGÍLIO DO NASCIMENTO
Domingos Virgílio do Nascimento, Nascido em Guaraqueçaba, em 31 de maio de 1862, foi um dos fundadores do Centro de Letras do Paraná e membro também da antiga Academia de Letras. Nas sessões do Centro de Letras, sempre comunicativo, risonho e franco, não lembrava o severo militar da Arma de Artilharia. Filho de pais pobres, pescadores, fez as primeiras letras em Paranaguá. Em Curitiba, matriculou-se no Instituto Paranaense, onde completou com destaque o curso de Humanidades. Daqui partiu para a Escola Militar da Praia Vermelha. Do Rio foi para o Rio Grande do Sul, onde se colocou a serviço da propaganda abolicionista e republicana, ao lado de Júlio de Castilhos, Borges de Medeiros e outros. Proclamada a República, regressou vitorioso à terra natal, com o curso das Três Armas, como tenente. Militar, poeta, prosador, jornalista, político, inventor e industrial, suas crônicas se encontram nas páginas amarelecidas de todos os jornais e revistas curitibanos. A sua obra publicada não é pequena e vale aqui ser citada: Revoadas (versos, 1883); Trenós e Arruídos (versos, 1887); O Sul (prosa, 1895); Em Caserna (contos militares, 1901); Pelo Dever (discurso, 1902); Flora Têxtil (prosa, 1908); A Hulha Branca no Paraná (estudo, 1914); Dr. Vicente Machado (estudo político-social, em colaboração, sem data). A turrice de um superior hierárquico, General Comandante do Distrito Militar, que o puniu por indisciplina, e uma prisão injusta, obrigou-o a ensarilhar as armas. Dias depois, em humorísticos alexandrinos, convidou José Raposo, da revista A Semana, a visitá-lo na jaula: Um animal feroz, um redator deposto! Tal incidente redundaria em conseqüências perduráveis para a sua carreira militar. Grande coração, dono de uma bondade extrema, com carinho atendia os pedintes, os pobres que o procuravam em sua residência. Trabalhava muito em seu gabinete de estudo, folheando livros de sua biblioteca pequena e selecionada. Apreciador da música, era comum vê-lo rodeado dos filhos, a tocarem violino, violoncelo e piano. Até no último instante da vida teve a energia de exclamar: Eu sei que morro, mas protesto contra esta morte. Faleceu em Curitiba em 30 de agosto de 1915.