RELEMBRANDO O TEATRO SÃO THEODORO
Sua primeira fachada, após a inauguração, década de 1910.
Foto: cmc.pr.gov.br
Com sua fachada já reformada, na década de 1930, agora funcionava o Teatro Guairá.
Foto: gazetadopovo.com.br
Momento de sua demolição, em 1939.
Foto: gazetadopovo.com.br
RELEMBRANDO O TEATRO SÃO THEODORO
Após o início das atividades do teatro, em uma das primeiras apresentações um colunista da época descreve as características dos eventos lá apresentados, bem como a vida cultural da elite curitibana:
"Chegavam as damas, com seus longos vestidos e joias cintilantes. Cavalheiros severos e empertigados dentro de solenes casacas. Luzes e flores. Fitas e veludos. Frisas, camarotes e plateia tomados por uma assistência seleta e numerosa. Estavam ali representadas as principais famílias da “Cidade Sorriso” de então e, na frisa oficial, o doutor Taunay, ilustre presidente da província, acompanhado da excelentíssima esposa, dona Maria Cristina. O espetáculo estava sendo esperado, com ansiedade, pois como ponto de atração assinalava a presença de uma senhorita da mais alta sociedade paranaense que acedera, em dele participar, como executante. Graciosa e encantadora, moça, quase menina, teve a coroar- lhe à entrada, no palco, uma verdadeira tempestade de aplausos. Um lindo vestido branco, cuja vaporosidade e frescura eram severizadas por um bolero de veludo negro. Uma figurinha frágil e delicada [...]. Os longos cabelos, finos e sedosos, caindo-lhe sobre os ombros até o chão estavam presos por um laço de fita, que semelhava-se a uma borboleta, pousada, de leve, numa flor [...] e uma flor, entre flores, suas irmãs, era Amália Ribeiro, a formosa jovem que naquela noite memorável, tocaria, em benefício de um escravo, em favor de cuja libertação reverteria o resultado do espetáculo".
Nos dez primeiros anos de funcionamento do Teatro São Theodoro, Curitiba veria uma prática eclética que transitava entre apresentações de árias e aberturas operísticas, operetas, revistas e, com a mesma intensidade, a realização de bailes que mantinham função de destaque na sociedade elitizada. [...]
Após a eclosão da Revolução Federalista, o Teatro São Theodoro seria desviado de suas funções culturais para servir de prisão destinada a encarcerados políticos. “Sua plateia, outrora cheia de alacridades e burburinhos da família curitibana, transformou-se num mundo fantasmagórico, cheia de andarilhos, verdadeiros espectros humanos de reclusos denunciados”. A partir deste período, até o fim do século, o teatro permaneceria fechado para eventos de qualquer espécie."
Essa situação permanece até 1900, quando é reinaugurado com o nome de Theatro Guayrá. Em 1939 é demolido.
(Adaptado de: programa.ufpr.br / Fotos: cmc.pr.gov.br , gazetadopovo.com.br)
Paulo Grani