SEGURANÇA NOS VELHOS TEMPOS
Você já parou para pensar em algum momento, em deparar com um estranho em seu lar ou melhor fazer sala para o mesmo? Pois foi o que se deu nos idos tempos em nossa casa da Barão, com minha saudosa mãe.
Lá pela década de 40 a 50 tendo eu meus sete ou oito anos ainda me recordo do acontecido. Pela manhã de um dia útil mamãe ao se dirigir ao seu quarto situado na parte frontal da casa, notou ao passar, um vulto na sala de jantar. No mesmo instante se deparou com um senhor moreno, alto muito bem trajado com terno e gravata de boa qualidade que veio ao seu encontro, perguntando se ali era a residência do Capitão Albuquerque; ao que minha mãe respondeu que não, pois o referido morava na Rua Treze de Maio.
Pois bem, a partir dai, o senhor pediu imensas desculpas e educadamente pediu um instante para sentar, a fim de anotar o endereço do mencionado Capitão. Muito bom de papo, entabulou conversa com minha mãe, e ao despedir pedindo novamente desculpas osculou respeitosamente sua mão. Lembro-me bem deste acontecimento muito observadora como sempre, guardo até hoje, a imagem desta figura. Seu terno era xadrez.
Até ai tudo bem, só que tratava-se de um larápio (ladrão) que mais tarde andou pela vizinhança aprontando, e esteve até em casa de meus avós paternos na Inácio Lustosa, sempre com a mesma conversa. Onde era oportuno, se apoderava de quantias ou outros valores. Ressaltemos que até os ladrões de antigamente eram corteses e educados.
Quero agora, a partir desta narrativa, dar umas pinceladas como era a segurança no passado.
Em nossa casa e nas demais vizinhas, as portas não eram chaveadas e dormia-se com as janelas abertas pois não se ouvia falar de roubos ou coisas similares. De vez em quando ouvi-se falar em ladrões de galinheiros (quem os tinha) na época.
Na calada da noite, ouvia-se o apito do guarda noturno que era a autoridade maior do bairro. Aquele som todas as noites era um embalo para um sono tranquilo das famílias.
Ah! Velhos tempos que nós ainda pequenos, corríamos por toda redondeza sem preocupação em ser molestados, desfrutando de nossa infância muito feliz. O único medo que se fazia presente era em deparar com bêbados cambaleantes, com seus discursos nas esquinas.
Quando já na minha juventude, recordo das idas a cinemas e teatros acompanhada com minha mãe e vizinhas amigas e ao voltarmos a segurança era presente em todos momentos!
Vejam bem que para chegar até ao Teatro Guaíra seguíamos pela Rua do Riachuelo, na ocasião uma via normal como outra qualquer do centro e ao regressar, muitas vezes já era madrugada. Ouvia-se falar de batedores de carteira e outros furtos acontecidos em centros como Rio de Janeiro ou São Paulo, porém aqui nunca se deu.
Da década de sessenta em diante começaram a acontecer tais episódios em nossa cidade, até então tudo era uma tranquilidade só.
Temos a lamentar nos dias atuais, o padecimento de nossa infância e juventude com suas liberdades tolhidas, confinadas a pequenos espaços longe da natureza e acalentada pelos aparelhos digitais que em nada substituem o universo que a nós foi proporcionado no passado.
Não lamentemos e continuemos nossa caminhada diária, sempre indicando aos mais jovens que no final do caminho, há sempre uma luz chamada “ESPERANÇA”.
VIVER É RECORDAR!