A Escravização Branca

Olá Curiosos, falar sobre a escravidão preta no Brasil e Estados Unidos, sobre o tráfico de pessoas para fins de trabalho forçado em péssimas condições é assunto quase que cotidiano na História do Brasil. Essas marcas são inegáveis e causam asco na atual geração que não viveu esse momento histórico e inegavelmente repugnante. Mas, temos que afirmar que a Escravidão sempre existiu e existe até hoje de diversas formas. A principal delas é através da exploração socioeconômica de vulnerabilidade, quando as pessoas trabalham em troca de casa e comida, principalmente na zona rural e através da imigração e do aliciamento, onde pessoas contraem dívidas de passagens e são enganadas para viverem em outros lugares tendo além da dívida a ser paga a contenção de seus documentos para voltarem a seus lugares de origem, além disso, no processo cultural no continente africano ainda existe a Escravidão como nos séculos passados e em países muito populosos como a China e a Índia. O trabalho mal remunerado beira à escravidão e viola inclusive os direitos humanos, quando as pessoas se colocam em situação de fuga desses ambientes de "Trabalho", enfim, mas não vim para falar sobre o que ocorre hoje, mas não seremos ignorantes ao ponto de afirmar que somente os Pretos foram escravizados, essa mentalidade é nacional e não histórica. Aqui no Brasil, os Pretos em sua maioria traficados, foram escravizados no período colonial, isso é o fato mais marcante de nossa História, mas até hoje a escravidão da imigração em cidades grandes como São Paulo acontece, principalmente com povos de nações vizinhas que estão vivendo crises políticas como a Venezuela, Colômbia e Bolívia que exportam essas pessoas para as grandes capitais com a promessa de melhoria de vida e quando chegam aqui é chumbo grosso.

Mas vamos ao tema.

Para quem não conhece meu trabalho como escritora, palestrante e outras "cositas" mais, prego a essa nova geração preta o empoderamento e embelezamento da ancestralidade heroica que tivemos, livrando da mentalidade, principalmente na infância e adolescência a imagem do Preto ser feio e não ter lutado por sua liberdade, apresentando vultos históricos que não são mencionados nos livros didáticos e dando-os a oportunidade de entenderem que os tempos são outros e podemos chegar onde quisermos,vide Barack Obama, então temos oportunidades hoje de crescimento e temos sim, que agarrar essas oportunidades, ao final deixarei um vídeo e o link para quem desejar adquirir o livro " Impacto Negro" de autoria minha e da historiadora Raime Paixão.

Mas a Escravidão existe desde que o mundo é mundo.

A Escravidão nunca foi motivada por racismo, isso é outra história. A escravidão sempre foi lucrativa economicamente, mas é claro que ela foi mais cruel e numerosa com o preto devido a sua própria adaptação principalmente a situações como o clima quente, escassez de alimentos e vulnerabilidade dos locais onde viviam, enquanto na Europa existiam Castelos e Casas, na África não existiam construções, como aqui no Brasil, derrubar uma muralha é uma coisa, tacar fogo na palha é outra totalmente diferente, só para entenderem.

A Escravidão começa quando o povo deixa de ser nômade, aprende práticas agrícolas e vê que aquilo ali é um pouco trabalhoso, mas é melhor capturar alguém para fazer o trabalho forçosamente que ficar abandonando terra daqui pra li a vida toda, e olha que a vida toda dificilmente passava de trinta anos, ou seja, o velho sedentarismo deu início à prática de escravização. Preguiçoso e malandro existe desde que o mundo é mundo. No Brasil Imperial era vergonha carregar uma sacola ou uma sombrinha, aquilo era tarefa de escravizados, para se ter uma noção do contexto histórico e para não pecarmos com o anacronismo.

Há aproximadamente 4500 anos, existem relatos de povos derrotados e capturados para o trabalho no Egito, citando que quem construiu as Pirâmides, os mais de cinco mil homens, não eram escravos, eram homens assalariados e respeitados como se fossem uma classe abaixo dos arquitetos, que tinham inclusive direito à mumificação e tumbas próximas às construções, como pessoas respeitadas socialmente, enterradas com comida e água para a nova vida "post morten"

No Código de Hamurabi, 1500 a.C, já é citada a organização social entre senhores e escravos. Assírios, Hebreus, Gregos, Romanos, todas essas civilizações antigas praticavam a escravização humana como renda. Na Bíblia, o livro Sagrado mais lido em toda história, Noé amaldiçoa seu neto Canaã, após o dilúvio, dizendo que sua descendência "Cananita" seria escravizada, os Vikings tinham escravos, mais um "lembretezinho", Viking não é uma raça, Viking é uma denominação para navegadores nórdicos e exploradores, nem todo nórdico era Viking, tem Post aqui na página sobre os mesmos, estes chegaram a capturar cerca de treze mil pessoas em suas invasões. Os Finlandeses e Suíços também foram escravizados e tratados como mercadoria no Mar Negro, a Ásia oferecia escravos para os Negros, a Crimeia, atual Ucrânia, também ganhou muita grana com o tráfico humano de Poloneses para serviços domésticos e sexuais, crianças finlandesas entre 6 e 12 anos eram as mais caras.

