Era véspera da festa da padroeira da comunidade católica de Antonina, conhecida como Nossa Senhora do Pilar. Era um domingo preguiçoso, a data era 14 de agosto de 1988.
A PROCISSÃO DE 14 DE AGOSTO
Era véspera da festa da padroeira da comunidade católica de Antonina, conhecida como Nossa Senhora do Pilar. Era um domingo preguiçoso, a data era 14 de agosto de 1988.
Final da tarde, no céu se via o crepúsculo, e nas ruas, uma multidão de pessoas com velas negras nas mãos, trajando vestidos brancos. Ali estava o contraste entre dois mundos: o físico e o espiritual.
Da janela de sua casa, na Dr. Carlos Gomes da Costa, a devota de Nossa Senhora do Pilar, a dona Doralícia, com seus 62 anos, observava a procissão e pensava: "Mas a procissão será amanhã!"
Doralícia imaginou então que o Padre Antônio Cândido havia mudado o dia da procissão por algum motivo que ela ainda não sabia.
Mas eu posso afirmar que aquelas "pessoas" eram diferentes.
Ainda na janela, mas agora um pouco assustada devido aos fortes gemidos daquela multidão, Doralícia ouvia os sinos badalarem:
— Blem, blem! blim, blem! bléimmmm! blom, blom!
A mistura dos sons de gemidos e de badalos do sino, acresciam ainda mais suspense àquele ambiente anormal.
A multidão se aproximava daquela senhora indefesa, de cabelos embranquecidos e voz arroucada. Mas ela resolveu continuar observando, até que uma pessoa do meio da multidão, saiu correndo, subiu a escadaria e entregou uma vela a Doralícia.
Com voz fina e trêmula, aquela pessoa misteriosa disse:
— Tome essa vela! Guarde-a! Logo eu volto pra buscar.
Doralícia fez o que foi pedido e ao acordar no outro dia, viu no lugar da vela dois ossos: um de adulto e outro menor que pertencia certamente a uma criança. Assustada, a senhora foi até a janela de sua casa e ouviu várias pessoas comentando sobre as catacumbas do cemitério que tiveram as paredes quebradas e os ossos levados.
Padre Antônio passava pela rua anunciando a procissão naquela segunda de feriado. Doralícia então não acreditou no que lhe acorrera e desmaiou.