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domingo, 14 de maio de 2023
O INÍCIO DO BAIRRO SANTA FELICIDADE
O INÍCIO DO BAIRRO SANTA FELICIDADE
Histórica foto da década de 1920, mostra a Igreja de São José em Santa Felicidade, com sua distinta torre.
No final do século 19 a região era conhecida como Taquaral e se tornou um reduto italiano, batizado posteriormente de Colônia Santa Felicidade. A ocupação se tornou mais intensa nos anos de 1870, com a chegada de moradores da região de Vêneto e Trento, do norte da Itália.
As primeiras atividades comerciais dos imigrantes foram a produção de queijos, vinhos e hortigranjeiros. Quase na virada do milênio, a região já era ocupada por mais de 200 famílias, que formaram um pequeno pedaço da Itália em Curitiba.
Quando os primeiros imigrantes chegaram à região, parte do terreno ocupado foi doado por Dona Felicidade Borges, o que, diz a tradição, lhe rendeu uma homenagem na escolha do nome do bairro, "Santa Felicidade".
A região era um caminho de passagem de tropeiros nos séculos 18 e 19. As tropas paravam neste caminho para repousar e se alimentar, e desta forma, surgiram as primeiras cantinas, que mais tarde se tornaram restaurantes. Isto contribuiu para que a região se tornasse um centro gastronômico.
(Foto: Arquivo Público do Paraná)
Paulo Grani.
No ano de 1887, havia surgido em PARANAGUÁ, uma Sociedade conhecida pelo nome - "VOLTIJADORES DA ÉPOÇA"
No ano de 1887, havia surgido em PARANAGUÁ, uma Sociedade conhecida pelo nome - "VOLTIJADORES DA ÉPOÇA"
Foto ilustrativa, web.
Foto ilustrativa, web.
Jornal "A República, de 15/04/1889 .
Foto ilustrativa, web.
"VOLTIJADORES DA ÉPOCA" ...
No ano de 1887, havia surgido em PARANAGUÁ, uma Sociedade conhecida pelo nome - "VOLTIJADORES DA ÉPOÇA" - fundada por um grupo de rapazes mais modestos que, não podendo integrar o quadro social do Club Litterario por motivos financeiros, resolveu procurar um meio de ter os divertimentos da juventude naquele longínquo tempo, que eram os bailes e as representações teatrais.
De fato, o quadro social do Club Litterario era composto de elementos selecionados, que formavam a aristocracia parnanguara. O Clube Republicano, por sua vez, destinado a fins políticos, não interessava a essa juventude sadia de poucos e minguados recursos.
Os moços daquela época, que não tinham tradição de família e nem pequena fortuna que lhes pudesse dar uma posição definida no meio social da Cidade, sofriam com a falta de uma Sociedade mais modesta.
Daí, a lembrança de fundarem um Clube para seu regalo, e que foi o "Voltijadores da Época"; localizado nos porões do sobrado do Sr. Camilo Antonio Laines (hoje, bela residência do conceituado cidadão Sr. Antonio Temporão), à rua Faria Sobrinho.
Na verdade, mesmo com dificuldades financeiras, eles chegaram a organizar-se com o nome "Club Recreativo e Litterário Voltijadores", conforme propaganda veiculada no Jornal "A República, de 15/04/1889 (vide foto). Nas alegres reuniões, além dos bailes, constavam, da noitada, as representações teatrais, como fonte de instrução para a mocidade. E havia, de fato, um bom corpo cênico.
É preciso lembrar ao leitor que, naqueles idos tempos, não havia o "Cinema", nem o "Futebol", ou qualquer outra modalidade de
divertimento
. Portanto; o "Teatro" era o forte da época. As reuniões, promovidas pela recente Sociedade, compunham-se de duas partes:A primeira: TEATRO — representações de dramas, comédias, monólogos e recitativos; cujo linguajar, passava pela censura rígida, em todos os pontos de vista.
A segunda: BAILE — esplêndidas noitadas, que iam até alta madrugada. (Três horas da manhã, no máximo).
As representações, como era de praxe, começavam às 6 horas da tarde e iam até às 9 horas; quando então se dava início ao baile. À meia-noite, o conjunto musical, sob a regência do maestro, conhecido por "Manoel Zé", fazia uma parada; para dar lugar ao "chá", servido pelos sócios, em bandejas, no salão de danças. As senhoras e senhorinhas, sentadas em cadeiras encostadas às paredes do salão, tomavam o gostoso "chá" com fatias de "pão de ovos". Depois, recomeçavam as danças, sempre na maior animação. Assim eram as festas dos "VOLTIJADORES".
