Mostrando postagens com marcador a Primeira Cesariana de Curitiba e uma História que o Tempo Quase Apagou. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador a Primeira Cesariana de Curitiba e uma História que o Tempo Quase Apagou. Mostrar todas as postagens

domingo, 21 de setembro de 2025

Maria Legat: A Anã dos Milhões, a Primeira Cesariana de Curitiba e uma História que o Tempo Quase Apagou

 Maria Legat: A Anã dos Milhões, a Primeira Cesariana de Curitiba e uma História que o Tempo Quase Apagou



Maria Legat: A Anã dos Milhões, a Primeira Cesariana de Curitiba e uma História que o Tempo Quase Apagou
(Uma homenagem justa, emocionante e necessária a uma mulher extraordinária que enfrentou preconceito, manipulação e dor — e ainda assim deixou seu nome na história da medicina e da cidade.)


🪄 Curitiba, 1907.
Uma cidade em transformação. Bondes puxados por mulas, lamparinas acesas ao entardecer, jornais impressos em tipografia manual — e no meio disso tudo, uma mulher pequena em estatura, mas gigante em coragem: Maria Legat (1883–1914).

Criada na rua Pedro Ivo, trabalhando como empregada doméstica para uma costureira, Maria era portadora de nanismo — e, como tantas outras pessoas com deficiência na época, foi marginalizada, invisibilizada, tratada como “curiosidade” ou “coitadinha”. Pouca instrução, poucas oportunidades, pouca voz.

Mas o destino, às vezes, gosta de virar o jogo.


💎 A FORTUNA QUE NINGUÉM ESPERAVA

Maria era filha de João Baptista Legat, imigrante francês que viveu em Serro Azul (atual Ponta Grossa/PR), e de Rosina Cretton. Tiveram três filhos: Cláudio, André e Maria.

João era primo de duas irmãs francesas riquíssimas:
Marie Thérèze Françoise Bota de la Barmondière
Catharina Sabot de la Barmondière
Ambas faleceram em Lyon, na França, sem deixar herdeiros diretos.

Deixaram, no entanto, uma fortuna estimada em 38 mil contos de réis — uma quantia astronômica para 1907. Para se ter ideia: era o suficiente para comprar terras, casas, fazendas — ou até sustentar uma família por gerações.

As irmãs, muito religiosas, deixaram a busca por herdeiros nas mãos da Igreja de Lyon. Mas… a Igreja, na época, inventou que não havia herdeiros — e ficou com o dinheiro.

Só que a França, em reforma laica, separou Igreja e Estado — e a origem suspeita do dinheiro veio à tona. Descobriram: havia sim um herdeiro — no Brasil!

Localizaram João Baptista Legat — mas ele já havia falecido.
Restavam, então, suas herdeiras legais: Rosina (viúva) e Maria Legat.


⚖️ O GOLPE DO ADVOGADO

Foi aí que entrou em cena Albano Reis, filho do renomado Dr. Trajano Reis.
Aproveitando-se da ignorância e vulnerabilidade de Maria, convenceu-a a assinar uma procuração cedendo todos os direitos da herança a ele — por míseros 800 mil réis.

O caso vazou para a imprensa. Escândalo! Indignação!
A sociedade se dividiu: uns acreditavam na fortuna, outros achavam tudo invenção. Mas o fato é: Maria foi enganada.

Sob pressão, Albano Reis recuou. Fez um “acordo”:
70% para Maria
30% para ele, como “honorários”

Ninguém nunca soube, de fato, se o dinheiro chegou às mãos dela.
Se foi gasto? Se foi roubado de novo? Se foi escondido?
O destino da fortuna permanece um mistério.


👶 A PRIMEIRA CESARIANA DE CURITIBA — E O NASCIMENTO DE UMA LENDA

Em novembro de 1907, Maria Legat, grávida, deu entrada na Santa Casa de Misericórdia de Curitiba.
Devido ao seu nanismo e às complicações físicas, o parto normal era impossível.

No dia 31 de outubro, às 20h, foi realizada a primeira cesariana da cidade — um marco histórico da medicina paranaense!

A cirurgia foi conduzida pelos médicos:
Dr. Reynaldo Machado
Dr. João Evangelista Espíndola
Auxiliados pelo legista Dr. Lemos
E pela parteira D. Itala Riggoleto

Resultado:
Mãe viva
Filha viva — Josephina Legat
História feita

O Jornal da época, ao noticiar o parto, ainda a chamou de “a anã dos milhões” — título sensacionalista, quase cruel, que reduzia sua humanidade a uma fábula de fortuna.

Mas Maria não era “a anã dos milhões”.
Ela era Maria.
Mulher. Mãe. Sobrevivente.
Pioneira involuntária da medicina curitibana.
Vítima de um sistema que a explorou — e que, mesmo assim, ela enfrentou.


📸 Na foto histórica: Maria Legat, sua mãe Rosina Cretton e a pequena Josephina — recém-nascida, frágil, mas cheia de vida.

Três gerações.
Três mulheres.
Um legado.


💔 Maria Legat faleceu em 1914 — apenas 7 anos após o parto.
Tinha 31 anos.
Ninguém registrou a causa da morte.
Ninguém registrou se viu Josephina crescer.
Ninguém registrou se algum dia recebeu a fortuna que lhe pertencia.

Mas nós registramos.
Hoje, honramos sua memória.


🌟 Maria Legat não foi apenas “a anã dos milhões”.
Foi a primeira mulher a passar por uma cesariana em Curitiba — abrindo caminho para milhares de mães que viriam depois.
Foi filha de imigrantes, neta de uma herança roubada, vítima de manipulação, mas também mãe corajosa.
Foi ignorada em vida — e quase esquecida na morte.

Mas não por nós.


📌 #MariaLegat #AnãDosMilhões #PrimeiraCesarianaDeCuritiba #HistóriaDeCuritiba #MulheresDaHistória #HistóriaDoParaná #1907 #SantaCasaDeMisericórdia #JosephinaLegat #RosinaCretton #JoãoBaptistaLegat #HerançaFrancesa #Barmondiere #AlbanoReis #DrTrajanoReis #JustiçaSocial #Preconceito #Nanismo #HistóriaMedica #CesarianaHistorica #MulheresInvisíveis #MulheresQueFizeramHistória #CuritibaAntiga #ParanáHistórico #Genealogia #MemóriaAfetiva #HistóriaEsquecida #ResgateDaMemória #MariaLegatViva #JustiçaParaMaria #HerdeiraRoubada #PartoHistórico #ParteiraItalaRiggoleto #DrReynaldoMachado #DrJoãoEvangelistaEspindola #DrLemos #FortunaMisteriosa #LyonNaFrança #ImigraçãoFrancesaNoBrasil #SerroAzul #PontaGrossa #RuaPedroIvo #JornalDe1907 #HistóriaReal #HistóriaComDrama #HistóriaComCoragem #MulherResiliente #MulherDoPovo #VozParaAsSilenciadas 💜🤍💚


👉 Se você é descendente, historiador, curioso ou apenas alguém que acredita que histórias como essa merecem ser contadas — COMPARTILHE. Maria Legat não pode ser esquecida. Sua dor, sua luta, seu parto, sua filha, sua fortuna roubada — tudo isso é parte da nossa história.

🇧🇷 Porque por trás de cada “curiosidade de jornal antigo”, há uma mulher de carne, osso, sonhos e cicatrizes. E ela merece ser lembrada — com respeito, justiça e carinho.