O ANTIGO TEMPLO DA IGREJA LUTERANA
Fundada em 1866, a primeira Comunidade Luterana de Curitiba inicialmente foi sediada em uma casa alugada no Alto São Francisco.
A histórica aquarela de Hugo Calgan, de 1885, mostra o antigo templo da Igreja Luterana construído em madeira no estilo enxaimel.
Foto: Casa da Memória de Curitiba.
Foto: Casa da Memória de Curitiba.
Foto de 1890, a antiga igreja construída em estilo enxaimel.
Acervo Casa da Memória de Curitiba.
Acervo Casa da Memória de Curitiba.
A nova igreja edificada no local.
Acervo Comunidade Luterana de Curitiba
Acervo Comunidade Luterana de Curitiba
A igreja, nos dias atuais.
Foto: Acervo Comunidade Luterana de Curitiba.
Foto: Acervo Comunidade Luterana de Curitiba.
O ANTIGO TEMPLO DA IGREJA LUTERANA
Fundada em 1866, a primeira Comunidade Luterana de Curitiba inicialmente foi sediada em uma casa alugada no Alto São Francisco. Após muito esforço dos membros da comunidade, foi adquirido um terreno na então Rua América, atual Rua Trajano Reis, esquina da Rua Carlos Cavalcanti, onde foi construído o primeiro templo, inaugurado em 1872. A construção localizava-se onde, atualmente, estão o templo da Comunidade do Redentor e o Colégio Martinus.
O edifício de tijolos e madeira, em estilo nórdico, tipo enxaimel, foi dotado de uma torre, porém sem a instalação de um usual sino, atendendo parcialmente à Constituição de 1824, que proibia os locais de culto de externarem sua finalidade religiosa.
A imprensa não deixou passar despercebido o fato e, de forma intrigante, juntamente com outras observações e opiniões de naturezas diversas, todas iniciadas com um “Não sei por quê...”, um colunista lança a pergunta: “não sei porque a igreja protestante tem fórma exterior de templo, indo de encontro ás leis que nos regem”, escreveu o jornal Dezenove de Dezembro, em 20/02/1875. Nenhuma outra nota referente ao assunto foi encontrada nas publicações seguintes, levando a aventar a hipótese de que a edificação da torre, sem a instalação do sino, teria sido admitida pelas autoridades locais.
Ao longo dos anos, o estado de deterioração da madeira utilizada na construção da igreja passou a oferecer perigo para os que a freqüentavam. Primeiramente, demoliu-se a torre e, persistindo o problema, todo o edifício foi condenado e demolido em 1892.
Sobre seus alicerces, um novo templo foi edificado, agora em estilo gótico, todo em alvenaria, agora com torre e sino, inaugurado em 1894, quando as leis republicanas já permitiam a instalação de sinos em sua torre, explicitando sua condição simbólica de elo entre o céu e a terra. [...]
No lançamento de sua pedra fundamental, em 1893, a comunidade ali se reunira para festejar o acontecimento. "Todo o local estava decorado festivamente com bandeiras e verdes [folhagens], o pulpito estava decorado com panos pretos e brancos-vermelhos, e enfeitado com bandeiras alemãs e brasileiras. Entre o pulpito e a pedra fundamental estava sentado o presbitério e a comissão de construção, enquanto que no outro lado do pulpito os convidados de honra tomaram lugar: – o cônsul alemão Sr. G. de Drusina e três religiosos da Igreja Presbiteriana. As dez horas vieram as crianças da escola alemã, divididas por classes e acompanhadas por música e tomaram o seu lugar no local.", assim constou na ata da solenidade de lançamento da pedra fundamental.
Junto à pedra fundamental, foi colocada uma caixa com a documentação que atestava as obras até então realizadas pela comunidade. Em seu interior foram guardados os discursos proferidos naquele dia, os jornais que noticiavam fatos importantes para o grupo, dados sobre a comunidade e fotografias da igreja demolida. Antes de a caixa ser lacrada e a pedra receber três batidas de martelo, ritual que foi acompanhado de um hino específico para a ocasião, cantado pelos alunos da Deutsche Schule, um último documento foi lido e colocado juntamente com os outros. Ele dizia: “Construam a casa do Senhor e deixem a palavra habitar entre vós, para que entre todos os alemães no Brasil sempre permaneça o temor a Deus e uma mentalidade cristã”.
(Fonte: ppge.ufpr.br/teses)
Paulo Grani