quarta-feira, 13 de julho de 2022

AS FILAS PARA PÃO, CARNE, AÇÚCAR E ATÉ GASOLINA Durante o período da Segunda Guerra Mundial, o governo tomou várias medidas de mobilização que interferiram no modus vivendi dos brasileiros. No Paraná,

 AS FILAS PARA PÃO, CARNE, AÇÚCAR E ATÉ GASOLINA
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, o governo tomou várias medidas de mobilização que interferiram no modus vivendi dos brasileiros. No Paraná,

AS FILAS PARA PÃO, CARNE, AÇÚCAR E ATÉ GASOLINA
Durante o período da Segunda Guerra Mundial, o governo tomou várias medidas de mobilização que interferiram no modus vivendi dos brasileiros. No Paraná, essas medidas de mobilização se repetiram e repercutiram avidamente no cotidiano da população. No período entre 1942 a 1945, a capital paranaense teve alterado o cotidiano das pessoas, mudando seus hábitos alimentares, sociais e culturais.
Fazia-se necessário a criação de um sentimento de guerra para que ocorresse um alinhamento entre a população e o governo. Era preciso manipular a massa – dos operários aos patrões – de forma que aceitasse e contribuísse com as ações que o governo tomara diante da Segunda Guerra Mundial. Afinal, o Brasil alinhara-se contra os regimes ditatoriais e fascistas em nome de um poder democrático. Mas como fazer as pessoas acreditarem nisso ao executar no país um governo autoritário, dito ditatorial?
A maneira encontrada foi a criação de uma espécie de "economia de guerra", embora a guerra estivesse se desdobrando em palcos muito além do Brasil, mais ainda de Curitiba.
O controle do Estado em todos os meios de vida fez com que a guerra – ou os seus efeitos – ficassem mais próximos das pessoas. Interferência na mobilização social, cultural e econômica, o racionamento de alimentos e de combustíveis, as notícias veiculadas em jornais e no rádio, os exercícios de blecaute e no modo de relacionar-se entre as pessoas, foram estratégias aplicadas no modus vivendi das pessoas, de modo a aceitarem que tudo tinha por causa a guerra e a se submeterem a toda e qualquer decisão governamental.
Os jornais curitibanos tiveram papel crucial na construção e na mobilização dessa "economia de guerra". É certo que boa parte desses jornais estava repleta de notícias de guerra e que boa parte dessas manchetes tratava do número de batalhas, mortos, feridos e possíveis ações dos Aliados e do Eixo.
Em14/05/1943, um jornal da capital chama a atenção de seus leitores para uma possível intervenção do governo no controle e no racionamento do açúcar. Ainda no mesmo dia é notíciado que o café seria adquirido sob controle do Acordo Americano. Logo depois foi apresentado o racionamento do trigo, ocasionando a falta de pão na mesa dos paranaenses. Apesar de criadas Comissões de controles de estoques em quase todos os municípios, o desabastecimento era quase total.
Nessa mesma data, foi legalizado o controle dos estoques de sal e açúcar. Toda indústria, empresa ou produtor deveria ter seus estoques contabilizados para que pudessem traçar um correto racionamento desses bens. A questão era controlar toda a entrada e a saída desses produtos. Vale ressaltar que esse controle acarretou o desabastecimento de muitos comércios, deixando os consumidores sem possibilidade de compra.
Procuravam-se alternativas para diminuir os "efeitos da economia de guerra", e a forma mais prática de obter produtos alimentícios era submeter-se ao câmbio negro; havia vários revendedores de produtos, sobretudo do trigo conseguido na Argentina, e geralmente os produtos eram transportados escondidos em carroças carregadas de feno; os valores eram altíssimos, já que os atravessadores justificavam os preços devido ao aumento demasiado do custo de vida e aos riscos do comércio realizado ilegalmente.
