Natais antigos de Curitiba
João Cândido Martins - Data: 09/12/2019
https://www.cmc.pr.gov.br/ass_det.php?not=31854#&panel1-1
Segundo a professora e historiadora Cassiana Lacerda, o primeiro registro de uma árvore de natal em Curitiba se deu em 1888 no jornal Galleria Illustrada. (Foto: Antigamente em Curitiba/Facebook)
A comunidade Antigamente em Curitiba do Facebook, organizada pelo empresário e pesquisador Paulo José da Costa, reúne fotos antigas da cidade. Nela, é possível encontrar amostras de como foram alguns natais curitibanos antigos. É de 1888 o registro da primeira árvore de Natal em Curitiba. De acordo com a historiadora e professora Cassiana Lacerda, citando o jornal Galleria Illustrada daquele ano, "os alemães foram os introdutores da árvore de Natal em nossa sociedade, que, até então, se limitava às suas ‘soirées’, a festivais e à devoção da Missa do Galo".
Paróquia de São José e Santa Felicidade, fundada no natal de 1891. O prédio foi projetado e construído pelo padre Pietro Colbacchini. (Foto: Arquidiocese de Curitiba)
Em 1891, os imigrantes italianos estabelecidos em Santa Felicidade escolheram a data para inaugurar sua nova igreja. Na noite do dia 24, houve uma procissão com mais de duas mil pessoas, todas segurando velas. É o que conta o padre Pietro Colbacchini, construtor do prédio, em cartas enviadas para seus superiores em Roma (saiba mais).
A festa se difundiu entre as famílias, como se pode observar em uma foto de 1925, que retrata o natal na Casa Hoffmann. Segundo a professora Cassiana Lacerda, aparecem na foto Hilário Hoffmann (Römerstad, 1833 - Curitiba, 1925) e seu filho Júlio Hoffmann (Römerstad, 1875 - Curitiba, 1956).
O costume de festejar o natal em família se espalhou pela cidade, como se comprova por essa foto de 1925, que mostra integrantes da família Hoffmann. (Antigamente em Curitiba/Facebook)
Entre os anos 30 e 50, as figurinhas que acompanhavam as balas Zequinha foram uma febre entre as crianças de Curitiba. Na imagem, o palhaço Zequinha caracterizado como Papai Noel (Foto: Memória de Curitiba/Facebook)
Em 1928, os irmãos Sobania resolveram aumentar a venda de suas balas e, para isso, passaram a vendê-las acompanhadas por figurinhas com imagens de um palhaço chamado Zequinha. As figuras traziam Zequinha nas mais diversas situações (bombeiro, médico, policial, etc). Nos vinte anos seguintes as balas Zequinha foram uma febre entre as crianças de Curitiba. A foto mostra a figura 99, desenhada por Paulo Carlos Rohrbach (funcionário da Impressora Paranaense de 1939 a 1953) que representa Zequinha como Papai Noel. Rohrbach também desenhou o rótulo da Gasosa Cini.
Para comemorar o natal, as lojas Hermes Macedo instalavam anualmente na rua Barão do Rio Branco um arco com dizeres e imagens referentes à data. A foto mostra o local na década de 50. (Foto: Antigamente em Curitiba/Facebook)
O mesmo local já na década de 1970. (Foto: Antigamente em Curitiba/Facebook)
Outra proposta natalina que marcou época na cidade partiu da extinta loja Hermes Macedo, que entre 1940 e 1990 se vestia para o Natal. A empresa instalou, na rua Barão do Rio Branco, um arco que unia as duas calçadas com inscrições e imagens referentes ao Natal. Tinha a Gruta Encantada, desfile com carros alegóricos e os funcionários se fantasiavam para receber o Papai Noel. É possível encontrar na internet muitas imagens do arco instalado pela HM ao longo dos anos. A foto em preto e branco, por exemplo, é da década de 50, e a foto seguinte mostra o mesmo local já na década de 70.
Em 1984 foi lançado pela Editora Brasiliense, o livro “Jesus”, de autoria de Paulo Leminski. Entre outros temas, Leminski analisa o nascimento de Cristo. (Foto: Pinterest)
Dois dos maiores escritores paranaenses, Dalton Trevisan e Paulo Leminski, se dedicaram ao Natal em algum momento de suas carreiras. Em 1984, Leminski lançou pela editora Brasiliense o livro “Jesus”, no qual explica com sua erudição a trajetória do personagem bíblico. Sobre o nascimento de Cristo, ele comenta que: “As tradições apostólicas e os relatos evangélicos cercaram seu nascimento e primeiros anos de toda sorte de lendas das mil e uma noites, de que o Oriente gosta. Desde o nascimento de uma virgem até a visita de três Magos ao menino recém-nascido, cada um portando presentes, ouro, incenso e mirra. As contradições entre uma história verdadeira e lendas e fábulas que se teceram em volta de Joshua (Jesus) aparecem à primeira vista”.
Dalton Trevisan, por sua vez, propôs um conto passado na noite de Natal. O título é Onde estão os natais de antanho?, publicado no livro “Desastres do Amor” (Editora Record, 1993). Sua visão do natal não é colorida. Envolve o erotismo e o senso de brutalidade que caracterizam sua obra, cujos enredos sempre se passam numa Curitiba sombria e pecaminosa. Dalton é por muitos considerado o maior contista vivo do Brasil.
A partir dos anos 1990, o Palácio Avenida, na avenida Luiz Xavier, se tornou palco de apresentações natalinas. (Foto: Antigamente em Curitiba/Facebook)
Nos anos 90, a decoração do Palácio Avenida na Rua XV também entrou para a história da cidade. Originalmente produzida pelo extinto Banco Bamerindus, a festividade reunia um coro de crianças nas janelas e portas da construção histórica (veja uma propaganda de 1991). O evento passou por transformações, mas até hoje encanta a população e os turistas que lotam a avenida Luiz Xavier para assistir o espetáculo.
Também marcou época a decoração natalina que era instalada no topo do Centro Comercial Itália (Shopping Itália). (Foto: Antigamente em Curitiba/Facebook)
Também na década de 90, o Centro Comercial Itália (Shopping Itália) passou a decorar o prédio durante o Natal. Por ser um dos edifícios mais altos da cidade, a decoração era visível a quilômetros de distância.
Em 2011, a prefeitura instalou na rua XV a Galeria de Luz, um conjunto de arcos e portais iluminados por mais de 50 mil lâmpadas coloridas. (Foto: Antigamente em Curitiba/Facebook)
Mais recente promovida pela prefeitura de Curitiba foi a Galeria de Luz, uma sequência de arcos e portais na rua XV com 50 mil lâmpadas coloridas (foto 11). A galeria foi elaborada pelo artista italiano Valerio Festi, responsável por decorações como a do aniversário do terremoto de Kobe, no Japão, e as arquiteturas de luz das Galeries Lafayette, em Paris. Na foto, a galeria instalada na rua XV em 2011.