O conjunto de pedreiras na fronteira entre os bairros Abranches e Pilarzinho teve uso comercias em meados do século XX, pelas mãos do patriarca e industrial João Gava (onde está a Ópera do Arame) e por Hipolitho Kowalski (Pedreira Paulo Leminski).
Da escavação da pedreira na fronteira dos bairros Abranches e Pilarzinho foi tirada a matéria-prima para o antipó das poucas centenas de ruas que Curitiba tinha até a década de 1950.
Em 1949, a prefeitura arrendou a Pedreira e municipalizou seu uso com os mesmos objetivos. Esta fase durou 32 anos. Em 1971 a Pedreira foi desativada por esgotamento e mudanças tecnológicas.
Na primeira gestão Jaime Lerner (1971) o prefeito vislumbrou um novo uso para aquele patrimônio público. Lerner imaginou um grande auditório a céu aberto naquela paisagem lunar .
Nessa primeira gestão, em 1974, foi realizado um concerto para o espaço como sala de concertos a céu aberto. Foi um concerto da Orquestra Sinfônica do Paraná com regência do célebre maestro Isaac Karabtchevsky.
fotos fatos e curiosidades antigamente O passado, o legado de um homem pode até ser momentaneamente esquecido, nunca apagado
quinta-feira, 21 de março de 2019
O Clube Concórdia
A Gesangverein Germânia (Sociedade de Canto Germânia) foi fundada em 4 de abril de 1869 e realizava as suas reuniões no sobrado tosco de um prédio que pertencia ao sr. Antonio Franco, à rua Inácio Lustosa. O andar térreo era ocupado pela oficina do ferreiro Augusto Schutz, a quem a novíssima sociedade pagava o aluguel de 3$000 mensais para uso da sala superior, iluminada apenas por um lampião de petróleo. Mobiliário modesto, composto de apenas alguns bancos e mesas. O principal móvel do Buffet era um barril com água cristalina, com uma caneca de folha de flandres pendente ao lado. Essa água constituía a bebida consumida nas reuniões e era trazida de uma fonte próxima, pelos fâmulos do ferreiro e também pelos rapazes pertencentes à sociedade.
Mas, quem pode conceber alemão sem cerveja ? Apesar de ainda não haver uma só cervejaria em Curitiba, a sociedade logo passou a servir aquela bebida em suas reuniões, e a cerveja vinha em garrafas ou pequenos barris, ou do Rio de Janeiro, via Paranaguá (subindo a serra em lombo de burro ou carregada por escravos) , ou de São Paulo, trazida pelas tropas de mulas.
As finalidades principais da sociedade eram proporcionar aos associados oportunidades de reuniões onde praticassem o canto, a leitura e demais diversões que recreavam o espirito e influíam na formação do caráter e também de lhes garantir socorros quando disso tivessem necessidade.
Os sócios se reuniriam uma vez por mês, sempre num sábado que fosse de lua cheia ou o mais próximo do plenilúnio. Por quê? Primeiro, porque não havia iluminação nas ruas e era um perigo tropeçar no gado que se deitava onde bem entendia para passar a noite.
Em 1 de julho de 1873, pelo elemento teuto-brasileiro mais moço, foi fundada a sociedade Concórdia, com as mesmas características da Germânia. A mocidade assim procedeu para ter mais ampla liberdade de ação, o que na Germânia não poderiam ter, por ficarem tolhidos diante da autoridade dos senhores mais idosos e pelo respeito que lhes era devido.
Aquela época, as festas e bailes, as representações teatrais, de canto e declamação, eram feitas em diversos salões que já existiam e eram alugados para tal fim. Já existiam então duas bandas particulares - dos Srs. Glaser e Hubsch, além daquela da Força Policial.
Decorreram dez anos, as duas sociedades vivendo suas vidas, até que o Presidente de Germânia, Ernesto Krause, autorizado por assembleia geral, entrou em entendimentos com o Presidente do Concórdia, para sondar os seus consócios e estudar as possibilidades de se realizar a fusão de ambas.