Nada impedia o trânsito de mercadorias "fora do controle do Estado", nem as constantes chamadas enérgicas contidas nos jornais, alardeando que a polícia seria enérgica contra aqueles que fossem apanhados em flagrante transgressão, sonegando os estoques ou cobrando preços excessivos ou praticando qualquer abuso, que pudesse contribuir para a alta indevida dos gêneros de primeira necessidade.
Logo as reclamações começam a eclodir, os preços altos, a baixa quantidade de produtos em estoque e a inflação prejudicam o cotidiano familiar paranaense.
Ao que tudo indica, foram infrutíferas as tentativas de controle do Estado. Naquele contexto, foi criada, em 13/10/1943, a Comissão de Abastecimento do Estado do Paraná – tendo como presidente o interventor estadual Manoel Ribas – visando a centralizar a política de preços e os métodos da distribuição de mercadorias.
Em 08/11/1943, Manoel Ribas decretou que todo tipo de exportação de açúcar e sal do Estado estava proibida até segunda ordem. Desde a importação, exportação e transporte interno das referidas mercadorias estavam sob controle do Estado. Essas determinações resultaram no registrado de 104 empresas importadoras de sal e 201 importadoras de açúcar em todo o Estado, distribuídas em várias cidades, com maior concentração em Londrina, Cambará, Ponta Grossa, Paranaguá, Ribeirão Claro e Curitiba.
Também foram organizadas fichas catalográficas para controle de alguns itens de subsistência: batata inglesa, café em grãos, milho, arroz, feijão, farinha, banana e laranja. Após minucioso trabalho, a Comissão Mixta de Tabelamento e Racionamento criou para Curitiba uma tabela de preço para os gêneros de primeira necessidade, encarregando os prefeitos dos outros municípios a fazerem o mesmo com base nos valores aferidos pela comissão.
Produtos de primeira necessidade, como açúcar, trigo, sal, carne e manteiga, passaram a faltar na mesa dos curitibanos. Para comprar pão, era necessário acordar de madrugada e enfrentar filas intermináveis. O curitibano Raul Reinhart, relatou: "Então a gente sabia: ah! Vai ter pão lá na Rua Barão do Rio Branco, lá embaixo. Então você levantava às 4 horas da manha pra ir comprar pão. Eu ia com a empregada, entrava numa fila enorme pra comprar pão."
Fator relevante é que os imigrantes alemães tinham grande participação na fabricação de pães em Curitiba; a maior empresa do gênero era a Theodoro Schaitza e Cia – de propriedade de um alemão e de um brasileiro nato – que possuía mais de setenta funcionários, empresa responsável por boa parte da demanda do município.
Quando o problema da falta do trigo atingiu o auge, outras soluções foram procuradas pelas donas de casa. As famílias de imigrantes mais abastadas com contatos familiares em Santa Catarina substituíam a farinha pelo macarrão industrializado oriundo da Argentina. Através da mistura de macarrão, ovos, leite e fermento conseguia-se o pão, muito mais caro e mais trabalhoso.
Outro item que sofreu sérias restrições foram os combustíveis. Inicialmente, limitou-se o horário para a comercialização da gasolina, mas prevendo uma possível escassez e elevação do preço, em junho de 1943 foi criado um decreto-lei que definia uma cota máxima para utilização de gasolina: os proprietários de caminhões poderiam abastecer 250 litros e os proprietários de carros leves 40 litros por mês. Assim, a cota permitia que os proprietários de automóveis rodassem cerca de 6 a 8 quilômetros por dia.
Foi também estabelecida uma ordem para todos os municípios paranaenses, obrigando-os a reduzirem em trinta por cento o consumo de combustíveis. A falta de gasolina teve que ser superada pela substituição por carvão vegetal, através dos aparelhos de gasogênio que foram adaptados na traseira dos automóveis, caminhões e até ônibus.
Paulo Grani

