quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Rua Marechal Deodoro, uma quadra antes da Praça Zacarias. Data: 19/03/1947. Foto: Domingos Foggiato. Acervo: Cid Destefani. Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia, 19/11/1989




Gazeta do Povo. Coluna Nostalgia - Marechal Deodoro, a velha rua (Cid Destefani, 19/11/1989) 

"A fotografia acima, feita no dia 19 de março de 1947, nos mostra a antiga Rua Marechal Deodoro. Viela pacata e estreita, com calçamento de paralelepípedos polidos pelo uso. A Deodoro conservou essa imagem até 1965, quando foi alargada para se transformar na avenida que hoje conhecemos. A história dessa rua se perde nos longínquos tempos do início da cidade. Foi batizada de início como Rua da Carioca de Baixo, em virtude de possuir na vargem do Rio do Ivo um dos três chafarizes que forneciam a água para os curitibanos de antanho. 

A cidade evoluiu e a nossa Marechal Deodoro acompanhou o progresso a ser chamada e Rua do Comércio e fazendo a ligação entre o Largo da Ponte (Praça Zacarias) e o Alto do Matadouro (Rua Ubaldino do Amaral). Em maio de 1880, com a visita e Dom Pedro II, a rua foi rebatizada com o nome do imperador, conservando esta denominação até o advento da República, quando então seu nome oi trocado para o que conserva até hoje. 

A Marechal Deodoro da época da foto acima era uma rua com uma característica provinciana e a parte focalizada, exatamente o seu início, nos traz à lembrança a vida pacata da cidade antes dos anos 60. A imagem do Cine Luz na esquina com a Rua Doutor Muricy tendo ao fundo a Zacarias com suas casas baixas. A linha de bondes que seguia pela Rua Aquidaban (Rua Emiliano Perneta) e as casas residenciais convivendo com as comerciais. 

O velho armazém Pão de Açúcar. A Casa de Móveis dos Daitzchman, posteriormente Troib. A casa Miranda de Calçados, a Galeria das meias do Kudry e o escritório de Lattes & Cia. A “boite” Elite, que posteriormente passaria a ser Marroco e comandaria a vida noturna da cidade dirigida pelo “Rei da Noite”, Paulo Wendth. Neste pedaço da Deodoro também funcionou um barracão de madeira, a redação do “Paraná Esportivo”, dirigido pelo José Muggiati e Ezio Zanello, jornal que contava com a fotografia de Domingos Foggiato para suas ilustrações e onde, também como fotógrafo, entramos para as lides da imprensa do Paraná, em 1958. 

Durante o dia a rua era frequentada por transeuntes que se dirigiam às casas comerciais, bancos e escritórios que ali funcionavam. À noite a rua se transformava, principalmente na década de 50, quando as “mariposas” de desentocavam das pensões ali existentes e faziam o trottoir perambulando pelas calçadas à caça de fregueses. O povo as chamava “Marchadeiras da Marechal” e também de “Marechalinas”. 

Quem olha hoje a larga avenida que é a Marechal Deodoro, nem por muito esforço que faça consegue imaginar que ali existiu uma viela quase tão velha quanto Curitiba, onde em noites escuras ouvia-se o coaxar dos sapos no Rio do Ivo".

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