quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Rua Ermelino de Leão com Augusto Stellfeld, em direção à Rua XV. Ao fundo, o prédio Moreira Garcez. Data: 1938. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia (09/06/1991)




Gazeta do Povo, Coluna Nostalgia, Cid Destefani – 09/06/1991 – A Ermelino 

"A piazada reunida esperava ansiosa o surgimento do carro do governador, não era por respeito ou admiração à figura sizuda de Manoel Ribas, isso se notava logo que o veículo apontava na Rua Saldanha Marinho e dobrava a esquina da Ermelino de Leão com destino ao Palácio do Governo no Alto São Francisco. Alguns piás mais eufóricos gritavam: “Ganhei! Ganhei!”. Haviam apostado entre si qual era a placa do carro que o “Maneco Facão” estaria usando, o PG1, o PG 2 ou o PG3. E, no meio da algazarra o ganhador ou ganhadores recolhiam os tostões apostados. Esta é uma faceta da Rua Ermelino de Leão do início dos anos 40, segundo um dos piás que vivia na época o cronista esportivo Vinícius Coelho. 

A fotografia hoje nos mostra a Rua Ermelino viista do cruzamento com a Augusto Stellfeld para o centro. A imagem, gravada em 1938 apresenta, ao fundo, em destaque, o edifício Moreira Garcez na imponência dos seus oitos andares, o maior prédio de Curitiba. A casa de esquina, ao lado esquerdo, ainda existe em na época, era ocupada pela família de Hermógenes Bartolomei e, a da direita, pelo advogado Jorge Magno Loyola Borges. 

Descendo a rua estavam instalados os Pajuaba, os Salamuni e os Gomel. Na esquina da Saldanha o japonês José Noguti já funcionava com seu bar, que está lá até hoje. Em cima do bar moravam as famílias de Isaac Guelmann e os Cury. No cruzamento com a Cruz Machado existia uma “casa suspeita” onde hoje está o prédio do HOTEL Caravelle. Na outra esquina ficava o Juizado de Menores vis-a-vis com um terreno baldio usado pela meninada da região como campinho de futebol. Aguns craques que esfolavam sua canela por ali: Elpídio Loureiro (o Tico), Mário Smolka, Laertes Comandulli, Aderbal Fortes de Sá, Cícero Fernandes, Vinícius Coelho e o Alfredo “Abobrinha”, além de muitos outros. 













Fonte: Google Street

Partindo em direção à Ébano Pereira, tínhamos a pensão Grechele & Mendes que alugava quartos para a estontada de fora que vinha cursar a Universidade. Nesta quadra ainda moravam as famílias Zgoda, Cunha e Barbosa, sendo que desta última saiu um campeão brasileiro de ciclismo: o Adolfo “Batatinha”. Por ali também morou Lauro Grein. Existiu ali um prédio cinzento e soturno, misterioso para os olhos da criançada, onde funcionava o Templo Adventista do 7º Dia. Não sai e nossa memória o muro baixo que fronteava o templo, com um pequeno portão de madeira que vivia eternamente quebrado. 

Finalmente chegamos à primeira quadra da Ermelino, entre Cândido Lopes e Avenida João Pessoa (Luiz Xavier), onde já se fazia notar a presença de maior número de casas comerciais e escritórios. Funcionavam ali as agências da Western Telegraph Company, a Universal Pictures, a Warner Brothers Pictures, a United Arts of Brazil, a barbearia do Saul, a Eletrolândia estava começando, o Açougue Paulista, o açougue de aves, o primeiro especializado no gênero em Curitiba e o Paraíso das Frutas. 

Não poderíamos deixar de mencionar, embora não apareçam na foto, as residências de AbdoTacla, José Ferrani, de Mansur Guérios e Affonso Ritzmann, que se localizavam entre a Rua Augusto Stellfeld e a Praça Dr. João Cândido".

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