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Fila para compra de carne no Açougue Garmatter, em 1944.
(Foto: Arquivo Gazeta do Povo).
Pode ser uma imagem de 11 pessoas e texto que diz "PU UIEL EL JOHNSCHER JOHNSO Ii"
Fila para compra de pão na Padaria do Comércio na Barao do Rio Branco, em 1943.
(Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

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Automóveis enfileirados abastecem numa bomba de gasolina existente numa calçada da Praça Tiradentes, durante o racionamento de combustíveis, em 1943.
Foto: Arquivo Gazeta do Povo)

Pode ser uma imagem de texto que diz "PR.K945 Pk. K945 9-47"
Automóvel adaptado com gasogênio para combustão de lenha, durante o racionamento de combustíveis, em 1944.

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Fila para compra de açúcar em Londrina, em 1943, durante o racionamento do produto.
Foto: Divino Bortolotto, acervo João Baptista Bortoletti.

Engenho Iguaçu, de Curitiba, em meados de 1930, situado na Av. Batel esquina com Rua Bento Viana. (Foto: curitiba.pr.gov.br) Paulo Grani

 Engenho Iguaçu, de Curitiba, em meados de 1930, situado na Av. Batel esquina com Rua Bento Viana.
(Foto: curitiba.pr.gov.br)
Paulo Grani


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terça-feira, 12 de julho de 2022

Biblioteca Pública do Paraná, na década de 1960.

 Biblioteca Pública do Paraná, na década de 1960.


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Em primeiro plano, a Praça Rui Barbosa, por volta de 1957

 Em primeiro plano, a Praça Rui Barbosa, por volta de 1957


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segunda-feira, 11 de julho de 2022

TERRÍVEL EXPLOSÃO EM CURITIBA" "Em 1913, às 14 horas do dia 1º de julho, uma grande explosão nos armazéns da antiga estação da estrada de ferro

 TERRÍVEL EXPLOSÃO EM CURITIBA"
"Em 1913, às 14 horas do dia 1º de julho, uma grande explosão nos armazéns da antiga estação da estrada de ferro

