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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Paraná em Páginas: Poesia, Política, Indústria e História nos Anos 1950

 

Paraná em Páginas: Poesia, Política, Indústria e História nos Anos 1950


Paraná em Páginas: Poesia, Política, Indústria e História nos Anos 1950

(Página 1) Poesias — O Coração do Paraná em Versos

Aqui começa tudo com uma delicadeza rara. O título, em caligrafia elegante, diz apenas: “Poesias”. Não há subtítulo, não há explicação — só o convite silencioso para entrar num mundo de emoções.

A página é dividida em quatro poemas, cada um assinado por um autor diferente, todos com nomes que ecoam na cultura paranaense da época:

  • Cecília Meireles — “Canção”. Um poema curto, mas denso, que fala de amor, saudade e perda. As palavras são simples, mas carregam peso: “Nunca me livrei quando / Quis partir, teu nome...”. É como se ela estivesse sussurrando segredos ao leitor.
  • Eni Talia Tosca de Freitas — “Minha Rua”. Um retrato vívido de uma rua qualquer, mas que se torna universal. Ela descreve os sons, os cheiros, as pessoas — “O arroio serpenteia e a velha ponte / Oscila no seu arco, abraçada à ponte”. É poesia cotidiana, mas transformada em arte.
  • Sebastião de França — “Requiem”. Um poema mais sombrio, que fala de morte, luto e memória. As imagens são fortes: “Indefinivelmente... / como a batida do negro / rumo a cidade Mauá”. É como se ele estivesse cantando um adeus, não só para alguém, mas para uma era.
  • Graciete Salmon e Nelson Luz — “Segredo” e “Longínqua Sombra”. Dois poemas que se complementam. “Segredo” é íntimo, quase confessional: “Ninguém compreenderá: Ninguém vai ter / Sentido da alma inteira...”. Já “Longínqua Sombra” é mais distante, mais melancólico: “Deixe a noite vir. E a estrela pergunte / Pelo meu peito alheio, quem, quem precisa / De mim?”. Juntos, formam um diptych de solidão e desejo.

A página é ilustrada com dois pequenos símbolos: uma estrela e um quadrado com um padrão geométrico. São elementos decorativos, mas também funcionam como marcas de identidade — como se cada poema tivesse sua própria assinatura visual.


(Página 2) Perfis Ilustres de Nossa Terra — Agostinho Ermelino de Leão

Agora, a atmosfera muda. A página seguinte traz um perfil biográfico de Agostinho Ermelino de Leão, um dos nomes mais importantes da história do Paraná. O título, em letras grandes, anuncia: “Perfis Ilustres de Nossa Terra”.

O texto começa com uma foto em preto e branco do homem — um retrato sério, com bigode, vestindo terno e gravata. Ele parece um estadista, um intelectual, um homem de peso.

A biografia é detalhada: nasceu em Paranaguá em 1894, formou-se em ciências jurídicas e sociais pela Faculdade de Direito do Recife, exerceu magistratura em Olinda, foi presidente da Câmara Municipal de Curitiba, e finalmente, em 1963, tornou-se governador do Paraná. O texto destaca sua trajetória política, sua dedicação ao estado e seu papel na construção da identidade paranaense.

Mas o mais interessante é o tom. Não é um texto burocrático, cheio de datas e cargos. É um texto quase afetuoso, como se o autor estivesse contando a história de um amigo. Ele menciona que Agostinho era “um homem de grande cultura”, “de vasta erudição”, e que “seu governo foi marcado por obras de infraestrutura e educação”.

No final, há uma nota sobre sua produção literária: escreveu peças de teatro, como “Isabel, a orfe paranaense”, e foi membro da Academia Paranaense de Letras. É como se dissessem: “Não foi só um político. Foi um artista, um pensador, um homem de ideias.”

Abaixo do texto, há um anúncio da Companhia Telefônica Nacional, com um slogan que soa como um lembrete: “Lembre-se sempre que pedir interurbano”. É um contraste interessante — entre a grandiosidade da biografia e a simplicidade do anúncio. Mas também é um reflexo da época: a tecnologia avançava, mas ainda era algo novo, quase mágico.


(Página 3) Produtos Marumby — O Ferro que Forjou o Paraná

Agora, a página muda radicalmente. Deixamos a poesia e a política de lado e entramos no mundo da indústria. O título, em letras grandes, anuncia: “Produtos Marumby”.