Convocados para uma reunião conjunta no dia 4 de junho de 1884, compareceram 74 sócios das duas sociedades, a quem Ernesto Krause expos os fins daquela convocação, salientando as vantagens que certamente adviriam para uma sociedade que conseguisse reunir os elementos que compunham a Germânia, em sua maioria homens de certa idade, os quais maduramente estudam os projetos a serem realizados, traçando com segurança a rota a seguir e da qual depois não mais se afastam, e os componentes da Concórdia, todos rapazes moços ainda, que com a coragem e arrojo próprios da mocidade, desconhecem o temor às dificuldades, e que por essa razão facilmente levariam de vencida os obstáculos que se lhe pudessem antepor. Afirmando a sua confiança na conjugação dessas forças, disse que essa se tornara uma necessidade, visto como nenhuma das duas sociedades conseguira até então poder cuidar do estabelecimento de uma sede em edifício próprio, andando por isso de salão em salão, ao bel-prazer das oportunidades.
Votando separadamente, as duas sociedades optaram pela fusão, e no dia 15 de junho de 1884, foi realizada a eleição da primeira diretoria da nova agremiação, que se chamou "Verein Deutscher Sangerbund" (Sociedade Alemã União dos Cantores), tendo como primeiro presidente Adolf Schmidt. Em 28 de março de 1885, outra pequena sociedade alemã, denominada "Frohsinn" (Alegria) propôs unia que foi aceita, e sua colaboração, o que ofereceu para incorporar ao patrimônio comum foi apenas uma mesa de bilhar.
Funcionava a sociedade em casa alugada, mas já pensavam seus dirigentes na sede própria, tendo sido nomeada uma comissão para escolha do terreno, Entre os que apareceram, o melhor localizado pertencia ao Sr. Josef Weigert e ficava na esquina das ruas do Serrito e Direita Treze de Maio e Duque de Caxias, custando 600$000. Logo foram comprados dois outros terrenos vizinhos, pelas importâncias de 550$000 e 200$000.
Em fins de 1885, foi resolvida a construção do edifício social, e ao arquiteto Rudolf Lange - autor do projeto aprovado, foi pago um premio de 40$000, ao mesmo cidadão foram pagos 607$000 como fiscal de construção, que teve inicio com o lançamento da pedra fundamental em 1 de agosto de 1886.
Dezembro do mesmo ano viu passar a festa da cumeeira e em 26 de junho de 1887 foi finalmente inaugurada a desejada sede.
O dia da mudança foi de festa na cidade: 21 tiros de canhão anunciaram a população curitibana que a mudança ia começar. Um cortejo, precedido por banda de musica, deixou a velha casa alugada para tomar posse da nova sede, toda embandeirada e enfeitada com palmeiras e flores. Uma chave de ouro, para abrir solenemente a porta de entrada, tinha sido mandada fazer pelos associados, e a srta. Anna Mueller, filha de Gottlieb Mueller, fez entrega da mesma numa almofada de seda ao presidente Emil Prohmahn. Entre os muitos oradores da festa destacou-se Leôncio Correia, que ressaltou o papel da sociedade dos alemães e se congratulou com seus 250 associados. Um ano depois, outra agremiação, a Deutscher Turaverein (Sociedade de Ginastica), fundada em 1 de março de 1883, juntou-se também ao Sangerbund, como ficou conhecida por muitos e muitos anos, até voltar a ter o nome de Concórdia pelo qual a conhecemos - e admiramos – até hoje.
(Texto extraído do Jornal Correio do Paraná - 1969)
Mas, quem pode conceber alemão sem cerveja ? Apesar de ainda não haver uma só cervejaria em Curitiba, a sociedade logo passou a servir aquela bebida em suas reuniões, e a cerveja vinha em garrafas ou pequenos barris, ou do Rio de Janeiro, via Paranaguá (subindo a serra em lombo de burro ou carregada por escravos) , ou de São Paulo, trazida pelas tropas de mulas.
As finalidades principais da sociedade eram proporcionar aos associados oportunidades de reuniões onde praticassem o canto, a leitura e demais diversões que recreavam o espirito e influíam na formação do caráter e também de lhes garantir socorros quando disso tivessem necessidade.
Os sócios se reuniriam uma vez por mês, sempre num sábado que fosse de lua cheia ou o mais próximo do plenilúnio. Por quê? Primeiro, porque não havia iluminação nas ruas e era um perigo tropeçar no gado que se deitava onde bem entendia para passar a noite.
Em 1 de julho de 1873, pelo elemento teuto-brasileiro mais moço, foi fundada a sociedade Concórdia, com as mesmas características da Germânia. A mocidade assim procedeu para ter mais ampla liberdade de ação, o que na Germânia não poderiam ter, por ficarem tolhidos diante da autoridade dos senhores mais idosos e pelo respeito que lhes era devido.