Como os Finlandeses não seguiam o catolicismo e eram considerados pagãos para a Igreja Católica (Olha elazinha), estes eram não protegidos e os Muçulmanos ou cristãos podiam levar à vontade. No Século XVIII isso ainda acontecia quando crianças eram retiradas de suas casas para o trabalho escravo e vendidas em fábricas e fazendas.

Nem tão tão distante assim, milhares de pessoas foram transportadas "forçosamente" para serem pioneiros nas Américas em navios britânicos.

Se desobedecessem eram punidos com castigos severos e nem pensar em tentar voltar.

Muitos Irlandeses eram queimados vivos e serviam de exemplo para outros não cometerem os mesmos erros ou tentarem fugir.

Os reis James VI e Charles I também lideraram um esforço contínuo para escravizar os irlandeses. Oliver Cromwell, que criou o Puritanismo, que foi o principal atrativo para muitos escoceses, ingleses e Irlandeses irem para povoar a América, pois a aliança anglicana acabava com o Puritanismo na Grã Bretanha, também desumanizava o vizinho, tanto, que estes mesmos "Puritanos" acabaram com os índios americanos mediante a resistência à escravidão.

James VI, que era filho de Mary Stuart e sua ascensão ao trono resultou até na batalha de Culloden e guerras para a independência escocesa, que não aconteceu, chegou a enviar trinta mil prisioneiros irlandeses para povoarem a América, visto que dos cinco mil Ingleses enviados, somente sessenta sobreviveram à primeira tentativa de povoamento, "bora mandar Irlandeses?" Boraaaaa!

Em sua proclamação a Inglaterra de 1625 exigia que prisioneiros políticos irlandeses fossem enviados ao exterior e podiam ser vendidos a colonos ingleses nas Índias Ocidentais.

Em meados dos anos 1600, os irlandeses eram os principais escravos vendidos para Antígua e Montserrat. Naquela época, 70% da população total de Montserrat era de escravos irlandeses.

O Irlandês era um povo rebelde que queria independência, e conseguiram, mas debaixo de muito sangue e injustiças.

Muitos desacreditam nessa versão de Irlandeses escravos como se isso diminuísse a atrocidade da Escravidão Africana, nenhuma escravidão apagará as marcas na História, mas nenhuma foi tão numerosa e atroz como a Africana.

Os Irlandeses eram prisioneiros e levados e obrigados a deixarem suas esposas e filhos para trás, eles estavam indo para trabalhar e não passar férias familiares, isso gerou um grande número de mulheres e crianças sem teto, aumento de prostituição e qual era a solução? Enviá-los para ter casa e comida em Fazendas.

Durante a década de 1650, mais de 100.000 crianças irlandesas entre 10 e 14 anos foram retiradas de seus pais e vendidas nas Índias Ocidentais, Virgínia e Nova Inglaterra.

Em 1656, Cromwell ordenou que 2.000 crianças irlandesas fossem levadas para a Jamaica para servirem aos colonos ingleses.

Hoje, muitas pessoas evitam de chamar os escravos irlandeses do que realmente eram: escravos, assim como os trabalhadores Chineses em sua maioria também trabalham como escravos.

Em grande parte da literatura inglesa eles são mencionados como trabalhadores explorados, e criaram até movimentos na Irlanda para afirmarem a escravização e nos países de colonização inglesa para negarem, não gerando dúvidas relativas a essa história.

Os escravos africanos eram muito caros nos séculos XVI e XVII e as bulas papais protegiam o comércio, dos ditos "Pagãos", já os Irlandeses já professavam o Catolicismo e a Perseguição com eles foi justamente dos protestantes que não aceitavam a Igreja Católica na Grã- Bretanha. Lembrando que Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica por não ter herdeiros homens com a esposa Catarina de Aragão, que é outra mulher fantástica que está na minha listinha de biografias que precisam ser contadas, para legalizar seu divórcio e se casar com Ana Bolena, o que não deu em nada, continuou sem Herdeiros homens, vindo a governar sua filha Elizabeth (A Ruivona).