No centro, um logotipo estilizado: uma engrenagem, um martelo e um ferro, formando um símbolo de força e trabalho. Abaixo, o nome da empresa: “Mueller Irmãos Ltda.”, com a localização: “Curitiba - Paraná”.

O texto é uma lista de produtos, organizada em três colunas:

  • Máquinas Agrícolas: debulhadoras, ceifeiras, trilhadoras, etc.
  • Máquinas para Ferrarias: forjas, máquinas para cortar raízes, etc.
  • Artigos Domésticos: fogões, chupas, panelas, etc.

Cada item é descrito com precisão, como se fosse um catálogo. Por exemplo: “Máquinas para cortar palha — Debubladoras de milho — Ceifeiras — Moendas de cana — Máquinas para cortar raízes — Forjas de campainha — Máquinas para furar — Buchas para carruagens — Porcas e breques”.

No final, há informações de contato: “Fones: ‘737’ e ‘797’ — Telegramas: ‘Industrial’ e ‘Marumby’ — Caixa Postal ‘F’”. É um texto funcional, direto, sem floreios — como se dissessem: “Estes são nossos produtos. Compre-os. Eles vão mudar sua vida.”

Mas há também um toque de orgulho. A empresa se apresenta como “Engenheiros Mecânicos e Metalúrgicos desde 1878”. É uma declaração de experiência, de tradição, de qualidade. É como se dissessem: “Nós não somos novatos. Nós construímos o Paraná.”


(Página 4) Os Gigantes da Montanha e os Anos da Planície — A História da Engenharia Civil no Paraná

Agora, a página seguinte traz um artigo intitulado: “Os gigantes da montanha e os anos da planície”, escrito por Gervásio Junqueiro. O título já diz tudo: é uma homenagem aos engenheiros, aos construtores, aos homens que moldaram o território paranaense.

O texto começa com uma metáfora poderosa: “Era uma vez uma família de gigantes...”. Ele descreve os engenheiros como heróis modernos, que enfrentaram a natureza selvagem, construíram estradas, pontes, represas — tudo isso com as mãos, com o suor, com a determinação.

Há menções a projetos específicos, como a construção da rodovia entre Curitiba e Ponta Grossa, ou a usina hidrelétrica de Foz do Iguaçu. Cada projeto é descrito com detalhes técnicos, mas também com emoção. Por exemplo: “Eles não tinham máquinas sofisticadas, mas tinham coragem. E isso foi suficiente.”

No final, há um anúncio da Técnica e Industrial de Mari Ltda., uma empresa de engenharia civil. O texto é breve, mas direto: “Serviços Topográficos, Concreto Armado, Pavimentação, Estradas, Construções em Geral, Administração, Fiscalização, Empreitada”. É como se dissessem: “Nós estamos aqui. E podemos fazer o que você precisa.”

O responsável técnico é Engenheiro Civil Mário de Mari-Guido Weber, com endereço em Curitiba: Rua 15 de Novembro, 788 – 1º Andar. É um texto funcional, mas também carrega um ar de orgulho — como se dissessem: “Nós somos parte da história do Paraná. E vamos continuar sendo.”


(Página 5) Uma Revolta Caluniada — A Verdade Sobre a “Balaiada”

A última página traz um artigo histórico intitulado: “Uma revolta caluniada”, com o subtítulo: “A verdade sobre a ‘Balaiada’”. O texto é uma reavaliação crítica do movimento popular conhecido como Balaiada, que ocorreu no Maranhão no século XIX.

O autor começa com uma pergunta provocante: “Falar do Brasil? A história escrita de nosso país tem sido feita por aqueles que venceram. E os vencidos? Onde estão suas vozes?”. É um convite à reflexão, à desconstrução dos mitos históricos.

O texto desmonta a narrativa oficial da Balaiada, que a apresentava como uma rebelião caótica, desorganizada, sem propósito. Ao contrário, o autor argumenta que foi um movimento social complexo, com demandas legítimas, liderado por homens e mulheres que buscavam justiça, liberdade e dignidade.

Há menções a figuras como Antônio Serpa, Raimundo Francisco, e José Pereira, líderes do movimento. Cada um é descrito com respeito, como heróis esquecidos pela história oficial.

O texto termina com uma frase poderosa: “A Balaiada não foi uma revolta. Foi uma revolução. E como toda revolução, foi caluniada, perseguida, apagada. Mas não foi esquecida.”

É um artigo denso, crítico, mas também emocionante. É como se o autor estivesse dizendo: “A história não pertence só aos vencedores. Pertence também aos que lutaram, aos que sofreram, aos que sonharam.”