As Origens de Roma
Esse assunto já foi abordado antes e mais de uma vez. Agora vamos ver uma versão mais resumida.
Capítulo 1: Do Mito à Fundação
Na divisa entre a história e a mitologia, a origem de Roma se entrelaça com os destinos de heróis e deuses. A saga começa com Eneias, o valente troiano que, fugindo das cinzas de Troia incendiada pelos gregos, carrega nos ombros o peso de um novo começo. Guiado pelos desígnios dos deuses, sua jornada pelo Mediterrâneo é repleta de provações e aventuras, culminando finalmente na chegada ao Lácio, onde seu destino se fundiria ao do povo local.
Eneias, ao estabelecer-se na região, casou-se com Lavínia, filha do rei Latino, e dessa união nasceu uma linhagem que viria a moldar o destino de Roma. Entre seus descendentes, destacam-se Numitor e Amúlio, irmãos cuja rivalidade desencadearia uma série de eventos cruciais para a fundação da cidade eterna. Amúlio, o usurpador, despojou seu irmão mais velho de seu direito e condenou Rhea Silvia, filha de Numitor, a uma vida de virgindade como vestal, para que não houvesse herdeiros. Mas o destino, caprichoso, uniu Rhea Silvia ao deus Marte, e dessa união nasceram os gêmeos Rômulo e Remo.
Amúlio, temendo a profecia de que seria destronado por descendentes de Numitor, ordenou que os gêmeos fossem lançados ao rio Tibre. Mas a providência divina interveio, e a correnteza os levou à segurança, onde foram salvos e amamentados por uma loba. Mais tarde foram encontrados pelo pastor Fáustulo, que os criou como seus próprios filhos.
Rômulo e Remo cresceram fortes e valentes, mas desconhecendo sua nobre origem. Ao descobrirem a verdade sobre seu passado lideraram uma revolta que depôs Amúlio, restaurando Numitor ao trono de Alba Longa.
Ainda assim, o desejo de fundar sua própria cidade ardia nos corações dos irmãos. Escolhendo o local onde foram salvos pela loba como local, iniciaram as fundações de uma nova vila. Contudo, a disputa pelo direito de nomear a localidade culminou com a morte de Remo pelas mãos de seu irmão Rômulo. Assim, em 753 a.C., Roma nasceu, marcada desde o início por uma disputa sangrenta.
Sob o reinado de Rômulo, Roma expandiu-se, acolhendo no início, refugiados, exilados e até criminosos, formando uma população diversa e robusta. Mas só havia homens, entretanto. Reza a lenda que, para arranjar mulheres, os romanos fizeram uma festa e convidaram seus vizinhos, os sabinos para participar. Na festa, os romanos sequestraram as sabinas que estavam presentes, solteiras, casadas, raptaram um monte delas. Isso detonou uma guerra entre os dois povos, mas antes que o sangue rolasse em profusão, as próprias sabinas raptadas entraram no meio dos guerreiros e pediram por paz. Seu desejo foi aceito e a paz se estabeleceu. Como isso aconteceu? Bem, essa é uma história para outra hora, em um post específico... Voltando a Rômulo, ele instituiu o Senado, criando uma estrutura de governança que perduraria por séculos. Após sua misteriosa morte, foi deificado como o deus Quirino, e o trono passou por sete reis, destacando-se Numa Pompílio, que estabeleceu as bases religiosas de Roma, e Tarquínio Prisco, que iniciou grandes obras públicas.
Mas foi com Tarquínio, o Soberbo, que a monarquia encontrou seu fim. Seu governo tirânico e o estupro de Lucrécia pelo filho dele, seguido pela delação dela e seu suicídio em público por conta da honra ultrajada, levaram à uma revolta popular liderada por Lúcio Júnio Bruto, culminando na expulsão da família real.
A expulsão de Tarquínio, em 509 a.C., não foi apenas o fim de um reinado, mas o início de uma nova era para Roma. A República foi estabelecida, marcando o fim da monarquia e o começo de um sistema político que viria a influenciar o desenvolvimento da civilização ocidental.
A transição de uma monarquia para uma república não foi apenas uma mudança de governantes, mas uma profunda transformação na estrutura política, social e cultural de Roma. O que virá a seguir? Como Roma se desenvolverá sob o novo sistema republicano? E quais desafios, tragédias e conquistas aguardam esse povo que, entre deuses e mortais, traça seu destino?
Nos próximos capítulos, desvendaremos os mistérios da expansão da grande cidade, as guerras púnicas, o apogeu e a crise da República, até a ascensão do Império. A história de Roma é um convite a explorar o passado, entender o presente e imaginar o futuro.
Edson Rodriguez, autor de PRIMA LANÇA e CONTOS da NÉVOA escreveu este post
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