O PASSAGEIRO FANTASMA DO RGR-1313
15 de maio de 1955, manhã chuvosa no Bairro Alto, em Antonina, litoral norte do estado do Paraná.
O PASSAGEIRO FANTASMA DO RGR-1313
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15 de maio de 1955, manhã chuvosa no Bairro Alto, em Antonina, litoral norte do estado do Paraná.
Um avião de prefixo RGR-1313, operado pela X-Planes, preparava-se para os procedimentos de descida no aeroporto internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
Cerca de duas horas antes, a aeronave havia decolado do aeroporto de Viracopos, na cidade de Campinas - SP, com 75 passageiros e 5 tripulantes a bordo.
Aquela viagem estava estranha. As pessoas estavam quietas. O silêncio dentro do avião era absurdo. Uma atmosfera pesada imperava, literalmente, no ar.
Numa das poltronas do meio do avião, no meu lado direito, separando-nos pelo corredor, havia um jovem branco, aproximadamente 30 anos, 1,8 metros de altura, cabelo bem penteado, com barba e bigode, e trajando um terno muito elegante... Achei interessante aquilo, pois aquele jovem era muito parecido comigo e vestia-se igual a mim.
A aeromoça caminhou pelo corredor do avião para fazer a recontagem dos passageiros. Ela disse que tinha um passageiro a mais. Ao invés de 75, tinham 76 passageiros. Logo, quem era a pessoa que tinha entrado após o avião já estar em voo? Esse alguém não entrou com o bilhete de passagem e nem sequer entrou pelas portas da aeronave.
O avião tinha capacidade máxima de 80 pessoas e já estava a 8.140 metros (29.700 pés) de altura, numa velocidade de 415 Km/h.
– Atento CTA, aqui é RGR-1313, na rota 178.
– Copiado, RGR-1313!
– QSL, CTA.
Dois minutos após a comunicação com o controle de tráfego aéreo do aeroporto Afonso Pena, aquele jovem elegante, do qual eu não sabia o nome, mas que era muito parecido comigo mesmo, levantou-se e foi caminhando em direção à cabine dos pilotos e transpassou a porta como um fantasma. Aquilo me assustou e eu imediatamente comecei a rezar. Segundos depois, a aeronave se desestabilizou. E exatamente a 30 quilômetros de distância da cabeceira da pista do aeroporto, o avião se chocou com o cume do Pico Paraná, em Antonina.
O que restou do avião está espalhado na mata atlântica. Seus fragmentos foram cobertos pela vegetação. Uma tragédia e um drama que a história registrou enquanto a natureza pacientemente encobriu. Mas dentro dessa tragédia existe também um mistério que até hoje me faz delirar. Quem era aquele jovem que transpassou a porta da cabine? E o que ele fez lá dentro?
O acidente vitimou 79 pessoas. Somente eu, na época com 30 anos, sobrevivi, depois de aguardar 42 horas para ser resgatado. Fui resgatado ileso, sem sequer um arranhão.
No resgate, já havia pouco o que se fazer e boa parte dos feridos morreu de hipotermia durante a noite úmida e gelada. Quando finalmente os resgatistas chegaram no local do acidente, havia eu, que não tinha nenhum ferimento e duas outras pessoas que estavam muito feridas. Porém, horas depois, as outras duas pessoas entraram em óbito, restando somente este que te conta a história, que você sequer sabe quem é.
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– Por Jhonny Arconi
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15 de maio de 1955, manhã chuvosa no Bairro Alto, em Antonina, litoral norte do estado do Paraná.
Um avião de prefixo RGR-1313, operado pela X-Planes, preparava-se para os procedimentos de descida no aeroporto internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais.
Cerca de duas horas antes, a aeronave havia decolado do aeroporto de Viracopos, na cidade de Campinas - SP, com 75 passageiros e 5 tripulantes a bordo.
Aquela viagem estava estranha. As pessoas estavam quietas. O silêncio dentro do avião era absurdo. Uma atmosfera pesada imperava, literalmente, no ar.
Numa das poltronas do meio do avião, no meu lado direito, separando-nos pelo corredor, havia um jovem branco, aproximadamente 30 anos, 1,8 metros de altura, cabelo bem penteado, com barba e bigode, e trajando um terno muito elegante... Achei interessante aquilo, pois aquele jovem era muito parecido comigo e vestia-se igual a mim.
A aeromoça caminhou pelo corredor do avião para fazer a recontagem dos passageiros. Ela disse que tinha um passageiro a mais. Ao invés de 75, tinham 76 passageiros. Logo, quem era a pessoa que tinha entrado após o avião já estar em voo? Esse alguém não entrou com o bilhete de passagem e nem sequer entrou pelas portas da aeronave.
O avião tinha capacidade máxima de 80 pessoas e já estava a 8.140 metros (29.700 pés) de altura, numa velocidade de 415 Km/h.
– Atento CTA, aqui é RGR-1313, na rota 178.
– Copiado, RGR-1313!
– QSL, CTA.
Dois minutos após a comunicação com o controle de tráfego aéreo do aeroporto Afonso Pena, aquele jovem elegante, do qual eu não sabia o nome, mas que era muito parecido comigo mesmo, levantou-se e foi caminhando em direção à cabine dos pilotos e transpassou a porta como um fantasma. Aquilo me assustou e eu imediatamente comecei a rezar. Segundos depois, a aeronave se desestabilizou. E exatamente a 30 quilômetros de distância da cabeceira da pista do aeroporto, o avião se chocou com o cume do Pico Paraná, em Antonina.
O que restou do avião está espalhado na mata atlântica. Seus fragmentos foram cobertos pela vegetação. Uma tragédia e um drama que a história registrou enquanto a natureza pacientemente encobriu. Mas dentro dessa tragédia existe também um mistério que até hoje me faz delirar. Quem era aquele jovem que transpassou a porta da cabine? E o que ele fez lá dentro?
O acidente vitimou 79 pessoas. Somente eu, na época com 30 anos, sobrevivi, depois de aguardar 42 horas para ser resgatado. Fui resgatado ileso, sem sequer um arranhão.
No resgate, já havia pouco o que se fazer e boa parte dos feridos morreu de hipotermia durante a noite úmida e gelada. Quando finalmente os resgatistas chegaram no local do acidente, havia eu, que não tinha nenhum ferimento e duas outras pessoas que estavam muito feridas. Porém, horas depois, as outras duas pessoas entraram em óbito, restando somente este que te conta a história, que você sequer sabe quem é.
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– Por Jhonny Arconi