Para quase todas as festas, os sócios reuniam-se em Assembléia e, arranjavam o dinheiro necessários às despesas. E assim iam levando o seu Clube; sempre alegres e divertidos. Na parte teatral, os amadores faziam questão absoluta em tomar parte nos dramas e comédias. Faziam parte do Teatro os amadores:
Henrique Dacheux, Leandro Dacheux, Nicolau Dacheux, Otá- vio Branco, Eurípedes Branco, Francisco Timóteo Simas, Henrique Veiga, Manoel Clarício de Oliveira, João Bernardino, Francisco Guimarães, João Estevão Junior, Manoel Maia Junior, Antonio Carlos da Silva, Manoel Hermógenes Vidal, Joaquim de Amorim (que era o "ponto").
Com o passar do tempo, apesar da criatividade e espírito empreendedor deles, a "Sociedade dos Voltijadores da Época" passou a sentir crise financeira. O amadorismo do teatro, a união da mocidade e a alegria de todos, não se podia deixar tal empreendimento extinguir-se, foi quando, devido a uma emenda estatutária, seus sócios foram admitidos diretamente no quadro social do "Clube Republicano Recreativo" e, mais tarde, vários deles chegaram a ser Presidentes do Clube.".
Enfim, ninguém explicou o significado do termo "VOLTIJADORES" !
Bem, é difícil mesmo. Nenhum dicionário atual apresenta significado direto. Parece ser um derivativo do verbo "voltear", daí "volteador, voltijador": Aquele que volteia; que faz girar; que gira, remexe; que rodopia em torno do seu tronco; aquele que anda em corda bamba ou de arame.
(Adaptado do livro "Paranaguá na História e na Tradição, de Manoel Viana)
Paulo Grani
PRIMEIRO ATLETIBA DA HISTÓRIA
PRIMEIRO ATLETIBA DA HISTÓRIA
Campo do Graciosa.
Equipe de 1927.
Esta linda tela retrata o primeiro clássico Atletiba da história, ocorrido em 08/06/1924, disputado pelo Campeonato Paranaense.
Paulo Grani.
A COMEMORAÇÃO DO NATAL EM CURITIBA ANTIGAMENTE
A COMEMORAÇÃO DO NATAL EM CURITIBA ANTIGAMENTE
O Natal era antecedido por um período de preparativos que correspondia às quatro semanas do Advento. Nas residências, o preparo dos alimentos iniciava-se com antecedência. Ao redor do fogão, enquanto as brasas eram atiçadas, alimentava-se a memória transmitida pelos ancestrais, temperando lembranças, afirmando identidades.
Os ingredientes do receituário tradicional eram adaptados aos recursos do comércio ou do pomar, tentava-se dar formas às imagens que se queria lembrar. Geléias, biscoitos, pães com frutas e/ou sementes, Marzipan-Torten eram elaborados e acondicionados cuidadosamente para serem saboreados e admirados, na noite de Natal. Algumas massas, feitas em casa, eram levadas aos fornos das padarias para serem assadas, outras se transformavam em enfeites para o pinheirinho, o Tannenbaum.
A árvore do Natal (Weihnachtsbaum) considerada um dos costumes germânicos introduzidos em nossa sociedade foi alvo de alguns protestos, pela imprensa curitibana em determinados momentos de nosso recorte temporal.
Alguns não lhe atribuíam significados e defendiam os “presepes que incontestavelmente reuniam mais graça, mais de accordo com a historia do nascimento do menino Deos", considerando-os como legados pelos nossos antepassados. Outros não encontravam razão para “o abandono da formosa tradição tão nossa” em troca do “insipido pinheirinho” e alertavam para o “malefício” que poderia representar “para a nossa riqueza florestal” o corte do pinheiro tenro se a “mania fôr augmentando...” (A República, 24 dez. 1907).
A discussão sobre os símbolos natalinos persistia em 1913, quando um articulista ensaiou uma explicação para fazer cessar o que ele chamou de “a grande guerra contra os pinheirinhos”. Argumentando que as festas remontam aos “tempos primitivos”, aos “residuos de cultos metereologicos” e que mais tarde lhes foi dada a significação religiosa, afirmava seu ponto de vista: “Veneramos as cousas passadas, mas não desejamos vel-as perpetuadas. (...) A humanidade não avançaria, adstricta á tradição, que é a affirmação do dia de hontem, quando o progresso (...) é justamente a negação desse dia” (A Tribuna, 25 dez. 1913).
