Tutti buona gente - a importância dos italianos para a formação de Araucária
A partir do século XIX, com o andamento do processo de abolição da escravidão avançando no Brasil, muitos produtores paulistas de café iniciaram a substituição de mão de obra escrava africana pela assalariada europeia, especialmente a italiana. Fugindo das más condições de vida na Europa, famílias inteiras chegavam ao Brasil atraídas pela possibilidade de uma vida melhor, ainda que com baixos salários e precárias condições de vida.
Em seguida, ainda durante o império, iniciou-se uma política imigratória por parte do governo brasileiro, que buscava atrair europeus de variadas etnias para serem assentados em colônias ao longo da região sul, visando ocupar áreas devolutas e aquecer a produção agrícola familiar, a fim de abastecer o consumo das cidades que cresciam. A maioria das famílias italianas foram direcionadas para o Rio Grande do Sul, mas muitas chegaram à região de Curitiba.
Dessa forma, em Araucária inicialmente os italianos se estabeleceram na colônia Barão de Taunay, criada em 1886, mista com poloneses, mas não tardou para que se espalhassem por diversas áreas de Araucária. Inclusive, algumas famílias de origem italiana se juntaram e formaram até uma colônia não oficial, que ficou conhecida como a “colônia dos italianos”, na região da Bela Vista. De riso fácil e muito falantes, não tardou para que se integrassem a outros grupos nas áreas rurais e urbanas.
Os italianos trouxeram para Araucária muitos hábitos que integram a cultura do município, como o costume de fazer e consumir a polenta, o macarrão e o vinho - feito em casa mesmo com uvas plantadas em seus quintais. A produção costumava ser engarrafada e armazenada para que, ao longo do ano, pudesse regar os almoços de família, sempre muito animados.
Entre as famílias italianas que escolheram Araucária para viver e seguir construindo sua história podemos citar as famílias Pilatto, Perretto, Pizzatto, Brunatto, Cantelle, Bonetto, Tramontim, Valentini, Negrelle, Senegaglia, Tagliaferro, entre outras. Ao longo do tempo, dedicaram-se a diversas atividades, como agricultura, serraria, moinho, marcenaria, entre outras.
A família Perretto se dedicava à ferraria, e fabricou muitos utensílios agrícolas utilizados nas colônias de imigrantes de Araucária. Também foi um italiano, o Avelino Bonetto, o responsável por introduzir o processamento mecanizado do milho para o fabrico do bijú em Araucária, muito apreciado pelos seus habitantes. Empreendedores, o primeiro automóvel a percorrer as ruas de Araucária pertencia ao italiano João Sperandio, proprietário de uma serraria no Campo Redondo. Também foi a família Franceschi que estabeleceu em Araucária a primeira empresa de ônibus de transporte coletivo, a Empresa Araucária, que em 1934 inaugurou a linha Araucária-Curitiba.
E é assim que se reconhece nas feições, na fala, nos sobrenomes e no sorriso de muitos habitantes de Araucária o traço dos seus ascendentes que vieram da Itália e trouxeram para essas terras, junto com suas poucas bagagens, a alegria e esperança da luta diária que nunca pode se perder.
(Texto escrito por Luciane Czelusniak Obrzut Ono - historiadora)
(Legendas das fotografias:
1 - Casal Bernardo e Judith Valentini com filhos, final do século XIX, coleção Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2 - Casal Julio e Teresa Sperandio com filhos, 1910, coleção de Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3 - Casal Mansueto e Pierina Tagliaferro com filhos, 1933, coleção de Mansueto Tagliaferro
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
4 - Casal Antonio e Ana Pizatto com filho Bertolino, 1934, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
5 - Sebastião Pilatto e Francisa Pizzatto, 1968, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
6 - Grupo de moradores junto ao primeiro automóvel de Araucária, pertencente a João Sperandio, sd
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
7 - Luiz Franceschi e meninas em frente ao ônibus da Empresa Araucária, 1941
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
8 - Machado produzido pela ferraria dos Perretto, ainda em uso e de propriedade de João Obrzut
Foto de Tereza Czelusniak Obrzut.
9 - Produção artesanal de vinho da família Tagliaferro, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.)
Casal Bernardo e Judith Valentini com filhos, final do século XIX, coleção Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Casal Julio e Teresa Sperandio com filhos, 1910, coleção de Cezar Trauczynski
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres
Casal Mansueto e Pierina Tagliaferro com filhos, 1933, coleção de Mansueto Tagliaferro
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Casal Antonio e Ana Pizatto com filho Bertolino, 1934, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Sebastião Pilatto e Francisa Pizzatto, 1968, coleção Ana Pilatto
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Grupo de moradores junto ao primeiro automóvel de Araucária, pertencente a João Sperandio, sd
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Luiz Franceschi e meninas em frente ao ônibus da Empresa Araucária, 1941
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Machado produzido pela ferraria dos Perretto, ainda em uso e de propriedade de João Obrzut
Foto de Tereza Czelusniak Obrzut.
Foto de Tereza Czelusniak Obrzut.
Produção artesanal de vinho da família Tagliaferro, 2004
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.