"TERRÍVEL EXPLOSÃO EM CURITIBA"
"Em 1913, às 14 horas do dia 1º de julho, uma grande explosão nos armazéns da antiga estação da estrada de ferro Curitiba/Paranaguá atingiu o Palácio Rio Branco – onde hoje são realizadas as sessões plenárias da Câmara de Curitiba – fazendo com que o prédio passasse por uma reforma. O estrondo se fez ouvir na cidade inteira, assim como pôde ser vista uma grande nuvem de fumaça. Quatorze pessoas morreram e outras inúmeras ficaram feridas.
O Diário da Tarde – periódico que circulava na cidade à época –, naquele mesmo dia, anunciou: “Às duas horas da tarde de hoje, mais ou menos, enorme estampido ensurdecedor echoou pela cidade, dando o alarme de um sinistro acontecimento. Por toda a cidade houve a princípio um instante de estupor e depois de verdadeiro pânico e desespero. Que seria?”
Três carroças, carregadas com aproximadamente 730 quilos de pólvora negra, foram pelos ares, em frente ao armazém de Paranaguá – que, segundo informações do Museu Ferroviário, ficava na avenida 7 de Setembro com a Marechal Floriano [...]. O explosivo estava sendo carregado por praças (patente militar inferior à de segundo-tenente) até a estação. O carregamento havia sido vendido pelo Ministério da Guerra ao sr. Alexandre Gutierrez, que tinha o objetivo de utilizá-lo em pedreiras na Serra do Mar.
Os danos atingiram todas as casas próximas, ao ponto de caírem as vidraças com os caixilhos. Um eixo de carroça atravessou o muro do Congresso (Palácio Rio Branco) de lado a lado. “Foi objecto da nossa atenção a fachada do edificio do Congresso que lança para a Praça Euphrasio Correia, até os prejuízos foram importantes pela ruptura de todas as vidraças e dos móveis internos”, informou o jornal Commercio do Paraná, no dia seguinte.
“No palácio do governo (na rua Barão do Rio Branco, hoje Museu da Imagem e do Som em reforma) caiu o estuque de uma das salas”, descreveu o Diário, no dia seguinte. Também nas ruas Silva Jardim, “Ratcliff” (atualmente Dr. Westphalen), Visconde de Guarapuava, Floriano Peixoto e praça Eufrásio Correia os prédios ficaram com as vidraças quebradas.
Bondes, linhas telegráficas e telefônicas pararam de funcionar. “Pontos negros se destacaram, como si corvos esvoaçando desordenadamente: eram destroços da explosão – fragmentos de carroças, de animaes, frangalhos de corpos humanos, telhas etc”, informou o Diário da Tarde. Segundo o mesmo, houve estragos desde o Batel até os fins da rua XV de Novembro.
Em poucos minutos, moradores de diversas regiões vieram conferir o ocorrido. Quase toda a população da capital paranaense correu até lá. “Pelas imediações da estação jaziam os destroços da explosão. Aqui, vísceras, cabeças separadas dos corpos; ali, cavalos mortos, outros fragmentos, enfim, uma infinidade de destroços, atestando a violência inaudita da explosão” (Diário da Tarde, 1/7/1913).
A tragédia, à época, pelo número de habitantes da cidade (cerca de 50 mil, foi considerada uma verdadeira “hecatombe”. “Nos annaes das grandes desgraças humanas, raramente se registrará tão emocionante tragédia”, lamentou o Diário no dia seguinte. [...]
Em 1913, a estação de trem era bastante movimentada, pois levava diariamente pessoas para Paranaguá, interior do Estado, São Paulo e Rio de Janeiro. “Muitos dos moradores dos hoteis e imediações da estação, grandemente surpresos com o terrível choque, em gritos alucinantes pediam socorro como que se estivessem sob o peso de um grande terror”, Diário da Tarde, 2 de julho de 1913.
Foi assim, em detalhes, que o jornal descreveu como a população recebeu o susto. “A exma. Sra. d. Francisca Munhoz Cavalcanti, esposa do dr. Carlos Cavalcanti (presidente da província à época e que hoje dá nome a uma rua no bairro São Francisco), ouvindo o ruído da explosão, emocionou-se grandemente, sendo victima de ligeira syncope. A exma. Senhora julgou que tivessem arremessado uma bomba de dynamite no palácio presidencial”. (Diário da Tarde, 1/7/1913). [...]
As causas da explosão
De acordo com o Diário da Tarde, a pólvora fora recentemente arrematada em concorrência pública aberta pela intendência da 11ª região militar, com sede na capital. Foi vendida por ser considerada “inaproveitável” para o serviço de artilharia. Foi levada até a estação por militares, a pedido do próprio comprador.
Conforme o mesmo periódico, antes do acidente, por volta das 13 horas, praças saíram com a pólvora do 2º esquadrão de trem, do depósito de inflamáveis da intendência da 11ª região militar, que ficava junto a uma chácara no Água Verde. (Diário da Tarde, 2/7/1913)
O Commercio do Paraná informou que eram três carroças contendo 39 tambores do explosivo, num total aproximado de 730 quilos. Nelas estavam nove praças do Esquadrão de Trem e da Bateria de Obuzeiros (canhões). Enquanto os soldados descarregavam, um deles entrou no armazém com um cunhete de munição (caixote feito para abrigar este tipo de material), que teria como destino a Intendência da Guerra, no Rio de Janeiro.
Em depoimento à polícia, o pesador João Walter, que sobreviveu à tragédia, disse que não quis receber a carga, visto que era terça-feira e o dia dos explosivos era somente na quarta-feira. “Insistindo o pesador em não receber a carga, após pequena discussão, o soldado apanhou o cunhete e voltando para a porta exasperadamente gritou: 'Pois eu é que não volto mais com esta droga'. E acto contiuno atirou o cunhete de cartuchos contra as pedras da calçada, com toda a violência” (Commercio do Paraná, 2/7/1913).
A consequência foi imediata. Uma das carroças que estava perto foi atingida pelo fogo, explodindo todas as outras, como contam os dois periódicos.
Nos dias subsequentes surgiram outras versões nos noticiários. Uma delas apontava para um eventual contato com um fio elétrico da rede de bondes da cidade, que passava em frente à estação. Outra dizia que um dos praças deixou cair um fósforo aceso sobre um tambor de pólvora, detonando os demais.
“Cremos, portanto, prevalecer a 1ª versão, aliás, confirmada pelo testemunho do pesador João Walter que vio o soldado jogar o perigoso cylindro ao solo”, opinou o Commercio do Paraná no dia três."
(Extraído do site da Câmara Municipal de Curitiba).
Paulo Grani.

