UMA “VILLA” BURGUESA EM CURITIBA
5 – Plantas
A “Planta térrea” não tem indicação de uso dos espaços – no entanto, todos têm janelas e se intercomunicam.
Se foi construída conforme o projeto, a casa deve ter apresentado problemas quanto ao funcionamento.
Os acessos se dão pela varanda em “L” – sendo o social pela sala de jantar, que por sua vez não se relaciona diretamente com a social.
Na outra extremidade do “L”, fica a entrada de serviço – que vai dar na cozinha aos fundos, depois de passar pela porta dos quartos e do banheiro. A cozinha é complementada por um quarto e uma despensa. Nesta, há uma escada que a representação não indica se vai ao sótão ou ao porão. Na chamada planta térrea, não há indicação de chegada dessa escada; sendo prevista no entanto outra, na porta externa da cozinha, descendo para o quintal.
A construção só se enquadra como “villa burguesa” por sua empostação. Nem seu programa construtivo e nem suas dimensões correspondem a esse conceito.
Examine-se algumas áreas: sala…………. 18 m2
sala de jantar… 24 m2
quarto maior….. 20 m2
banheiro……… 4,75 m2
cozinha ……… 12 m2
A área útil do pavimento é de aproximados 170 m2 – considerando o térreo não utilizado, 340 m2. Não são dimensões que abrigassem um programa de sociabilidade ao gosto burguês, que compreendia outros usos.
Talvez o espaço de leitura mais complexa, seja a varanda. Depois de entrar pelo portão, localizado no chanfro do muro, na esquina, percorre-se uma distância de quase 18 metros de jardim, para chegar à entrada da escada. Esta conduz ao encontro de um dos segmentos do “L”, que é alargado para recebê-la. É necessária então uma curva de 360º no percurso, para chegar à sala de jantar – e duas de 90º para a sala de visitas, áreas íntima e de serviço.
O Sr.Paulo Grötzner nos informou que a casa sofreu várias reformas, sem dúvida tornadas necessárias pelos problemas de fluxo detectados acima.
7 – Elevações
Na ausência de perspectiva – pouco usada em projetos da época – a visualização que se oferece da obra pronta, é nas duas elevações. Sendo construção de esquina, os dois desenhos fazem a representação do pretendido com a obra.
Sinteticamente, podemos observar uma valorização do pavimento superior, dado pela seqüencia de colunas da varanda e respectivo guarda-corpo. O pavimento térreo, não contém elementos ornamentais e tem seu visual praticamente obstruído pelo muro.
O aspecto senhorial da Villa é dado pelas colunas da varanda, em intervalos desiguais, apoiadas no guarda-corpo. E também pelo volume e presença do telhado, com beiral ornamentado com mãos francesas e contornando toda a construção.
O conjunto é coroado pelo telhado, bastante volumoso e, como já dito, um volume bem elaborado, ornamentado com pináculos metálicos.
As bow-windows contribuem para apresentar um tratamento elegante da volumetria externa e dos espaços internos da sala de jantar e do quarto principal.
Recurso ornamental freqüente na época, são as duas pinturas com paisagens, que não pudemos perceber se são afrescos ou telas aplicadas às paredes.
6 – Corte
O pé direito desse pavimento é de 2,50 m e, apesar de baixo para os padrões da época, perfeitamente utilizável, inclusive como habitação.
O pavimento superior tem 3,50 m. Nas elevações, essa altura e alguns recursos ornamentais valorizam esse piso como principal.
Houve aqui a necessidade de compensação da pequena inclinação do terreno, que desce 1,20 m dos fundo para a rua, havendo na parede posterior, um espessamento para contenção.
A cumeeira do telhado é bastante alta – a linha principal fica a 4m de altura em relação à do forro da casa.
O projeto, escassamente permitiria a execução do telhado, embora seja evidente que um construtor experiente poderia suprir as indicações faltantes. Mas alguns volumes – por exemplo as bow-windows – não poderiam se construídos somente com base na representação no projeto.
Abaixo, uma fotografia da Villa quando pronta. Posteriormente, foram plantadas seqüencias de palmeiras “Jerivá” ao redor, que dificultaram a vista da arquitetura.