Alheios a esse embate, crianças de todas as idades eram atraídas pela magia do pinheirinho. Sustentando velas em seus galhos verdes e exalando odor característico, na noite de Natal, ele podia ser visto pelos passantes através das vidraças a “altear-se num deslumbramento de luz e de enfeites polychromicos” (Diário da Tarde, 25 dez. 1906). As cores, as luzes, as guloseimas, os aromas faziam parte do espírito festivo que inundava o período, juntamente com o som dos hinos e canções natalinas anunciando que “sempre todos os anos, vem o menino Jesus (...), vem trazendo sua bênção a todos os lares” (Gebhardt, 1898, p. 58). No ritmo da espera, os brinquedos fariam o regalo da “pequenada. Ella vê no natal o renascimento das alegrias triumphantes” (A Tribuna, 11 dez. 1913), e poderia ser brindada com a alegria de receber um presente, confeccionado por mãos habilidosas ou adquirido no comércio local.
Alguns textos escolares incentivavam o sonho infantil e estimulavam sua imaginação, ao estipular quais seriam os “desejos de uma criança”:
"Um cavalinho para montar, uma bonequinha para vestir, um carrinho para passear, um cofrinho para suas moedinhas. Para cozinhar, uma pequena cozinha, para ler, um livrinho. Muitas peças de madeira para construir, muitas maçãs para mastigar, um sininho para tanger, Christkindlein, o Menino Jesus, vai trazer." (Kahnmeyer; Schulze, 1904b, p. 29).
Como um jogo de imitações, os objetos reproduzidos em escala menor, especialmente para as crianças, proporcionavam meios de identificação com os adultos. As famílias mais abastadas contavam com um considerável leque de ofertas destes produtos “architetados pela industria” cujo desejo “é de reproduzir na natureza morta, a natureza viva”.
Nas lojas de curitiba, as vitrines expunham brinquedos que atendiam a todos os gostos, sexos e todas as condições financeiras, dos mais humildes aos mais abastados:
"Balanças e quartos de bonecas, cabeças e braços de bonecas, jogo de bola aos pinos, soldados de vários tamanhos, bondes, trilhos e trens elétricos, cavalinho de pau, cavalos de balanço (Der Kompass, 3 e 10 dez. 1904). Brinquedos, de todo o tamanho, animaes de feltro, velludo, pello, folha e madeira, apparelhos de diversos tamanhos de folha louça e folha esmaltada, gaitas de bocca e mão, rabecas, tambores de diversos tamanhos e qualidades, apparelhos para lavatório, chapéos de sol para bonecas e crianças, chapéos para bonecas bengalinhas, pianos, lanternas mágicas, malinhas e cestinhas para doce, espadas, espingardas de diversas qualidades, machinas de costura, fogões cestinhas com trabalhos, caixa de velludo com estojo, cornetas, berços, camas, mobílias completas, relógios, lampeões de diversas qualidades, bolas de vidro e borracha, chocalhos, carrinhos com e sem mola, bicycletas, pás, enxadas, baldes, soldadinhos, chicotes, canhões, vísporas, xadrez, corda para pular, bolcinhas, ratinhos de mola, gafanhotos de mola, bisouros, palhaços, flautas, sapatos, meias e luvas para bonecas, escolas, velinhas, castiçaes e grande variedade em enfeites para pinheirinho e presepes (Diário da Tarde, 26 dez. 1906)."
(Extraído de: teses.toda.escola alemã / Fotos ilustrativas da web)
Paulo Grani
OS PRINCÍPIOS DE CURITIBA
OS PRINCÍPIOS DE CURITIBA
(Extraido de: diaadiaeducacao.pr.gov.br)
Diz Saint Hilaire em seu livro Voyage dans lês Provices de Saint Paul et Saint Catherine, que em 1820 a bela cidade de Curitiba tinha apenas 220 casas. Core-etuba, era assim que os índios tupi-guarani designavam a região que habitavam por encontrarem muito pinhão.
Em 1857, o engenheiro Pedro Taulais calculava em 3000 o número de habitantes da já então capital paranaense.
No principio, Curitiba teve um desenvolvimento muito moroso, até 1873, ano em que terminou a construção da Estrada da Graciosa. Em1853, registros citam que os carroções levaram cinco dias para transpor12 léguas da serra do mar. Nos maiores declives os condutores, para aliviarem o veículo, carregavam a carga nas costas.
