Na foto de 1950, obras de alargamento da estrada do Xaxim, atual Rua Francisco Derosso
Na década de 1950, surgia o primeiro loteamento, organizado pelo Dr. Waldomiro Pedroso, médico e deputado estadual e pelo engenheiro Ernesto Pontoni, em terreno adquirido de herdeiro de Eduardo Pinto da Rocha, área a qual fazia frente para a estradinha do Padilha e Campo Boa Vista, importante ligação com a Vila Osternak e Umbará, loteamento denominado Jardim Paranaense.
As dificuldades para a venda dos lotes eram imensas, pois não existia qualquer infra-estrutura no local e a única via para se chegar ao local era pela antiga estrada para São José dos Pinhais, atual Rua Francisco Derosso. Já naquela época existiam os acordos e acertos políticos. Cerca de 80% dos lotes foram comercializados com a Caixa de Habitação Popular, órgão do governo estadual, com a finalidade de que fosse construído no local um conjunto habitacional. Grande foi a alegria das famílias que foram sorteadas para ocuparem as casas dos conjuntos, alegria esta que durou pouco, ao constatarem as dificuldades que iriam enfrentar. Em dias chuvosos, era quase impossível trafegar pela velha estrada, que se transformava em um verdadeiro lamaçal, já que o leito da estrada era de chão batido e argiloso. O ponto de ônibus mais próximo ficava na Rua Marechal Floriano Peixoto, em gente ao Quartel do Boqueirão e para se chegar ao local utilizava-se de um caminho pelo campo e mato, onde hoje é a Rua Pastor Antonio Polito. Posteriormente um morador adquiriu um velho auto lotação e 3 à 4 vezes por dia, transportava os moradores até o ponto de ônibus na Rua Mal. Floriano.
Não existia rede elétrica e a Sanepar era desconhecida. A escola mais próxima ficava a cinco quilômetros do conjunto. Muitas famílias desistiram de morar no local, principalmente as que exerciam atividades no centro de Curitiba. Toda aquela região que se localizava após a atual Rua Isaak Ferreira da Cruz, até a margem do rio Iguaçu, segundo antigas escrituras, era denominada de Campo da Ponte, possivelmente por lá se localizar a primeira ponte de madeira sobre o rio Iguaçu, na única ligação de Curitiba, com o município de São José dos Pinhais e a cidade de Joinville, em Santa Catarina. O segundo loteamento da região, também foi organizado pelo engenheiro Ernesto Pontoni e era de propriedade de Paulo Brum e Hercílio Zanetti, foi denominado de Vila Nova, localizado no lado esquerdo do final da Rua Francisco Derosso, cuja venda dos lotes enfrentou as mesmas dificuldades do loteamento Jardim Paranaense. Os 90% dos compradores, adquiriram seus lotes pensando num futuro não muito próximo.
A primeira escola pública estadual surgiu graças a iniciativa da jovem Clarice Pinto da Rocha, neta de Eduardo Pinto da Rocha e filha de Santinor Pinto da Rocha e de Elvira Derosso da Rocha, tendo como local o velho barracão de madeira, que havia sido usado como depósito de materiais da construtora do conjunto da Caixa de Habitação Popular. A jovem Clarice, foi a primeira professora e responsável pela escola, que mais tarde foi substituída por um estabelecimento em alvenaria e denominada de Escola Estadual Lúcia Bastos.
Em 1964, com o ensaibramento da Rua Franciso Derosso, até a esquina com a Rua Eduardo Pinto da Rocha e com a retificação da curva em forma de ferradura, no local conhecido pelos moradores como volteio (a curva desviava uma velha vertente de água, que servia como marco divisório da Fazenda Boqueirão, com terras de Mathias de Andrade Rocha), foi construída a rotatória da Rua Isaak Ferreira da Cruz, com a Rua Francisco Derosso. A antiga curva do volteio recebeu a denominação de Rua Paulo Brum, que sempre preservou o bosque de sua propriedade, onde atualmente fica o Condomínio das Araucárias. Com esta melhoria, o tráfego de veículos melhorou, encorajando os proprietários de lotes, a construírem suas moradias. Novos loteamentos começaram a surgir, sendo um dos maiores a Vila Nossa Senhora do Pilar, localizada a direita da Rua Eduardo Pinto da Rocha, quase esquina com a Rua Francisco Derosso. A seguir surgiu o Conjunto Cabo Nácar, da Associação da Polícia Militar do Estado, cujas moradias seriam destinadas ao militares associados. Em 1972, considerando o rápido desenvolvimento da região, a prefeitura, por meio de decreto municipal, criou o bairro Alto Boqueirão (ficaria melhor Jardim Paranaense), desmembrando parte do bairro do Boqueirão e a maior parte do bairro do Xaxim, formado pelas propriedades dos herdeiros de Mathias de Andrade Rocha e de Eduardo Pinto da Rocha. O Boqueirão perdeu a área onde estão as vilas Suzana, Vale do Sol, Jardim Boqueirão, Jardim Imperial, Jardim Teresópolis, Moradias Hortência, Araçá, Jacarandá e vários condomínios residenciais. Na área de 73 alqueires, que pertenciam a Mathias de Andrade Rocha, encontram-se as seguintes vilas e conjuntos residenciais: Itacolomi, Santa Inês, Araucárias, Euclides da Cunha, Érico Veríssimo, Saturnino Brito, Tiradentes, Eucaliptos, Castelo Branco, Giacomassi e a mais antiga a Vila Nova. Na área de cerca de 200 alqueires, de propriedade de Eduardo Pinto da Rocha, encontram-se os seguintes loteamentos: Jardim Paranaense, Nossa Senhora do Pilar, Acácia, Rivadávia, Siena, Morado dos Nobres, Boicy, Cabo Nácar e Pantanal. Em 1974, com o asfaltamento da Rua Francisco Derosso, na administração do Prefeito Jaime Lerner, houve uma verdadeira explosão demográfica no novo bairro, ainda muito carente de obras públicas como saneamento, escolas, saúde, transporte coletivo, segurança, creches, recreação, pavimentos e esporte. Paulatinamente as necessidades de investimento em obras púbicas foram atendidas. Atualmente a população do bairro é superior a 70% dos municípios do Paraná.
O Alto Boqueirão, ou Jardim Paranaense, tem o privilégio de contar com grande parte do Parque Iguaçu e uma das maiores áreas de preservação ambiental, que é a mata junto ao Zoológico.
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