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Manchete do Diário da Tarde, edição de 02/07/1913. (Microfilme da Biblioteca Pública do Paraná) - cmc.pr.gov.br
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Interior do armazém explodido. Matéria da revista "A Bomba" de 10/07/1913. - Foto: cmc.pr.gov.br

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Autoridades avaliam os estragos da explosão. O mais alto, ao centro, é o Presidente da Província do Paraná, Dr. Carlos Cavalcanti. (Foto: Acervo do IHGParaná).

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A nuvem que se formou pode ser vista de muitos bairros. Matéria da revista "A Bomba" de 10/07/1913. - Foto: cmc.pr.gov.br

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Soldados vasculham o local da explosão. Matéria da Revista "A Bomba" de 10/07/1913. - Foto: cmc.pr.gov.br

A SAGA DOS HAUER EM CURITIBA

 A SAGA DOS HAUER EM CURITIBA

A SAGA DOS HAUER EM CURITIBA
Encontrei este histórico Cartão Postal sendo vendido no Mercado Livre e, logo percebi a grande história que podia ser recontada acerca do nome "José Hauer" e suas consideráveis realizações no passado de Curitiba:
"Depois de passar dois meses e meio em um navio atravessando o Oceano Atlântico, José Hauer Senior, então com 22 anos, desembarcou na Região Sul do Brasil. Como ele, milhares de outras pessoas no decorrer da segunda metade do século 19 resolveram abandonar a Europa e tentar a sorte no Novo Mundo. Grande parte dos imigrantes era de origem germânica.
Como descreve a historiadora Pamela Fabris, naquela época os territórios alemães passavam por uma série de mudanças de ordem econômica, política e social. “Em decorrência disso, milhares de germânicos deixaram suas terras, bens, familiares, amigos e amores em busca do desejo de uma vida mais digna e justa”, afirma.
Nascido em Gauers (hoje parte da Polônia), José Hauer foi um dos imigrantes que mais se destacou e contribuiu para a história de Curitiba e, consequentemente, do Paraná. Filho de Anton Hauer e Francisca Teichmann, ele chegou em agosto de 1863 à então colônia Dona Francisca (atual Joinville), famoso reduto de imigrantes de origem alemã. No entanto, em pouco tempo, subiu a serra e estabeleceu-se em Curitiba, em outubro de 1863. Foi na capital do estado, cuja emancipação política completava apenas dez anos (antes pertencia à Província de São Paulo), que José deu início aos seus empreendimentos com uma oficina de seleiro (selas para montaria).
Pamela relata que logo ele se casou com Thereza Weiser, com quem teve sete filhos. “Em Curitiba, a família presenciou e participou do processo de modernização. Entre os sinais de uma cidade que se modernizava estava o crescimento do comércio e da indústria”, ressalta a historiadora. José Hauer e alguns dos filhos, como José, Paulo e Bertholdo, viraram comerciantes reconhecidos na cidade. Entre os seus estabelecimentos estavam a Casa Metal, o Chic de Paris e O Louvre, três locais de destaque na Curitiba do início do século 20. Bertholdo também seguiu a carreira política. Foi deputado estadual em 1917 e cônsul da Áustria no Paraná.
Antes, José regressou à Alemanha para convencer seus 12 irmãos a seguirem o mesmo caminho. Todos vieram contribuir na construção da história curitibana.
E se fez a luz em Curitiba
Entre os fatos que marcaram o nome Hauer na história destaca-se o advento da luz elétrica. Em 1892, a eletricidade passou a funcionar em Curitiba. “Mas foi com as empresas dos Hauer que a luz elétrica alcançou um número maior de beneficiados”, assinala Pamela. Em maio de 1898, a empresa José Hauer & Filhos adquiriu a concessão do contrato da usina elétrica e aumentou a sua capacidade. Curitiba já tinha uma população estimada em 40 mil habitantes. Posteriormente, a empresa Hauer Júnior & Companhia tornou-se responsável pela eletricidade da cidade até 1910, quando a The Brazilian Railways Limited assumiu a concessão.
Família deu nome a dois bairros
Nas décadas posteriores à chegada, a família Hauer construiu um verdadeiro império econômico em Curitiba. Diversos membros investiram no comércio de secos e molhados, tecidos, laticínios, ferragens, construção civil, agropecuária, cutelaria e transporte, entre outros. Também foi proprietária de extensos lotes de terra nos arrabaldes do Centro de Curitiba, mais especificamente nas regiões onde hoje se encontram os bairros Lindoia, Fanny e Hauer.
Segundo a historiadora Pamela Fabris, os dois últimos carregam até hoje em seus nomes homenagens diretas à família. Fanny foi esposa de Arthur Hauer, filho de Roberto Hauer. Coube a Roberto, irmão do precursor José, a compra de 700 alqueires de terra. “Foi nesse território comprado por Roberto que esses bairros foram se formando e se consolidando”, relata Carlos Hauer, bisneto de Roberto.
No dia 13 de julho de 1908, Roberto morreu tragicamente depois de um acidente com sua serra circular. Era proprietário de um comércio de secos e molhados, uma fábrica de óleo de linhaça e uma serraria. Deixou inacabado seu projeto de montar uma fábrica de licor de marmelo.
“Atualmente, uma parte da família vive em São Paulo, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Contudo, a grande maioria permaneceu em Curitiba”, diz Pamela. Como exemplo, cita a casa, também conhecida como Castelo Hauer, construída por José Hauer Senior na Rua do Rosário, na região do Largo da Ordem. “Conta-se que o pioneiro dos Hauer no Brasil mandou construir uma torre junto de sua casa para que nas horas vagas pudesse contemplar a Serra do Mar”, revela.".
Depois de uma longa vida no Brasil, em janeiro de 1905, José Hauer Senior retornou para a Europa. Instalou-se na cidade de Wiesbaden, na Alemanha. Em um gesto que provavelmente sintetizava uma homenagem ao seu passado, deu o nome de “Curityba” a sua propriedade. Morreu perto dos 90 anos, segundo familiares.
(Extraído de: gazetadopovo.com.br - Fotos: mercadolivre.com.br, gazetadopovo.com.br)
Paulo Grani.


