A GALEOTA DOM JOÃO VI, UMA EMBARCAÇÃO MARÍTIMA QUE SERVIU A FAMÍLIA REAL NO BRASIL E TESTEMUNHOU INÚMEROS FATOS HISTÓRICOS
A GALEOTA DOM JOÃO VI, UMA EMBARCAÇÃO MARÍTIMA QUE SERVIU A FAMÍLIA REAL NO BRASIL E TESTEMUNHOU INÚMEROS FATOS HISTÓRICOS
Considerada uma das mais importantes relíquias históricas que marcam o período da monarquia no Brasil, a Galeota Real ou Dom João VI, foi a primeira e única embarcação a ter esse nome em homenagem a Príncipe Regente e depois Rei de Portugal Dom João VI. Com a chegada do Príncipe Regente à Bahia, em 1808, o Conde da Ponte mandou construir essa embarcação no Arsenal da Capitania para o serviço particular do Príncipe.
Sem similar no continente americano, tem o casco construído com madeiras nobres e dourado a folha de ouro e externamente, é ornado com frisos, figuras marinhas e outros temas em estilo barroco entalhados em madeira dourada. Tinha um belo camarim e na proa a carranca de um dragão, símbolo da família Bragança.
Depois de transportada para o Rio de Janeiro em 1809, atendeu aos deslocamentos da Família Real pela baía de Guanabara, tendo recebido a Princesa D. Leopoldina em sua chegada da Áustria para casar-se com Dom Pedro I e posteriormente conduziu a Família Real à embarcação que a transportou de volta a Portugal, em 25 de abril de 1821.
Em 1829, transportou a segunda imperatriz do Brasil, D. Amélia Augusta de Leuchtenberg. Em 1843, foi a vez da galeota participar da chegada ao Brasil da imperatriz D. Teresa Cristina, esposa de D. Pedro II, além de ter transportado, em outubro de 1864, a Princesa Isabel, filha de D. Pedro II.
A galeota esteve ainda presente no episódio que marcou o fim do regime monárquico no Brasil, o grande (e último) baile imperial que se realizou na Ilha Fiscal.
Foi utilizada até aos primeiros governos da República Velha e entre outros personagens, transportou o então Presidente da República Argentina, Dr. Julio Roca, quando de sua visita ao Rio de Janeiro (1899) e o Presidente eleito da República Argentina, Dr. Roque Sãens Peña e sua comitiva em visita ao Brasil em 1910 e participou ainda com destaque das festividades de comemoração do centenário de independência do Brasil, ocorrido em 1922.
Realizou a sua última viagem em Setembro de 1920, no desembarque da família real da Bélgica, que chegou ao Rio de Janeiro a bordo do Encouraçado São Paulo.
Passou muitos anos conservada no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro até a criação do Centro Cultural da Marinha onde se encontra-se atualmente em exposição permanente e se constitui em uma das principais atrações da instituição.