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terça-feira, 24 de maio de 2022

BALAS ZEQUINHA, QUEM LEMBRA ? Em 2006, li na Gazeta do Povo que estavam convocando a população para tentar reunir o conjunto das figurinhas da "Bala Zequinha".

 BALAS ZEQUINHA, QUEM LEMBRA ?
Em 2006, li na Gazeta do Povo que estavam convocando a população para tentar reunir o conjunto das figurinhas da "Bala Zequinha".


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BALAS ZEQUINHA, QUEM LEMBRA ?
Em 2006, li na Gazeta do Povo que estavam convocando a população para tentar reunir o conjunto das figurinhas da "Bala Zequinha". Entusiasmado, entrei em contato com o responsável e descobri que era um dos projetos aprovados pela Fundação Cultural de Curitiba, pretendendo resgatar a história desse fenômeno que contagiou a criançada paranaense por mais de quarenta anos.
O autor do projeto era o Carlos Henrique Túlio, o qual informou-me estar reunindo as figurinhas que pudesse encontrar para tentar formar a coleção, porém, disse que estava difícil. Então, prontamente, disse-lhe: "Tenho a coleção completa, dos 200 personagens, zerada.". Foi um alívio ao grupo. Dias depois reuni-me com ele e demais integrantes do projeto e ajudei a resgatar um pedaço da história do Paraná.
Paulo Grani
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Adiante, texto transcrito da Folha de Londrina (04/07/2007):
" Careca, a boca enorme desenhada pela maquiagem, gola alta, gravata borboleta, sapatos tipo lancha com os bicos virados para cima. É o palhaço Zequinha, personagem criado em 1929 para servir de papel de bala, com o simples objetivo de aumentar as vendas da fábrica "A Brandina", que distribuía seu produto pelo Paraná. Pois Zequinha acabou virando mania. Assim que saiu, a criançada começou a fazer coleção das figurinhas e a inventar brincadeiras com elas. Não importava a bala, as crianças queriam a figurinha. E o apego pelo palhaço foi tanto, que coube a Zequinha continuar embrulhando balas por mais 40 anos, sempre como centro de diversões para a criançada.
Gerações de crianças que viveram entre as décadas de 1930 e 1960 lembram bem como era essa mania. ‘‘Era uma febre, todo mundo fazia coleção. Mas era difícil comprar, os pais não tinham dinheiro. Com 1 cruzeiro dava dez balas’’, recorda o contabilista Divanzir Chiminacio, de 52 anos, que lembra, ainda, das sessões de ‘‘bafo’’ no colégio das irmãs no bairro Umbará, em Curitiba, onde estudava na década de 60. ‘‘O que sobrava, as figurinhas duplas, a gente casava no bafo. Jogava até dez figuras por uma figurinha difícil’’, diz.
A empresária Maria Elisa Paciornik, de 61 anos, ex-secretária de Administração no governo de Jaime Lerner, conta que a mania não ficou restrita ao universo dos guris. As comportadas meninas do Colégio Sion, onde estudava, também aderiram à moda. ‘‘Eu não ia para a frente dos cinemas trocar figurinhas porque não se usava, na época, meninas fazerem isso, mas no recreio nós jogávamos bafo’’, conta. Bafo, para quem não sabe, é um jogo de criança. Em um mesmo monte, cada adversário coloca sua figurinha com a face do desenho voltada para baixo; aquele que bater nas figurinhas com a palma para baixo e conseguir virá-las, ganhava todas as figurinhas. Nesse jogo, era comum a habilidade manual receber uma pequena ajuda de uma cuspida na palma da mão, escondida do adversário, é claro.
Já ‘‘figurinha difícil’’, como explica o escritor e jornalista Valêncio Xavier, autor de ‘‘Desembrulhando as Balas Zequinha’’, primeiro livro de memórias editado pela Casa Romário Martins, era como se chamavam as figuras de menor tiragem. A criança que encontrasse uma dessas figurinhas podia trocá-la por cinco, 10, 20 ou até mais figurinhas fáceis. E, assim, aumentar seu monte para mais jogo de bafo.
‘‘'Tinha uma mesa grande na fábrica, onde os operários faziam vários montes com as balas. Daí meus avôs chegavam com as difíceis e as premiadas e distribuíam nos montes’’', diz Wilson Sobânia, contando uma das muitas histórias repassadas em sua família, fundadora da fábrica que fazia as balas Zequinha. Os prêmios, aliás, eram outro atrativo importante. Bolas de futebol, bonecas, lanternas elétricas, porta-níqueis e o prêmio máximo, a bicicleta, eram entregues a quem completasse os 200 números ou descobrisse as figuras carimbadas no verso.
Outro jogo comum era o ‘‘Tique’’, que consistia em ‘‘casar’’ as figuras perto de um muro. Cada menino jogava uma moeda na parede, e aquele cuja moeda repicasse mais perto das figurinhas do adversário, ganhava as figuras. ‘‘Era uma época em que a gente criava os brinquedos. Tinha várias épocas na infância: Da bola de búrico, de empinar pipa, jogar pião e das figurinhas’’, diz Divanzir, que hoje é dono de uma invejável coleção de Zequinha.
O interessante é que em 40 anos nunca se pensou em um álbum para colocar as figurinhas. Nem foi necessário. A criançada curitibana tratou de inventar sua própria versão. Era uma carteirinha, feita de dois pedaços de papelão ou cartolina, um pouco maiores do que as figuras, que tinham o formato de 5x7, presos entre si por três tiras de pano ou três elásticos. Além de servirem para guardar as figurinhas sem amassar, essas caretirinhas faziam um ‘‘truque’’ de passá-las de um lado para o outro."
Paulo Grani