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Este é Anton Hauer, pai dos imigrantes da família, com sua segunda esposa, mãe de alguns dos irmãos de José Hauer.

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Este histórico edifício de Curitiba, localizado na Praca Tiradentes, esquina com a antiga Rua Primeiro de Março (atual Monsenhor Celso), foi construído em 1898 para sediar o comércio “José Hauer & Irmão”.

 Este histórico edifício de Curitiba, localizado na Praca Tiradentes, esquina com a antiga Rua Primeiro de Março (atual Monsenhor Celso), foi construído em 1898 para sediar o comércio “José Hauer & Irmão”.

CASA DE COMMERCIO "JOSÉ HAUER & IRMÃO"
Este histórico edifício de Curitiba, localizado na Praca Tiradentes, esquina com a antiga Rua Primeiro de Março (atual Monsenhor Celso), foi construído em 1898 para sediar o comércio “José Hauer & Irmão”.
Os donos desse empreendimento eram de uma tradicional família polonesa e alemã que começou a migrar para Curitiba a partir de 1863, quando José Hauer Senior veio para o Brasil de navio, desembarcou na região da atual Joinville e, após dois meses, mudou-se para Curitiba.
O imóvel era de propriedade da família Hauer e foi inaugurado por Francisco e Augusto Hauer. Neste mesmo local, existia uma casa de um único pavimento, que sediava as atividades comerciais da família. Posteriormente foi demolida para a construção do novo prédio, que abrigaria com mais comodidade a família e a loja. A estrutura contava com 3,5 mil metros quadrados de construção. O piso e acabamentos eram feitos com madeira do tipo imbuia.
Na loja da família Hauer haviam duas seções. Em uma vendiam tecidos, armarinhos, acessórios, lenços, chapéus perfumaria, álbuns para retratos, moldes para sapatos e grande sortimento de couro para selaria e sapataria. Já na parte de ferragens, podia ser encontrada grande variedade de ferramentas, material para construção de casas, maquinário agrícola e remédios para animais.
A parte superior do prédio era usada como residência, o terceiro pavimento abrigava as dependências de empregadas e na cobertura existia um terraço. Após cem anos de atividade, um incêndio se alastrou pelo edifício.
(Fonte: Ippuc)
Paulo Grani