As mulheres e crianças Irlandesas que estavam em situação de mendicância eram levadas para fazendas, ambos eram obrigados ao trabalho escravo e muitas crianças nasciam e não eram reconhecidas pelos pais que se apropriavam dos mesmos como mais um escravinho. Assim as mães não abandonavam a servidão, mesmo que conseguissem liberdade.

Por mais de cem anos, os Irlandeses foram transportados como Gado pelo atlântico e existem fontes que citam que mais de 1300 foram jogados ao mar em uma viagem, pois não tinha comida para todos. Esse registro está no Museu de Ellis Island.

Os Irlandeses foram punidos por não aceitarem o protestantismo de forma cruel, no período da Grande fome Irlandesa, que dizimou mais da metade da Irlanda e as pessoas se amontoavam em navios para fugir daquela situação, a Inglaterra mesmo séculos depois, continuou dando as costas para a Irlanda.

Em 1839, as Leis proibiram o envio de prisioneiros Irlandeses para as colônias, mas, assim como a Lei Euzébio de Queiroz aqui no Brasil, a escravidão e o tráfico feito por Corsários ou Piratas seguiu em frente, foi mais uma lei para Inglês ver, desta vez criada por eles próprios. Lembrando que Pirata age ilegalmente e Corsário é o Pirata legalizado, que tem uma carta de autorização para ser Pirata. Um pirata de carteira assinada. Homeopaticamente arrastou-se a exploração Irlandesa, que é lógico não tem este título pois não era uma prática reconhecida.

Então por que essa história é tão pouco comentada? Ou citada como inverídica?

Porque assim como aconteceu no Brasil, toda mácula histórica precisa ser maquiada e desatemorizada para que não crie forças, mais um lembrete "O Povo ignorante é instrumento de sua própria destruição "parafraseando Simon Bolívar", o "Libertador" da América Espanhola.

A história da escravização ou exploração Irlandesa só não é tão abrangente como a africana em números, mas em violação de todos os direitos humanos possíveis está pau a pau.

Nenhuma das vítimas irlandesas, assim como as africanas, foi repatriada. Assim como em nossa história os Pretos heróis foram tendenciosamente apagados dos livros e todas as qualidades do Brasil Império não podiam ser mencionadas nos livros do Brasil República, a mácula Irlandesa convenientemente também foi apagada da história inglesa.

As Polacas Judias escravizadas no Brasil, ninguém sequer viu uma notinha nos livros de história. Citá-las como prostitutas negadas pela sociedade Judaica é uma injustiça frente a seus aliciamentos (Tem post aqui)

Interessantemente estamos tendo hoje uma revolução histórica no Brasil, onde em meio ao Caos político nasceu o interesse não apenas da história local, mas da mundial.

Uma passagem interessante, durante a Inquisição que foi dura não apenas com as mulheres, mas também com os Celtas, os Judeus e os Gaélicos que habitavam a Irlanda. Aconteceu uma contaminação de uma plantação de trigo por um fungo alucinógeno, como já havia acontecido na Idade Média com a doença da dança, um pânico coletivo se instala e cento e cinquenta pessoas vão a julgamento como Bruxas em Salem, uma comunidade adepta ao Puritanismo nos Estados Unidos. Uma das pessoas julgadas foi Ann Glover, uma Irlandesa que havia sido escravizada para a América Central e depois enviada para Os Estados Unidos. Eu já estive inclusive em Barbados e a população lá é toda preta, parece uma África no meio da América, tem apenas duzentos e cinquenta mil habitantes, uma ilha de colonização inglesa, que recebia escravos africanos e "Trabalhadores" Irlandeses para a plantação de bananas, como os Irlandeses não aguentavam o Sol quente, acabaram sendo enviados para os Estados Unidos, após tentativas de miscigenação, sabe quem nasceu lá? Rihanna, pode ser que sua ancestralidade tenha gerado uma Preta de olhos verdes, certo?

Mas voltando à Salem, a Irlandesa Ann, era empregada em uma casa, as crianças que ela cuidava se contaminaram com o tal fungo alucinógeno e começaram a delirar, ela foi acusada de praticar magia negra nas crianças, em seu julgamento exigiram que ela dissesse a Oração do Santo Anjo do Senhor. Ela fez isso, mas em gaélico, porque não sabia inglês. E no Tribunal da Inquisição não tinha mas, mas... forca nela.

Só um lembrete, comentários racistas ou políticos de esquerda ou direita serão excluídos para não haver mimimi, se quiserem acrescentar fatos históricos a essa pesquisa, todos nós agradecemos, mas mimimi não, pleaseee!

domingo, 12 de janeiro de 2025

A Escravização Branca

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