Com a facilidade de comunicação, Curitiba atraiu uma corrente imigratória compondo, em princípio, oito colônias por recomendação do então Presidente Lamenha Lins. Essa influencia foi toda benéfica. Os colonos criaram pequenas lavouras nos arredores das cidades, abastecendo o mercado de milho, feijão, batata, frutas, ovos e aves.
Os alemães se estabeleceram dentro do quadro urbano, chamando a si a freguesia dos colonos, montando indústrias, cervejarias, confeitarias, ferrarias, carpintarias, salsicharias, confecção de carroças, padarias e açougues. Enquanto as filhas dos polacos vinham para a cidade para empregar-se como domésticas, os filhos dos alemães dedicavam-se à profissão de cocheiros e trabalhavam em estrebarias.
O aspecto físico da cidade foi se modificando. A velha construção colonial foi sendo superada pela construção no sistema alemão. As cervejarias e as salsicharias abundavam. Sobre o balcão eram encontrados o porco fresco ou em sal, as carnes defumadas, as lingüiças e os salsichões pendurados em varas de bambu.
Com a inauguração da estrada de ferro Paranaguá-Curitiba, em 1885, o progresso da cidade foi se tornando mais extensivo. Os colonos, polacos e alemães, vinham a pé, oferecendo manteiga, leite, ovos e hortaliças. Outros, em carrocinhas, conduzindo lenha, milho e outros gêneros. Os cincerros e guizos dos animais cantavam musicalmente na fina atmosfera da manhã. Casava-se com a vivacidade do ambiente e com aquele ar vital que se respira a plenos pulmões. Com o levantar do dia, ruas de maior movimento da cidade, como a Rua Fechada (atual José Bonifácio). Rua XV de Novembro (então Rua das Flores), Praça Tiradentes, Rua Riachuelo, arredores do Mercado e trechos da Rua Aquidaban (atual ...) atulhavam-se de carroças para o transporte de cargas, com a maioria dos veículos reproduzindo o tipo russo, conduzidos por seis e oito cavalos.
Os velhos imigrantes, com vários anos de residência na cidade, mal podiam expressar alguma coisa em português.
Em 1900, escrevia o Dr. Sebastião Paraná, "Curitiba contava com 3100 prédios, fora os dos arredores, e calculava ter 35.000 habitantes. Curitiba situou-se, de começo, na parte mais baixa de um grande chapadão pantanoso, onde era enorme a quantidade de sapos a coaxar, desde o início da noite. As ruas todas por calçar, o mugido das vacas em estábulos próximos, quando não andavam soltas, misturando-se com a cavalhada, deram a cidade uma feição de aldeia."
O inverno se pronunciava no mês de maio e era suportável. Na parte da manhã, a temperatura era bem européia, mas um nevoeiro tão forte que nas ruas quase não se via outros tipos a não ser os colonos, polacos, alemães e outros, vindos dos arredores. Parecia estar em pleno norte da Europa. As indústrias foram crescendo e a oferta de mão-de-obra era grande. As polacas foram desistindo dos serviços domésticos porque as fábricas lhes ofereciam mais vantagens, o mesmo acontecendo com os jovens, que fugiam das estrebarias.
Foi a partir de 1940, com uma população de 140 mil habitantes, que o progresso começou verdadeiramente a fervilhar, resultado do desenvolvimento da lavoura do café, no norte do Paraná."
Paulo Grani
INDO À PRAIA DE CAIOBÁ NOS ANOS 1930
INDO À PRAIA DE CAIOBÁ NOS ANOS 1930
Momento em que o Lotação chega ao Rio Guaraguaçú, e precisa ser transportado sobre uma balsa devido a ponte de madeira ainda estar em construção. Essa ponte foi Inaugurada em 1937 e substituída na década de 1960 por uma de concreto. Essa ultima, por sua vez, foi substituída pela ponte atual, após a implantação do pedágio.
No outro lado do rio, a estrada tomava dois rumos: 1. O Lotação seguia para frente, até chegar em Praia de Leste (trecho da PR-407) e, pela areia da praia, seguia até Matinhos e Caiobá. 2. O outro rumo, a estrada seguia à esquerda, quase margeando o Rio Guaraguaçú, até chegar em Pontal do Sul. Esta estrada ainda existe e é de areia macadame, uma boa aventura (tem que passar algumas porteiras particulares, passei lá final década de 1990).
Onde está a casinha de madeira, à esquerda, é o atual Porto Marina Tamoatoa.
(Foto: Acervo Paulo Affonso Grötzner)
Paulo Grani
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