Pode ser uma imagem de monumento e ao ar livre
Histórico Cartão Postal de Curitiba, da primeira década de 1900. As carroças eram os únicos meios de transporte à época. À esquerda, uma carroça adaptada com altos aparadores laterais, para transporte de barricas de madeira.
Foto: Acervo Vald Assunção.j

Pode ser uma imagem de monumento e texto que diz "Casas Commerciaes em Curityba Paraná. E Estabelecimento dos Srs. Paulo Hauer & Comp. Praça Tiradentes Rua Primeiro de Março,"
Cartão Postal de Curitiba, década de 1920.
Foto: Defensoria Pública do Paraná

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Cartão Postal de Curitiba, primeira década de 1900.
Foto: Defensoria Pública do Paraná

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Interior de tecidos, modas, armarinhos, perfumaria, do comércio de José Hauer & Irmão. De fora do balcão, o sr. Francisco Hauer.
Foto: Defensoria Pública do Paraná

CURITIBANO RECRUTADO À FORÇA PELO EXÉRCITO NAZISTA O curitibano Horst Brenke nasceu pelas mãos da avó, na casa da família, em Curitiba.

 CURITIBANO RECRUTADO À FORÇA PELO EXÉRCITO NAZISTA
O curitibano Horst Brenke nasceu pelas mãos da avó, na casa da família, em Curitiba.

CURITIBANO RECRUTADO À FORÇA PELO EXÉRCITO NAZISTA
O curitibano Horst Brenke nasceu pelas mãos da avó, na casa da família, em Curitiba. Seus pais alemães (Richard e Margarete Brenke, se conheceram em Düsseldorf, em 1920), casaram-se e migraram para o Brasil.
No final de 1944, seus pais foram passear em Berlim na casa da família, junto com Horst, agora jovem. Certo dia, ele levantou cedo e foi comprar pão para o café, quando acabou sendo recrutado à força pelo exército nazista.
Na Alemanha, em Berlim
No dia 6 de janeiro de 1945, Horst acordou com fome e queria comprar pão com os cupons de racionamento que davam aos civis, contrariando as recomendações de sua mãe para não sair de casa. Em uma revista surpresa de soldados alemães, Horst não conseguiu convencê-los de que não tinha nada a ver com a guerra por ser brasileiro. “Se seus pais são alemães, você é cidadão alemão também, suba”, disse-lhe um soldado.
Era o fim da Segunda Guerra Mundial, e as forças de um Hitler já morto minguavam sob a força dos soviéticos, que marchavam para tomar a capital alemã. Brenke foi integrado a uma tropa que rumava para o Oeste a fim de encontrar o 12º Exército alemão e juntar-se uma força maior a fim de fazer frente aos homens de Stalin.
Alemanha, em Halbe
Não chegaram muito longe. Brenke foi capturado em Halbe, a pouco menos de 60 quilômetros de Berlim, pela tropa do temido comandante Ivan Konev. Entregue aos temidos russos, ele se tornou um woina plenni, um prisioneiro de guerra.
Polônia, em Zagan
Capturado e há dias em marcha, o soldado curitibano resolve começar um diário, temendo morrer sem ter testemunhos de sua história. “Preso! Quem poderia imaginar isso! Apenas aquele que presenciou isso por ele mesmo”, anotou no dia 4 de maio de 1945 em um pouco de papel que conseguiu entre os prisioneiros.
Rússia, em Moscou
Colocado em um trem de prisioneiros no dia 14 de junho, Brenke soube que estava sendo transferido para Vladimir, lugar que abrigaria seu cárcere marcial. Chegou a cidade no mesmo dia. “O que trará o futuro?” perguntou em seu caderno.
Rússia, em Vladimir
Em sua rotina de prisioneiro de guerra, Horst Brenke escreveu em suas anotações como funcionava a vida no cárcere, como se apaixonou por uma camponesa russa e como se livrou do pior diversas vezes. Saiu de lá no dia 19 de maio de 1946.
Itália, em Udine
Finalmente na Itália, Horst e outros prisioneiros foram entregues aos norte-americanos em 5 de julho de 1946. Deixou a Europa no dia 25 de setembro daquele ano, a bordo do navio Almirante Jaceguay, que partiu do Porto de Nápoles rumo ao Brasil. Era o fim da sua história na Segunda Guerra Mundial.
Viveu um ano e três meses como prisioneiro de guerra sem ter dado um único tiro. Tinha menos de vinte anos.
(Fonte/foto: Gazeta do Povo)
Paulo Grani

