Homenagem aos mortos: conheça 4 rituais fúnebres das civilizações ao longo da história
Despedir-se de quem morreu é um ato que possui diferentes significados e tradições, de acordo com o povo, as crenças e a época de cada sociedade.
Dia de Finados no Brasil, Dia de Todos os Santos na Espanha, Dia dos Mortos no México… A morte costuma ser ponto essencial da cultura de uma nação ou povo, e mesmo quando não tem uma data fixa para ser lembrada, possui grande importância social demonstrada por meio dos mais diversos tipos de rituais fúnebres.
Para exemplificar como essas cerimônias variam de acordo com a história e as crenças envolvidas, a National Geographic listou as principais características de quatro rituais fúnebres que ocorreram – ou ainda ocorrem – no mundo. Descubra a seguir:
No funeral viking, barcos e fogo têm suma importância
De acordo com a Encyclopedia Britannica (plataforma de ensino de conhecimento geral do Reino Unido), muitos vikings praticavam o que se chamava de “enterros em navios”, nos quais o corpo da pessoa morta era colocado em um barco viking, enterrado em seu casco.
Nesses casos, o rito funerário nórdico incluía também somar pertences do morto junto com ele, os quais poderiam ser desde armas e ferramentas, passando até mesmo por corpos de escravos da pessoa falecida, que também eram mortos para estarem na cerimônia, diz a Britannica.
Já o fogo era destinado às figuras mais proeminentes da sociedade viking, informa a plataforma. Nesse caso, ateava-se fogo no barco funerário contendo o corpo do homenageada, unindo chamas e água na mesma celebração de despedida.
Máscaras funerárias, estátuas e ouro no enterro dos faraós do Egito Antigo
A morte teve grande destaque na concepção de mundo da cultura egípcia na antiguidade. Tanto que foi ponto de partida para a criação das pirâmides – gigantescas tumbas para os soberanos do império.
Do tratamento dado ao cadáver passando pelos acessórios postos no corpo dentro das tumbas, despedir-se de uma figura de alta importância no Egito Antigo consistia em uma cerimônia que levava tempo e dedicação do serviço funerário.
A Grande Pirâmide de Quéops, no Egito, é um dos monumentos construídos na era dos faraós que tem conexão com as cerimônias fúnebres desta época. As pirâmides serviam muitas vezes de túmulo para os soberanos do Egito Antigo.
Entre os muitos rituais fúnebres da época, a Encyclopedia Britannica destaca que os faraós, além de terem seus corpos mumificados, eram enterrados em sarcófagos acompanhados de uma grande quantidade de objetos valiosos. Nas paredes de suas câmaras mortuárias se faziam pinturas e esculturas adornavam o local mostrando o rei morto ao lado de divindades egípcias.
O faraó Tutancâmon (que reinou de 1.333 a 23 a.C.), por exemplo, recebeu uma máscara feita em ouro como parte do ritual de despedida. Quase todos os reis e rainhas egípcios tiveram templos mortuários enormes construídos para recebê-los, explica a Britannica.
Grande parte deles estava localizado no chamado Vale dos Reis, um desfiladeiro longo e estreito a oeste do Rio Nilo que fez parte da antiga cidade histórica de Tebas, e foi o cemitério de quase todos os faraós da 18ª, 19ª e 20ª dinastias, informa a enciclopédia.
Kuarup: o ritual fúnebre dos indígenas do Xingu usa toras de madeira
Entre as aldeias indígenas do Xingu, território que ocupa o estado do Mato Grosso, no Brasil, o Kuarup é a maneira mais nobre de relembrar e homenagear os mortos até os dias de hoje.
A cerimônia acontece sempre um ano após a morte do parente falecido, explica o site da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI). Nela, troncos de madeira são enfeitados e colocados no centro do pátio da aldeia.
Este é o ponto principal da cerimônia e em torno de onde os parentes do morto se sentam passando a noite acordados chorando e rezando por aqueles que se foram, como explica o site do Ministério dos Povos Indígenas do Brasil.
A tradição dos povos indígenas do Xingu também contempla a visita de convidados – pessoas de outras aldeias que acampam nas proximidades e recebem presentes das famílias em luto, como peixes, por exemplo. O povo da etnia Kamaiurá é um dos que segue o rito do Kuarup, no qual cada tronco de árvore simboliza uma pessoa que se foi.
O Dia dos Mortos, no México, homenageia com comida e festa
O Dia dos Mortos é um festival cultural do México que tem origem indígena e é celebrado em diversas regiões do país, como explica este artigo da National Geographic sobre o tema.
Realizado sempre nos dias 1º e 2 de novembro, através dele as pessoas que acreditam em seu simbolismo podem ter uma espécie de “reencontro” com seus entes queridos falecidos, como explica a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (a Unesco).
De acordo com a crença, nesta data os mortos cruzariam a barreira para o mundo dos vivos, e essas visitas trariam prosperidade e sorte para suas famílias, desde que sejam seguidos certos rituais. Entre eles, se destaca a presença de uma flor amarela-alaranjada chamada cempasúchil, que deve ser espalhada pela casa, além do uso de uma fotografia do morto, de velas e pratos típicos deixados sobre a mesa ou em um altar.
A comida da celebração do Dia dos Mortos inclui café, tamales (uma massa salgada recheada feita de milho), atole (uma bebida feita de milho) e frutas. Há também o chamado “pan de muerto”, um tipo de pão considerado essencial.
Os rituais e oferendas do Dia dos Mortos podem ser feitos tanto logo que se perde um ente querido, como a cada ano, como forma de lembrá-lo.
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