Saldanha Marinho "Ganganelli": O Líder Maçom que influenciou a queda da Monarquia e a Separação da Igreja do Estado Brasileiro.

Joaquim Saldanha Marinho, filho de Pantaleão Ferreira dos Santos (falecido na Revolução Pernambucana de 1817) e de Dona Augusta Joaquina Saldanha, nasceu em 04 de maio de 1816 na cidade do Recife, Pernambuco. Foi advogado, jornalista, político, professor, sociólogo e Grão-Mestre da Maçonaria.

Matriculou-se na Faculdade de Direito em 1832, formando-se a 15 de novembro de 1835. Depois mudou-se para o Ceará, onde foi promotor público na cidade do Crato, além de secretário de governo,

professor do liceu estadual e juiz dos feitos da fazenda em Fortaleza.

Em março de 1860 mudou-se para a corte onde assumiu a redação do Diário do Rio de Janeiro. É este o período mais importante de sua vida, sempre cercado de homens como Machado de Assis, Joaquim Nabuco e Quintino Bocayuva. Membro do Partido Liberal, foi Senador, depois de ter sido Deputado pelo Município Neutro (1861 - 1866) e pela província do Amazonas (1868) no II Reinado Presidiu as províncias de Minas Gerais (1865 - 1867) e São Paulo (1867 – 1868), mas rompeu depois com a política imperial quando em 1870 ajudou a organizar o recém fundado Partido Republicano, foi reconhecido como o chefe do Grande Oriente do Brasil e o principal porta voz da Maçonaria no País.

Sob o pseudônimo de “Ganganelli” Saldanha Marinho influenciou boa parte da Impressa nacional em uma guerra panfletária contra o que a Maçonaria Brasileira enxergava como seus Principais inimigos: O Papa Pio IX e o movimento Ultramontano dos Bispos Dom Vital de Olinda, e Dom Macedo Costa do Pará. A contenda surgiu quando maçons foram proibidos pelo bispo de Olinda, de ingressar nas irmandades religiosas, em cumprimento a determinações do papa, que não foram aprovadas pelo Imperador Dom Pedro II. Assim Saldanha Marinho afirmou: “que a igreja do Brasil estava sendo romanizada e que os bispos assumiam assim uma atitude antipatriótica”

Em sua luta anti-clerical na Impressa Saldanha Marinho e os Maçons inflamavam o Laicismo na Sociedade Brasileira. Defendera a deportação e perda da cidadania dos prelados, a laicização pura e simples do Estado e o rompimento das relações diplomáticas com a Santa Sé. Saldanha Marinho em seu livro "A Igreja e o Estado" de 1873 alega que no Brasil, em meio à questão religiosa, o clero se mostrava relutante para aceitar a implantação dos Direitos do Homem decorrentes da Revolução Francesa, e que a Liberdade Religiosa e a Separação da Igreja e do Estado eram inevitáveis.

O Líder Maçom e Republicano foi inclusive excomungado pelo Papa Pio IX em 1873 por suas atividades anti-clericais e declarações hostis na impressa contra a Igreja. Provocou uma cisão no grande oriente do Brasil, opondo-se ao supremo conselho (chefiando pelo Visconde do Rio Branco, presidente do Conselho de Ministros), a quem acusou de complacência em face da igreja católica.

Foi um dos fundadores do Clube Republicano, junto com Quintino Bocaiúva e do jornal “A República”, na qual é lançado o “Manifesto republicano” de 1870 que foi redigido em sua casa do Rio de Janeiro. Voltou a disputar uma eleição, agora para o Senado, em chapa com Quintino Bocaiúva e Francisco Rangel Pestana, mas foram todos derrotados.

Em junho de 1887, durante o Congresso Republicano Federal, foi eleito presidente do

conselho federal, ao lado de Quintino Bocaiúva (vice-presidente), Aristides Lobo (secretário), Campos Sales e Ubaldino do Amaral. O congresso buscava unificar as correntes republicanas do país, e, como resultado do encontro, aprovou-se uma constituição partidária e foi lançado um manifesto que atribuía à monarquia os problemas econômicos e sociais do Brasil e pedia o fim da escravidão.

Para os maçons, sobretudo aqueles ligados ao Círculo dos "Beneditinos" a forma de governo republicana oferecia uma oportunidade de romper com o centralismo monárquico. Neste sentido, Saldanha Marinho pode ser considerado aquele que melhor traduziu as expectativas desse segmento.

Com a Proclamação da República Brasileira, foi um dos autores do anteprojeto da Constituição de 1891 e senador da República pelo Distrito Federal, de 1890 até a sua morte em 1895. Foi candidato a Presidência da constituinte em 1890, Perdendo para Prudente de Morais.

Saldanha Marinho faleceu no dia 27 de maio de 1895, aos 79 anos, na cidade do Rio de Janeiro. Além de grão-mestre da maçonaria do Grande Oriente do Brasil, foi membro e presidente

do Instituto dos Advogados Brasileiros.

Casou-se, em 1837, em Pernambuco, com Paulina de Carvalho (†1876), de cuja união nasceram três filhos, dentre os quais, Joaquim Saldanha Marinho Jr., professor de Matemática.

segunda-feira, 10 de março de 2025

Saldanha Marinho "Ganganelli": O Líder Maçom que influenciou a queda da Monarquia e a Separação da Igreja do Estado Brasileiro

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