segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Como era a higiene feminina na Era Vitoriana?

 Como era a higiene feminina na Era Vitoriana?



Naquele tempo, entre meados do século XIX e o início do século XX, as mulheres enfrentavam desafios diários para manter a higiene que hoje consideramos básica. As roupas eram pesadas, cheias de camadas, e os recursos de limpeza eram limitados e, muitas vezes, até perigosos para a saúde. Desde a ida ao banheiro, até os cuidados com os cabelos e a forma de lidar com a menstruação, tudo exigia improviso, criatividade e, sobretudo, resistência.

Banheiro: As mulheres vitorianas tinham muito mais dificuldades para ir ao banheiro do que temos hoje. Suas roupas íntimas eram bem diferentes: não existiam calcinhas como as atuais, mas sim pantalonas — uma espécie de bermudinha até o joelho, feita de tecido leve e arejado. O detalhe curioso é que essas pantalonas possuíam uma fenda entre as pernas, que deixava a região íntima livre para que elas conseguissem urinar ou evacuar sem precisar retirar toda a roupa.

Papel Higiênico: As primeiras versões de papel higiênico só começaram a aparecer por volta de 1870, já no fim do século XIX. Eram perfumados e cheios de aditivos químicos desinfetantes, criados para disfarçar o mau cheiro. Mas o resultado foi um verdadeiro problema: muitas mulheres sofreram queimaduras e irritações na região íntima por causa dessas substâncias. Antes disso, a realidade era bem mais rudimentar. Homens e mulheres usavam jornais velhos ou até sabugos de milho para se limpar. As mulheres ricas tinham mais alternativas, como pedaços de tecido que eram mantidos no banheiro para a higiene íntima e até para lidar com a menstruação. Esses panos eram lavados em água quente e reutilizados. Já os jornais continuaram sendo muito usados, principalmente depois do número dois.

Menstruação: Não havia absorventes descartáveis como os de hoje. As mulheres usavam tiras de linho dobradas e presas com uma espécie de cinta-liga. A limpeza era feita com panos úmidos, e todo o material era lavado e usado novamente.

Banho: Chuveiros ainda não existiam, mas isso não significava que as pessoas não tinham hábitos de higiene. As famílias pobres esquentavam a água no fogão e tomavam banho de imersão em banheiras de madeira ou metal, geralmente de forma esporádica. O banho completo e demorado não era diário. No dia a dia, as mulheres mantinham em seus quartos jarros grandes com água e bacias, onde lavavam mãos, rosto, axilas e virilhas. Muitas também passavam panos úmidos por todo o corpo, com atenção especial às partes íntimas. Já as famílias ricas tinham banheiras de porcelana e até espaços dedicados ao banho. O verdadeiro luxo era o escalda-pés, uma pequena bacia com água quente para relaxar antes de dormir.

Lavar o cabelo: Os penteados femininos eram elaborados e exigiam horas para lavar, secar e arrumar. Por isso, não era comum lavar o cabelo com frequência. Os fios eram longos, mas usá-los soltos era considerado deselegante — uma mulher casada só soltava os cabelos na frente do marido, em momentos íntimos. Acreditava-se que lavar demais danificava os fios, então, muitas lavavam a cada 15 ou até 30 dias. Livros de beleza da época recomendavam: cabelos oleosos a cada duas semanas, cabelos normais uma vez por mês. Não havia shampoo como hoje — o sabonete comum era usado também nos cabelos, apesar de conter soda cáustica, o que deixava os fios ressecados. Em alguns casos, até amônia pura era usada para limpar o couro cabeludo.

Desodorante: Antes de desodorantes e loções, encobrir o mau cheiro era um desafio. Mulheres ricas podiam comprar perfumes e colônias, mas o produto mais acessível era o pó perfumado, conhecido como talco. Ele era usado diariamente, absorvia a umidade e evitava que o odor passasse para as roupas. Também era aplicado na virilha, já que as roupas pesadas e quentes causavam suor excessivo. As mais pobres não tinham nem essa opção: improvisavam pedaços de tecido nas axilas para evitar o cheiro rançoso que impregnava nos vestidos.

Higiene bucal: A odontologia ainda engatinhava. Os dentistas, na maioria das vezes, só extraíam dentes ruins. No início da Era Vitoriana, a limpeza era feita esfregando sal nos dentes com o dedo. A escova de dentes moderna foi inventada em 1857, mas só se popularizou no início do século XX.

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