OS PRINCÍPIOS DE CURITIBA
(Extraido de: diaadiaeducacao.pr.gov.br)
Diz Saint Hilaire em seu livro Voyage dans lês Provices de Saint Paul et Saint Catherine, que em 1820 a bela cidade de Curitiba tinha apenas 220 casas. Core-etuba, era assim que os índios tupi-guarani designavam a região que habitavam por encontrarem muito pinhão.
Em 1857, o engenheiro Pedro Taulais calculava em 3000 o número de habitantes da já então capital paranaense.
No principio, Curitiba teve um desenvolvimento muito moroso, até 1873, ano em que terminou a construção da Estrada da Graciosa. Em1853, registros citam que os carroções levaram cinco dias para transpor12 léguas da serra do mar. Nos maiores declives os condutores, para aliviarem o veículo, carregavam a carga nas costas.
Com a facilidade de comunicação, Curitiba atraiu uma corrente imigratória compondo, em princípio, oito colônias por recomendação do então Presidente Lamenha Lins. Essa influencia foi toda benéfica. Os colonos criaram pequenas lavouras nos arredores das cidades, abastecendo o mercado de milho, feijão, batata, frutas, ovos e aves.
Os alemães se estabeleceram dentro do quadro urbano, chamando a si a freguesia dos colonos, montando indústrias, cervejarias, confeitarias, ferrarias, carpintarias, salsicharias, confecção de carroças, padarias e açougues. Enquanto as filhas dos polacos vinham para a cidade para empregar-se como domésticas, os filhos dos alemães dedicavam-se à profissão de cocheiros e trabalhavam em estrebarias.
O aspecto físico da cidade foi se modificando. A velha construção colonial foi sendo superada pela construção no sistema alemão. As cervejarias e as salsicharias abundavam. Sobre o balcão eram encontrados o porco fresco ou em sal, as carnes defumadas, as lingüiças e os salsichões pendurados em varas de bambu.
Com a inauguração da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, em 1885, o progresso da cidade foi se tornando mais extensivo. Os colonos, polacos e alemães, vinham a pé, oferecendo manteiga, leite, ovos e hortaliças. Outros, em carrocinhas, conduzindo lenha, milho e outros gêneros. Os cincerros e guizos dos animais cantavam musicalmente na fina atmosfera da manhã. Casava-se com a vivacidade do ambiente e com aquele ar vital que se respira a plenos pulmões. Com o levantar do dia, ruas de maior movimento da cidade, como a Rua Fechada (atual José Bonifácio). Rua XV de Novembro (então Rua das Flores), Praça Tiradentes, Rua Riachuelo, arredores do Mercado e trechos da Rua Aquidaban (atual ...) atulhavam-se de carroças para o transporte de cargas, com a maioria dos veículos reproduzindo o tipo russo, conduzidos por seis e oito cavalos.
Os velhos imigrantes, com vários anos de residência na cidade, mal podiam expressar alguma coisa em português.
Em 1900, escrevia o Dr. Sebastião Paraná, "Curitiba contava com 3100 prédios, fora os dos arredores, e calculava ter 35.000 habitantes. Curitiba situou-se, de começo, na parte mais baixa de um grande chapadão pantanoso, onde era enorme a quantidade de sapos a coaxar, desde o início da noite. As ruas todas por calçar, o mugido das vacas em estábulos próximos, quando não andavam soltas, misturando-se com a cavalhada, deram a cidade uma feição de aldeia."
O inverno se pronunciava no mês de maio e era suportável. Na parte da manhã, a temperatura era bem européia, mas um nevoeiro tão forte que nas ruas quase não se via outros tipos a não ser os colonos, polacos, alemães e outros, vindos dos arredores. Parecia estar em pleno norte da Europa. As indústrias foram crescendo e a oferta de mão-de-obra era grande. As polacas foram desistindo dos serviços domésticos porque as fábricas lhes ofereciam mais vantagens, o mesmo acontecendo com os jovens, que fugiam das estrebarias.
Foi a partir de 1940, com uma população de 140 mil habitantes, que o progresso começou verdadeiramente a fervilhar, resultado do desenvolvimento da lavoura do café, no norte do Paraná."
Paulo Grani