1897, fotografia de Flávio de Barros. Colorização: Rubens Antonio

Fotografia do corpo exumado de Antônio Conselheiro, Canudos/BA, 06/10/1897, fotografia de Flávio de Barros. Colorização: Rubens Antonio

No dia 22 de setembro de 1897 morria, em Canudos (BA), Antônio Vicente Mendes Maciel, mais conhecido como Antônio Conselheiro. Nascido em Quixeramobim (CE), no dia 13 de março de 1830, ele foi um líder religioso brasileiro que encabeçou a Guerra de Canudos ou Campanha de Canudos, um confronto entre sertanejos e o Exército Brasileiro. Ainda não se sabe exatamente qual foi a causa de sua morte. Especula-se que morreu por conta de ferimentos de granada ou por doença. Sua morte ocorreu dias antes do término da Guerra de Canudos, em 5 de outubro de 1897.

Abaixo, segue o relato do Coronel Dantas Barreto sobre a Exumação do corpo de Antônio Conselheiro descrita no livro de sua autoria chamado "Última Expedição a Canudos 1ª edição - 1898":

"Desde o dia 02 de Outubro sabíamos por informações de prisioneiros, que Antônio Conselheiro já não existia em Canudos, porém os infelizes não nos referiam claramente, positivamente, como esse desaparecimento ocorrera. Uns diziam que o excêntrico aventureiro tinha parecido havia poucos dias, outros pareciam acreditar que ele se alará ao céu onde costumava ir, e nisto consistiam as informações a respeito de Conselheiro. A ideia da santidade desse homem superior ainda não se tinha desvanecido do espírito dos seus últimos companheiros de infortúnio, e isso alentava-os certamente na desgraça. Também soubemos desde logo que, a exceção de Antônio Villa-Nova, não sobrevivera a catástrofe nenhum dos chefes imediatamente ligados ao grande agitador sertanejo. Tinham morrido Pajeú, João Abbade, Joaquim Macambira, e o Villa-Nova havia fugido com toda sua família um dia antes do sítio, provavelmente depois da Morte do Conselheiro. Ainda no dia 6, enquanto se tratava do arrasamento total de Canudos, desentulhava-se o quarto do santuário, onde nunca mais saíra o Filho do Homem, desde que chegamos à favela, segundo afirmavam os prisioneiros. Concluindo esse trabalho que as circunstâncias reclamavam, não foi muito difícil encontrar-se, junto a uma parede central da santa habitação, indícios de terra revolvida e para ali se dirigia a atenção dos alferes campos, encarregado de semelhante serviço. Tratava-se visivelmente de uma sepultura ainda fresca, que, aberta no santuário, não podia ser senão a do Conselheiro.

Os soldados cavaram com o maior empenho, a cova era bastante funda, a ansiedade crescia de momento a momento; cavaram, cavaram cautelosamente e, por fim, deram com os pés de um homem, calçados de sandália, como as que usam os religiosos capuchinhos. Ainda com a sofreguidão da curiosidade, e apareceu o corpo, dos pés à cabeça. Era ele!

Recolheram-no desde logo alguns dos fanáticos prisioneiros, mandados para essa penosa diligência. Estavam presentes o general Arthur Barbosa e Carlos Eugenio, bem como o major Dr. Curió. Retirou-se da sepultura o corpo, aliás de estrutura regular e, como exame de outros fanáticos chamados ainda para esse fim, constatou-se a identidade do cadáver do Conselheiro. Estava com seu longo hábito azul marinho, como costumava andar ordinariamente; os cabelos, que lhe tocavam nos ombros, começaram a cair, e a barba grisalha, não muito espessa, encobria-lhe a parte anterior do pescoço. Tinha-se lhe decomposto a ponta do nariz, e toda fronte, que a terra não poupara, estava em estado repugnante. Uma chave de prata que fora encontrada no bolso do hábito, guardava-a o alferes Jacinto Campos, como recordação dos seus trabalhos em Canudos.

Depois os soldados colocaram o cadáver na mesma sepultura, e a mesma terra encheu esse estreito vazio. Sem precederam à autópsia do cadáver, por falta de elementos essenciais, os médicos declararam, entretanto, que não podia exceder de doze dias a morte do velho agitador Brasileiro."

Sua cabeça foi cortada e levada até a Faculdade de Medicina de Salvador para ser examinada pelo Dr. Nina Rodrigues, pois para a ciência da época, "a loucura, a demência e o fanatismo" deveriam estar estampados nos traços de seu rosto e crânio (vide frenologia). O arraial de Canudos foi completamente destruído. Em 3 de março de 1905, um incêndio na antiga Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus, em Salvador (BA), destruiu a cabeça de Antônio Conselheiro. Nina Rodrigues, uma célebre autoridade sanitária da época, diagnosticou Maciel como portador de uma psicose sistemática progressiva.

#AntônioConselheiro #GuerraDeCanudos #Bahia #Curiosidades #SertãoNordestino #Canudos

segunda-feira, 10 de março de 2025

Fotografia do corpo exumado de Antônio Conselheiro, Canudos/BA, 06/10/1897, fotografia de Flávio de Barros. Colorização: Rubens Antonio

Fotografia do corpo exumado de Antônio Conselheiro, Canudos/BA, 06/10/1897, fotografia de Flávio de Barros. Colorização: Rubens Antonio (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({}); (adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});

Fotografia do corpo exumado de Antônio Conselheiro, Canudos/BA, 06/10/1897, fotografia de Flávio de Barros. Colorização: Rubens Antonio