Pode ser uma imagem de 3 pessoasCURITIBANO RECRUTADO À FORÇA PELO EXÉRCITO NAZISTA
O curitibano Horst Brenke nasceu pelas mãos da avó, na casa da família, em Curitiba. Seus pais alemães (Richard e Margarete Brenke, se conheceram em Düsseldorf, em 1920), casaram-se e migraram para o Brasil.
No final de 1944, seus pais foram passear em Berlim na casa da família, junto com Horst, agora jovem. Certo dia, ele levantou cedo e foi comprar pão para o café, quando acabou sendo recrutado à força pelo exército nazista.
Na Alemanha, em Berlim
No dia 6 de janeiro de 1945, Horst acordou com fome e queria comprar pão com os cupons de racionamento que davam aos civis, contrariando as recomendações de sua mãe para não sair de casa. Em uma revista surpresa de soldados alemães, Horst não conseguiu convencê-los de que não tinha nada a ver com a guerra por ser brasileiro. “Se seus pais são alemães, você é cidadão alemão também, suba”, disse-lhe um soldado.
Era o fim da Segunda Guerra Mundial, e as forças de um Hitler já morto minguavam sob a força dos soviéticos, que marchavam para tomar a capital alemã. Brenke foi integrado a uma tropa que rumava para o Oeste a fim de encontrar o 12º Exército alemão e juntar-se uma força maior a fim de fazer frente aos homens de Stalin.
Alemanha, em Halbe
Não chegaram muito longe. Brenke foi capturado em Halbe, a pouco menos de 60 quilômetros de Berlim, pela tropa do temido comandante Ivan Konev. Entregue aos temidos russos, ele se tornou um woina plenni, um prisioneiro de guerra.
Polônia, em Zagan
Capturado e há dias em marcha, o soldado curitibano resolve começar um diário, temendo morrer sem ter testemunhos de sua história. “Preso! Quem poderia imaginar isso! Apenas aquele que presenciou isso por ele mesmo”, anotou no dia 4 de maio de 1945 em um pouco de papel que conseguiu entre os prisioneiros.
Rússia, em Moscou
Colocado em um trem de prisioneiros no dia 14 de junho, Brenke soube que estava sendo transferido para Vladimir, lugar que abrigaria seu cárcere marcial. Chegou a cidade no mesmo dia. “O que trará o futuro?” perguntou em seu caderno.
Rússia, em Vladimir
Em sua rotina de prisioneiro de guerra, Horst Brenke escreveu em suas anotações como funcionava a vida no cárcere, como se apaixonou por uma camponesa russa e como se livrou do pior diversas vezes. Saiu de lá no dia 19 de maio de 1946.
Itália, em Udine
Finalmente na Itália, Horst e outros prisioneiros foram entregues aos norte-americanos em 5 de julho de 1946. Deixou a Europa no dia 25 de setembro daquele ano, a bordo do navio Almirante Jaceguay, que partiu do Porto de Nápoles rumo ao Brasil. Era o fim da sua história na Segunda Guerra Mundial.
Viveu um ano e três meses como prisioneiro de guerra sem ter dado um único tiro. Tinha menos de vinte anos.
(Fonte/foto: Gazeta do Povo)
Paulo Grani

Pracinha do Batel, na década de 20 Com a Pérgula ainda existente ***Ao fundo a Fábrica Tibagy- Engenho de Mate, fundado por Barão do Serro Azul, no final do Século XIX ***

 Pracinha do Batel, na década de 20
Com a Pérgula ainda existente
***Ao fundo a Fábrica Tibagy- Engenho de Mate, fundado por Barão do Serro Azul, no final do Século XIX ***


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