Aquela época, as festas e bailes, as representações teatrais, de canto e declamação, eram feitas em diversos salões que já existiam e eram alugados para tal fim. Já existiam então duas bandas particulares - dos Srs. Glaser e Hubsch, além daquela da Força Policial.
Decorreram dez anos, as duas sociedades vivendo suas vidas, até que o Presidente de Germânia, Ernesto Krause, autorizado por assembleia geral, entrou em entendimentos com o Presidente do Concórdia, para sondar os seus consócios e estudar as possibilidades de se realizar a fusão de ambas.
Convocados para uma reunião conjunta no dia 4 de junho de 1884, compareceram 74 sócios das duas sociedades, a quem Ernesto Krause expos os fins daquela convocação, salientando as vantagens que certamente adviriam para uma sociedade que conseguisse reunir os elementos que compunham a Germânia, em sua maioria homens de certa idade, os quais maduramente estudam os projetos a serem realizados, traçando com segurança a rota a seguir e da qual depois não mais se afastam, e os componentes da Concórdia, todos rapazes moços ainda, que com a coragem e arrojo próprios da mocidade, desconhecem o temor às dificuldades, e que por essa razão facilmente levariam de vencida os obstáculos que se lhe pudessem antepor. Afirmando a sua confiança na conjugação dessas forças, disse que essa se tornara uma necessidade, visto como nenhuma das duas sociedades conseguira até então poder cuidar do estabelecimento de uma sede em edifício próprio, andando por isso de salão em salão, ao bel-prazer das oportunidades.
Votando separadamente, as duas sociedades optaram pela fusão, e no dia 15 de junho de 1884, foi realizada a eleição da primeira diretoria da nova agremiação, que se chamou "Verein Deutscher Sangerbund" (Sociedade Alemã União dos Cantores), tendo como primeiro presidente Adolf Schmidt. Em 28 de março de 1885, outra pequena sociedade alemã, denominada "Frohsinn" (Alegria) propôs unia que foi aceita, e sua colaboração, o que ofereceu para incorporar ao patrimônio comum foi apenas uma mesa de bilhar.
Funcionava a sociedade em casa alugada, mas já pensavam seus dirigentes na sede própria, tendo sido nomeada uma comissão para escolha do terreno, Entre os que apareceram, o melhor localizado pertencia ao Sr. Josef Weigert e ficava na esquina das ruas do Serrito e Direita Treze de Maio e Duque de Caxias, custando 600$000. Logo foram comprados dois outros terrenos vizinhos, pelas importâncias de 550$000 e 200$000.
Em fins de 1885, foi resolvida a construção do edifício social, e ao arquiteto Rudolf Lange - autor do projeto aprovado, foi pago um premio de 40$000, ao mesmo cidadão foram pagos 607$000 como fiscal de construção, que teve inicio com o lançamento da pedra fundamental em 1 de agosto de 1886.
Dezembro do mesmo ano viu passar a festa da cumeeira e em 26 de junho de 1887 foi finalmente inaugurada a desejada sede.
O dia da mudança foi de festa na cidade: 21 tiros de canhão anunciaram a população curitibana que a mudança ia começar. Um cortejo, precedido por banda de musica, deixou a velha casa alugada para tomar posse da nova sede, toda embandeirada e enfeitada com palmeiras e flores. Uma chave de ouro, para abrir solenemente a porta de entrada, tinha sido mandada fazer pelos associados, e a srta. Anna Mueller, filha de Gottlieb Mueller, fez entrega da mesma numa almofada de seda ao presidente Emil Prohmahn. Entre os muitos oradores da festa destacou-se Leôncio Correia, que ressaltou o papel da sociedade dos alemães e se congratulou com seus 250 associados. Um ano depois, outra agremiação, a Deutscher Turaverein (Sociedade de Ginastica), fundada em 1 de março de 1883, juntou-se também ao Sangerbund, como ficou conhecida por muitos e muitos anos, até voltar a ter o nome de Concórdia pelo qual a conhecemos - e admiramos – até hoje.
(Texto extraído do Jornal Correio do Paraná - 1969)
quarta-feira, 6 de março de 2019
Rótulo do Fernet Carnasciali, Morretes, início do século XX.
O Fernet é uma bebida italiana, criada em 1845, através da extração, no álcool, de essências de ervas e raízes medicinais. É usado como medicamento, principalmente contra a cólera, e pode ser misturado no café, água, vinho... em Morretes costumava-se consumir com a cachaça. O principal produtor era João Carnasciali, descendente de italianos que, no início do século XX, criou essa marca.
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