domingo, 14 de maio de 2023

No ano de 1887, havia surgido em PARANAGUÁ, uma Sociedade conhecida pelo nome - "VOLTIJADORES DA ÉPOÇA"

 No ano de 1887, havia surgido em PARANAGUÁ, uma Sociedade conhecida pelo nome - "VOLTIJADORES DA ÉPOÇA"


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Jornal "A República, de 15/04/1889 .


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"VOLTIJADORES DA ÉPOCA" ...
No ano de 1887, havia surgido em PARANAGUÁ, uma Sociedade conhecida pelo nome - "VOLTIJADORES DA ÉPOÇA" - fundada por um grupo de rapazes mais modestos que, não podendo integrar o quadro social do Club Litterario por motivos financeiros, resolveu procurar um meio de ter os divertimentos da juventude naquele longínquo tempo, que eram os bailes e as representações teatrais.
De fato, o quadro social do Club Litterario era composto de elementos selecionados, que formavam a aristocracia parnanguara. O Clube Republicano, por sua vez, destinado a fins políticos, não interessava a essa juventude sadia de poucos e minguados recursos.
Os moços daquela época, que não tinham tradição de família e nem pequena fortuna que lhes pudesse dar uma posição definida no meio social da Cidade, sofriam com a falta de uma Sociedade mais modesta.
Daí, a lembrança de fundarem um Clube para seu regalo, e que foi o "Voltijadores da Época"; localizado nos porões do sobrado do Sr. Camilo Antonio Laines (hoje, bela residência do conceituado cidadão Sr. Antonio Temporão), à rua Faria Sobrinho.
Na verdade, mesmo com dificuldades financeiras, eles chegaram a organizar-se com o nome "Club Recreativo e Litterário Voltijadores", conforme propaganda veiculada no Jornal "A República, de 15/04/1889 (vide foto). Nas alegres reuniões, além dos bailes, constavam, da noitada, as representações teatrais, como fonte de instrução para a mocidade. E havia, de fato, um bom corpo cênico.
É preciso lembrar ao leitor que, naqueles idos tempos, não havia o "Cinema", nem o "Futebol", ou qualquer outra modalidade de
divertimento
. Portanto; o "Teatro" era o forte da época. As reuniões, promovidas pela recente Sociedade, compunham-se de duas partes:
A primeira: TEATRO — representações de dramas, comédias, monólogos e recitativos; cujo linguajar, passava pela censura rígida, em todos os pontos de vista.
A segunda: BAILE — esplêndidas noitadas, que iam até alta madrugada. (Três horas da manhã, no máximo).
As representações, como era de praxe, começavam às 6 horas da tarde e iam até às 9 horas; quando então se dava início ao baile. À meia-noite, o conjunto musical, sob a regência do maestro, conhecido por "Manoel Zé", fazia uma parada; para dar lugar ao "chá", servido pelos sócios, em bandejas, no salão de danças. As senhoras e senhorinhas, sentadas em cadeiras encostadas às paredes do salão, tomavam o gostoso "chá" com fatias de "pão de ovos". Depois, recomeçavam as danças, sempre na maior animação. Assim eram as festas dos "VOLTIJADORES".
Para quase todas as festas, os sócios reuniam-se em Assembléia e, arranjavam o dinheiro necessários às despesas. E assim iam levando o seu Clube; sempre alegres e divertidos. Na parte teatral, os amadores faziam questão absoluta em tomar parte nos dramas e comédias. Faziam parte do Teatro os amadores:
Henrique Dacheux, Leandro Dacheux, Nicolau Dacheux, Otá- vio Branco, Eurípedes Branco, Francisco Timóteo Simas, Henrique Veiga, Manoel Clarício de Oliveira, João Bernardino, Francisco Guimarães, João Estevão Junior, Manoel Maia Junior, Antonio Carlos da Silva, Manoel Hermógenes Vidal, Joaquim de Amorim (que era o "ponto").
Com o passar do tempo, apesar da criatividade e espírito empreendedor deles, a "Sociedade dos Voltijadores da Época" passou a sentir crise financeira. O amadorismo do teatro, a união da mocidade e a alegria de todos, não se podia deixar tal empreendimento extinguir-se, foi quando, devido a uma emenda estatutária, seus sócios foram admitidos diretamente no quadro social do "Clube Republicano Recreativo" e, mais tarde, vários deles chegaram a ser Presidentes do Clube.".
Enfim, ninguém explicou o significado do termo "VOLTIJADORES" !
Bem, é difícil mesmo. Nenhum dicionário atual apresenta significado direto. Parece ser um derivativo do verbo "voltear", daí "volteador, voltijador": Aquele que volteia; que faz girar; que gira, remexe; que rodopia em torno do seu tronco; aquele que anda em corda bamba ou de arame.
(Adaptado do livro "Paranaguá na História e na Tradição, de Manoel Viana)
Paulo Grani

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